20 de dezembro de 2007

Torpedo para o meu benzinho.

ANTES DE
DORMIR EU
PENSO: TODA
MULHER É UMA
DIABA, E VOCÊ
MAIS AINDA.

Cwb: 20/12/07 - 00:34

"Porque no meio da noite há umas mulheres que querem sugar sua alma."

Você tá ali e você é quase 1 idiota:
não faz mal a ninguém
não ameaça nenhuma aranha
em nenhuma quina
de nenhum banheiro.
Você é o cara inofensivo que ela pedia à Deus.
Você é o que ela quis,
mas ela não está satisfeita.
Você não tem cabelos loiros ou
olhos claros.
Você não vem num cavalo branco.
Você, no sonho dela, era bem melhor do que você é.
Você, na realidade, nem sempre fica pau duro,
mas, mesmo assim,
ela acha que pode lhe salvar...
...logo você...
...com sua carne triste...
...com sua dose alta...
...com sua ânsia antiga...
Ela quer acreditar naquilo,
ela acha que você terá jeito,
ela espera que você se transforme.
Ela sonha com a sua transformação:
1 pai dedicado
1 amante atento
1 homem feminino.
É isso que você sabe que ela quer.
*
E sozinho,
no meio da noite,
você percebe:
você não é nada disso
e nem quer ser
ou será.

Cwb: 19/12/07 - 12:18

Havia todas as histórias que eu poderia contar, mas a minha cabeça não estava tão boa.
A cidade cinza me trazia aquelas lembranças perversas: alegres ou tristes, mas sempre perversas.
A vida tava passando e eu me sentia velho porque eu tinha essa eterna sensação de que minha vida ainda não tinha começado.
26 anos de delírio e sonho. As mentiras eram maiores que as verdades e eram melhores também. Eu gostava cada vez mais delas.
Tudo aquilo que eu poderia inventar sozinho sem influência de ninguém. Era fácil ser imbatível na casa verde. É por isso que eu gosto dela, da solidão dela, das músicas que eu ponho nela. A rotina que eu invento pra mim mesmo pra parecer útil. A rotina que eu invento e não sigo pra me sentir culpado - a culpa não deixa de ser uma manifestação de vitalidade.
26 anos de nuvem e um ou outro acontecimento: 1 gostosa que queria me dar e eu não comi, 1 teatrinho relâmpago na hora em que tudo parece ter sentido, 1 boa história que eu tinha escrito pra atingir uma mulher ruim que eu queria comer. Eram as migalhas amigas tornando a farsa mais dinâmica: kit de sobrevivência, gargalhada pra morte, metáforas imbecilizadas, etc.
*
E vem minha sobrinha:
- O que você tá fazendo?
- Escrevendo...
- O que?
- 1 história.
- (lendo) casa verde...por que não é casa vermelha?
- Porque a minha casa é verde. (TEMPO) Por que você tá rindo?
- Porque você escreveu coisa que eu falei.
- Você quer terminar a história?
- (letra dela) Sim.
- Então termina!
- (letra dela) Está bem, vou terminar.
- Termina pra gente ir almoçar.
- (letra dela) Então sua casa é verde né.
(fim.)

Cwb: 17/12/07 - 13:03

Meu animal esquisito e esquecido.
Hoje de novo eu pensei se você se arrepende de não ter sido minha. Porque tenho notado esse movimento tímido em minha direção. E acho bonitinho, mas me parece óbvio: procurar o que se perdeu.
Seu prazer pela confusão seu desejo de indecisão sua tática pessoal de proteção: nada é e tudo pode ser. Ou seja: o que vier é lucro. É claro que não é justo isso que eu digo, mas digo mesmo assim. Eu ainda sou eu e também tenho minhas táticas.
( E essa palavra tática me faz lembrar de outra pessoa que nem sei, pois me parece fraca. Fraca e encantadora. Está claro que eu não gosto de gente fraca, né?)
Mas é de você e do fato de você me lembrar tanto minhas sobrinhas. Porque elas são crianças e sorriem com a mesma facilidade que choram. Porque elas são pequenas pra sentir todas as coisas da vida. Assim como você é pequena. Assim como você se parece com elas. Porque elas choram e sorriem e nada é tão alegre e tão triste. Porque você oscila muito e nada é tão instável. Oscila porque acha bonito, não porque é necessário.
E seus olhos são grandes como os delas que são filhas da minha irmã que também tem belos olhos grandes. Mas elas são melhores que você:
Porque riem mais e choram mais.
Porque são realmente crianças em corpos de crianças.

