7 de dezembro de 2009

agora sim.

Vamos lá.
A satisfação de fazer teatro é estranha e encantadora. E isso ao mesmo tempo.
A bola da vez é o que podemos chamar de 'teatro alternativo': sem grana, sem estrutura, mas à base de desejo e vaquinha. É bonitinho, eu confesso.
Esse desejo todo que se enfia em roubadas alimenta, de certa forma, a alma. Mas a verdade é que o 'teatro alternativo' pra mim não é um ideal. É o possível, o que posso fazer, o que faço.
Na verdade queria ter condições de trabalho: grana, espaço, tempo pra pensar, contra regra... Não queria ser alternativo. Queria ter toda a estrutura que um Meyerhold tinha, por exemplo. Porque é justo, ora pois. Eu ralo, corro atrás, leio a porra toda. Se tudo fosse causal o mundo seria outro e eu não estaria limitado ao 'teatro alternativo'.
Mas é o que faço porque é o que posso. Não vou chorar por isso. Não é o caso.
Um dos meu baratos com teatro é que você lida com o possível. Em teatro a coisa é muito objetiva. Ou dá ou não dá. Essa coisa de que tudo é possível é estúpido de maneira geral e mais estúpido ainda no caso de teatro.
Seja como for, fizemos e estamos lá. Uma peça que é o que é. Que não pretende ser nada além de um teatro reto e simples. Um teatro que, como sempre tentamos, busca provar que teatro não precisa ser chato.
Porque, vamos lá, devemos admitir que há muito teatro chato por aí. E chato, principalmente, porque é um teatro que não se basta como teatro. É uma coisa de querer outras coisas através do teatro: provar que é bom ator/diretor/autor/cenógrafo/pensador, etc. Um porre.
Teatro não é importante, nunca foi e não precisa ser. O Brecht com a coisa do 'mostrar que pensar é divertido' fala sobre o lugar objetivo que o teatro pode ter. Um entretenimento que não é babaca, como telenovela por exemplo.
E agora que estreamos tenho certa paz. É isso que fazemos porque é isso que podemos fazer. E isso não quer dizer que não existam outras ambições.
Desejar é diferente de ter. Ficar satisfeito com o que se têm é achar que tudo deu certo, mesmo sem esquecer que as coisas sempre podem melhorar.
É da dinâmica da vida ou das coisas. Sei lá.
No mais, a alegria besta e solitária que não precisa ser explicada.
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p.s. vá ver. me liga. me deseje merda.