27 de novembro de 2010

O-l-í-v-i-a.

Mirar o pau como quem vê um abismo.
E gosta do abismo e é amigo do abismo.
Mirar o pau porque assim se carrega a alma.
Diante do abismo há a buceta perfeita,
com flores e cheiros e orgasmos verdadeiramente violentos,
desses que na contração quase lhe arrancam o pau.
Abismos e mulheres que podem lhe arrancar o pau são como o próprio sentido da vida - e isso supondo que tal sentido que não existe, exista.
As flores aprecem sempre depois.
É decente.
Primeiro existir e só depois adquirir alma.
Porque sem alma não há abismo nem altura nem...
Alma.
Fetiche por almas retraídas ou por almas que têm medo de ser almas ficou pra trás.
Liberdade é outra bobagem que só se pode acreditar após certas coisas.
Como abismos, como bucetas floridas, como ataques de ternura quando a ternura ainda estava fora de moda.
Suportar-se à si
e dizer que o idiota diante do espelho
é você mesmo.
E sofrer um pouquinho,
e lembrar de nomes lindos,
e sonhar com as mulheres lindas que inventa
e que nem precisam existir.
Como um treinador de cães
que adora os cachorros
após muito treino.