20 de dezembro de 2010

o que se vê, o que se pensa, o que se lembra.

  1. Gor-delícia dentro do trem a caminho de Campo Grande. Entra depois da Central. Usa microshorts, blusa colorida que amarra sem sutiã e os malditos óculos escuros enormes que estão na moda. Mama um LATÃO de Bramha. Tesão. Gor-delícia, meu amor. Puxa papo com o coroa que vai pr'onde eu vou. LATÃO de Bramha substituído por LATÃO de Antárctica. Nariz fino, coxas brancas e exibição discreta. LATÃO mamado com calma e dignidade. Coisa fina. TESÃO.
  2. (Pau Duro e imagens infernais. Culpa da pornografia internética e do balanço do trem. Sem fumaça, sem piuí, sem belas paisagens. Pau Duro imbecil. Duro agora justo agora. Meu Pau, uma criança. Inocência por culpa de trilhos de trem.)
  3. Morena-Toda-De-Branco. Vestido ou vestidinho, não sei. Livro grosso de Biologia na mão e os mesmo óculos escuros da moda e enormes. O dela era marrom. Levanta os braços e vejo as axilas. Axilas são sem graça é a minha conclusão. Olho pra ela com ostentação. Quase idiota e quase santo. Ela nota e fico satisfeito. Quase santo e quase idiota. Ela limpa os óculos no vestido-vestidinho branco. É pra mim. Sobe o vetido-vestidinho e faz que nem nota. É pra mim 2. TESÃO. Livro de Biologia. O vestido-vestidinho subiu muito, muito mesmo e ela fez que nem notou que eu a olhava ostensivamente. É pra mim 3.
  4. (TESÃO. Pau Duro cheio de inocência infantil. Maldito trem. Há que se culpar alguém. Pau Duro, meu amor, a estação tá chegando e minha bermuda explana).
  5. Trem ainda. O puto - meio bicha, meio imbecil - comprou um sorvete de côco e jogou o papel de embrulho no chão. Fiz minha cena mais fraternal. Curitiba e menino-folha. Se-pa-re. Olho pra ele e pro papel. Mexo a cabeça mais do que o necessário. Ele se toca e empurra o papel com o pé pra baixo do banco. Sinto-me desafiado. Olho agora com a boca aberta e ele vira o rosto. Vitória é uma idéia estúpida que agora fez sentido.
  6. 60 questões que podem mudar sua vida. É estranho e sem sentido. Mudanças de vida são sempre suspeitas. Vejo velhos e muita gente conhecida. É triste. Decadente. Estamos todos ali. A tristeza se manifesta com "você por aqui?" ou "fez para o município?"
  7. Carona pra volta e carro de desconhecidos. Sou simpático e descolado. Os desconhecidos são fáceis de lidar. Dureza são aqueles que se conhece pouco ou que já se viu. O desconhecido absoluto não causa temor.
  8. Casais são tudo aquilo que entendemos por coerência interna. Tenho andando com casais. Eu e um casal, no caso. Lembro que segurar vela era terrível há uns 15 atrás. Agora não. Ser adolescente é mesmo terrível.
  9. Na VAN da Lapa o cara que cobra e berra é super descolado. Tenho delírios. Imagino-me milionário e o chamando para uma conversa. Eu diria: tu é esperto pacas, vou te montar um negócio próprio, pensa bem o quê pode ser. E ele se tornaria um homem de confiança do fernandinho-milionário.
  10. Entre o Rio-Sul e minha casa há esse mobiliário urbano que anuncia que o Planetário faz 40 anos. Lembro da Branca - a mais doce, a mais eterna. Ela queria que eu a levasse ao Planetário e eu não a levei. Ela nunca havia ido em um e dizia que poderia ser um ótimo passeio de sábado à tarde ou domingo de manhã. Eu era burro e não entendia. Reclamava das crianças estúpidas que lá estariam. Eu era burro e me achava esperto.
  11. Culpa, culpa, culpa. E lembro de todos idiotas que supõe culpa ser uma mera invenção da Igreja.