24 de novembro de 2010

o cretino com asas.

ele voa. e a cada três meses se manifesta. nesse caso, a cretinice é não saber morrer.
morrer decente, de terno, como foi o Seu Batata, pai do Tél. a vida inteira um bebum de chinelos.
mas no caixão a morte decente e formal: terno, algodão no nariz e mãos sobre o peito.
mas o cretino não. o cretino não entende nem mesmo que morreu e que, como morto, deve estar num caixão, desfrutando a paz gelada e inevitável de quem está embaixo da terra.
mesmo lá de baixo o cretino põe suas mãozinhas pra fora. é como um filme de terror b que se esquece do humor que ser 'b' deveria ter. mãozinhas em agonia que se levam à sério.
o cretino é isso. leva-se à sério e nem desconfia da estupidez que lhe é própria e percebida por todos. o cretino é puro e cheio de boas intenções.
ele dança, ele ressuscita, ele multiplica peixes e faz ressalvas sobre suas ações estúpidas. o cretino é sempre sincero e, ainda pior, sensível. ele sempre faz questão de dizer: sou muiito sensível.
quando ele tira férias, ele anuncia: vou tirar férias.
quando ele come sushi, ele diz: comi sushi.
quando ele participa de uma promoção, ele põe o site no facebook para os amigos desfrutarem: www.cretinofeliz.com e, na mesma hora, ele curti a si mesmo.
o cretino sempre curti a si mesmo, além, claro está, de compartilhar qualquer coisa com qualquer um.
quando o cretino morre, ele não morre. porque o cretino é eterno e sempre será. a cada aniversário de morte do cretino haverá uma festa. se há uma chance do defunto-cretino aparecer, ele aparecerá.
o cretino sempre aparece.
além de curtir à si próprio, ele é coerente: nasceu cretino, viveu cretino e morrerá cretino.
e... bem... para o cretino...a morte... - até ela - ... é apenas uma passagem.