30 de setembro de 2008

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comendo as unhas com os dentes.



me pego pensando onde foi parar minha glória.
gênio aos 19,
grande amante aos 21.


agora,
aos 27,
jogo na megasena.

28 de setembro de 2008

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Falar mal dos outros me apraz:


  1. 1- sim sim, dona mocinha. sua força é demais e sua espontaneidade foi forjada com suor demais. ai meu deus! pare com isso e apenas seja. seu mau humor tem o charme de uma abelha rainha morta. e eu nunca vi uma abelha rainha morta. entendeu a sacadinha?

  2. 2 - a regra é clara e diz respeito a todos nós: criar bordões pra tudo é sinal de falta de criatividade, ou pior, de necessidade de ser lembrado a qualquer preço. pense bem sobre isso e pare de tratar todos como se todos fossem iguais. eles não são e sabem disso.

  3. 3 - sua simpatia é claramente um sintoma de medo da vida. só com muito medo mesmo pra achar que ser simpática sempre é condição pra ser amada. é mais fácil ser amada sem oferecer nada do que oferecendo tudo. é mais honesto, pelo menos. e honestidade é, enfim, um discurso coerente com sua ascendência de nova cristã.

  4. 4 - gostar do que se faz é uma coisa. levar à sério o que se faz é algo completamente diferente. e achar que o que se faz é o que deve ser feito é uma terceira coisa mais específica ainda. saber que essas três coisas existem é sinal de inteligência. e inteligência é sempre bom.

  5. 5 - fazer de conta que você é quem você diz ser pode ser legal e divertido. se forjar com textos, fotos, hábitos ou músicas é legítimo e pode render uma mentira realmente interessante. o problema é a confusão. o risco de se olhar no espelho e acreditar que realmente seus cabelos são loiros e compridos.

  6. 6 - ser engraçado e divertido não tem nada a ver com ser inteligente, artista ou perspicaz. ser engraçado e divertido é mais uma maneira de se sentir bem. e se sentir bem é o que qualquer idiota deseja, inclusive você.

  7. 7 - a liberdade é uma ideia e não uma condição. é como se uma formiga pudesse ser cigarra. é merda velha e repetida porque é algo importante, mas não é, afinal, algo que seja resolvido.

  8. 8 - reclamar é um estilo de vida que se escolhe e se decide. só se reclama pelo prazer da reclamação e só se sofre pelo prazer do sofrimento. daqui trinta anos teremos tudo e bateremos na mesma tecla. se repetir é o mal do qual a gente foge. e fugir é coisa de quem não tem pra onde ir.

  9. 9 - o charme só é possível com a indiferença. sendo sempre o mesmo com todos não há charme que resista. é claro que disfarçar a realidade é razoável e eficaz, embora óbvio, já que é o que todos fazem. dar adeus pra alguém no caixão é tão doce quanto trepar com uma pessoa pela primeira vez. na chance um o mundo acaba. na chance dois ele começa.

  10. 10 - ter um blogue é o máximo da doença virtual. de resto: sexo, buceta, pau no cu. ou ainda as palavras chaves que fazem teu blogue ser achado no Google: gordos trepando.

26 de setembro de 2008

-/-

(um rescunho do velho anotandoteatro que vi e gostei. merecia um fim, mas não se pode ter tudo.)
Arranhando minhas costas essa louca me comove. A cara de desespero que ela faz enquanto a gente trepa é uma das coisas mais belas que eu já vi em minha vida. Ela gosta de me morder enquanto beija. Ela se esforça pra abrir suas pernas curtas e frágeis. É o esforço dela que me agrada. É o suor que ela gasta pra estar perto de mim que faz com que eu a veja como eu a vejo. Ela quer que eu seja uma coisa que eu não sou e acha que pode me convencer disso. É essa ingenuidade que me prova sua fraqueza de fêmea.
E eu sempre gostei de fêmeas fracas, não é?

