24 de maio de 2010

As coisas mudam.
De um dia pro outro, as coisas mudam.
O Rio de Janeiro, agora, se torna menor.
(E é apenas exemplo. Ou melhor: exemplo não, modelo).
Meu RJ particular, que é, enfim, o único RJ que existe pra mim, ficou menor.
Porque coisas acontecem e porque o tempo é fatal. E assim que é.
E é triste e é belo e é o que é.
Meu bom amigo se vai. Com ele vai um pedaço do meu RJ e também uma parte da minha Santíssima Trindade.
(E isso é ficar com dois pedaços e não três. E três pedaços, a gente sabe, é o equilibrio perfeito).
E o egoísmo ainda rege montanhas...
Sou eu mesmo e minha vida. Mas minha vida ficou dependente de vidas alheias. E essa dependência foi meu gosto e minha glória. Porque há porradas que só se recebe de mãos amigas. Dessas que a gente escolhe depois de velho, que é diferente das mãos dos amigos de infância ou dos pais ou das mães.
É coisa que se escolhe e se decide. Não há perfeição. Há o peito que se abre praquilo que é escolhido.
A porrada virá. Mas é porrada de amor: amor de decisão e maturidade. Como quem escolhe seus inimigos.
(Somos velhos e crescemos juntos, meu irmão.)
Não há culpa. E não haver culpa é triste. É esse um dos bens da tolerante igreja católica. Expiar a culpa é se libertar. Se libertar é achar que tudo vai dar certo. E tudo dar certo é nossa centelha de glória. Esperança é o nome disso.
(Somos velhos, crescemos junto e cultivamos Esperanças, meu irmão.)
Apenas egoísmo, eu sei. Pra quem telefono quando ver que a merda é grande e que a onda me leva? Conchinhas e sonhos compartilhados - com mais ou menos adesão, não importa. Há respeito pelo sonho alheio - e isso é raro. Há desejo de justiça - e isso não é coisa que se deva desejar.
Porque o mundo segue e a justiça é cega. Porque ter liberdade de se iludir diante do outro é o que chamamos de Amizade.
*
o tempo um dois três...
o tempo outra vez...