22 de dezembro de 2010

Dezembrão.

E todo calor e toda loucura.
E um tipo de fim que se aproxima
e o inevitável
que é pensar no ano que passou
e no ano que virá.
Que existimos no tempo e morremos no tempo,
que somos o tempo.
E o tempo passa mesmo que se fale sobre a importância do "agora" -
como se o agora fosse real...
como se ao dizer "agora" o "agora" ainda fosse o que não mais é.
E tem Natal
e Ano Novo.
E as datas todas.
E o fato de serem inventadas não quer dizer nada.
Que tudo que importa foi inventado: o amor, os laços, a arte, o sexo como descoberta, a ficção, os livros, a família, o espirito, Deus...
E daí que vejo meus amigos e tenho vontade de falar
e falo e lembro que somos amigos e vejo a fraternidade do planeta
sendo concentrada numa data inventada e bela e humana.
E lembrei dessa música.
Que tem a ver com tempo,
com coisas que existem no tempo,
que fala de gente que se vê
e se pensa e não se conhece
e, mesmo assim, se consome.
Que é Dezembrão e o sol é como um punhado de agulhas à entrar em nossa pele.

a música. pra quem tiver saco. e nem é uma boa versão.

20 de dezembro de 2010

o que se vê, o que se pensa, o que se lembra.

  1. Gor-delícia dentro do trem a caminho de Campo Grande. Entra depois da Central. Usa microshorts, blusa colorida que amarra sem sutiã e os malditos óculos escuros enormes que estão na moda. Mama um LATÃO de Bramha. Tesão. Gor-delícia, meu amor. Puxa papo com o coroa que vai pr'onde eu vou. LATÃO de Bramha substituído por LATÃO de Antárctica. Nariz fino, coxas brancas e exibição discreta. LATÃO mamado com calma e dignidade. Coisa fina. TESÃO.
  2. (Pau Duro e imagens infernais. Culpa da pornografia internética e do balanço do trem. Sem fumaça, sem piuí, sem belas paisagens. Pau Duro imbecil. Duro agora justo agora. Meu Pau, uma criança. Inocência por culpa de trilhos de trem.)
  3. Morena-Toda-De-Branco. Vestido ou vestidinho, não sei. Livro grosso de Biologia na mão e os mesmo óculos escuros da moda e enormes. O dela era marrom. Levanta os braços e vejo as axilas. Axilas são sem graça é a minha conclusão. Olho pra ela com ostentação. Quase idiota e quase santo. Ela nota e fico satisfeito. Quase santo e quase idiota. Ela limpa os óculos no vestido-vestidinho branco. É pra mim. Sobe o vetido-vestidinho e faz que nem nota. É pra mim 2. TESÃO. Livro de Biologia. O vestido-vestidinho subiu muito, muito mesmo e ela fez que nem notou que eu a olhava ostensivamente. É pra mim 3.
  4. (TESÃO. Pau Duro cheio de inocência infantil. Maldito trem. Há que se culpar alguém. Pau Duro, meu amor, a estação tá chegando e minha bermuda explana).
  5. Trem ainda. O puto - meio bicha, meio imbecil - comprou um sorvete de côco e jogou o papel de embrulho no chão. Fiz minha cena mais fraternal. Curitiba e menino-folha. Se-pa-re. Olho pra ele e pro papel. Mexo a cabeça mais do que o necessário. Ele se toca e empurra o papel com o pé pra baixo do banco. Sinto-me desafiado. Olho agora com a boca aberta e ele vira o rosto. Vitória é uma idéia estúpida que agora fez sentido.
  6. 60 questões que podem mudar sua vida. É estranho e sem sentido. Mudanças de vida são sempre suspeitas. Vejo velhos e muita gente conhecida. É triste. Decadente. Estamos todos ali. A tristeza se manifesta com "você por aqui?" ou "fez para o município?"
  7. Carona pra volta e carro de desconhecidos. Sou simpático e descolado. Os desconhecidos são fáceis de lidar. Dureza são aqueles que se conhece pouco ou que já se viu. O desconhecido absoluto não causa temor.
  8. Casais são tudo aquilo que entendemos por coerência interna. Tenho andando com casais. Eu e um casal, no caso. Lembro que segurar vela era terrível há uns 15 atrás. Agora não. Ser adolescente é mesmo terrível.
  9. Na VAN da Lapa o cara que cobra e berra é super descolado. Tenho delírios. Imagino-me milionário e o chamando para uma conversa. Eu diria: tu é esperto pacas, vou te montar um negócio próprio, pensa bem o quê pode ser. E ele se tornaria um homem de confiança do fernandinho-milionário.
  10. Entre o Rio-Sul e minha casa há esse mobiliário urbano que anuncia que o Planetário faz 40 anos. Lembro da Branca - a mais doce, a mais eterna. Ela queria que eu a levasse ao Planetário e eu não a levei. Ela nunca havia ido em um e dizia que poderia ser um ótimo passeio de sábado à tarde ou domingo de manhã. Eu era burro e não entendia. Reclamava das crianças estúpidas que lá estariam. Eu era burro e me achava esperto.
  11. Culpa, culpa, culpa. E lembro de todos idiotas que supõe culpa ser uma mera invenção da Igreja.

