30 de novembro de 2008

<>

Quando eu chego a porra do prédio tá sem luz. O porteiro que odeio tá lá, quase feliz.


- Que horas volta a luz?


- Umas 3 da tarde...mas nunca se sabe.


Esse porteiro é sádico e fuxiquiero, toda vez que to com compras sou obrigado a esconder as sacolas. Minha ex namorada caiu na besteira de dar sorvete pra ele um dia. Pago por isso até hoje. Merda.


Atravesso a rua e vou pro quintal. Fui por raiva. Não sou um tipo que vive bem sem luz elétrica. Eu adoro a luz elétrica e também o banheiro e seu maravilhoso mecanismo chamado de descarga. Por essas que odeio acampar, por essas que os naturebas me enchem.

Bebo só uma e faço a procissão de escadas. Muito escuro mesmo, um resmungo a cada degrau. Lavar louça pode e, quase milagre, a luz volta antes das 3. Deus é bom e Deus existe. Lar doce lar. Computador, cerveja gelada e domingo. Algum filme de sacanagem na Internet e me torno um novo homem.

27 de novembro de 2008

é da claudia ohana.



Nunca acreditei nessa coisa toda, nessa euforia. Tudo muitomuito bom ou tudo muitomuito mau. Essa coisa de ser intenso sempre me pareceu desespero. Eu e minha desconfiança de mãos dadas. É que eu não sei e, portanto, desconfio, assim:


  • o discurso articulado tende a ser falso,

  • a beleza excessiva é vulgar e/ou fútil &

  • a perfeição é coisa de Deus e eu, cá comigo, não acredito que ele realmente exista.

26 de novembro de 2008

'-'

Meu bom caralho balançando pra lá e pra cá. Quase raiva, quase tédio. Apesar de tudo sempre conto boas anedotas e sou super bem informado sobre os novos casais da TV. Mas o mais importante é que sempre digo bom dia e não, obrigado.

24 de novembro de 2008

@

Enquanto eu rôo um queijinho ela dorme do meu lado. É bom vê-la dormir. Aquela cara enorme e calma, como se o mundo nem existisse. As vezes ela solta algum som: peidinho delicado, lábio frouxo e gemidinhos idiotas nada excitantes. A vida calma. A paz possível.
Uma vez, no meio da noite e bastante bêbado, bati uma punhetinha enquanto afastava o lençol dela. Pensei em gozar na sua perna, mas não gozei. Sou um moralista de merda, apesar de tudo. E sempre acho estranho essa obsessão que eu tenho de ver minha própria porra.
Hoje, de novo, ela dorme. Daqui saco sua bundinha enquanto mexo no meu pau. Repito pra mim mesmo: a vida calma, a paz possível.

22 de novembro de 2008

dia sim dia não

depois de tudo e da velha repetição eu é que não tenho saco e que não quero ser legalzinho. por isso e por todos sempre penso o mesmo, sempre me repito. e hoje, enquanto pensava minhas verdades de merda, criei um caga regra que muito me agradou:
  • careta é aquele ser humano que tem medo de se contradizer.
  • careta é ser sempre fiel a si mesmo.
  • careta é não se trair por puro pavor da mudança.
e que se dane o resto. o resto de mim e das minhas escolas. e que se dane também o meu charme sem risco que nunca deseja sair do previsível. meu controle me agrada ainda assim.
então tiro meus sapatos e sento pra escrever. a casa não é minha e a vida também não. as coisas são diferentes apenas e isso nem é pior ou melhor. cada faz o que pode e todos precisamos de sorte. prefiro sorte do que Deus.
seja como for é apenas mais um dia. daqui a pouco as punhetinhas vêm e as garotas vulgares quase nunca acertam de primeira.

20 de novembro de 2008

o nome dela era Paula.

A louca dos cigarros morreu. Se matou pra ser mais exato. Era uma figura da Rua da Passagem. Nunca gostei dela. Ela era louca e folgada e não apenas louca. Pedia cigarros pra todos. Sem parar. As vezes guardava um cigarro que tinha acabado de ganhar. Parei de dar cigarro pra ela quando, depois de dar 1, ela pediu outro pra guardar. Nunca mais lhe dei cigarros.
Observei, de longe, seu processo de auto destruição. É um direito que se tem: querer se destruir. Um direito tão legítimo quanto qualquer outro. Despedida em Las Vegas.
Na primeira vez que a vi cheguei até a achar bonita. Não tinha 30 anos. Depois vi quando ela circulava com um namorado tão esquisito quanto ela. Sempre achei que ela fosse louca de farmácia e, se não me engano, um dia o Coimbra me disse que ela era filha de médica. Deduzi que a mãe fosse psiquiatra e somei dois e dois.
Louca de farmácia.
Hoje o Coimbra falou que ela tinha brincado de super homem, que tinha se jogado. Ele ainda disse graças a Deus que ela foi sozinha. Ele também não gostava dela. Tinha lá seus motivos. E, afinal, não é o fato dela se matar que a fará melhor. Eu não gostava dela também, sempre que podia eu era grosso com ela.
- Dá um cigarro?
- Não.
- Mas você tem cigarro.
- Eu sei.
- Por que não me dá?
- Porque eu não quero.
E ela me olhava feio e saia.
O Sorriso, um fudido que quer ser corredor de bicicleta, disse que quando ela tinha dinheiro ela pagava tudo pra todo mundo. Achei isso legal e surpreendente.
Eu não gostava dela, mas não queria que ela tivesse se matado. Se jogou do 5° andar pela área interna do prédio e conseguiu morrer. Os suicidas nem sempre são bem sucedidos. Ela foi.
Eu não gosto que as pessoas morram. Eu não gosto da idéia de que eu vou morrer. A morte é uma coisa que não tem nada de legal. Eu sei que a vida nem é tão fantástica assim, mas prefiro saber disso estando vivo. É mais simples e mais honesto. Mesmo a morte dessa desgraçada não é justa. Morrer é uma puta sacanagem, mas é isso aí. Dos que podiam morrer ela era das que menos me doem.
Mas de qualquer maneira é uma pena. Uma pena.