Cwb: 17/12/07 - 11:34

O que ela não entende é o que eu não posso explicar. O milagre é possível , mas exige sacrifício - eu sigo a lógica cristã. Eu quero a mulher devotada que me segue por pior que eu seja. É a buceta dela que pari meus filhos.
Eu não quero seu sorriso circunstancial, nem sua loucura, nem sua falta de generosidade. Eu quero uma mulher cega que tenha medo de mim porque sabe que eu sou mesmo imbatível. Uma mulher absoluta que me ponha no ceú e que minta pra mim.

13 de dezembro de 2007

CWB.

Lá tem um cachorro e têm crianças que correm e resmungam e riem. Tem o miúdo de frango que eu peço pra minha mãe fazer porque só tenho coragem de comer o que ela prepara. Tem meu pai que chega e abre uma cerveja e traz dois copos e conta histórias. Tem minha irmã com seus planos e suas futuras compras. Tem também meu cunhado que é um cara sorridente e alto astral. E eu me dou bem com todos e gosto de todos. É claro que é fácil morando longe, mas melhor assim. Conheço gente que tem 'problemas' com os seus e disso eu estou livre. Nos damos bem quando estamos juntos e só isso importa.
É claro que nem penso tudo do mesmo jeito. É claro que tenho vontade de ficar sozinho quando estou lá. É claro que sinto falta do meu umbigão que reina solitário cá na casinha verde.
Mas é bom que eu vá pra lá e que eles interfiram na minha vida. É saudável: eles me arrancam de mim, eles não me deixam em paz, eles me torturam sendo o que só eles podem ser. Porque desde que comecei a morar no Rio nunca fiz nada que não fosse eu que decidisse. Porque aqui eu sou tão eu que me torno insuportável e cogito a possibilidade de não precisar de ninguém. E me sinto livre. E acho terrível se sentir livre por não precisar de ninguém. ( E de fato acho que não preciso. E de fato me acho livre.)
Lá é sempre eu e mais um. Seja na T.v ou na cerveja. Seja quando cago e ouço os passos no corredor. E minha mãe fala muito, graças a Deus. E meu pai com cerveja também. E minha irmã e minhas sobrinhas e meu cunhado e agora tem até um cachorro que late. E tudo pra me tirar de mim. E tudo pra confundir, pois sou um tipo arrogante que se nega à confusão.
É bom ir pra lá porque aqui existe. Seria insuportável existir só um. Prefiro assim: meu umbigo me sugando um tempo e depois eu sendo sugado pra outros umbigos. Um mata o outro. Um ri do outro. No meio dos dois eu solto minhas merdas e vitórias. No meio dos dois eu noto que pouca coisa importa.
Agora é me despedir e desejar boa sorte. Eu sempre volto. Melhor assim. Quando eu não voltar será uma coisa bem chata. Portanto eu volto e voltarei. Seja pra aqui, seja pra lá.

12 de dezembro de 2007


Eu não vou ser
capaz de dizer
as coisas bonitas
que eu gostaria,
então eu calo
minha boca
e reviro os olhos
pra cima.

11 de dezembro de 2007

eu to chegando.

Eu não posso fazer nada porque eu me sinto chato e triste. Porque eu não quero e não corro atrás. Porque eu não sou o rapazinho legal que, as vezes, eu finjo ser. Na média de mim e dos meus desejos o que se repete é que eu queria que tudo se explodisse. Que eu sumisse. Que eu virasse uma miragem pra quem me conheceu.
Talvez eu pudesse virar prefeito numa cidade estúpida e cheia de gente estúpida e burra. Talvez eu mudasse meu nome e tirasse a barba e pintasse o cabelo.
Não sei qual é a vantagem, mas a gente começa a pensar e a ficar inteligente e o mundo diminui na mesma proporção em que ficamos mais espertos. É cada vez mais claro a mentira generalizada e aceita por uma questão de sobrevivência.
( E lembro do meu amigo que quer emplacar e que tá conseguindo o que quer, e penso se ele também saca a merda toda ou se isso é apenas coisa de pessoas como eu, que não quer nada muito)
De qualquer maneira eu ainda sou capaz de berrar minhas porcarias nesse blogue idiota. Seja como for não deixa de ser uma idiotice pra fora de mim mesmo. Eu preciso disso. Preciso que me arranquem de mim mesmo. E que venha Curitiba e todos. E São Paulo e todos. E que venha tudo que me arranca de mim mesmo. É sobrevivência também.
Eu não
sei
se eu
sei
o que
enfim
ela
gostaria
que eu
soubesse.
E
por ser
assim
eu digo
foda-se.

