24 de março de 2008

Esse é o primeiro texto no meu primeiro dia de note book. É mais uma bela punheta pra se seguir em frente. Punheta que ilude bem durante longo ou curto tempo. É uma dessas conchinhas que me alimentam. Tanta bobagem, bom Deus. E isso é que é o mundo e a vida: a gente segue que segue e baba que baba. Muitas revoltas futuras acontecerão, muita desgraça e muita tristeza também. É essa a louca justiça: haverá os milagres, as fodas fantásticas, a esperança louca no sorriso que a mulher amada lhe lança depois de um orgasmo.

E também não há frescura. Há a vida em toda sua loucura e glória. Só isso, tudo isso.

Virá cada coisa. Nem sei se posso esperar. Essa loucura diária, esse hálito louco de cigarro e rosas. Essa delícia de sentir a vida sem sentido escorrendo lenta e, no entanto, com exatidão.

A maravilha do mundo, nesse momento, está num note book.

21 de março de 2008

BUK NA RUA - TEATRO NOTURNO PARA ADULTOS INSONES.




ANTI CIA DE TEATRO


DE 25 À 29 DE MARÇO


NO FESTIVAL DE TEATRO


DE CURITIBA


ÀS 22:00 NO LGO. DA ORDEM -


PRÓXIMO AO BEBEDOURO.
EMAISNÃODIGO!


20 de março de 2008

me arranca de mim me entorta o pescoço me cospe tudo na cara. abre as pernas e põe seu riso cínico na boca. me chama de tesão me chama de canalha. geme tão alto que até esquece que trepa comigo.

19 de março de 2008

Natureza? Humpf!



Nem revolta nem teste. Apenas as soluções. Milhares de formiguinhas que trabalham juntas para matar o invasor do formigueiro. Tudo é mesmo muito bonitinho e comovente, mas nem acho fodão. É a natureza e seu maldito curso natural e bla-bla. Tão chatinha essa natureza. Sempre com a coisa do tempo, das estações, do plantar e depois colher. Bem mais divertido os arroubos: seja a terrível bomba atômica, seja o intestino com virose. Nada de cagar 3 vezes por dia sempre no mesmo horário.

( E agora lembro que a minha garota preferida cuida muito dos próprios dentes: fico na dúvida se é pra sorrir ou morder melhor. Sim, sim, tenho lá minhas diversões, não é?)

E quando chegava em casa vi uma mulher que mancava. Ela era muita exagerada e ridícula. Mancava como se fosse quase impossível andar. E o namorado ao lado dela lhe apoiava o corpo e dizia: mais um passinho, coração, mais um passinho. O amor tem mesmo suas armadilhas.

18 de março de 2008

toda essa loucura e todo meu excesso de cigarros. toda minha dor só e minha indecisão. minha necessidade de saber o que faço, se faço não faço, se insisto ou não. tem esses dias de tortura quando minha mão treme.
Reviro do avesso.
Penso penso penso.
Maldito bicho de pé
que me coça os dedos.

17 de março de 2008

enquanto isso...

(foto do blogue do Solda - clica no título pra ir lá)

Aquelas malditas girafas ficam me encarando. Comem suas folhas e me encaram. Até abaixam o pescoção pra me intimidar. Elas são várias e eu um. Tá certo que sou mais esperto que elas. Eu me escondo e tenho as minhas manhas. Elas só olham pra cá com aqueles olhos-bolotas-pretos e acham que se esconderem o pescoço eu não vejo seus corpos. A minha vantagem é que sou mais esperto. Sempre fui esperto. Minha mãe me disse e ela sabe tudo sobre girafas.

Tenho só que decidir. Tenho algumas horas pra isso: antes do sol ir embora e eu ficar no escuro. Porque no escuro sou péssimo e sei que perco minha clareza e tudo mais. Mas o escuro ainda tá sob controle, há não ser que venha uma maldita tempestade pra escurecer tudo antes. E, de qualquer maneira, mesmo uma tempestade se anuncia.

Posso começar a correr e bater os braços em cima do corpo e fazer muito, mas muito mesmo, barulho. As girafas se impressionam facilmente e disso eu sei faz tempo, pois mamãe ensinou. Eu era bem pequeno e ela já dizia: é só berrar e bater os braços, elas não resistem, mesmo que sejam maiores que você.

Tem o risco de elas ficarem me olhando e nem saírem do lugar. Mas tanto faz. Risco por risco, eu prefiro os grandes riscos. Quem resiste à pouca coisa nem sempre é forte...Bla bla bla.

A opção de ir embora sem sequer encarar as girafas também me agrada. Nunca precisei de girafas pra viver, afinal. E também, mesmo que eu as vencesse, em nada isso melhoria minha vida. Apenas ficaria contando pros meus amigos: teve uma vez, numa selva terrível, que eu fiz várias girafas correrem...