17 de novembro de 2008

-

Agora
sim,
semi-bêbado,
eu falo
num fôlego só.
-
é que há essa loucura e esse devaneio sem fim. sabe como é? todas as conquistas e histórias. e também as tragédias diárias e a morte sempre no calcanhar lembrando que tudo isso acaba e que nem adianta chorar. essas coisas assim: do dia à dia, da repetição, do tédio, do reclamar, da felicidade que não chega, do dinheiro que não cai, das sombras que surgem, do novo projetinho que pode dar pé. o dia à dia - sem culpa, sem jeito, sem opção.
mas daí, no meio desse abismo todo, você tem um belo final de semana com sua garota. e você nota, que lá de vez em quando, esses fins de semana vão ocorrer e você sente uma paz tranquila e nem se afoba. e você suga lento esses milagres que só ocorrem de vez em quando -porque são milagres e não podem ocorrer sempre.
e você se sente muito bem e pensa que nem precisa beber tanto. você acorda tarde todos os dias e sente uma preguiça sem culpa e abraça aquela garota bonita que tá do teu lado. vê a cara dela ainda com sono e passa a mão no seu corpo dela e deixa a mão alí na buceta. na buceta dela que é quase sua e que é mais quente que o resto do corpo. e você volta a dormir com a mão parada naquele seu inferno particular.
e você dorme muito bem e acorda às duas da tarde.
e tem o macarrão ruim que ela fez, mas que se torna uma boa lembrança porque o mundo pode ser bom as vezes, ainda que sem perfeição. ela sentada, as pernas juntas fazendo sua mea-culpa de má cozinheira e, secretamente, elaborando planos que a ajudam pensar na eternidade com menos medo.
ela calma sem querer fazer tudo. você vaidoso por confirmar suas intuições.
os teatros ruins que assistimos, a briga de bêbados, o idiota de sempre, o macarrão sem gosto, a casa suja e o imbatível sorvete de flocos: tudo perdendo o sentido quando, durante o gozo e quase em desespero, você ouve:
- eu te amo, eu te amo.

12 de novembro de 2008

Vaidade.

2 bobagens:
  • é bom ter certeza que os idiotas são idiotas desde que nasceram.
  • e é bom descobrir que os psicanalistas antigamente perguntavam aos esquizofrênicos: - qual a diferença entre um anão e uma criança?

11 de novembro de 2008

sobre a liberdade.

(de 1 umbigo honesto)

A gente é dono de si. Seja lá como for, a gente é dono de si. E é a partir disso que decidimos o que quer que seja. Não dá para culpar ninguém. Não vale responsabilizar Deus, ele existindo ou não. Eu repito: a gente é dono de si.

Pode-se querer ter o que seja, mas não se pode ter tudo. Eu também acho isso chato, mas me nego a lamentar. E sinto prazer em saber que sou eu quem decide aquilo que desejo ter. Claro que nem sempre o que eu quero ter é o que eu tenho, mas isso não importa. Eu sei o que eu quero e é só pelo meu desejo que eu faço o que faço, sendo bem ou mal sucedido. Tanto faz.

Não quero ser um velho que lamenta o que não teve. Acho isso besta e sem graça, além de que tem a coisa de insatisfação ser mais piedade do que coragem. É nessas que eu prefiro coragem. Peito aberto pra pedra que você já sabe, de antemão, que pode lhe atingir.

Ainda considero as vítimas como chatas, sempre reclamando que não são compreendidas. Ainda prefiro os arrogantes que berram, solitários, que o mundo é que não presta. Saber o que não se quer é parte do próprio desejo.

E por isso me considero livre. Por não acreditar em vítimas e por me reprimir ao sentir piedade de alguém. Nada mais egóico do que dizer: - tadinho dele. Tadinho dele é o caralho! Se alguém o maltratou ou/e se a natureza lhe foi injusta não é, afinal, por culpa minha. Liberdade é não sentir culpa, alguém já disse. Liberdade é se isentar de uma culpa que não lhe pertence. Liberdade é assumir a culpa que você mesmo criou.