10 de dezembro de 2007

Tudo elas!

Eu sempre tinha achado que nenhuma mulher iria me amar. E agora tinha essas 2 que repetiam que me amavam. As 2 eram doces e as 2 eram boas. Eram 2 mulheres generosas à sua maneira. 1 gostava de elogiar o que eu pensava, por mais estúpido que fosse. A outra cozinhava pra mim, acho que era mais esperta.
Numa dessas noites compridas a 1° me disse:
- Eu preciso tanto de você.
E, nesse dia, ela estragou tudo. Essa coisa de precisar me fodeu. Minha cabeça inclinou na mesma hora. Fiquei olhando os pés dela que me abraçava com ternura. Mas eu só pensava nessa coisa de precisar. Até os pés dela pareciam precisar: os dedos que se mexiam enquanto ela me abraçava. Era uma tortura. Ao mesmo tempo que eu percebia a idiotia de ter problemas com 1 palavra, uma simples e estúpida palavra dita sem significar muita coisa, eu notava os braços dela que me abraçavam e sugavam. Ela precisava de mim! Ela era uma vampira! Ela queria me matar!
Depois foi a 2:
- Eu não tenho paciência pros seus problemas.
Pô. Ela tinha razão. Ela tinha dito algo sem medo. Era um mérito. Ela tinha razão. E todos aqueles pratos exóticos. E todo o sexo beneficiado pelo corpo bem alimentado. E ela mesma que tinha uns encantos surpreendentes e tudo. Fora o fato que ela sempre dormia depois de mim, que era algo raro e à ser valorizado. Mas daí ela disse:
- E também não quero que fique pensando que sou sua cozinheira particular.
Pô. Ela tinha acabado de estragar tudo. Aquilo que era simples e generoso virou virtude. As comidas que ela me oferecia com tanto carinho tinham virado objeto de troca. Pô. Eu sou um cara que acredita nas mulheres. Na maioria delas, pelo menos. E, de repente, toda a coisa bela era uma estratégia pra me fazer virar quem eu nunca seria. E lembrei de várias outras mulheres nessa hora. Todas elas sempre querendo lhe transformar, lhe levando pra lugares diferentes, lhe apresentando novos 'amigos'. Um saco.
*
Aí ficou tudo claro. Elas eram todas iguais: a 1, a 2, a 3, a 4, 5, 6. Era tudo um planeta. Eram todas de um mesmo lugar e variavam muito pouco. Elas queriam sempre as mesmas coisas. Elas tinham sempre os mesmos discursos. Eram todas gêmeas. Todas! Todas vampiras querendo o que você não promete dar. Todas loucas. Todas ótimas, mas sempre criando o empecilho, o problema, sempre pondo dúvidas em coisas simples. Sempre esperando que você virasse o príncipe com o cavalo. Sempre elas! Todas elas! Todas com coisas e manias! Todas causando amor e raiva ao mesmo tempo! Todas lhe fazendo de escravo! Todas lhe confundindo e lhe deixando mais triste! Todas dementes e maravilhosas!
Todas! Todas! Todas!

coisas que voltam.

Ela não entendia meu medo da morte,
ela não entendia minha falta de Fé.
Ela não entendia porque eu não gostava de ir a praia
e porque não gostava de areia, natureza e mar.
Ela me acusava de não comer frutas e
dizia que eu fumava demais.
Ela reclamava porque eu trocava a janta por cervejas e amendoins.
Ela queria que eu acordasse cedo e fizesse exercícios.
Queria que eu me cuidasse e vivesse melhor.
Não gostava das minhas teorias pessimistas e bem humoradas,
não entendia por que eu dizia que felicidade não é objetivo de vida.
Ela dizia que a minha boca tinha um gosto de cigarro mais forte agora.

