10 de setembro de 2012

  • Minha vizinha se tornou linda em segundos. Quero dizer: tornou-se. Porque assim foi. De repente, em questões de segundos, ela era linda. Verdadeiramente linda. Disse pra ela: L-I-N-D-A. Mas acho que ela não entendeu. Supôs que era frase de efeito. Pior, disse: é só porque vou me mudar, né? Não era. Mas, vá lá!, ter uma vizinha que se torna mais linda porque vai se mudar é uma história bem melhor do que perceber que a vizinha é linda depois de a ver em um Karaokê Gay. Eu entendi. Meio triste, mas entendi.
  • É você. E você é si mesmo. Quero dizer: não importa ninguém. Porque motivos para 'não' não importam. O egoismo é a velha lição.
  • Egoismo bom é meio assim, disse el bigodon: se te dá conforto é bom, se não, cai fora. A não ser que queira ser mártir. E ser mártir, se bem lembro e entendi, é a vaidade mais escrota de todas.
  • Deixei um bilhetinho embaixo da porta. Bilhetinho-sincero-tipo-bêbado: Vizinha, você é linda.
  • Penso em Deus. É inevitável. Mulher me faz pensar em Deus. E isso não no sentido positivo da coisa. Porque Deus, a gente sabe, faz mais sentido quando é mal. Aquela justiça primitiva de olho por olho, dente por dente: mulher.
  • Minha vizinha vai só melhorar, eu sei. Mas sou discreto e tenho auto-controle. Ouço sua porta e reprimo meus impulsos mais primitivos. Agradeço ao Deus mal que ela vai se mudar. Porque Deus sabe das coisas, eu aprendi. Mas, de qualquer maneira, sempre espio sua janela quando penduro meus lençóis.