2 de setembro de 2010

A realidade e toda sua merda tacanha.

Comezinho é a palavra. Acho que é assim que escreve.
Então eu mesmo enfio o dedo no meu cu e me pergunto com ares filosóficos:
- é isso mesmo que quer rapaz, é esse mundo comezinho que deseja?
E fico com cara de bundão e faço mil contas loucas e inúteis:
de um lado a aceitação da merda morna que está aí à ser cagada; de outro as grandes diarreias cheias de cólicas.
Troca-troca de misérias e outras jogadas.
(Lembro da adolescente de 14 anos que me olhou no metrô. Ela me dava mole entre Botafogo e Catete. Me dava mole por conveniência: uma garota de 14 anos descobrindo que sua sexualidade é uma maneira legítima de chamar atenção. Eu era seu objeto e topava. Ela fazia caras e bocas e mexia nos cabelos. A mãe notou. Olhou pra mim com desprezo e chamou atenção da filha. Eu continuei olhando pra ela e ela olhando pra mim. Troca-troca de misérias, eu disse - e foi o que me fez lembrar disso.)
Joga-se por tédio ou por diversão. A moeda, que é a mesma, roda no ar e finge ser a portadora da sorte ou do azar.
Quem suporta? Quem entende?
Conta gotas de sim ou não. A humanidade diante do precipício e com apenas duas respostas: sim ou não.
É triste, é triste a beça.
Tantas coisas ditas para chegar à palavras com apenas três letras.
Tédio tem cinco e parece melhor. Assim como raiva, cisma e sumir.
Eu me defendo. Acho normal se defender. E normal não é bom. É o que é. A fatalidade de dizer pra si mesmo: - pois é, bem que comia a garota do metrô com 14 anos.
Porque toda essa patetice e esse sei lá indiferente é a merda sem cólica que chamamos de maturidade.
E nos achamos esperto por isso! E vibramos com nossa constatação imbecil: - estamos velhos...estamos velhos...
E nossa constatação imbecil é mais uma manifestação comezinha do maldito e enorme mundo. Que era melhor não pensar, não saber. Mas é tarde demais:
não somos vira-latas ou crianças, e nem gostamos desse papo.
Então o lance é peidar e criar blogues.
A homeopatia e doses mínimas que saciam.
Sei lá o que e sei lá quem.