29 de julho de 2011

Talvez assim.

Sentindo a agonia de leve como quem tenta domesticar uma puta; como quem, em inocência forjada por telenovela, acha que é possível domesticar uma puta. Esquece-se da putisse da puta. Que tem a ver com sua sujeira, com excessos, com o curto prazo de validade, com os lugares sujos e as gentes degradantes que inevitavelmente aparecerão. Que não há luxo, nem cocaína pura, nem porres livres, nem erva boa, nem homens nem mulheres livres, nem nada, que liberdade é um ideia cheia de beleza e encanto, mas que é só isso, uma ideia - a não ser que você esteja preso e essa liberdade não seja uma punheta intelectual para filhos de hippies e de ex comunistas. 
Sabendo que eventualmente vem o gozo, que a cara borrada tem charme, que Deus cospe uma gente morna, que assim, mesmo sem sentido, a puta tá na pista e aprendeu a apanhar - o que não é vantagem e, na maioria das vezes, apenas deixa a casca da puta dura, a pele amarela, o gozo histérico, essas coisas. Que apanhar só regenera idiotas, assassinos, pilantras e evangélicos. 
Salvando as carnes com camisinha e lembrando, a cada nova investida do quadril, que foi a puta, sempre ela, quem nos pariu.