24 de setembro de 2008

era pra ser outra coisa.

Mamãe me diz o que devo fazer.
Namorada idem.
Essas mulheres me incomodam.
É que sou antigo e me influencio
pelo o que as donas das bucetas dizem.
Por uma eu entro e saio
e quero ter filhos.
E pela outra
eu já saí.
É
que
é
sempre
complicado
se
decidir.

23 de setembro de 2008

1000 sacadinhas.

quem é que aguenta o milagre ocorrendo em cada esquina?


1 - sorriso demais não cola e ainda menos se o sorriso é sempre o mesmo.
2 - ter uma garota gostosa me olhando me encanta também, mas me encanta mais eu não me levar à sério.
3 - depois de tudo bem pensado eu berro pra mim mesmo: fernandinho, sua desgraça é quase charme.
4 - melhor ter 5 dedos do que ser presidente e ser o Lula.
5 - minha euforia é uma forma discreta de falsidade. pega bem se sentir muito bem e depois muito mal.


mas sou versátil e também conto histórinhas, ou melhor, micro-contos, que é bem sacadinha e pop:


ronaldo vivia bem com a mãe até conhecer lucina. ele tinha disposição física e trabalhava em dois turnos. era um homem feliz. um dia lucina, sempre muito sexy e ambiciosa, perguntou: - é só isso que você quer da sua vida?
depois desse dia ronaldo nunca mais foi mesmo. deu pra beber e morreu antes dos 30. sua mãe, chorando pelo filho preferido, não foi ouvida quando disse: - o mal dele foi a lucina.


e como nessa noite de 2° feira estou fodão e insuportável também faço diálogos:

(numa festa)
- a gente precisa se amar mais.
(ela dá um beijo estalado nele)
- meu deus! meu deus! você não entende nada mesmo!
- o quê?
- como o que?
- esse beijo? o que é isso? o que acha que seja isso?
- mais amor. mais beijo. eu te amo. eu te beijo.
- mas meu deus! que merda é essa?
- você é chato! parece uma mulher!
- mas é disso que eu tô falando, meu deus!
- disso? do quê? do beijo?
- não, não, não...
- olha aqui...eu só quero que você seja feliz, tá legal?
- feliz???
- é sim. feliz. qual o mal nisso, me diz? qual o mal em eu querer que você seja feliz? e não me venha com aquele papo velho de que ninguém é feliz...
- ah...então é assim? você diz que meu papo é velho e que nem devo falar nele? é isso? você acha que REALMENTE alguém é feliz???
- claro que é. tem um monte de gente que é...
- quem é feliz, me diz? me diz agora! quem é feliz?
- porra...sei lá...a roberta é feliz!
- a roberta?
- sim, a roberta!
- mas como ela é feliz! me diz! ela não é feliz. você mesmo disse que ela vive querendo achar o amor da vida dela, que ela é cheia de divida e que tem um filho que será viado. me diz: a roberta é feliz?
- pô. sei lá. a gente tá só numa festa, só isso. eu só te beijei porque a gente tá numa festa...que saco...que saco...eu tava só tentando relaxar, esquecer....
- ai, de novo isso. de novo você vai dizer pra eu relaxar...
- mas é claro. você nunca relaxa...
- ah...tá!....então tá...esse é o grande problema. eu nunca relaxar é o grande problema!!! pronto!! bem simples!!! como você gosta!!!
- ah!!! que saco!!! a gente tá numa festa! você disse pra eu te amar e eu te beijei! só isso, meu deus! só isso!!!
- é, é. você tá certa! como sempre! parabéns!!! você é mesmo muito feliz!!!!
- porra...eu não disse isso...eu só te beijei, SÓ isso...
- então tá! a gente encerra o assunto! simples! bem simples!
- é! melhor! a gente encerra o assunto!
(os dois ficam em silêncio. os dois tentam 'curtir' a festa. um casal dança na frente deles. os dois riem ao mesmo tempo. ela diz:)
- é, eles não são felizes...
- é...mas talvez sejam, né?
- talvez...mas acho que não.
(ele ri alto e ela olha pra ele. vêem o casal que dançam com a mesma atitude de antes. ela pega na mão dele e diz:)
- vamos embora?
- vamos.
(os dois saem e o casal ainda dança).

