24 de dezembro de 2008

gracinha de natal.




E que venha o bom velhinho com seu saco enorme, seu pau mole e sua risada de ho-ho-ho.
Quando eu era criança eu sentava no colo dele e recebia balas e presentes.
Minha família era cheia de crianças nessa época e sempre havia um papai noel bêbado e familiar que chegava em cima do capô de um carro.
Era divertido.
Agora existem poucas crianças e não haverá papai noel. Conta-se alguma mentira pra elas que têm a sorte de acreditar em tudo.
Com mais sorte emprestamos o papai noel bêbado do vizinho.
Ainda é divertido.

12 de dezembro de 2008

rio de janeiro, arredores da Pça. Tiradentes.

Cheiro de mijo e merda, gente feia pelas calçadas e, no entanto, há qualquer encanto no ar.
As garotas te chupam por 5 pratas e por 10 abrem as pernas. Não são tão ruins quanto o preço sugere. São garotas mais ou menos perdidas dando cabeçada pela vida como todo o resto do mundo. Algumas ainda guardam um frescor no fundo dos olhos e quase sorriem quando você recusa a oferta com um "não, obrigado".
Ninguém parece desesperado por ali. Executivos e burocratas almoçam em grupos, pretos elegantes distribuem panfletos e as meninas, bem, as meninas apenas sorriem.
Fico constrangido pensando em mim mesmo, fico constrangido pensando que todos estão vivos. Todos, todos estão vivos, um planeta inteiro de gente viva.
Fico constrangido sem nunca participar de fato. Me sinto bem, apesar de tudo.
4 livros novos, um passeio que nem durou 2 horas.
Na hora de voltar pra casa tento pongar no ônibus e quase me arrebento. Me sento com os pacotes na mão e sorrio. Ler ainda me parece a coisa mais sensata a ser feita.

11 de dezembro de 2008

*

Me sinto
perdido,
então fumo
um cigarro
atrás do outro.
Me disseram
que
a fumaça
consegue
preencher
o pedaço
que
falta
pouco.

contra mim mesmo.


um ódio ao extremo
revirando por dentro
e eu não sei o que fazer
porque eu só sei reclamar.
-
as esperanças que eu não acredito,
as felicidades frágeis e bestas,
os amores de conta gotas e palavras cruzadas.
minha raiva sem sentido
me envenena também.
-
você desperezando o mundo
que também lhe despreza.
1 idiota para cada lado
e a justiça que sempre tarda.

10 de dezembro de 2008

o fogo dentro das mãos.



Era tudo triste e lento. Não havia nada além da vida acontecendo, dia após dia, uma euforia aqui e uma tristezinha ali. Não era um encanto ou fantástico, mas era a vida. Desse jeito simples e besta que deve ser.
Tinha dias que eu me sentia muito bem porque eu tinha lido algo novo e cruel, uma sequência de palavras que logo na 1° vez eu sabia que me martelariam a cabeça por anos e anos. Eu tinha um prazer imenso nisso. Ler uma coisa que ficaria me revolvendo.
Teve também a época da Av. Paulista. Andava rápido com minha mochila nas costas. Era bom estar alí. São Paulo era a Nova Iorque tupiniquim, a Paulista era a Time Square e eu era um garoto que não tinha medo de nada e que se levava a sério como só os inocentes fazem.
Depois foi a fase das convicções. O grande amor, a profissão de fé, a redenção pelo esforço. As grandes ações e as pessoas que eu admirava, todos me confirmavam que a única saída era a radicalidade, que os grandes homens eram grandes radicais. Eu pensava isso com bastante prazer, mas ficava em silêncio. Ser incompreendido as vezes era um troço medonho.




9 de dezembro de 2008

mistério.

Aquela buceta cresce a olhos vistos.

Os pêlos agora são maiores e mais grossos. Protegem os lábios que também mudaram. Lá dentro ainda há alguma confusão, mas cada vez menos. Saem de lá os duendes e as fadas, mas um unicórnio ou outro ainda permanece.
Os unicórnios são chatos, mas inofensivos. Apenas conhecem os bons lugares pra se viver.

-

(do ótimo blogue E Deus Criou a Mulher)







Ah, essa maldita consciência que surge nas pessoas depois das desgraças! Isso é tortura. É só acontecer a merda para que todos fiquem engajados. Até a Fátima Bernardes e o William Bonner ficam.