Liberdade é uma decisão e não um estado de espírito. Ser livre é ser dono de si e assumir suas próprias escolhas. O resto é o imponderável e o destino, coisas que não controlamos. A liberdade só é real naquilo que nós decidimos. Ser joguete do mundo é coisa de macaco ou de criança, é achar que o mundo é seu.

As crianças e os macacos vivem melhores do que os adultos e do que os humanos.
Disso ninguém duvida.
E ninguém duvida que seja humano e adulto, embora deseje o contrário.
Sim!, eu respondo na minha autoridade de blogueiro idiota: - o mundo é mesmo cheio de gracinhas.





10 de novembro de 2008

-

daqui eu digo e repito: me sinto bem e não me incomodo com quem me incomoda. apenas porque sou infantil o suficiente pra achar que sou melhor que todo o mundo. eu sei me proteger. sempre soube. e que fique claro que nem tudo é verdade.


#

depois de 3 dias fico a vontade pra dizer: não posso mais com esses sonhos. essa coisa de sonho erótico faz mal pra quem sonha. você acorda e lembra de tudo e, quase imediato, você se pergunta: por que sonhei com tal pessoa? um inferno de pergunta sem resposta.

#

essas pessoas cheias de convicção me comovem e sempre me desafiam. como podem acreditar tanto em algo a ponto de se confundirem com aquilo em que acreditam? é bonito e patético ao mesmo tempo. essa crença cega é a felicidade. essa crença cega é a burrice. a ironia é você desejar isso pra si próprio.

#
e como não poderia deixar de ser, o idiota dentro de mim se manifesta: não dizer oi pra desconhecidos ainda é sinal de elegância.

9 de novembro de 2008

'

procurando sentido onde não há. o desespero nos comendo pelas beiradas. você tem o costume de ler e nem se lembra o porquê. parecia, não há muito tempo atrás, que ler lhe traria coisas. nem tudo é tão simples. e, no entanto, você quase afirma que tudo é parecido com o de sempre. você é meio velho e o mundo é meio óbvio. os alívios combatem o desespero, como um playboy idiota que paga cerveja pra todos porque acredita que é cheio de amigos. o repetido sistema de compensação:
- ao emanar energias positivas pro universo você também as recebe.
- é, pode ser, meu querido imbecil. nunca se sabe, não é? melhor prevenir.
- hahahaha.
entender uma piadinha é sempre importante. você segue. você reclama. você se repete. você tem uma idéia brilhante para sair do país.
- sonhar não custa nada.
- é, não custa.
e meu dia está ótimo, embora não tenha acontecido nada de mais.

6 de novembro de 2008

*


Ah! Que minha pica balança
mais do que imaginei.
Minha pica com olhos
procurando ovnis
na tarde ensolarada
antes da chuva.
Minha sorte
é que sou eu
quem ainda manda nela.
Antes da meia noite
eu sempre a ignoro,
é só uma maneira discreta
de dizer eu te amo.

3 de novembro de 2008

ANEDOTA DE UM FUTURO AMASSADO.

tem aquela garota bonita

que você ama

que você quer amar mais

que você deseja tornar única.




Aquela garota bonita
que você olha a buceta
por horas e horas
com a cabeça deitada
entre as coxas .
Enquanto a própia cabeça
ainda recebe cafunés.


E ela também:
lhe chupa a pica cada
vez melhor,
tem orgasmos cada vez maiores
e ganha mais viço com
suas aulas de Iôga.


Aquela garota bonita.


Aquela garota que as vezes
nem sabe porque é bonita.


Que deseja a solidão
que confunde amor e sofrimento
que cogita
lhe deixar,
como tantos outros,
na velha estante.


A garota bonita
que rasgou as dedicatórias
que queimou suas fotos
e trocou suas senhas...

A segunda mulher bonita
que voçe conheceu.

*
Dias desses vi essa garota na praia
passeando de mão dadas com um desconhecido.
Parecia estar feliz.

Mas depois
fiquei sabendo
que eles
não se amavam,
embora vivessem muito bem.

2 de novembro de 2008

pras gracinhas de sempre

Que se danem as fofocas. Eu quero mais do que posso ter. Sou óbvio e me repito, me sinto bem assim. - Mas, Fernando, você reclama demais. Como se isso dissesse alguma coisa, como se por isso eu não pudesse falar.
Com a graça do bom deus e da infalível terezinha eu sei de mim: meu ego me protege quanto maior ele se torna. Confiar em quem? Confiar em si.
Gente chata que quer se adequar à tudo, que quer ser amigo de todos. Gente chata que se repete: - Mas, Fernando, você reclama demais.
Li um bucado pra ser assim. Estudei pra ser chato e egocêntrico. Sou honesto nesse sentido.
Fiel a mim mesmo me torno imbatível. Imbatível e solitário, mas é melhor assim: nada de aceitar miudezas pra consolar os vazios, nada de punhetas que substituem bucetas. Sexo no seu lugar e masturbação também.
Sou melhor quando sou desagradável é a minha conclusão.
Sou um cara de conclusões.
Meu ego imenso se sente bem dessa maneira.
Sou honesto, eu repito.

*


Pra
mim
apenas
importa
a
alma.


O
resto
é fuga,
excesso
de calma.