17 de julho de 2011

nem Touradas, nem Boxe.

Sopro a fumaça do cigarro. A mesma que me da tosse e catarros incrivéis. Fumaça azul quando a luz é generosa e os olhos mais generosos ainda. Quem, sendo fumante, nunca se surpreendeu ao perceber que a fumaça do cigarro é verdadeiramente linda? E ainda tem os desenhos loucos que ela faz.
Telefono pra mamãe que pensa em mim e se preocupa comigo. É assim que é: ela se preocupa e eu digo que tudo tá bem. Há equilíbrio. Mamãe, eu sofrer é parte de estar vivo e paciência. Não volto ao seu útero porque não dá e porque Deus(seja quem for) não quis assim. Equilíbrio, lembra? Nada é perfeito e sofro por aí, mas, pense bem, o que você, como mãe, poderia fazer, já que colocar-me novamente no seu útero é impossível? Te acalma mulher, seu filho sofre como sofrem todos os filhos. E isso é uma benção: porque para sofrer é preciso estar vivo.
(Minha mãe se torna mais calma quando namoro. Acho que é uma lógica de bicho. Assim: há algum útero perto - mesmo que não seja o meu.)
Dou meus passeios e fico horas na cult livravria do pop cinema. Olhos preços, vejo títulos, tento me deixar levar, mas termino com um Hemingway Contos Volume 3. Gosto do tiro certo e do dinheiro bem gasto - o que é comprovado com o primeiro conto, no qual a história (ela mesma) é reta e boa e nem exige que você compre a idéia. Le-e-gal, sussuro enquanto lamento a derrota da Argentina. 
No supermercado tinha carpaccio e rúcula. Invento que o mundo conspira a meu favor e vislumbro arrotos melhores dos que os já bons arrotos de sushi. Que, cá comigo, sei: o bom da comida japonesa é o arroto sabaroso que ela proporciona. 
Então arroto: pelo passado e pelo futuro. Que o presente, vamos lá, é algo apenas valorizado por hippies decadentes e por jovens desesperados. Quem, vivendo bem, super-valoriza esse instante chamado presente? 
Meu até logo e meu adeus. Na rádio UOL há música clássica na playlist e toda decência que a música clássica acarreta. Eu poderia falar mais, mas não é o caso.
Sofrer e gozar é muito parecido, eu aprendi.
Assim como a Elisa que, acima de nós, desempenha seu papel e conquista, sem saber, os homens mais idiotas da terra. A Elisa, no caso, é aquela que um dia redime a humanidade.
Como Maria, a virgem grávida e mãe de Deus. Ou seja: uma confusão dos diabos.