16 de julho de 2010

originalidade é bobagem.

Tomo vinho vagabundo e me sinto bem. Comprei duas garrafas: um seco e outro suave. Vinho vagabundo, eu disse. Ambos brancos.
Enfio as rolhas pra dentro (meu saca-rolha quebrou na primeira tentativa) e misturo os dois em um jarro. Bebo em uma caneca branca.
Concluo que eu tenho estilo.
Bobagem.
Ouço uma música bonita da Tiê em blogue alheio e penso que, se a música fosse pra mim, eu poderia me apaixonar.
Apaixonar.
Paixonar.
Faz tempo que não tenho uma paixão da boa. Com paixão da boa quero dizer: eu estar apaixonado e ela não. Paixão livre, onde só um apaixonado dá conta da coisa toda. No caso, eu.
A última, com essa pegada, foi há mais 2 anos atrás - ou 3? Eu apaixonado declarado e ela não. Eu lutava. Eu queria a conquistar. Eu dizia coisas lindas pra ela e tentava a agradar com presentinhos e exageros. Comprava bilhetinhos da loto pra ela...
A gente conversava de madrugada pelo telefone e eu sempre, sempre mesmo, me declarava. Era bom pra ela e pra mim. Uma paixãozinha da fina e generosa, onde um alimentava o outro.
Durou três meses e nem houve carne. Por orgulho meu e teimosia dela. Mas não importa. Eu tava paixonado e queria a conquistar. Era bom, falso e vital.
Uma portuguesinha me tirou da rota. E ela saiu da rota também: um novo namorado que, se não me engano, dura até hoje.
Resta a saudade e a boa lembrança.
Agora, semi-bêbado, penso nessas paixões cheias de paz, onde se expor apaixonado nem doía nem nada.
Paixonites cheias de milagres, delírios e ternuras.
Minha última paixão, por exemplo, me deu muita ternura. Assim como guardo da Fran-Fran uma boa lembrança até hoje. E isso apenas porque foi o que foi: uma paixonite cheia de paz.
Bem diferente o amor e/ou o envolvimento real. Paixão é mais simples, sejamos francos.
Sinto saudades. Mas, sendo honesto, eu sempre sinto saudades.
O passado, na minha cabeça, é quase sempre melhor. Ta aí a Preta e o início do Rj ou Sp com 19 anos. Em 2001 eu era o cara. É fácil ser o cara em 2001.
Agora, 2010, me acho muito mais inteligente, mas isso é besta. Como besta sempre é. Agora tenho mais deboche e nem me engano com tanta facilidade.
Vantagem e desvantagem em tudo. É o que sempre digo: o conta gotas fatal e a administração do tédio, da glória e do terrível.
Enquanto eu estiver vivo, vou me repetir. Só quando estiver morto - e que demore bastante - serei original.
Ser original... outra bobagem.