Ela não gostava dos meus seriados americanos
e não gostava das minhas roupas coloridas.
Ela dizia que seus filhos seriam obrigados a praticar um esporte 3 x por semana.
Ela sempre me dizia pra eu consertar a bicicleta.
Dizia também que eu tinha pernas bonitas,
que eu era um amante dedicado e
que minha péle parecia de bêbe.
Dizia que gostava de mim quando eu estava 'relaxado'.
(Eu nunca entendia)

E agora eu penso nas coincidências
e não sei se gosto delas.
Penso se todas as mulheres são as mesmas
em corpos diferentes.
Claro que há as particularidades,
mas não são elas que me assustam.

dou lhe uma

  1. seja bonitinha comigo
  2. seja generosa na cama
  3. me leve sempre no bico
  4. e nunca diga que me ama.

8 de dezembro de 2007

Sobre inferninhos.

Os inferninhos têm regras simples: não pode dar dedada.
Mas toda vez que vou à um inferninho com um novato a mesma coisa se repete. Foram apenas duas vezes, mas o padrão é óbvio.
Num inferninho quem manda são elas. Não tem que discutir isso. Não tem que se questionar as autoridades de um inferninho.
Quando digo inferninho quero dizer boates que têm show. Não são puteiros em que você chega, escolhe e vai embora. São lugares onde há danças e charmes. Lugares que você bebe e conversa entre um show e outro.
Quem me iniciou nessa vida foi o Túto. Um velho amigo de infância que tinha tios que o levava à inferninhos desde os 13. Se não me engano ele até ganhou uma mulher de aniversário de algum tio. O Túto pegava mais mulheres que nós. Tem uma idade que isso faz uma puta diferença. Tinha até uma lenda do Túto: ele já teria sido chupado por um travesti, mas teria broxado. Era uma lenda que nós, amigos do Túto, falávamos, mas que era meio ofensiva pra conversar diretamente com ele.
Seja como for, o Túto era um especialista. Mesmo mais velhos e já pegando a mesma quantidade de mulheres, ele era mais habilidoso que nós nos inferninhos. Tinha vez que depois da balada ele parava o carro e pedia 5 min.
A gente esperava no carro e ele voltava:
- E aí?
- Legal. Ela era ruiva.
- E aí?
- Porra. Melhor que punheta.
E a gente ía bater um dog antes de dormir.
Eu já nem convivia mais com o Túto, mas, volte e meia, me enfiava num inferninho. Eu sempre gostei daquilo, mesmo nunca sendo um putanheiro profissional. Sempre fico meio tímido e nunca trepei com nenhuma menina. Eu sempre pergunto coisas estúpidas pra elas:
- Gosta daqui?
- Ninguém gosta daqui, nénem...
E eu ficava lá enquanto meus amigos conversavam com elas no colo e tirando um sarrinho aceitável.
Mas, mesmo sendo assim, nunca fui amador. Logo de prima eu entendi certas coisas. Um tipo de funcionamento que esses ambientes têm. Regrinhas pra facilitar. Você responde quando é perguntado, etc. Regras simples. Você parte pra cima quando é abordado, etc.
Mas então teve a 1° vez que fui com um amador. O nome dele era Mikail. Era um bonitão desses que não comia carne e que tocava violão e curtia a natureza. Era um cara legal, embora fosse óbvio. Ninguém pode ser culpado por ser filho de hippies, não é?
E num inferninho nem todos são bonitinhos, ainda mais num dia de semana. As meninas sempre estão lá, independente de tudo. E nesse dia, uma quarta se não me engano, havia um show de 'briga de aranha', onde várias meninas dançavam nuas e se roçavam. E no show, na apoteose final, elas chamavam alguns homens pra dançarem. E é claro que o Mikail foi chamado. E é claro que o Mikail era um amador. Ele já tinha deixado isso claro quando ele tinha me dito de uma menina com quem ele tinha conversado:
- Pô, ela tá aqui há apenas 3 meses. O marido dela a largou e ela não tem ninguém. O marido batia nela...
- É, Mikail, é dureza.
E ele tava lá: no meio do show com a mulata mais gostosa de Curitiba. E ela era um destaque entre as outras. Ela ocupava o meio. Rebolava e mostrava a bunda num patamar mais alto. E rebolava nele e pra ele e não deu outra: o amador atacou com 1 dedada. Eu vi ela falando algo no ouvido dele, mas ele não deve ter entendido porque logo outra dedada apareçeu. Ela começou a dançar com raiva e as outras meninas se aproximaram e afastaram o Mikail de lá. Afastaram com muita elegância, mas ele bancou o ofendidinho pra nós:
- Pô, ela tava me regulando. Tava com aquele cu aberto na minha frente e disse que não podia dedar...
- É, Mikail, é dureza.
- Pô.
O 2° amador foi muito parecido, tirando o fato que nesse inferninho o show era sobre demanda. Ou seja, você tinha que pagar uma grana pra ter o show que, por sua vez, era feito pra você - único e exclusivo. Você se tornava o objeto do show, embora todos pudessem ver era VOCÊ o privilegiado: os melhores ângulos, a bunda rebolando na sua cara, etc.
E lá tava o 2° amador e, como tinha pago, tava cheio de autoridade. A menina rebolava e se aproximava. E, como era uma show pago, a menina roçava mais que o normal. Tudo certo, é justo que seja assim nesses inferninhos que funcionam desse jeito.
Mas o amador tava lá e fez o óbvio que o amador faz: dedada. O resto do show foi pra bater cartão. Ela dançava perto dele, mas sempre se afastando, sempre pronta pra fugir. Um show que era bom e que ficou xôxo por causa do amador. Os habitués da casa, quando viram a dedada, fizeram 'não, não' com a cabeça. Os habitués sabiam que o prejudicado era o amador. Ele mesmo e mais ninguém.
O comentário foi parecido:
- Caraca, meti o dedo nela...
- É...
- Ela disse pra eu parar, mas eu não parei...meti o dedo...
- É.
To esperando o 3° amador que cedo ou tarde vai aparecer. Ele vai tentar o mesmo e vai se impressionar com o mesmo. Eu só me pergunto se esses caras dão dedadas em todas as mulheres que pegam. Eu imagino que tavez sim. Eu imagino isso e fico satisfeito. Gosto de não me sentir um amador.

