28 de abril de 2014

A questão, se questão há, é como aumentar a própria potência e não se tornar um escravo de si mesmo.

  • Hoje, eu, por exemplo: satisfação de acordar cedo, dormir pouco e sentir que 'o dia foi duro'. Uma alegria que resiste mesmo agora. Estou cansado e feliz, como o mais inocente dos animais domésticos. 
  • Penso em um boi vaidoso. Varão. Reprodutor. Boi bom de carga. Quanto mais carga, mais feliz. Um boi como nunca houve. Trabalhou duro do dia em que nasceu ao dia em que morreu. Um boi que, inclusive, causou inveja em sua turma de bois.
  • O prazer do suor é algo concreto, objetivo. Sua-se e sente-se bem. Há explicações químicas, inclusive. Endorfinas em veias e artérias.  
  • Esse prazer do suor e do dever, foi bem, muito bem, compreendido pelo Hemingway. Ele faz a pesca recreativa parecer a coisa mais interessante do mundo. Não é pra qualquer um.
*mundo de gracinhas. perdi um bom pedaço do que escrevia. mudava de assunto, dizia mil coisas: blogue, séc. XX, Bukowski falando de Hem,  etc. e tudo sumiu. e assim que é. e foi. e blog em 2014 é quase uma língua morta.  

25 de abril de 2014

Saudades de mulheres
que me perseguiram
e insistiram
e mostraram que eu gostava
de coisas que eu nem imaginava gostar.
Saudades de mulheres insistentes
e chatas e loucas
que sempre me trataram bem, muito bem,
obrigado.
Saudades de mulheres
que me perturbaram
e infernizaram minha vida
e fizeram eu sentir as
coisas mais tristes e intensas
que se pode sentir.
Saudades de ver filmes e dormir;
e achar que o dia foi ótimo.
Saudades de mulheres
sempre tão melhores
que as maiorias
das companhias.

24 de abril de 2014

Pensamentos que insistem e coisas do tipo. Tem ouvir Caymmi e lembrar do Hemingway. E pensar que estão lá. Os dois. Contemporâneos, inclusive. Agradeço até a NET.
Isso para provar que esse papo #gratidão é uma enorme papagaida.
Lindinha branca que curte bons moços e, talvez, seja REALMENTE seu esteriótipo.
Beber e flertar com os grandes pensamentos. Você pode querer se enganar, mas eu garanto: existem pensamentos grandes; grandiosos. Você não os ter não faz com que eles não existam.
Tenho desconfiança e dificuldade no trato social. No metrô mesmo pensei: volta pra casa. Não voltei. Há um tipo de evento social que me agrada. Tenho que entender melhor. Mas é parecido com o que hoje foi: pouca gente, bom papo e área de fumante.
Existir é complicado; existir pros outros é mais complicado ainda.
Deliro que está tão perto e é tão possível; e decente. Tem certa sabedoria que merece crédito e pratas. Eu tenho. (Pensar com mais crueldade e pragmatismo é meu desafio pessoal, concluo agora)
Pensar vaidoso e estúpido: pessoas interessantes. Papo bom, sem blá blá; inteligente, mas sem encher o saco, entende? Há conversas interessantes mesmo, sem bláblá de troca, convívio ou coisa do tipo. Queria me fazer entender. Espero ter conseguido.
Reconhecer a alegria da música que encerra o post: https://www.youtube.com/watch?v=j5Omn2tGvQo
Tristeza bonita, coisas do tipo.

21 de abril de 2014

Eu aqui. E muito prazer. Estar vivo e respirar, a alegria mais vulgar. E delirar com uma possível vantagem: também penso, ó pá. Sou o que se chama por aí de ''um tipo que pensa''.
prazeres e desejos variados, por isso notas:

  • A mais linda com os olhos mais fundos. Olhos pretos, pretos demais. Preto que parece morte, mas é bom de olhar. Conheci em um curso sobre empreendedorismo criativo (sim, eu frequento lugares assim). Linda, linda. Criava essa confusão de, por excesso de simpatia, aparentar pouco apelo sexual. O apelo sexual era enorme, mas pouco aparente pra quem acredita em boas intenções e coisas do tipo. Tesão. Olhos pretos e pele branca, bem branca.
  • Sentia-me à vontade e queria que ela notasse que eu a olhava com tesão. O rosto lá, com uma borboleta na boca e mil dentes em um sorriso. Pensei: tenho que a fazer me olhar sem sorrir. 
  • Ela usava um óculos que aumentavam seus olhos pretos, muito pretos. Olhei, virando o corpo e todos os membros em sua direção. Ela sorriu, ela ficou sorrindo por 9 segundos e depois tornou-se séria e tímida. Olhei seus braços, seu decote e voltei ao seu rosto que não sorria. Os olhos pretos nas lentes dos óculos eram buracos negros. Linda, branca muito branca, olhos pretos muitos pretos e infinitos graças às lentes dos seus óculos.
  • Reparei que ela repetiu a roupa e meu tesão disparou. No último dia, um pensamento obsessivo falava ao meu cérebro: a vagina deve ter cheiro forte, como só é possível em pretas muito pretas ou brancas muito brancas. 
  • Dois beijinhos no rosto. Telefone rápido. Internet e a falsa cumplicidade de mensagens no FB. 
  • Tristeza é não ser engolido por olhos pretos e vagina de cheiro forte. 