De forma que eu vou mesmo é esperar ficar quase noite. Quando faltar 15 min. para o maldito lusco fusco eu me decido. As opções são apenas duas. Entre duas é mais fácil escolher. Prefiro assim.
A garota mais legal do mundo com os olhos mais bonitos que já vi. Ela me contou algumas histórias, me enrolou em outras e me deixa puto e satisfeito em questões de segundos. A garota da bundinha de ouro que tantas fez que me ferrou e que fica rindo como louca quando eu mexo em seu nariz. Que chupa meu pau que reclama de frio que tenta fugir no meio da noite. A garota séc XIX sempre dividida no que quer e no que pode ser, entre o laranja e o vermelho, entre o requeijão e a maionese. A garota bacana que tem medo de si. Que me assusta e me encanta. (fev/2003)

Allan Sieber - Clica cá!




16 de março de 2008

Se eu agüento tá tudo certo
e tudo pode ser assim,
mas eu garanto,
por mais que eu queira,
nem tudo depende de mim.

14 de março de 2008

tudi

Arrebento a sua cara com um ódio doce e jamais pensado. Tem essa sua boca vermelha me olhando enquanto faz beicinho. Eu não concordo em nada contigo. Eu vejo todas as merdas que espalha pelo mundo. Eu apenas ainda não entendo se isso vem da sua tristeza ou da sua falta de crença.
Sempre falando mais alto, achando que o volume faz com que seja ouvida. Sempre com caras e bocas, pensando que se expressar faz com que tenha alma. Sua velha matemática de sim e não e gosto e não gosto. Seus métodos de encarar a vida como coisa sem sentido e que está além de suas possibilidades.
(Eu me repito aqui dentro porque eu também tenho minhas boas mentiras que me alimentam e me satisfazem. A diferença entre nós dois é óbvia e patética: eu sou eu e você é você).
Longe de tudo isso tem um monte de gente que segue o mundo de maneira muito mais decente e esperta. Gente pelas tampas que não fica nesse calculo louco que eu faço quando penso numa boa mulher. Gente que segue em paz e que vive bem em companhia de plantas e cachorros. Todos belos à sua maneira, todos importantes em suas futilidades, todos zumbis que arrancam a pele achando que alí está o sangue. Todos eles e todos nós. É como me disse uma velho conhecido: somos apenas uma experiência de Deus, apenas uma maquete do Arquiteto - seja lá o que isso quiser dizer...
E hoje, quando voltava pra casa na chuva, com meu casaco antigo e com estampa do exercito, teve esse pequeno milagre que me salvou a alma:

Uma mulher muito bonita me parou e perguntou o meu nome. Eu respondi e ela pediu desculpas e me explicou que tinha um namoradinho de quando tinha 10 anos com quem estava sonhando muito e que ela achava que eu parecia o que ele seria quando crescesse. Comentou que havia mudado de cidade com 12 anos e que tinha voltado pra cá há pouco tempo e que, desde então, andava sonhando com ele. Disse que estava grávida e que queria ter certeza de que esse namoradinho ainda estava vivo, pois estava com a cisma de que talvez o seu futuro bêbe fosse ele reencarnado, já que sonhava tanto com ele. Eu perguntei pra ela se já tinha procurado a escola em que estudaram a 4° série juntos e o rosto dela se iluminou num sorriso louco e desesperado: " Eu tinha razão quando vim falar com você. Muito obrigada." E pegou na minha mão meio que agradecendo e partiu saltitante com uma saia cinza-executiva. Ainda deu tempo pra eu reparar no seu salto vermelho e na sua bunda fantástica. No Coimbra pensei nela: fiquei na dúvida se o que ela disse era verdade ou mentira. Decidi que não importava e me senti ótimo.

relatinho

Asfalto triste: piranhas passando e atravessando a rua.
Bem loira e vulgar: saia jeans e camiseta branca, anda como se tivesse uma banana no rabo.
Na padaria o mesmo papo de sempre: vê um free maço? Aqui. Obrigado.
E olhei pro lado antes de entrar no prédio e reparei que tinha um cara de chapéu parado na esquina. E achei estranho e bacana: um cara de chapéu embaixo do poste.

13 de março de 2008

Ferro na Boneca
Os Novos Baianos

Composição: Paulinho de Boca de Cantor e Morais Moreira

Não, não é uma estrada,
é uma viagem
Tão, tão viva quanto a morte
Não tem sul nem norte
Nem passagem

Não olhe, ande
Olhe, olhe
O produto que há na bagagem

Necas de olhar pra trás
O quente com o veneno

É pluft, pluft, pluft, pluft
É ferro na boneca
É no gogó, nenê
É ferro na boneca
É no gogó nenê
É no gogó nenê
É no gogô...

ponto final.