#

É claro que eu não vou agüentar. É óbvio que não. Vou fraquejar logo. Já pressinto já noto já antecipo. Minha tática é não pensar, mas nem sempre dá.
Sou antigo, já disse. Sou antiqüado. Há qualquer coisa que me escapa. E o que me escapa eu detesto. Detesto. Gosto de controlar. Gosto de controlar eu mesmo e gosto de controlar os outros. Não sempre, mas em certos casos e em certas datas e certas noites.
Mais um café e terei mais clareza. Com o 1° eu preparo o ventre pra cagar: o calor da bebida preta fazendo pressão nas entranhas. O 1° cigarro vem junto com a merda e já me sinto bem melhor. Depois o 2° e o 3° café que vem acompanhado do 2° cigarro. Eu gosto disso, dessa rotina. E eu gosto porque eu controlo. Eu sou simples. Sigo regras simples que eu mesmo invento.
Agora é o último cigarro antes de tomar banho. É durante ele que eu escrevo quando eu escrevo de manhã. O dia parecer estar perfeito, tudo lento e controlado que é como eu gosto.

7 de dezembro de 2007

o dia de ontem

Ontem eu vi várias bundas e bundinhas. E ontem tava calor pacas e reparei que usar vestido tá na moda. Vários vestidos em várias mulheres. Vestidos com bolas desenhadas. Deve ser algum tipo de tendência dessas que falam na T.V.
*
E têm mulheres que só deveriam usar vestidos. E têm mulheres, mais espertas ainda, que usam vestidos sem usar soutien. Sempre adorei mulheres sem soutien. Talvez porque minha mãe tenha essa mania, talvez porque a gente tenha a impressão de que está mais perto. Não sei, não importa.
*
Teve uma peituda fantástica que fiquei olhando ostensivamente. Eu queria que ela visse eu vendo. Eu queria que ela notasse meus olhos no decote dela. Ela era meio feia, meio gorda, mas tinha esses peitos fantásticos. Ela precisa se notar sendo vista pra esquecer que é meio gorda e meio feia, eu pensei. E eu sabia que olhando assim eu tava fazendo um tipo de bem pra ela. Por mais vulgar que fosse, eu a olhava como um porco e ela se sentia melhor. Soltou o cabelo enquanto me atendia. Mexeu no cabelo enquanto me dava as instruções. Ela nem é tão feia e tão gorda, eu pensei.
*
Depois vi um mendigo socando o outro. Dois bebuns da praça Saens Pena. Quando um caiu e o outro continuou batendo eu me manifestei. Não acho justo bater em quem tá no chão, tenho lá minha moral. E tinha uma senhora, que era dona de uma barraquinha que vendia tricô, que ria e gargalhava: que eles se matem, que eles se matem, ela berrava e ria e gargalhava. Depois sou eu que tenho humor negro, pensei.
*