4 de dezembro de 2008

CI


"Estamos exaustos,
mas a missão foi cumprida.
Agora só falta decidir
quem é o amor da nossa vida."


21:14
Sua mensagem foi enviada para os seguintes destinatários:
camilarhodi@hotmail.com
Já é um contato
fmaatz@hotmail.com
Já é um contato
documentacion.ccg@xunta.es
Ainda não é um contato
maildocumentacion.ccg@xunta.es
Ainda não é um contato

fernandinho é auto-ajuda.

Depois de muito pensar:

Muito esforço pra ser o que se é
é falta de charme
ou de alma.

1 de dezembro de 2008

¨¨

Se eu fosse Deus e decidisse
então estaria tudo pronto.
E tudo seria justo e decente
e os perigos seriam apenas diversões
para crianças entediadas.
Seria tudo certo e puro.
Tudo traria novidade e calma
e as almas
seriam bailarinas
dançando alegremente
e
sem nenhuma
preocupação
com o excesso de peso.

#

Minha dor sem tamanho se revirando. Há quem ache que eu goste de dor, mas não é verdade. É que eu queria aquelas coisas, aqueles milagres e aquelas grandezas. Eu tenho desde criança esse delírio. E sempre me consolo de duas maneiras: ou me masturbando muito ou escrevendo.
As duas punhetas praticadas com as mãos.
*
A casa era muito bonita e arejada. Ela costumava acordar antes de mim e me trazer coisas na cama: frutas, café e, um dia, até um cigarro aceso. Ficava sentada do meu lado e passava as mãos nas minhas costas pra me acordar.
Quando ela me trazia chá, geralmente de gengibre, ela, depois que eu tomava o tal chá, me beijava, ou melhor, puxava meu lábio inferior com os dentes e segurava meu lábio por um bom tempo, depois me dava instruções pra eu respirar fundo, soltando meu ar pela boca e fazendo com que os olhos dela lacrimejassem com o ardido do gengibre.
Ela sempre fazia isso, pelo menos uma vez por semana. Era estranho, mas eu gostava. Quanto mais ela lacrimejava mais ela apertava meu lábio com os dentes. As vezes até sangrar. Era um tipo de cumplicidade que ela tinha estabelecido e eu respeitava: ela com suas lágrimas e eu com meu sangue. Parecia honesto e verdadeiro, nós dois nos machucávamos, mas sem nunca nos separar.
Depois ela aprendeu a dirigir. Era sempre ela que dirigia nosso carro. E sempre, sempre, sem exceção, dirigia louca e veloz. Ficava com um sorriso na boca enquanto guiava com uma rapidez desnecessária e arriscada. Eu me cagava de medo, mas fazia o possível pra não demonstrar. Quando ela quase batia soltava uma gargalhada e apertava minha perna.
- Essa foi por pouco, neguinho...
- É, foi, foi.
Ela gargalhava com o rosto virado pra mim. Eu respondia sem tirar os olhos da estrada.
Quando nasceu o nosso primeiro filho a gente ficou 1 ano e 1 mês sem trepar. Ela dizia que depois que nosso filho tinha saído dela, ela não queria que nada mais entrasse. Dispunha-se a me masturbar sempre que eu quisesse, mas sem nenhuma penetração, nem oral nem nada. Depois de alguns meses ela me disse que estaria de acordo caso eu transasse com alguma mulher, mesmo uma puta, desde que eu tomasse as devidas precauções. Disse que entendia as necessidades físicas de um ser humano. Eu não disse nada.
13 meses depois a gente transou. Quando eu estava dentro dela, assim que eu enterrei meu pau o máximo que pude dentro dela, ela me disse muito séria: eu te odeio.
Tentei sair de dentro dela, mas ela não deixou. Disse que pra ela era importante me odiar, que ela não conseguiria trepar comigo caso me amasse.
A separação foi inevitável, mas demorou. Nossa segunda filha era surpreendemente loira e risonha. Um desses bêbes que quase nunca chora, que ri muito e parece um anjo. Quando nosso bêbe tinha 4 meses ela me disse, quase calma, que preferia ela. Que ela, nossa segunda filha, era a mais amada e que, se fosse o caso, ela preferia que nosso outro filho ou mesmo eu morresse. Inclusive disse que preferia perder os dois do que perder aquela anja loira e calma.
Um ano depois a gente se separou. O desgaste completo, a imbecilidade de dividir coisas que não haviam sido feitas pra dividir. O toma lá da cá.
As mágoas surgindo nos detalhes mais idiotas, a morte por sangramento de pequenas alfinetadas. O fim.
(...)

simples assim.