20 de setembro de 2008

1° comunhão.

Me sinto muito bem dentro de uma buceta. É algo que me acalma. Gosto de enfiar o dedo e lamber e tudo o mais. Gosto até do gosto meio azedo / meio acre. Mas estar ali dentro é algo que não tem explicação. Preferia perder o dedo e a língua sem dúvida alguma. Um pau e uma buceta, Deus e o Diabo, Céu e Inferno, sim e não, etc e ponto final. Um pau e uma buceta é o único mistério possível. O resto é desespero e vontade de ser o que não se é.
Não é importante saber se um homem acredita ou não em Deus. O importante é saber se ele acredita no paraíso.

19 de setembro de 2008

antes do almoço

Meu bom amigo sofre e não posso fazer nada.
Minha bela garota faz cara de dor toda vez que me diz eu te amo.
Minha mãe sente saudades loucas e me manda e-mails
e sempre vê meu blogue.
Lá fora a rapaziada da construção berra e canta enquanto trabalha.
E hoje está frio e lembro de Curitiba.
E meu ex amor vai casar e eu preciso, enfim, ganhar dinheiro.

18 de setembro de 2008

nem 5 min.

é bom conversar com a sua garota pelo telefone.

ter calma é algo que se conquista.

você vê a bunda, você flerta com ela,

mas não precisa seguir cada movimento.

a bunda lá e você aqui.

o mundo também pode ser bom assim.

17 de setembro de 2008

5678

Aquela garotinha me olhando. Piranha nova não me agrada, mas me envaidece. 23 no máximo. Não me agrada porque é óbvia e tem menos habilidade do que supõe ter. Sofre de excesso de presunção como toda recém adolescente. Mas me envaidece porque não sou o bonitinho com barriga de tanque. Até o contrário: tenho uma bela pança que quase me complica pra cortar as unhas dos pés. Imagino que ela deva gosta de ler e que tenha me visto lendo no bar.
Tem mulher pra tudo nesse mundo. Tem mulher que se impressiona com um bêbado que gosta de ler em bar. Graças a Deus, melhor assim.
E é claro que se ela me olha, eu a ignoro. É uma tática estúpida que funciona com todas as piranhas do mundo. Na verdade acho isso bem deprimente, mas faço o jogo porque funciona. Tudo certo. A merda tá espalhada e só temos uma colher.

Mensagem do Dia.


É uma beleza essa loucura. Solução pra tudo, migalhas pra alimentar a humanidade. A maldita humanidade. Eu fico aqui reclamando. Como sempre, afinal. Chega disso, acho que já deu. Não quero ser a mulherzinha triste nem o macho comedor. Não faço questão. Mas é que me coço pensando em certas coisas: reinos inventados, romances escritos, nichos de paz no meio do mundo mau. Ah, sim. O mundo é mau sim. Tem os seus encantos e as suas graças, mas é mau. Não importa. O mundo precisa menos de mim do que eu dele. E isso é sempre terrível.
Talvez por isso agora eu faça tanta questão do controle. Do bom e velho controle. Porque é ele, o controle, que me prova que não sou macaco. Parece simples, mas não é. Ser macaco é, sem dúvida, muito mais vital e pleno. É só imaginar: nada de dinheiro, nada de amor, nada de aluguel. Só os instintos primitivos: copular, comer, berrar em torno de uma árvore em dia de chuva. Ser macaco deve ser uma maravilha. Mas eu só poderia ser macaco se tivesse nascido macaco. É uma lógica tosca, mas de auto ajuda razoável.
Portanto vou me coçar lembrando que não sou um macaco. Em quem já viu um macaco se coçando sabe que se coçar como macaco é mesmo encantador.