No metrô tinha uma coroa cheia de cacoetes e gostosa pra uma mulher de 50, 50 e poucos. Eu ainda tava no clima da peituda meio gorda e meio feia de antes. Fiquei secando a coroa. Eu era um macho porco que falava vulgaridades pras mulheres que passavam. Eu não acho isso certo, mas eu tava nesse clima. Fora que nunca mais vou ver essa coroa. E eu olhava pra ela querendo que ela me visse a olhando. Cada uma...mas foi mesmo assim. E teve essa hora incrível que ela cruzou as pernas de um jeito que deu pra ver as partes internas das coxas. Ela fez isso pra mim, eu pensei. Depois o metrô lotou e ela saiu sacudindo as chaves do carro.
*
Em Copa eu lembrei da idéia que eu tenho de fazer uma peça cujo nome será COPACABANA. Porque Copacabana é uma das misturas mais loucas do Rio de Janeiro. Caos urbano e praia e putas e gringos e velhos aposentados. A Bossa Nova não têm nada a ver com o Rio de hoje. A Bossa Nova fala do Rio da Bele Époque. Uma coisa tão perfeita e chata que só comendo muita gente e amando muito pra fugir do tédio.
*
No Cartório eu descubro que tem uma nova lei que proíbe os cartórios de fazerem xerox. No túnel eu entro numas porque é um lugar sufocante e chego a conclusão de que sou um bichinha. No Shopping eu reparo que todo mundo fica sorrindo quando está em um grupo com 3 ou mais pessoas. Em casa eu me sinto bem porque fiz um monte de coisas chatas, mas que têm a ver com a vida prática.
*
Acho que foi um dia bom, eu penso.

6 de dezembro de 2007

Blogue do Galhardo - Link na Lista.


Bom Dia, Dia!

Senhoras e senhores eu me pergunto onde o mundo vai parar.

Acordei cedo, tipo 7, graças a serra elétrica da construção aqui do lado. Até aí tudo certo, nem me irrito com isso, não mesmo, sem ironia. Estava até pensando que poderia andar e fazer coisas ótimas hoje quando entro no Globo.

Vejo uma coisinha alí, uma foto de guerra na capa, etc. Vou pro 2° Caderno e na capa tá o Seu Jô. Tudo bem, eu penso, previsível, eu já tava sabendo que ele viria pro Rio com peça. Nem vou ler. Pra que se incomodar, não é?

Dou uma olhada no resto do jornal e vejo que meu horoscópo tá positivo e que sou melhor do que pensei. Ótimo.

E daí, influenciado pelo fato de eu ser melhor do que pensava, penso: hoje é quinta, posso ir ver um teatrinho. Então vou conferir a programação e vejo de prima:

Estréia > 'Remix em Pessoa'. Direção: Bete Coelho. Música: Billy Forghieri. Com Jô Soares.

O apresentador-entrevistador-ator declama poemas de Fernando Pessoa com um ligeiro sotaque português.

Então eu ri e pensei: puta que la merda. E já senti o ódio crescendo e crescendo. Em uma frase que é, enfim, a sinopse da peça, já vi a merda toda.
E então, como sou um cara positivo, pensei: ótimo, vou usar meu ódio pra escrever algo no blogue. E aqui estou.

Claro que, decidido eu alimentar meu ódio, fui até a capa do 2° Caderno e ampliei. Só a foto já vale uma boa dose de raiva: o porra de branco, fazendo beiçinho de esperto e pousando onde? Adivinhem. Sim, sim, isso mesmo: na biblioteca! Rá! Vamos combinar. É divertido.