18 de dezembro de 2010

Eles são bonitos e jovens. Vestem-se bem e têm um estilo que eu desconheço por pura ignorância. Tênis com temas de grafite, mochilas com alças flutuantes, cabelos calculadamente desgrenhados. Eles sorriem e conversam com facilidade. Têm planos, são otimistas e têm desenvoltura para fazer elogios. Pra meu constrangimento eles não falsos ou coisa do tipo. Olho pra eles e tento desvendar algo que não existe. É que eles são o que são e, creio, vivem em paz. Consideram-se pessoas de sorte - e nem importa se a sorte é real ou não, importa que eles crêem nela e vivem bem.
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Despeço-me com o máximo de educação e volto pra casa. No bar da esquina tomo cerveja e, ao saber que pegam cartão, invisto num gurjão de peixe. 2 cervejas e quentinha.

15 de dezembro de 2010

óvulo e espermatozóide.

papai e mamãe se matam em doses homeopáticas. é estúpido e pouco eficiente. há que se morrer com elegância: um ato suicida, uma queda no banheiro, uma cãibra de riso que chegue ao cérebro.

os demônios existem e é um fato. as possibilidades são poucas: enfrenta-se o demônio com suas garras e sede de sangue ou ignora-se o demônio como se fosse um brinquedo quebrado. o dêmonio, enfrentado ou ignorado, continuará existindo. o que fazer com o demônio é, nesse caso, a grande questão.

deve-se também tomar cuidado com ameaças que não existem. culpar os outros por mal próprio é tão natural quanto estúpido. se sua vida é ruim, a culpa - se culpa há - é sua. e digo isso sem nenhuma alegria. (adoraria culpar o mundo e os que nele vivem por minhas desgraças. mas o mundo apenas existe e os outros, como nós mesmos, vivem como conseguem e podem).

de forma que dou meu recado: pra mim mesmo, pra atualizar o blogue e também para a família e amigos. a vida é uma tortura lenta e, segundo o marcelino freire, o tempo é longo demais e daí o problema. que se fosse mais curta a vida, as dúvidas e as dores seriam menores. como um namorico que durou três meses e nem chega a afetar a existência.
fica a dica e o desabafo indireto fica também.
o tempo urge e, infelizmente, não há culpados. somos nós, nós mesmos, e toda nossa agonia de ser humano que existe ao longo do Tempo.
os problemas e os inimigos sempre existirão. e, por sempre existirem, devem ser renovados. porque há muita confusão e falta de foco por parte de quem encara os próprios demônios.
via de regra eles são vermelhos, chifrudos e carregam tridentes. também costumam espetar quando você está no caldeirão do diabo.
mas, em defesa dos demônios, eu afirmo: eles são o que são e obedecem ordens que não controlam. a exitência dos demônios nunca impediu que as coisas sigam e surjam, em outras palavras.
há que se parar de viadagem, frescura, demônios, previdências privadas e sonhos de se aposentar a beira mar. como se todos velhinhos fossem felizes, como se demônios pudessem ser eliminados, como se dinheiro fosse o único problema e não apenas um dos problemas.
tenho blogue, escrevo livros rejeitados e faço teatro sem patrocínio. e meus velhinhos? o que andam fazendo?