15 de setembro de 2008

Relatinho.

1 - Então escuto a história de uma garota e fico comovido. Ela está perdida e pensa em voltar. É algo que entendo tão bem. A melancolia quase longa demais. E sempre gostei de dizer melancolia. É uma palavra onde o som passa a ideia da coisa: Melancolia. E nem se trata de uma onomatopeia. Melancolia é apenas uma bela palavra.
2 - Agora há no meu prédio uma moça deveras interessante. Suponho que ela seja moradora já que arregalou os olhos quando me viu. Era como se dissesse: nunca te vi aqui. É algo bom de se imaginar. Uma mocinha jeitosa lhe achando interessante - ainda que interessante seja a palavra mais ambígua do planeta. Uma anã é um ser interessante, mas, mesmo assim, nunca a penetraria com o meu humilde pau.
3 - De manhã num ônibus. Ela gosta de mim, eu penso. Eu deveria ir pra Ctba e virar hominho, eu penso. E penso no que falar sobre isso e me dá uma grande vontade de chorar: Eu sou um grande sonhador, papai. Eu sou uma criança, mamãe. Ela pega na minha mão e diz que me ama. Ser amado é terrível, eu penso. Talvez amor e liberdade sejam antônimos. Amar é não morrer e liberdade é não pensar na morte. Lembro agora que os 2 últimos eu te amo que ela me disse eu não respondi. Reflito que não sou tão honesto já que eu a amo também.
4 - Amanhã haverá uma grande conchinha. Uma conhinha da pesada e colorida. 30 pessoas que devem dizer sim. É claro que morro de medo dessas 30 gentes. Meu Deus, e eu que achava que poderia viver sem ser influenciado!
5 - Converso com o meu pai 2 cervejas acima. Falo pra ele eu te amo e ele fica sem graça. Eu também ficaria se fosse o inverso, tudo certo. Meu pai é um sonhador bem sucedido, algo realmente raro e bom de se acompanhar. Quando o parabenizo pelo seu novo sonho alcançado, ele me fala sobre um novo sonho. Meu pai sabe das coisas. Acho que ele herdou isso da mãe dele. Acho.
6 - O Ramon é um cara desses que sempre gostei de bater papo. Ele é bom de copo e isso pra mim é um mérito. Desde a 1° vez fui com a cara dele e, na média, sou um tipo implicante. Mas não importa. É que conversamos no msn e disse uma frase pra ele que eu realmente gostei e reproduzo: Sócio em buceta é coisa de bicha.
7 - Depois de reler chego a conclusão que realmente gosto dessa frase.
8 - Nossas diferenças são abismos. Somos discretos, mas são, de qualquer forma, abismos. Atravessar abismos é encantador. Eu acho. E acho que você acha também.
9 - Um amigo generoso é algo sem nome. O cara quer o teu bem e torce por você. As 22:07 ele telefona e pede desculpas por ser gentil. Você é meio travado e diz: Zé, você é a pérola - é que sua delicadeza se intimida com generosidades gratuítas e é mais fácil recorrer à máximas sinceras.

13 de setembro de 2008

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Resisto ao telefone. Olho pra ele e olho pras horas. Inventei um hora boa e discreta: 21:00. É um horário bonito na minha cabeça.
É simples, pode ser simples, talvez realmente seja simples. Mas eu nunca acho nada simples e sempre desconfio quando ouço isso de 'ser simples'.
Meus critérios eu invento, minhas dores eu tomo conta e regulo minha loucura sempre que possível. A minha escola me educou bem quando me obrigou a vestir uniforme.
É uma maneira eficiente de se obrigar coisas aleatórias. Por que não posso usar calça jeans? Porque não faz parte do uniforme. Parece mesmo ter sentido.

