4 de fevereiro de 2010

Segundas e Quintas.

Tem essa mulher que frequenta a minha casa. Ela carrega seus mortos e por isso sofre. Penso que tenho sorte por não ter mortos pra carregar. Mas ela tem e ela sofre. Por isso ela vai à igreja. E igreja a gente sabe como é. Na grande média não há gente boa. Há gente sofrida e desesperada. Gente que tenta tapar o sol com a peneira, que se entrega à Jesus pra não se entregar ao sofrimento. A merda é que quase nunca dá certo. Uma pena.
E quando eu digo tudo bem, ela resmunga algo inaudível e cheio de ódio mal disfarçado em sentimento religioso. As vezes ela para e sua cara pretolilás se contorce numa máscara estranha e irritante. Como quase sempre acontece porque, enfim, há muita vaidade em quem se sente triste e injustiçado. O velho lance de se apaixonar pela própria dor.
Não acredito em energia, mas acredito em vampiros. Vampiros em duas modalidades: um que quer que você fique feliz porque ele está feliz, e outro que quer que você fique triste porque ele está triste. A diferença entre eles é nenhuma. Todos se juntam numa única categoria matriz: O Chato.
E O Chato a gente conhece de outras vidas. Porque, sabemos, O Chato é eterno e tem muitos, mas muitos mesmo, amigos.
Inclusive você, à quem O Chato insistir chamar de amigão ou queridão.