10 de dezembro de 2008

o fogo dentro das mãos.



Era tudo triste e lento. Não havia nada além da vida acontecendo, dia após dia, uma euforia aqui e uma tristezinha ali. Não era um encanto ou fantástico, mas era a vida. Desse jeito simples e besta que deve ser.
Tinha dias que eu me sentia muito bem porque eu tinha lido algo novo e cruel, uma sequência de palavras que logo na 1° vez eu sabia que me martelariam a cabeça por anos e anos. Eu tinha um prazer imenso nisso. Ler uma coisa que ficaria me revolvendo.
Teve também a época da Av. Paulista. Andava rápido com minha mochila nas costas. Era bom estar alí. São Paulo era a Nova Iorque tupiniquim, a Paulista era a Time Square e eu era um garoto que não tinha medo de nada e que se levava a sério como só os inocentes fazem.
Depois foi a fase das convicções. O grande amor, a profissão de fé, a redenção pelo esforço. As grandes ações e as pessoas que eu admirava, todos me confirmavam que a única saída era a radicalidade, que os grandes homens eram grandes radicais. Eu pensava isso com bastante prazer, mas ficava em silêncio. Ser incompreendido as vezes era um troço medonho.