Segura o rojão e segue pra frente. Há que se ter força, há que se ter coragem. Arrancando leite de pedra eu digo pra mim mesmo: eu não quero nada como foi ou como tenha sido. Não quero piedade, nem proteção. Quero a alma lavada, o enfrentamento total, o abismo sem fim. Quero a eternidade e a dor que ela representa. Quero quebrar o muro e andar de mãos dadas na Europa.

12 de março de 2008

11 de março de 2008

Comprei 2 sortes pra megasena que corre amanhã. Tá valendo 15 milhas. Se eu ganhar tô na merda. Se não, continua valendo. É engraçado rabiscar os números e cogitar o milagre. Eu me divirto: 15 milhas pra gastar não é brincadeira.
ESTOU ATERRORIZADO E APAVORADO. AS IMAGENS DESSAS COISAS GRANDES ME FAZEM ASSIM. TO FRACO E VAGUEIO DE UM LADO PRO OUTRO. JÁ TOQUEI 2 PUNHETAS E NADA ADIANTOU. FUMO COMPULSIVAMENTE, QUASE 1 MAÇO EM POUCAS HORAS. TENTEI PEGAR NO SONO. TOMEI BANHO E AGORA TO AQUI FUMANDO PELADO DIANTE DA MÁQUINA. ANTES ALUGUEI MEU BENZINHO COM AS MINHAS DOENÇAS. DESCONTROLE GENERALIZADO E MESQUINHO. TAMBÉM DEIXEI DE FAZER UM TELEFONEMA IMPORTANTE E PERDI A MÃO. AGORA MAIS UMA TENTATIVA: COMEREI UMA MAÇA E DAREI UMA VOLTA NA QUADRA.
Será bonito e comovente quando me disserem:

- eu te amo sempre e esperei a vida toda pra te dizer isso: Pra te dizer que serei a única louca que você precisa e que o mundo é bonito, mas que, mesmo assim, eu troco ele por ti. Que só o teu pau eu chupo depois de ter comido meu cu. Que só tua boca eu beijo depois de ter me chupado a buceta. Que se quiser eu te sigo ou te escracho. Que se quiser eu invento eu mesma e te agrado. Que só o teu pau eu realmente gostei de chupar.

10 de março de 2008

terminar um texto com pergunta é sinal de idiotez.

Você demorou tempo demais para virar você mesmo. E no meio do caminho você foi fazendo concessões estúpidas que nem chegavam a ser grandes sacadas. É sempre fácil ser diferente no meio dos esquisitos: basta ser normal. É sempre simples surpreender os normais: basta nunca ter fumado maconha.
Como eu lhe julgo daqui e como eu sou invisível eu digo: não acredito em nenhum dos seus discursos. Você se formou através da invenção que outros fizeram de você. Isso é natural, mas sempre achei as coisas naturais chatas. A natureza segue seu curso e isso é o que me fode a vida. Não acredito em espontaneidade e ainda prefiro o mesquinho que tem clareza da sua mesquinhez. Prefiro o idiota escolhido ao idiota natural. Parece a mesma coisa, mas não é: um fez e outro foi feito.
E você forja fazer enquanto continua sendo fabricado em escalas cada vez mais alucinantes. Quase lhe vejo velhinho dizendo suas verdades para a parede sem quadros da casa que você terá comprado com o dinheiro do suor do seu rosto. E você será confuso e valorizará o seu próprio suor e a sua libertinagem falsa e comedida: é simples trepar com mulheres mortas.
E como você é invisível, eu sou imune. E prefiro mesmo que seja assim: você morto em falsas simpatias e eu morto em falsas antipatias. É como eu já disse: a gente se parece. Será por isso que lhe acho tão idiota?

recadim.

Não compare. Olhos grandes todo mundo tem. Minhas sobrinhas, minha irmã, etc. Tem olhos que são grandes por susto ou por desespero. E tem outros que aumentam e ficam maiores e quase viram ameaça e quase podem me engolir. Tem olhos azuis e tem olhos cinzas. E tem a realidade de eu ficar sugando esses olhos e reparar que ao redor da íris há um castanho claro que é quase um quadrado. Uma série de detalhes que fazem toda a diferença: o consumo excessivo, o vício, o medo real, o pavor louco, a minha cara quando gozo, o seu riso de quando é pega no flagra, a porta do banheiro fechada, etc. As invenções podem parecer melhores, mas o que acontece me satisfaz muito mais.

8 de março de 2008

preservação.