13 de abril de 2014

aqui eu. é domingo. há solidão. física. solidão física. ataco romeu e julieta. re-leio depois, acho, de mais de 10 anos. will é foda. teatro é foda. vontade de fazer teatro. fazer teatro é muito, muito tesudo. é difícil explicar, mas tem umas coisas que acontecem durante os ensaios. é algo que nos perturba, que faz a gente pensar em pra sempre e coisas do tipo. a merda é que o tesão é tão grande que faz a gente tratar tesões menores como tesões inferiores. e isso, de julgar o tesão menor como inferior, é um erro; e também uma confusão pr'àqueles que fazem teatro.
então isso. confusão dos infernos. tem consolo, claro que tem. o consolo é assim: a vida pode ser enorme e tesuda; se ela não é assim, é uma pena; saber que a vida pode ser enorme e tesuda, na minha opinião, é melhor do que não saber que a vida pode ser enorme e tesuda. gosto de saber disso. prefiro que seja assim.
se a minha vida não for enorme e tesuda, não vou dizer que a vida não é enorme e tesuda, vou dizer que a minha vida não foi enorme e tesuda.
usar o blogue como nuvem e escrever porque tem prazer e porque sempre há àquela loucura de pensar 'agora vai'. e no meio disso o melhor presente já ganho: o disco do aldir blanc cantando. uma coisa linda, uma das tristezas mais bonitas já gravadas em nome de disco. (não ligo pra lp's, ligasse e houvesse, seria meu primeiro lp).
Me ama, coração.
Diz que pensou muito bem e que seu atual marido é um imbecil.
Fala mal dele pra mim. Me conta que seu pau é torto do jeito errado e que quer fazer uma loucura.
Diz que desistiu dos filhos, da família e do emprego público. Fala que tem que fazer uma coisa e pergunta se pode se esconder no meu aparteamento por no máximo 14 dias.
Faça a ressalva: "não sei se treparemos de novo, entende? não gostaria de ter a obrigação de treparmos apenas por estar aí, sabe? Seria bem desagradável trepar sem vontade, né?"
Ressalva feita, eu digo sim e comento: "que mal pode surgir de apenas 14 dias?"
Daí a gente se casa. Vende a merda toda e muda prum palacete no cu do mundo.
Ou a gente diz legal e diz adeus. E nem liga que isso ou aquilo tenha dado errado.
Sabe, coração:
o que não dá mesmo é pra achar que esse tédio é normal.

12 de abril de 2014

(queria ser o hemingway)

Estou no RJ desde 2001. E, a partir de 2002, frequentei o bar do Coimbra. É um pé sujo do outro lado da calçada. Tem a virtude da conveniência. Como casamentos, empresas e projetos de longo prazo. 
Há cinco ou seis anos faço, de fato, parte do bar. Tenho apelido (só a Dái sabe meu nome), converso com a maioria dos frequentadores e estou à par dos assuntos da vez e fofocas gerais.
Desde de 2002 vejo seu Luis por ali. É um coroa que trabalha num dos prédios aqui perto e que conhece todos, cumprimenta todos. Lembro do dia que seu Luis me deu a mão para dizer oi. É concreto. Pessoas que se cumprimentam com aperto de mão; não com um olá de cabeça ou um tapinha no ombro.
Observo com mais interesse seu Luis desde então. Bebe duas ou três, a mulher sempre por perto (ali ou no bar da frente), a filha (meio gostosa e meio comum) que volta e meia aparece. Seu Luis sempre levava uma cerveja pra casa, com uma sacola de supermercado que ele mesmo traz. 
Esse semana reparei que ele tá indo, dando a mão, mas bebe uma ou duas garrafinhas de coca cola. Sua atitude é a mesma, o seu jeito é o mesmo. A diferença é só uma (e é grande): bebe garrafinhas de coca e volta sem nada em sua sacolinha de supermercado.
Espero que o motivo seja um exame. Coisa de dias ou semanas no máximo. Se for uma doença, algo grave e que o impeça de carregar sua sacolinha de supermercado com a última do dia, concluirei que Deus, se existe, entende muito mal os seus filhos amados. 

o julgamento da menina linda
-
Nenhum humor,
apenas um suspiro de indignação.
Um jeito de recriminar antigo, ancestral.
A recriminação que olha de cima,
que torce o nariz
como a última baronesa do Séc. XVIII.
-
Nenhum humor,
acredita em atitude positiva e boas intenções.
Propaga o amor generalizado, sem alvo
e deseja o bem a qualquer um.
-
Nenhum humor,
não ri com piadas de peido,
não se diverte com pirocas gigantes,
não acha engraçado tirar sarro dos outros.