Não gosto de saltos ou pulos
e também
não gosto de caronas.
Não ligo,
no entanto,
quando me pedem cigarros.

30 de novembro de 2008

<>

Quando eu chego a porra do prédio tá sem luz. O porteiro que odeio tá lá, quase feliz.


- Que horas volta a luz?


- Umas 3 da tarde...mas nunca se sabe.


Esse porteiro é sádico e fuxiquiero, toda vez que to com compras sou obrigado a esconder as sacolas. Minha ex namorada caiu na besteira de dar sorvete pra ele um dia. Pago por isso até hoje. Merda.


Atravesso a rua e vou pro quintal. Fui por raiva. Não sou um tipo que vive bem sem luz elétrica. Eu adoro a luz elétrica e também o banheiro e seu maravilhoso mecanismo chamado de descarga. Por essas que odeio acampar, por essas que os naturebas me enchem.

Bebo só uma e faço a procissão de escadas. Muito escuro mesmo, um resmungo a cada degrau. Lavar louça pode e, quase milagre, a luz volta antes das 3. Deus é bom e Deus existe. Lar doce lar. Computador, cerveja gelada e domingo. Algum filme de sacanagem na Internet e me torno um novo homem.

27 de novembro de 2008

é da claudia ohana.



Nunca acreditei nessa coisa toda, nessa euforia. Tudo muitomuito bom ou tudo muitomuito mau. Essa coisa de ser intenso sempre me pareceu desespero. Eu e minha desconfiança de mãos dadas. É que eu não sei e, portanto, desconfio, assim:


  • o discurso articulado tende a ser falso,

  • a beleza excessiva é vulgar e/ou fútil &

  • a perfeição é coisa de Deus e eu, cá comigo, não acredito que ele realmente exista.

26 de novembro de 2008

'-'

Meu bom caralho balançando pra lá e pra cá. Quase raiva, quase tédio. Apesar de tudo sempre conto boas anedotas e sou super bem informado sobre os novos casais da TV. Mas o mais importante é que sempre digo bom dia e não, obrigado.

24 de novembro de 2008

@

Enquanto eu rôo um queijinho ela dorme do meu lado. É bom vê-la dormir. Aquela cara enorme e calma, como se o mundo nem existisse. As vezes ela solta algum som: peidinho delicado, lábio frouxo e gemidinhos idiotas nada excitantes. A vida calma. A paz possível.
Uma vez, no meio da noite e bastante bêbado, bati uma punhetinha enquanto afastava o lençol dela. Pensei em gozar na sua perna, mas não gozei. Sou um moralista de merda, apesar de tudo. E sempre acho estranho essa obsessão que eu tenho de ver minha própria porra.
Hoje, de novo, ela dorme. Daqui saco sua bundinha enquanto mexo no meu pau. Repito pra mim mesmo: a vida calma, a paz possível.

22 de novembro de 2008

dia sim dia não

depois de tudo e da velha repetição eu é que não tenho saco e que não quero ser legalzinho. por isso e por todos sempre penso o mesmo, sempre me repito. e hoje, enquanto pensava minhas verdades de merda, criei um caga regra que muito me agradou:
  • careta é aquele ser humano que tem medo de se contradizer.
  • careta é ser sempre fiel a si mesmo.
  • careta é não se trair por puro pavor da mudança.
e que se dane o resto. o resto de mim e das minhas escolas. e que se dane também o meu charme sem risco que nunca deseja sair do previsível. meu controle me agrada ainda assim.
então tiro meus sapatos e sento pra escrever. a casa não é minha e a vida também não. as coisas são diferentes apenas e isso nem é pior ou melhor. cada faz o que pode e todos precisamos de sorte. prefiro sorte do que Deus.
seja como for é apenas mais um dia. daqui a pouco as punhetinhas vêm e as garotas vulgares quase nunca acertam de primeira.

20 de novembro de 2008

o nome dela era Paula.