12 de setembro de 2008

musiquinha de bêbado gravado no mp3 - e mais não digo. Ou: acho que o Roberto me entende.

eu me incomodo com essa loucura
de querer mais do que se tem
eu gostaria de me bastar
e poder ficar sozinho
por anos em paz.
eu gostaria de não saber
que além de mim
e do que eu conheço
existem mais.
cada pessoa no mundo
é um novo constrangimento
cada pessoa no mundo
te traz
uma coisa que você não entende,
cada pessoa no mundo te traz
uma novidade pra te deixar deslocado.
você não sabe se você é
um cara legal um bom namorado
um amigo astral.
você já
passou por poucas e boas:
já comeu algumas
moças generosas
já deixou alguma
com raiva de você.
adeus adeus adeus,
agora não dá mais
se você estiver perto
eu não tenho paz
porque com você aqui perto
eu só posso pensar em você
porque quando você está perto
eu só consigo dizer: vai, vai...
minha querida eu digo
eu digo:
continua, vai vai.
vai, vai.

10 de setembro de 2008

Relatinho

Perdi 10 paus prum verme. No grito, o que é pior. Claro que se pensar que tinha 40 e perdi 10 posso pensar em algum tipo de lucro. Mas é foda. A gente pressente, saca que a regra é clara: quando uma pessoa tem uma arma, ela mostra e não fala sobre a existência dela. Mas mesmo assim, sabendo de tudo, e já tendo formulado discursos maravilhosos sobre isso, perdi os 10 paus no grito.
- Tô com uma pistola aqui, me dá o dinheiro se não quiser levar tiro na cara.
É claro que esse frase impressiona. Eu tive algum tipo de calma, mas não tive presença de espírito. E presença de espírito é tudo que há. É só com presença de espírito que você acerta a hora exata de beijar aquela boca vermelha que se insinua.
Tive tempo durante a coisa. Olhei pros lados, conferi que era eu, o verme e um traveco que nem sei se notou a coisa.
Meio que conversei com o cara, o papo de sempre:
- não tenho dinheiro.
- eu te vi com a garota.
- tenho só o do ônibus, e dei a nota de 10. O que foi um tipo de sorte, pois haviam 4 notas no meio da minha carteira. Coloquei a mão no bolso e saquei lentamente uma nota. Menos mal, pensei quando vi que não era a de 20. Ele ainda insistiu:
- eu te vi com a garota.
Nessa hora eu tentei ver a mão dele que se escondia atrás da camisa. Ele notou e recuou. Falou "bóra, bóra" e ele mesmo foi saindo e fazendo a cena de quem muda a pistola de lugar. Porra.
Eu dividido entre agir ou não, mas sem presença de espírito é foda.
Podia ter me feito de surdo.
Podia ter tombado pra trás e feito de conta que era epilético.
Podia até ter me feito de sonso e dito "desculpas" e começado a chorar.
Sei lá. Faltou mesmo foi presença de espírito. Uma pena. Com presença de espírito essa histórinha seria bem mais interessante. Com certeza.

9 de setembro de 2008




MEU PRECONCEITO


PROCEDE.


É ISSO


QUE ME FODE.






é por aí.




Eu também tenho sacadinhas e sei contar um monte de histórias. É claro que eu não gosto de mim mesmo. Pega bem isso de auto degradação. É algo que as revistas masculinas me ensinaram quando eu me masturbava encantado com a espuma de depilação da Adriane Galisteu. Ela mesma, a ex do Ayrton e quase pop nas rodas de teatro, mas deixa pra lá. Nem estou aqui pra fazer fofocas.

É que, as vezes, eu sinto essa pulsão destrutiva. E penso em tudo com calma e caio no erro de ter certeza que eu tenho razão. Não sei explicar. Talvez seja apenas porque realmente me influencio por aquilo que eu leio: 1 - quando li Bukowski compreendi o álcool como modo de vida, 2 - com o Fante descobri que o desprezo pelos outros era necessário para o amor próprio, 3 - as teorias do sexo fizeram eu querer mais do que tinha.
E por aí vai.

