19 de maio de 2010

03:31

A mão tá na putaquepariu. E Deus, o velho barbudo, virou uma criança ranhenta. Vejo filmes e leio livros. Imagino tudo antes. Antes é a minha invenção. O mundo até parecia dar pé e as coisas até aparentavam melhorar. A praia era limpa, a areia era branca e o Vinicius bebia vivo e impunemente.
Falar mal do próprio tempo é quase um clichê, eu sei. Mas, fazer o que?, se as crianças trepam com adultos que agem como crianças?
Minha chatice, agora, é uma cachoeira de raiva e descrença. É como o idiota que diz cheio de vaidade: - sou bipolar.
E tá na moda. E tudo tá na moda. E nem consigo alimentar meus delírios de grandeza em paz. "Sou bipolar". Todo idiota é bipolar.
Nenhuma jogada verdadeiramente arriscada. Amor de conta gotas, compensações kardecistas e o velho desejo de foder a própria mãe - coisa que só a igreja católica e o Jesus católico entenderiam.
Então meu estômago dá um nó e acordo no meio da madrugada para cagar a merda mais fedorenta de toda minha existência. Uma cagada entre peidos e espirros, cheia de vontade própria e cólicas insuportáveis. Agradeço estar sozinho e amaldiçoo a porta de plástico sanfonada do meu quarto e sala.
Limpo minha bunda e vejo o esporro que foi essa cagada. Merda em toda lateral da bacia acinzentada.
Devo estar livre, não devo?
Aperto a descarga e me despeço dos meus dejetos. Sou um cara solene, pensando bem. A lateral acinzentada da bacia eu ataco com o bidê-manual.
Eu tenho controle, não tenho?
Mais uma descarga e toda a bacia estará nova. Tenho Pinho-Bril e o cheiro do Pinho é eficiente pacas.
Agora sim: estou livre.