10 de novembro de 2009

sem vogal.


Aquela dança era só um jeito de se desesperar. A gente se vira com o que pode e com o que tem. Somos os macacos que em volta de uma árvore inventaram o join de vivre. Não por desejo, mas por tédio.
E tem tanta gente que confunde tédio e desejo que nem falo nada. Minha aparência de arrogante paga seu preço por não ser tão simpática assim.
Mas lá fora tem aqueles dois ou três que realmente importam. Falta a fêmea, a fêmea fatal: guria esperta pra quem venderei minha alma e por quem, no auge da loucura que o amor provoca, jurarei, cheio de sinceridade e crença, que, por ela, deixo de ser eu mesmo e viro seu herói/príncipe dos sonhos encantados.
É por acreditar que o amor existe que eu não danço. Não quero dançar assim: apenas pra provar que também sou capaz de mexer o meu corpo e meu quadril. Se o lance é o desejo e não o tédio, eu berro sem medo de queimar a mão: deseje apenas o impossível.
O possível é o playcenter dos que não acreditam que a vida pode ser melhor. Como quem facilita a sujeira ao se concentrar apenas no lado bom de tudo.
Merda velha e repetida de gente que não sou eu e que não quero do meu lado. Poliana é uma metáfora e não, por Deus, um exemplo que deve ser seguido.
*
No mais, estou pelado e meu pau toca minha canela. Com minhas pernas dobradas, o ventilador ligado e uma música boa, sou capaz de nunca mais sair da minha casa.