13 de dezembro de 2010

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Mãozinhas para o alto
e danças desconhecidas.
Viver e se divertir
como o bom bichinho que sou.

Ao mesmo tempo as conclusões estúpidas:
- não gosto de Dezembro.
- sonhar cansa.
- animais são melhores quando são capazes de lamber a própria genitália.
- saber o que importa nem sempre é solução.
- o impossível seduz pelas impossibilidade.
- envelhecer não produz sabedoria.
- viciados em analgésicos são pessoas que tentam combater a dor.

E logo mais o natal e seu amor,
o ano novo e seu otimismo,
o Carnaval e sua alegria.
Bichinho sazonal eu também sou.
Antes disso:
- o conta gotas fatal.
- as rugas adquiridas.
- a pança que cresce.
- as cartas a serem escritas.
- os sonhos somados para o ano que virá.
- as tarefas de tédio e hipocrisia.
E mais um ano que vai
e um outro que vem.
E tudo que pensamos pralá e praqui:
bichinhos competentes
criando afetos, ternuras e derrotas.
Bichinhos que se salvam.

11 de dezembro de 2010

Machismo, idiotas diriam.

O problema das bucetas são as mulheres em volta.
Não que não haja mulheres cujas bucetas nem importariam muito,
não que apenas de entra-e-sai viva uma alma.
Mas a buceta - ela apenas e sem contexto -
parece melhor do que todo o resto.
Buceta-solução
como uma caixinha
que guarda mil encantamentos.
Uns bons e outros ruins
que nem dá pra ser/ter tudo depois do jardim de infância.
Mas tem que conversar antes,
desenrolar e fazer charmes dementes
que seduzem por mais estereotipados que sejam.
(somo animais, meu amor.
precisamos de carne e de sangue e de sal.
somos "parte da natureza" como você adora dizer.
e natureza, a gente sabe, não tolera as diferenças.)
Lembro da guria que disse: - minha especialidade.
E engoliu minha porra com tanto profissionalismo
que até esqueci que eu gozava.
Depois, bem depois, pensei sobre isso:
dedicação é diferente de especialidade,
uma alma dedicada ainda causa mais espanto.
É que fui batizado e sou católico,
à mim impressiona o sacrifício e o suor.
Gosto de ter tudo que todos têm,
mas, confesso, ainda prefiro o que é só meu.
(são limites, benzinho.
eu avisei que eu era limitado.
mas você errou ao me por no pacote.
não que eu não saiba que sou parte do pacote,
mas sim que não precisava berrar isso tão alto.
sou um machista 'bichinha', lembra?
gosto de me enganar.)
Concentro-me no bom triângulo
e me esforço pra ignorar o que é dito.
Como me dou mal
sempre repito pra mim mesmo:
- sou tão fraquinho, sou tão fraquinho.

8 de dezembro de 2010

minha vaidade se supõe elegante.

