12 de setembro de 2011

blocos por conveniência.(s.r)

  • O Carlos Careqa me perturba. Parece-me um grande absurdo ele não ser um ovacionado, um cult aceito, um milagre realizado. Há tanta beleza e tristeza nas cantorias dele. Há algo de muito importante em suas músicas. E, em tese, o mundo devia o conhecer. Mas o mundo... ah, o mundo... o mundo tá mais pra floresta encantada da Disney, sei lá. E o Careqa solta sua voz meio ruim e é genial. E na capa do segundo caderno tá um imbecil que nem cócegas faz.
  • Foi o tempo. Acho. Tenho pensado em coisas importantes. Não estou falando de mim e do meu umbigo agora. Estou pensando sem saber onde chegar: Política Cultural, A Consequência do Investimento Público, a Arte para Além da Coqueluche, a Função Social do Artista, etc. É algo sério, bem sério e que deve ser pensado, bem pensado. Não sei se por mim, se pelo Careqa, pela Fontana ou pelo último bem intencionado que recebeu uma bela fatia do bolo. Insisto mesmo sem saber: deve ser pensado, deve ser muito bem pensado, deve, inclusive, ser profundo e trazer consequências.
  • Meu limite é pensar em mim. Falta-me a generosidade de pensar em todos porque não sou todos e porque não me acho verdadeiramente representativo. Estou velho talvez? Coisa de luta de classes talvez? Mas sou limitado e digo: meu 2011 é bem resolvido, preciso é de um bom 2012 - ou então o abismo, o desespero e todas essas mesquinharias do umbigo.
  • Jesus, na cruz, me dá uma piscadela.
  • Tenho tesão e interesse pelo deboche. Tem a ver com limitação, com campo de ação e com instinto de sobrevivência. Gosto, inclusive, do deboche como manifestação artística. Estou falando sério e Reinaldo Moraes me contempla. Assim como Bukowski, Evrainov, Rabelais, Oswald, etc. Questão de gosto, de preconceito cuidadosamente construído, etc. Erro seria gostar de TUDO. Só imbecis gostam de tudo - o que, todavia, não me impede de achar o Ratinho uma figura verdadeiramente significativa do imaginário nacional.
  • Culpa é como o algodão acumulado no umbigo. Arranca-se com o dedo indicador e o opositor. Dá tesão também. E tesão é diferente de prazer. Prazer é coçar a barriga.
  • Cervejinha e churrasco do Miguel. A vida é besta: nem boa nem ruim, besta: o morno cuspido. E assim as contas, o dia após o outro, as viagens que se programam, os milagres que parecem resolver tudo. Assim: vem cá/não vou, te amo/te odeio, agora/depois. Ah... essa coisinha... Ah... o álcool.... Ah... a moça bonita que se tornou mais bonita.... Ah, os versinhos que eu escrevia na adolescência... os versinhos, os versinhos.