Então leio a matéria. Merda conhecida com algumas pérolas: "Alváro de Campos tem um humor parecido com o meu", é verdade, tá escrito lá. E sabe o pior? É que O Gordo fingidor(o título da matéria é Um Gordo fingidor) deve mesmo achar isso. Ou seja, além de tocar bangô muito bem, ele é burro.

Descubro também que, além do ligeiro sotaque português, no espetáculo Remix em Pessoa(ótimo titulo, né?) "Todos(os poemas) foram musicados, numa batida que pode tanto ser a do hip hop, do rock, do drum 'n' bass ou da música clássica."

Fico apenas de triste de não ter dinheiro de sobra pra ir lá ver a peça. Seria uma maravilha: eu sentadinho sentindo aquele ódio delicioso se apossando de mim.

Se interessou? Segue o serviço:

Teatro Poeira: Rua São João Batista, 104, botafogo - 2537-8053 . Qui a sáb, às 21:30

R$:40. 50 min. Até 15 de Dezembro. Livre.

Estréia hoje.

Já até prevejo a crítica da Barbára elogiando a opção pelo ligeiro sotaque português.

5 de dezembro de 2007

-

A página branca e brilhante também pode ser uma tortura. Falar o que e pra quem? Só tem fantasmas nesse mundo grande e triste. Um monte de gente querendo fazer alguma coisa que não me interessa.
Não me interessa as conquistas dessa gente. Não me interessa o quanto elas ganham por ano e não me interessa em quantas peças de teatro você consegue atuar ao mesmo tempo. Eu não quero me interessar por isso. Eu me esforço pra não fazer tantas coisas.
Eu prefiro sempre o mesmo do mesmo. Já me vejo velhinho e repetindo isso. Anos e anos. Ninguém mais agüentando. Ninguém perto e eu falando com as paredes verdes: "é isso, sou isso, adoro ser isso."

4 de dezembro de 2007

MEU DOCE UMBIGO SUJO.

Aquele nome não era dos melhores. E esse não chega a ser uma pérola, mas é mais divertido. Tem sentido, embora possa não parecer. O sentido é mais ou menos assim:
-
Eu me adoro.
E me adoro mesmo.
Olho pro meu pau e gosto.
Olho pra minha barba mal feita
e gosto também.
Gosto até
de quando
sou desagradável.
Gosto de mim e de todos que copio.
E copio muita gente.
Nunca quis ser original.
Desse mal eu não sofro, afinal.
-
Meu buraco na barriga
me ajuda
a pensar assim:
eu tenho
o que ela tem
e
eu gosto dela
e ela de mim.
(Buraco na barriga é umbigo,
buraco na bunda é cu.
E a gente tem os dois
e nós dois,
os dois,
nôs amamos -
a vida tem suas ternuras vulgares, não tem?)
-
É apenas porque
gosto da doçura
que vem
e que vai
e não volta.
É apenas porque
olho e não
vejo
um fim
e confesso:
eu sou fraco
e prefiro assim.
-
E esse mundo é tão perverso,
sempre a maltratar
o amor.
Esse mundo maldito
que vai continuar
mesmo depois
que a gente
se for.

3 de dezembro de 2007

SOBRE A LISTA DE BLOGUES.

Então agora, nesse novo blogue, tem essa lista enorme de blogues aí do lado. É bem simples. São os blogues que eu tenho nos meus 'favoritos'. Isso não quer dizer que todos os blogues que estão aí prestem. E nem que dizer que eu goste de todos. Ou ainda que todos sejam atualizados sempre. O que tá aí é o que tá aqui. Só isso. Tem blogue de coleguinhas e de gente pop e de gente que eu nem imagino quem seja. Tem uns que entro sempre e outros que entro as vezes. Tem os que eu entro pra ter raiva - e adoro entrar neles pra ter raiva. Tem os que são bons, mas que eu, particularmente, acho chatos, tipo o do Nei Lopes. Tem os que são ruins, mas que eu, particularmente, acho legais.
Tem blogue pra todo os gostos: pra quem gosta de ler profundidades falsas, pra quem quer matar o tempo, pra quem gosta de sacanagem, pra quem se julga engajado e com consciência social, pra quem mente muito, pra quem quer melhorar seu desempenho sexual, etc.
Percam seu tempo e se divirtam. Não há muito mais a fazer mesmo.