Tem o telefone e os gritos. E também a super valorização da Internet e uma idéia toda errada sobre 'democratização da informação'. As repetições são um resquício daquilo que, um dia, e com sorte, poderia virar alma. Repete-se mal, em outras palavras. As repetições que poderiam, por fim, mostrar algum traço ou mesmo um jeito de ser não rola. Repete-se na burrice e na voz, na simpatia sem noção e nos discursos de quem se julga muito sincero.
Erros, tudo certo. Erros chatos, Deus me poupe.
Tem o correio também. E os discursos contra o Lula e o uso partidário da máquina pública. A seta que vai pro lugar certo sem nunca acertar o alvo. Como se o alvo fosse tudo em volta e não apenas o centro negro e minúsculo pra onde sempre apontamos. O alvo é real. O alvo não está na Internet ou nos telefones ou no Lula partidário... O alvo: ver o alvo e mirar o alvo. Errar o alvo é normal, mas não é bom ou positivo. Valorizar o erro é uma coisa bem estúpida e que está na moda: seja no teatro, no cinema ou no academicismo que sempre supõe que tudo pode ser. Tudo? Sim, tudo. Quem aguenta?(É a retórica ganhando estatus de verdade. Os imbecis, entre uma consulta ou outra na cartomante, adoram, a-d-o-r-a-m, a retórica sem mira).
De modo que fico com o meu blogue. Minto pra mim mesmo e afirmo: eu minto. Essa é minha vaidade e minha retórica e também meu alvo que se esquece da mira. Como o amigo viado que me disse ontem: se você não é viado e eu sou viado, você não entende nada de mim.
O amigo viado, claro está, sabe das coisas.

Minha belezinha cheia de tesão me faz sentir tédio.

É que sou fresquinho
e fraco também.
Ela insiste em papos gastos, mas fala como se novidade fosse:
- e o sexo, cara?
- e as menininha? buceta nova na parada?
E sou elegante
e bocejo
e digo:
- nem te importa.
- nem quero falar disso contigo.
E ela diz que somos amigos
e meu tesãozinho cheio de tédio
vai pro ralo enquanto miro seu decote
com peitos deliciosamente imensos.
É uma despedida:
meus olhos mirando seus peitos
até sua barriga é como um sinal de adeus.
-
No caminho chuto pedras
e penso que nem sempre o álcool deixa as coisas melhores.
Em casa ordeno uma pizza e fico de cuecas e tênis allstar.
Sou ridículo, mas a pizzaria aqui perto
aceita meu cartão
e funciona até meia noite.
-
Lamento baixinho entre o bacon e o catupiry.
A TV à cabo e o azeite me deixam
surpreendetemente satisfeito.
Em outras palavras: acho que amadureci.

6 de dezembro de 2010

SE VOCÊ EXISTISSE
SERIA A MULHER MAIS BELA.
COMO NÃO EXISTE
É, DE TODAS, A MELHOR CADELA.

5 de dezembro de 2010

Mi-Mariazinha.

