Se pudesse
ser outro
que não eu,
seria aquele que,
sempre sorrindo,
se junta aos outros
que sorriem sempre também.
Que assim estaria
mais idiota
e mais alegre
e pensaria em mim
como um grande mobilizador
de boas intenções.
E não pensaria no inferno
e não falava mal de ninguém.
Ficava apenas esperando
o bem que vem
pra quem também
só faz o bem
e diz inveja branca
e, mesmo achando o contrário,
fala que a-d-o-r-o-u
o que fez
o amigo de infância do
último mês.
Se fosse outro
que não eu
fazia tudo
que fazem
e mais um pouco:
comprava presentes pra todos
pagava contas de bar
repetia pro mundo
e ainda postava no facebook
pra registrar:
você merece m-u-i-t-o
as suas conquistas.
Fosse quem não sou
fazia um monte
e nem achava feio
essa mania de amor
que só ama
quando se equilibra
quando se equilibra
no meio.