Mas isso também não importa. Importa Dn. Terezinha me dizendo: você funciona melhor quando você tá confuso. É, pode ser, nunca se sabe. Dn Terezinha nem sempre emplaca, mas as vezes me provoca com estilo e sagacidade. E isso eu respeito.

No mais deixo a dica do site e um poema do Bukowski. As duas coisas são melhor do que ler esse blogue.
A auto degradação sempre funciona, não é? E as sacadinhas também, pois não?

*

Estilo.

(charles bukowski)

Estilo é a resposta de tudo.

É um jeito especial de fazer uma tolice ou algo perigoso.

Antes fazer uma tolice com estilo, do que algo perigoso sem estilo.

Fazer algo perigoso com estilo é o que eu chamo de arte.

Uma tourada pode ser arte.

O boxe pode ser arte.

Amar pode ser arte.

Abrir uma lata de sardinha pode ser arte.

Poucos têm estilo.

Poucos mantêm o estilo.

Já vi cães com mais estilo que os homens, apesar de que poucos cães têm estilo.

Gatos tem mais estilo.

Quando Hemingway estourou seus miolos, teve estilo.

Há pessoas que dão estilo.

Joana D’Arc tinha estilo.

João Batista, Jesus, Sócrates, César, Garcia Lorca.

Conheci homens na prisão com estilo.

Conheci mais homens na prisão com estilo do que fora.

Estilo faz a diferença.

O jeito de se fazer.

O jeito de ser feito.

Seis garças tranquilas na beira de um lago ou você,

saindo nua do banheiro sem me ver.

8 de setembro de 2008

pau e buceta

UM PUTAQUEPARIU BEM BAIXINHO. VONTADE DE TER UMA PICA DE TRÊS METROS E DESTROÇAR VIRGENS OU PROSTITUTAS PSÍQUICAS.
E DÓI A LOMBAR E QUEIMA A GARGANTA E TUSSO SECO E CUSPO MENOS DO QUE GOSTARIA. A REPETIÇÃO DE SI MESMO, DE NOVO. E DE NOVO E DE NOVO. OS MOVIMENTOS SUTÍS QUE ME FAZEM PERCEBER QUE O BURACO É MAIS FUNDO, MAIS FUNDO, MAIS FUNDO. VONTADE DE POSSE, NOSTALGIA DO PASSADO, ARREMEDO DE HOMEM. CRIANÇAS BRINCANDO DE CUTI.
TÉDIO E CHATICE.

4 de setembro de 2008

eu também tenho sacadinhas

Ela faz força pra ser má, mas tem o rosto delicado de um anjo sem sexo. Ela é bonitinha e faz caras e bocas e sorri sempre com ironia porque assim ela aparenta ser sincera. Eu gosto de falar mal dela porque gosto sempre de falar mal de qualquer um. Uma vez a encontrei vestida de saia, e quando sorri, ela disparou: - só estou de saia porque minhas 2 calças estão sujas.
E ela nem notou que eu ria do alface verde e velho que ela tinha entre os dentes.