Mariazinha tinha as mãos frias. E finas também. Chamarem ela de Mariazinha a irritava. Mas fazer o quê? 1 metro e meio dá nisso. Era bem branquinha e já que era chamada por todos de Mariazinha tratou de estudar. Gosta do estatus que os estudos dão: especialização, mestrado, doutorado e pós-doc.
Mariazinha estava em Nova Iorque e era um luxo. Ótima atriz e pesquisadora de mão cheia. Teatro-Educação, a especialidade dela. Inglês impecável, salto alto e Mariazinha era a única aluna terceiro-mundista que tinha respeito de todos. Se ela fosse negra seria imbatível. Mariazinha, 1 metro e meio, terceiro mundo e pós-doc. Terceiro Mundo... uma bênção... ah... seu eu fosse pretinha, ela delirava.
Descobriu que o lance era ficar sentada. Os homens gostavam dela e ela gostava dos homens. 1 metro e meio é uma bênção. Tanta agilidade. Faz-se o que quiser. Ela sorria e era vaidosa: salto alto, gestos delicados e sorrisos que fingiam timidez.
Gostava de homens enormes. Paus imensos, pra ela, eram uma libertação. Sentia-se bem, sentia-se grande, imaginava sua vagina surpreendentemente funda e ria sozinha: Mariazinha é os cambau.
Daí conheci Mariazinha. Em pé. Com salto tinha 1 metro e 58 cm. Usava uma saia preta e uma blusa colada verde. Tesão. Peitos pequenos sem sutiã me dão tesão desde sempre. Acho que é culpa da minha mãe. Mariazinha me maltratava. Ignorava meus convites enquanto eu a seguia e via ela saindo dos bares da rua 43 com aqueles homens enormes.
Pensei em usar um sapato masculino com salto, mas desisti. Mariazinha, além de pós-doc, era sagaz.
Um dia, após a seguir, entrei no bar da 43 e sentei na mesa dela. Antes que ela dissesse qualquer coisa, segurei o rosto dela e enfiei minha língua na sua boca pequena e de lábios finos. Ela se ofendeu um pouco, mas expliquei que já a seguia a 2 meses. Ela sorriu.
- eu sei.
- sabe?
- claro. vamos embora daqui?
- onde?
- ué... me faz o convite.
Casei com Mariazinha. A gente tem três filhos. Ele são pelo menos 5 centímetros maiores do que eu e ela tem um orgulho danado. Às vezes ela reclama deles não serem negros ou mulatos.
- Eu queria tanto ter um filho pretinho.
- Bobagem...
- Bobagem nada, em Nova Iorque faz mó sucesso.
- Deixa pra lá, amor.
- Eu deixo, eu deixo.
E ela ri e a gente faz amor.
Nossa filha mais velha apareceu com um namorado mulato e a Maria o adorou, disse que eles têm que estudar bastante e ir pra América com alguma bolsa. Há muitas bolsas pra isso, sabiam?
Ontem mesmo conhecemos nosso primeiro neto. A mais velha engravidou sem querer para a revolta da mãe que havia a ensinado sobre todos os anti conceptivos.
É um menino. Não é negro, mas é quase. A Maria tá mais satisfeita do que nunca. Voltamos a fazer sexo e ela até cogitou que é hora de parar de estudar.
O nome do nosso primeiro neto é José. A Maria que escolheu. A gente tá bem feliz. Ela parou de usar salto alto e eu acabei de terminar meu Doutorado.
Ao que tudo indica, ano que vem nós passamos o Natal e o Revelion em Manhatam. A Maria têm o convite para uma banca de mestrado lá e a oportunidade parece única.
Vamos em família. O caçula talvez não vá porque ele faz competições de Judô e, segundo seu técnico, é um grande judoca.
Mas isso ainda não sabemos. Essa coisa de filho atleta é muito confuso.

sábadu.

  1. Não gosto de conversas que mantêm um único assunto por mais de uma hora.
  2. Não acredito em gente que fala de si como se estivesse se descobrindo. Ou pior: em processo de auto descobrimento.
  3. Desconfio de seguidores de blogues e também de quem faz confissões em twitter ou coisas do gênero.
  4. Duvido de todo mundo que acha que está evoluindo e que - inevitavelmente - faz questão de tornar público a tal da evolução.
  5. Curtir comida JAPA e ser budista é antiquado e sintoma de afetação. Quem que você conhece que é budista sem divulgar à sua crença?
  6. Príncipes encantados são o fetiche mais antigo que existe. Tanto faz se o princípe é princesa ou se ele tem particularidades que o tornam único. Ser ÚNICO é um desejo decente e óbvio na mesma proporção.
  7. Valorizar os erros é o sintoma mais gritante da Estupidez. Errar é parte da jogada, mas não é virtude. Errar é igual respirar - coisas que todos fazem e que não têm importância real.
  8. (Insisto: ainda sobre erros.) Não repetir erros é a função da natureza. Não há sabedoria alguma em quem, após errar que 2 e 2 são quatro, começa a chutar números aleatórios. Gato escaldado tem medo de água fria é o óbvio ululado sem nunca ter a atenção merecida.
  9. Pra dizer fim: sou eu mesmo e repito: tesão todo mundo tem, sonhos também. Sonhar e ter tesão é como estar vivo: algo que se faz mesmo sem se pensar sobre a vida, o tesão ou os sonhos.