A louca dos cigarros morreu. Se matou pra ser mais exato. Era uma figura da Rua da Passagem. Nunca gostei dela. Ela era louca e folgada e não apenas louca. Pedia cigarros pra todos. Sem parar. As vezes guardava um cigarro que tinha acabado de ganhar. Parei de dar cigarro pra ela quando, depois de dar 1, ela pediu outro pra guardar. Nunca mais lhe dei cigarros.
Observei, de longe, seu processo de auto destruição. É um direito que se tem: querer se destruir. Um direito tão legítimo quanto qualquer outro. Despedida em Las Vegas.
Na primeira vez que a vi cheguei até a achar bonita. Não tinha 30 anos. Depois vi quando ela circulava com um namorado tão esquisito quanto ela. Sempre achei que ela fosse louca de farmácia e, se não me engano, um dia o Coimbra me disse que ela era filha de médica. Deduzi que a mãe fosse psiquiatra e somei dois e dois.
Louca de farmácia.
Hoje o Coimbra falou que ela tinha brincado de super homem, que tinha se jogado. Ele ainda disse graças a Deus que ela foi sozinha. Ele também não gostava dela. Tinha lá seus motivos. E, afinal, não é o fato dela se matar que a fará melhor. Eu não gostava dela também, sempre que podia eu era grosso com ela.
- Dá um cigarro?
- Não.
- Mas você tem cigarro.
- Eu sei.
- Por que não me dá?
- Porque eu não quero.
E ela me olhava feio e saia.
O Sorriso, um fudido que quer ser corredor de bicicleta, disse que quando ela tinha dinheiro ela pagava tudo pra todo mundo. Achei isso legal e surpreendente.
Eu não gostava dela, mas não queria que ela tivesse se matado. Se jogou do 5° andar pela área interna do prédio e conseguiu morrer. Os suicidas nem sempre são bem sucedidos. Ela foi.
Eu não gosto que as pessoas morram. Eu não gosto da idéia de que eu vou morrer. A morte é uma coisa que não tem nada de legal. Eu sei que a vida nem é tão fantástica assim, mas prefiro saber disso estando vivo. É mais simples e mais honesto. Mesmo a morte dessa desgraçada não é justa. Morrer é uma puta sacanagem, mas é isso aí. Dos que podiam morrer ela era das que menos me doem.
Mas de qualquer maneira é uma pena. Uma pena.

17 de novembro de 2008

-

Agora
sim,
semi-bêbado,
eu falo
num fôlego só.
-
é que há essa loucura e esse devaneio sem fim. sabe como é? todas as conquistas e histórias. e também as tragédias diárias e a morte sempre no calcanhar lembrando que tudo isso acaba e que nem adianta chorar. essas coisas assim: do dia à dia, da repetição, do tédio, do reclamar, da felicidade que não chega, do dinheiro que não cai, das sombras que surgem, do novo projetinho que pode dar pé. o dia à dia - sem culpa, sem jeito, sem opção.
mas daí, no meio desse abismo todo, você tem um belo final de semana com sua garota. e você nota, que lá de vez em quando, esses fins de semana vão ocorrer e você sente uma paz tranquila e nem se afoba. e você suga lento esses milagres que só ocorrem de vez em quando -porque são milagres e não podem ocorrer sempre.
e você se sente muito bem e pensa que nem precisa beber tanto. você acorda tarde todos os dias e sente uma preguiça sem culpa e abraça aquela garota bonita que tá do teu lado. vê a cara dela ainda com sono e passa a mão no seu corpo dela e deixa a mão alí na buceta. na buceta dela que é quase sua e que é mais quente que o resto do corpo. e você volta a dormir com a mão parada naquele seu inferno particular.
e você dorme muito bem e acorda às duas da tarde.
e tem o macarrão ruim que ela fez, mas que se torna uma boa lembrança porque o mundo pode ser bom as vezes, ainda que sem perfeição. ela sentada, as pernas juntas fazendo sua mea-culpa de má cozinheira e, secretamente, elaborando planos que a ajudam pensar na eternidade com menos medo.
ela calma sem querer fazer tudo. você vaidoso por confirmar suas intuições.
os teatros ruins que assistimos, a briga de bêbados, o idiota de sempre, o macarrão sem gosto, a casa suja e o imbatível sorvete de flocos: tudo perdendo o sentido quando, durante o gozo e quase em desespero, você ouve:
- eu te amo, eu te amo.

12 de novembro de 2008

Vaidade.

2 bobagens:
  • é bom ter certeza que os idiotas são idiotas desde que nasceram.
  • e é bom descobrir que os psicanalistas antigamente perguntavam aos esquizofrênicos: - qual a diferença entre um anão e uma criança?