2 de setembro de 2008

copia e cola - pág. 23 e 24


***
Foi nos bares que aprendi a viver. Não sei qual a vantagem disso, mas foi vendo essa gente que entendi meio mundo. Os rostos amarelos, os sorrisos bestiais, os ombros caídos e os pés suspensos. Nos primeiros bares logo aprendi que só interessa quem senta no balcão.
Lembro da preta que cantava uma música da Alcione enquanto fazia gestos e caras e bocas. Acho que foi com ela a minha primeira vez de
clareza-do-mundo-dentro-dum-bar.
Era uma preta de bunda boa e todo resto decadente: dentes grandes, peitos caídos, olhos mortos e nenhum resquício de alma. E ela dançava insistentemente, cada vez mais fraca e mais triste. Balançava a bunda boa pra lá e pra cá e balbuciava as músicas em inglês. Um inglês sem sentido que ganhava algum brilho quando ela tentava acompanhar. Um tipo de mistério.
Então veio a música da Alcione. Era uma música ruim e apelativa. Falava da mulher como loba e outras merdas do tipo. O velho discurso feminista de quem trepa mal. A música começou e os olhos da preta brilharam, uma alma tímida apareceu ali, um tipo de milagre que só eu percebi. O bar nunca mais foi o mesmo.
Ela começou a cantar com uma voz de preta, grave e séria e com alguma afinação. Ela virava o copo nos intervalos da letra e cantava olhando pra todos que estavam ali. Cantava séria e profunda, como se aquela merda de música fosse realmente algo. O sentido de tudo apareceu claro pra mim: o mundo era aquela preta cantando aquela música ruim como se essa fosse a única saída possível.
Ninguém reparava nela além de mim e isso também pareceu ser um sentido do mundo. Ela cantava e balançava a bunda boa como louca. Todos no balcão a olhavam com desinteresse e tédio. Era isso o milagre, era essa a compreensão. Aquela mulher cantava sozinha e não precisava de ninguém, ela era o único ser livre do planeta.
Quando ela notou que eu a olhava, ela se retraiu e começou a cantar baixinho e a balançar menos a bela bunda. Eu sorri pra ela e repeti o refrão da música que já tinha decorado. Ela sorriu pra mim com seus dentes enormes e voltou a balançar sua bunda com ainda mais vigor. Era esse o milagre. Eu tinha entendido o mundo. Meu caga-regra era uma lâmina pomposa e que brilhava na luz fria do bar:
o ser humano precisa de 1 grama de migalha pra 99 de desgraças, a felicidade é se alimentar apenas de 1 grama.
*
Depois dessa preta o mundo mudou é claro. Os bares também. Nem sempre eles causam esse impacto.
Eu ainda era um freqüentador amador de bar quando vi essa cena. Ainda não entendia que ali, no mesmo lugar em que surge uma preta milagrosa, também havia vermes que queriam apenas seu sangue. Vermes tristes e honestos, pros quais migalhas é sempre um pedaço da sua carne. Acontece em qualquer boa família, afinal.
Um primo ambicioso e mau caráter é algo comum e vulgar, afinal de novo.
Depois dessa preta louca freqüentei, e ainda freqüento bares sempre esperando um novo milagre. Eles acontecem às vezes, mas apenas às vezes. Dependem do meu nível alcoólico e da minha necessidade de vê-los.
É uma idiotice que sempre se repete por aí: as coisas estão nos olhos de quem vê. Têm umas idiotices que fazem sentido.
***

1 de setembro de 2008

Relatinho.

Eu lá diante das máquinas. Na ante sala as pessoas são simpáticas e agradáveis. E digo isso sem ironia. Atores bonitos com aquelas caras ótimas de gente bem resolvida. Parece tudo tão simples. Talvez seja, nunca se sabe. Eu garanto que eu não sei.
Fazer um teste é algo que nada tem a ver com desempenho. Eles não procuram um bom ator, um ator disponível ou versátil. Isso não é pra cinema ou vídeo. A valorização do desempenho só faz sentido no teatro. Alí eles testam milhares de pessoas até acharem quem mais se aproxima daquilo que eles idealizaram. Então todo teste é um mistério. Um bom teste não é o que você fez bem, mas sim aquele em que você era exatamente o que eles procuravam. Nem bom ator precisa ser. Claro que bom ator é sempre melhor, mas até aí.
O cinema ou video tem a arrogância e a capacidade de forjar isso, com cortes, efeitos, maquinagem, etc. E não há nenhum desmérito nisso. É uma linguagem que possui esses recursos e, portanto, não há porque não usá-los.
No mais é bom não precisar disso e não levar isso à sério. Prefiro que seja assim.