4 de dezembro de 2010

  1. Dar tchau me parece bom. Dar até logo me soa bastante estúpido.
  2. Os imbecis gostam de girar sobre si mesmos. Eu giro sobre mim mesmo, mas não me acho imbecil. Vaidade, em outras palavras. É que não peço à ninguém pra ver eu girando sobre mim mesmo e descobri que o nome disso é elegância.
  3. Eu faço planos e você faz planos. Todos nós fazemos planos. Planos... parece importante, mas não é. Fazer planos é como viver: você está fazendo mesmo sem saber.
  4. Gosto de mentir. E de cagar. E de dizer coisas sem pensar. E também gosto de mim. Mas gostar de si não precisa ser aprendido em lições espirituais, precisa? Sou arrogante e digo que não.
  5. Ela, um dia, me falou de uma árvore. Essa árvore tinha sido muito importante na infância dela. Ela disse que subia na árvore, via o mundo lá de cima e ficava por horas lá em cima. A árvore era sua casa, ela disse. Perguntei da casa de verdade dela e ela me chamou de estúpido, disso que eu só gostava do que não existia. Mesmo sem ela imaginar porquê, eu concordei.
  6. Dou dois beijinhos e digo OI. Chacoalho as mãos e dou TCHAU. Tenho charme e cinismo. Equilibro-me entre o idiota que fui e o idiota que serei. Parece profundo, mas não é. Acusar à si próprio tá na moda e pega bem. O erro é acreditar que você é quem você imagina ser.
  7. O faz de conta é uma grama verde. O Leminskão sabia disso e achou graça. O Tio Caetano cantou e também achou graça. Eu não posso falar dos outros, tenho limitações graves e nem sempre sou capaz de amarrar meus cadarços. Mas, mesmo assim, me considero bastante engraçadinho.

3 de dezembro de 2010

Olhos abertos e futuro indeciso.

Apenas mulheres tristes têm me abraçado.
Talvez o falso conforto que todo gordo aparenta, talvez a falta de habilidade de sair para caçar piranhas em noites de néon e brilhos e drogas.
Lembro de garotas nuas, lembro da primeira vez que vi M nua e fiquei surpreso com sua brancura e também que achei lindo ela não ter marcas de biquíni. Os mamilos rosas e empinados, o rosto confuso que ela fazia quando me masturbava apenas para me agradar.
(M que um dia me disse eu te amo e aquilo não tinha nenhum sentido, e ela repetia eu te amo, eu te amo, mas a única coisa visível era seu próprio sofrimento e sua própria agonia de amor.)
E cada vez essas mulheres ficam mais loucas e mais tristes e mais problemáticas. E eu sou o elo de ligação entre elas. O óbvio sussurra no meu ouvido que de alguma maneira eu as atraio e por elas sou atraído - de forma que dei para chorar ao assistir Comédias Românticas onde o destino parece existir e juntar casais impossíveis.
Então sinto saudades de coisas que não existiram e de coisas que eu inventava para produzir poemas melosos e mal escritos..."eu era o tempo".
A realidade não importa ou importa pouco.
A invenção é mais poderosa, a ficção mais agradável e a beleza... bem, a beleza... vale como ideia, mas não como ponto de chegada.

2 de dezembro de 2010

Cartas para desconhecidas
nunca têm resposta.
Talvez seja o lixo eletrônico,
talvez um monte de bosta.
  1. Compro carpaccio e me sinto ótimo. Carpaccio é a bola da vez, a obsessão do momento. Carne crua, pimenta, alcaparra e azeite. Deus até parece me dar uma piscadela. Faz sinais pra mim como se fossemos velhos amigos.
  2. No som um preto canta com aquele jeito de preto. Deve ser do caralho ser preto e cantar como preto. Os pretos quando sabem cantar têm essa voz estranha e antiga que deixa tudo que se vê parecendo cenas de filme do Win Wenders. E a vantagem é que na voz preta do preto bom quem me dá uma piscadela não é Deus.
  3. Há a rúcula e a carne crua. A NET liberou uns canais e a TV é uma idiotia agradável. Os cigarros continuam bons, mesmo fazendo mal. A ironia, a NET liberada e o boi que, generosamente, morreu para me salvar.