3 de novembro de 2010

Põe a rodinha pra mexer e se satisfaz

Fazer.
Fazer como um macaco faz. E macaco faz que faz. E bate palmas. E vê os humanos que o vêem preso na jaula.
E, mesmo assim, não se pode dizer que o macaco está triste. Assim como não dá pra dizer que o macaco está alegre.
O macaco, bicho do bom, nem pensa se está triste ou feliz. O macaco faz macaquices.
E isso é bem decente. E civilizado.
Mas o macaco não pensa nisso. Ele pensa em macaquices, em sexo oposto, em castanhas escondidas em cascas e em banhos de mangueira.
Macacos adoram banhos de mangueira. Porque a água é corrente e macacos sabem que nem existem muitas fontes de águas correntes.
Por isso o macaco não liga pra jaula. Ele não sabe que está numa jaula. Por isso ele adora banho de mangueira. Porque ele nem desconfia que existem torneiras, água encanada e tubos de borracha que se chamam mangueiras.
Macaco vive bem, mas ele não pensa nisso porque macaco não pensa.
Então ele faz. Com as castanhas que cutuca, com o sexo oposto e com a água abundante que vem de fonte desconhecida.
Macaco bate palma e se vicia facilmente com os cigarros que a galera do zoológico joga pra ele.¹
Ele fuma. Ele recebe pipocas. Ele copula com o sexo oposto. O macaco tá vivo e faz parte do planeta - ou seria biosfera ? - mesmo estando dentro da jaula.
Macaco bom.
Macaco vacinado.
Macaco fazendo participação na novela da Globo.