5 de setembro de 2009

Roendo o queijo caro que minha mãe comprou.

A vida não é uma maravilha, mas tá tudo certo. Queijo de 60 o kilo, cerveja gelada e whiskey e vinho à disposição. Nem reclamar eu posso. Uma desgraça.
Tenho um prazer imenso em reclamar, é fato. É puro prazer. E confesso que me envaideço, já que me acho esperto e capaz de reclamar através de letrinhas e peças de teatro e coisas do tipo.
E de um tempo pra cá estou nessa paixão louca pela minha solidão. Como se eu finalmente voltasse à velha forma: que é mais gorda, mas mais livre. Que traz um pensamento que é quase fetiche: não preciso de ninguém.
"Não preciso de ninguém" me soa como a ambição ideal, a liberdade objetiva e o controle possível.
(Minha mãe, inclusive, nessa breve temporada que passou aqui e comprou o queijo caro, disse se preocupar com isso, com a minha solidão. Mas mãe é mãe e se preocupa. É parte da jogada de ser mãe. Que seja.)
E olha que até tenho interagido bem. E talvez seja isso que me dê essa coisa de agora. Que é não ligar pra ninguém, não atender telefones e nem caçar fêmeas em noites de nuvem. Que essa coisa de gostar de buceta as vezes é um puta problema porque perco o critério e fico com o pinto no lixo. E, bem, como bom vaidoso que sou, não quero meu pinto na sujeira.
Então eu olho pra frente e nem me assusto. E quando olho pra trás, vejo minha vaidade gritona e minha capacidade de perder tempo em tarefas inúteis.
Por isso declaro que agora não, que agora a velha forma pançuda volta. Merda no ventilador deve ser espalhada, sorriso aberto é pra dentes quebrados e ter blogue, nessas horas, é o próprio sentido da vida.
Eu, apenas eu, sem forjar uma força estúpida que tem mais suor do que gênio.
Que ainda prefiro o gênio, mesmo que isso não esteja na liberdade ou no controle ou na ambição.
Participar do mundo é também ver as coisas. E eu vejo e, vendo, me adoro.
Melhor assim.