Apenas 2 cervejinhas pra acalmar a mente e o corpo. Pra eu ficar sozinho e não me levar à sério. Pra que eu não exija coisas loucas, pra que eu não sofra por miudezas. 2 cervejinhas para que seja melhor, para que eu lhe acompanhe melhor. Porque tem esses fluxos loucos e essas agonias todas e todos esses altos e baixos e vaidades várias espalhadas dentro e fora de mim. Porque nem todo dia é santo. E há uma necessidade profunda no ar: e nem adianta eu dizer nada e por isso quero ficar quieto e pensar só: pra não trocar alhos por bugalhos, pra não confundir os meus problemas com as nossas coisas que são tão boas quando estão bem.
E gosto de cagar de porta aberta e soltar meus ruídos.
E gosto de ficar numas sozinho e pensar em você.

7 de março de 2008

Se eu te arrancasse de dentro e te virasse do avesso. Se eu te levasse daqui, se te trancasse numa casa escura. Se eu te fizesse parar. Se eu estragasse tua beleza e arranhasse tua cara. Se eu te matasse num delírio febril. Se eu te perdesse pra sempre, se nunca tivesse existido. Se te visse como antes, se pudesse arrancar teus sentidos. Que eu te queria sonâmbula, zumbi. Que eu te queria com mania de perseguição, com medo da morte. Que eu te queria pra mim. Que eu te queria liberta. Que eu te queria submissa. Que nada adiantasse, que nada abalasse, que ninguém interferisse. Se eu te arranco de mim e te engulo pra sempre. Se eu te cago e te amo. Que o que te parece estranho pode ser um milagre.

5 de março de 2008

para zangar meu benzinho

Queria beijar sua boca com força e quase com ódio. Queria que ela me engolisse e me fizesse coisa. Que me amasse como uma louca. Que virasse minha cadela. Que me seguisse nesse mundo mau.

3 de março de 2008

cabeça tronco membros

6 cabeças na minha mão. Eu olho pras 6 e elimino 1.

Uma em cada dedo e no dedo do meio a cabeça mais bonita e mais terrível. A que eu eliminei tá no chão e eu vejo só a nuca marcada por dentes de homens machos. Homens machos mesmo, não como eu. Homens que de tão machos só trepam com mulheres feias. Homens que de tão machos são casados com belas mulheres, mas têm amantes gordas. Homens que eu invejo.
A cabeça que tá no meu dedo mindinho é a mais bonitinha de todas. Ela virou uma cabeça sorrindo. A cabeça é loirinha e delicada e vem com um sorriso quase infantil. As vezes se esforça pra me agradar, é a cabeça mais generosa que eu poderia ter, mas a enfio na minha boca e a engulo com raiva e pressa para que fique nos meus sucos gástricos e logo vire merda.
A que tá no meu anelar, o dedo da aliança, é uma cabeça morena e exagerada. Tem o cabelo ruim, mas sabe o usar a seu favor. Corta rente e tem a testa grande e brilhosa. É a maior cabeça entre os meus dedos e tenta fazer motim. É uma cabeça que precisa de ajuda pra me maltratar. Ela convence outras 2 cabeças que eu não presto e eu arranco ela do meu dedo e a jogo na privada. Ela berra palavras de ordem enquanto eu puxo a descarga.
A cabeça do meu dedão não leva ninguém à sério. Sabe que eu não vou ficar com ela e me deixa brincar com outras mulheres. É a única cabeça realmente independente e segura. É uma cabeça que eu procuro sempre, mas que tem um defeito imperdoável: é a cabeça que me inventou. Ela só sorri e faz cara de quem entende tudo. Tiro ela do meu dedo e a ponho num envelope. Envio ela pra Moscou.
No meu dedo indicador ela é a mais óbvia e a mais adorada. Tem flores no cabelo e os olhos mais sinistros que eu já vi. É a cabeça que eu TENHO que eliminar porque senão terei que cortar a mão. Antes do fim ela me fala coisas lindas e fuma um cigarro. Eu enrolo ela num pano e jogo o pano da janela. Até a queda ela berra que tá tudo bem. Ela some e diz pra eu ficar tranquilo. Eu fico tranquilo.
A cabeça do dedo do meio eu deixo lá. Bem no centro e com todos os problemas que tem por estar no centro: destaque demais, importância demais. A cabeça olha pros lados e vê que está sozinha e se desespera e tenta fugir. Finge que está tudo bem e eu abro a mão. Ela não se mexe, mas reclama por estar ali. Eu deixo ela reclamar e tomo um banho pra dormir.
Amanhã será um outro dia, ela resmunga quase dormindo.

DO GALHARDO FODÃO. CLICA AQUI E PUXE O SACO DELE.


muito café pra pegar no tranco. o cérebro esquentando devagarzinho. voz no fundinho dizendo 'volta, volta'. e na geladeira aqui de casa tem 6 latas intocadas há 10 dias. milagres de uma guria que reaparece. milagres de uma voz incompatível com o corpo. e antes de dormir eu rezei e sonhei com jesus dizendo: outra vez não! outra vez não!