11 de novembro de 2008

sobre a liberdade.

(de 1 umbigo honesto)

A gente é dono de si. Seja lá como for, a gente é dono de si. E é a partir disso que decidimos o que quer que seja. Não dá para culpar ninguém. Não vale responsabilizar Deus, ele existindo ou não. Eu repito: a gente é dono de si.

Pode-se querer ter o que seja, mas não se pode ter tudo. Eu também acho isso chato, mas me nego a lamentar. E sinto prazer em saber que sou eu quem decide aquilo que desejo ter. Claro que nem sempre o que eu quero ter é o que eu tenho, mas isso não importa. Eu sei o que eu quero e é só pelo meu desejo que eu faço o que faço, sendo bem ou mal sucedido. Tanto faz.

Não quero ser um velho que lamenta o que não teve. Acho isso besta e sem graça, além de que tem a coisa de insatisfação ser mais piedade do que coragem. É nessas que eu prefiro coragem. Peito aberto pra pedra que você já sabe, de antemão, que pode lhe atingir.

Ainda considero as vítimas como chatas, sempre reclamando que não são compreendidas. Ainda prefiro os arrogantes que berram, solitários, que o mundo é que não presta. Saber o que não se quer é parte do próprio desejo.

E por isso me considero livre. Por não acreditar em vítimas e por me reprimir ao sentir piedade de alguém. Nada mais egóico do que dizer: - tadinho dele. Tadinho dele é o caralho! Se alguém o maltratou ou/e se a natureza lhe foi injusta não é, afinal, por culpa minha. Liberdade é não sentir culpa, alguém já disse. Liberdade é se isentar de uma culpa que não lhe pertence. Liberdade é assumir a culpa que você mesmo criou.

Liberdade é uma decisão e não um estado de espírito. Ser livre é ser dono de si e assumir suas próprias escolhas. O resto é o imponderável e o destino, coisas que não controlamos. A liberdade só é real naquilo que nós decidimos. Ser joguete do mundo é coisa de macaco ou de criança, é achar que o mundo é seu.

As crianças e os macacos vivem melhores do que os adultos e do que os humanos.
Disso ninguém duvida.
E ninguém duvida que seja humano e adulto, embora deseje o contrário.
Sim!, eu respondo na minha autoridade de blogueiro idiota: - o mundo é mesmo cheio de gracinhas.





10 de novembro de 2008

-

daqui eu digo e repito: me sinto bem e não me incomodo com quem me incomoda. apenas porque sou infantil o suficiente pra achar que sou melhor que todo o mundo. eu sei me proteger. sempre soube. e que fique claro que nem tudo é verdade.


#

depois de 3 dias fico a vontade pra dizer: não posso mais com esses sonhos. essa coisa de sonho erótico faz mal pra quem sonha. você acorda e lembra de tudo e, quase imediato, você se pergunta: por que sonhei com tal pessoa? um inferno de pergunta sem resposta.

#

essas pessoas cheias de convicção me comovem e sempre me desafiam. como podem acreditar tanto em algo a ponto de se confundirem com aquilo em que acreditam? é bonito e patético ao mesmo tempo. essa crença cega é a felicidade. essa crença cega é a burrice. a ironia é você desejar isso pra si próprio.

#
e como não poderia deixar de ser, o idiota dentro de mim se manifesta: não dizer oi pra desconhecidos ainda é sinal de elegância.

9 de novembro de 2008

'

procurando sentido onde não há. o desespero nos comendo pelas beiradas. você tem o costume de ler e nem se lembra o porquê. parecia, não há muito tempo atrás, que ler lhe traria coisas. nem tudo é tão simples. e, no entanto, você quase afirma que tudo é parecido com o de sempre. você é meio velho e o mundo é meio óbvio. os alívios combatem o desespero, como um playboy idiota que paga cerveja pra todos porque acredita que é cheio de amigos. o repetido sistema de compensação:
- ao emanar energias positivas pro universo você também as recebe.
- é, pode ser, meu querido imbecil. nunca se sabe, não é? melhor prevenir.
- hahahaha.
entender uma piadinha é sempre importante. você segue. você reclama. você se repete. você tem uma idéia brilhante para sair do país.
- sonhar não custa nada.
- é, não custa.
e meu dia está ótimo, embora não tenha acontecido nada de mais.