11 de abril de 2014

s.r

A gente pede desculpas pra muita gente. E geralmente pelos motivos e para as pessoas erradas(os).
Muita loucura nesse mundo. Digo daqui, como privilegiado espectador que sou.
(Eu sei, faltam-me as pratinhas, mas, que diabos, isso seria motivo de não opinar?)
Assim:

  • na palestra o encanto de ver uma coroa gostosa e sagaz que eu já cheirava à tempos. Ela é surpreendentemente gostosa; sagaz eu já sabia. Penso que queria ela pra mim. E em sentido amplo. Diabos!, estar solteiro é esse tesão sem sentido e prazeroso.
  • uma dor louca e verdadeira. Com arrogância no colo e sentido de existir: minha inteligência e meu conhecimento são reais e bem vastos, falta-me mesmo é um campo de ação. 
  • meus 33 anos são meu paradigma já estipulado. Morre-se ou ressuscita-se: tipo Cristo. Mas sem as paranoias espirituais que tanto agradavam Jesus segundo os evangelhos. Morrer ou ressuscitar. Só isso, tudo isso. 
  • Faço minhas contas. Fudido estou faz, pelo menos, sete anos. É uma merda, mas a gente se compara com os outros. Vejo meus amigos, ouço suas histórias e concluo o óbvio: fudidos, estamos.
  • Apenas eu. E também minha dor e alegria. Não se pode poupar ninguém das dores. As dores, infelizmente, são normais. E também os prazeres e as alegrias. 

8 de abril de 2014

189.60.71.# (Unknown Organization)

Há um número que se repete nos últimos seis ou sete dias. Penso em mulheres porque gosto delas. Torço por elas à meu favor. 
Queria a mulher do número que se repete.
A mais original das mulheres em 2014; vê blogues e insiste.
Queria saber,
queria saber se,
queria inventar que sim 
queria acreditar em 'pra sempre' e todos diabos.
-
nunca mais cartinhas,
nunca mais a ternura grátis,
nunca mais a inocência
dos primeiros amores. 

7 de abril de 2014

(juntado dos rascunhos)

1
A vida oscilando entre bom e ruim.
Uma coisa antiga, normal e desagradável.
Fomos educados de um jeito torto e tendemos a achar que o ruim é mais verdadeiro do que o bom.
De forma que cogitamos o sofrimento possuir virtudes secretas - e isso é tão real quanto a energia positiva que jogamos ao mundo e volta porque era positiva e foi jogada.
(uma ideia de causa e efeito infantil. uma ideia simples e vulgar. e convincente e conveniente também: se o certo foi feito, o certo será recebido)



2
Há tanta dor na jogada.
Tanta loucura de pensar que escolher é possível.
Tanto risco de liberdade, de alegre crueldade e de insano desejo de poder.
A vida é vasta e sentimos em excesso.
Tem muito de tudo.
E de modo geral tudo é possível.
A gente dá cabeçada nas possibilidades,
se (e quando) possibilidades existem.


3
se não há possibilidades, se você apenas tem que comer e fazer coisas pra sobreviver;
se apenas o imperativo biológico da sobrevivência é seu guia, então você está mais calmo e mais conformado;
talvez até esteja feliz e com razão.

2 de abril de 2014

=


  • O rapaz é tão profundo que ninguém entende o que ele fala. Causa espanto e comoção. Quanto mais incompreendido, maior o tamanho do gênio, berra o censo vulgar. Além de seu hermetismo tático, tem (e usa em seu benefício) uma doença crônica que lhe exige severos sacrifícios. 
  • Escravos da impressão repetem: logo percebi que você era diferente. Creem eu sua percepção como juiz, mas maldizem os que julgam. Exaltam boas intenções e reforçam que o importante é o pensamento positivo. São pessoas gratas e escrevem nos feeds: #gratidão. Insistem que a natureza é boa; acreditam que bom é valor em si; e não uma moral adequada. 
  • Sempre sofreu com a solidão e com a loucura. Sempre teve a estranha crença de que a feiura do feio sapo, tornava o sapo um ser especial. Beijou sapos sempre esperando príncipes. E até os engoliu. Por um estranho prazer que só a repetição de um hábito estabelece, descobriu que o gosto do sapo não era tão ruim e que, até o contrário, tornava-se melhor a cada dia. 
  • As poucas mulheres que tive me estimularam a ser mais leve e feliz. Sempre achei bom elas me estimularem nesse sentido. Houve dias e tardes muito bons mesmo. A gente fazia amor e eu era leve, feliz e tinha uma boa mulher comigo. Mas não sou (ou me tornei) leve e tranquilo. 
  • Gosto sempre de lembrar do Édipo; esse consciente que entende que é melhor arrancar os olhos do que tentar dar sentido para certas coisas que se veem.