6 de novembro de 2008

*


Ah! Que minha pica balança
mais do que imaginei.
Minha pica com olhos
procurando ovnis
na tarde ensolarada
antes da chuva.
Minha sorte
é que sou eu
quem ainda manda nela.
Antes da meia noite
eu sempre a ignoro,
é só uma maneira discreta
de dizer eu te amo.

3 de novembro de 2008

ANEDOTA DE UM FUTURO AMASSADO.

tem aquela garota bonita

que você ama

que você quer amar mais

que você deseja tornar única.




Aquela garota bonita
que você olha a buceta
por horas e horas
com a cabeça deitada
entre as coxas .
Enquanto a própia cabeça
ainda recebe cafunés.


E ela também:
lhe chupa a pica cada
vez melhor,
tem orgasmos cada vez maiores
e ganha mais viço com
suas aulas de Iôga.


Aquela garota bonita.


Aquela garota que as vezes
nem sabe porque é bonita.


Que deseja a solidão
que confunde amor e sofrimento
que cogita
lhe deixar,
como tantos outros,
na velha estante.


A garota bonita
que rasgou as dedicatórias
que queimou suas fotos
e trocou suas senhas...

A segunda mulher bonita
que voçe conheceu.

*
Dias desses vi essa garota na praia
passeando de mão dadas com um desconhecido.
Parecia estar feliz.

Mas depois
fiquei sabendo
que eles
não se amavam,
embora vivessem muito bem.

2 de novembro de 2008

pras gracinhas de sempre

Que se danem as fofocas. Eu quero mais do que posso ter. Sou óbvio e me repito, me sinto bem assim. - Mas, Fernando, você reclama demais. Como se isso dissesse alguma coisa, como se por isso eu não pudesse falar.
Com a graça do bom deus e da infalível terezinha eu sei de mim: meu ego me protege quanto maior ele se torna. Confiar em quem? Confiar em si.
Gente chata que quer se adequar à tudo, que quer ser amigo de todos. Gente chata que se repete: - Mas, Fernando, você reclama demais.
Li um bucado pra ser assim. Estudei pra ser chato e egocêntrico. Sou honesto nesse sentido.
Fiel a mim mesmo me torno imbatível. Imbatível e solitário, mas é melhor assim: nada de aceitar miudezas pra consolar os vazios, nada de punhetas que substituem bucetas. Sexo no seu lugar e masturbação também.
Sou melhor quando sou desagradável é a minha conclusão.
Sou um cara de conclusões.
Meu ego imenso se sente bem dessa maneira.
Sou honesto, eu repito.

*


Pra
mim
apenas
importa
a
alma.


O
resto
é fuga,
excesso
de calma.

31 de outubro de 2008

d.

  1. Sempre do mesmo. Eu. Pouca gente que passa. Um ou outro pra quem se dá bom dia. Ser egoísta é a solução pra viver em paz. Mas paz também cansa. Tudo cansa. Si mesmo cansa.
  2. Eu quero gostar de você. É uma cisma. Quero gostar porque sua história é boa e sua máscara é simples. Quero gostar por aquilo que você esconde. Minha mania é desconfiar de tudo. E isso é ruim e bom. No seu caso, é bom. Repito: quero gostar de você.
  3. O dia quase cheio. Eu, quase útil. Todos nós sonhando. Todos. Deveria ter um documentário sobre isso: os idiotas de editais que postam no Rio-Sul. Seria um documentário engraçado. Todos nós sonhando. Novo sonhozinho à vista! Estamos no páreo! Cavalo que paga bem é azarão! As conhecidas gracinhas do mundo. Nunca se sabe.
  4. A única coisa é auto-controle. Não sei ser mais claro do que isso. Auto-controle. O mundo vem e vai, tudo acontece independente da gente, mas mesmo assim, eu repito: auto-controle. São essas coisas raras que me importam. Tento sempre ser honesto, fui educado pra isso. Prefiro o mundo que depende de mim.

29 de outubro de 2008

Fidelidade.

Tinha beleza e loucura naquilo tudo. É tão difícil explicar. Uma delicadeza que transbordava e quase irritava. Não sei ser claro quando lembro disso. Minha memória é idiota e meu delírio de grandeza mais me prejudica do que me salva. É o que Aramis diria com aquele sorriso estúpido e familiar - o lábio superior segurando a boca em "v": Uma sinuca de bico!
É que eu tenho minhas manias e, embora seja graças a elas que eu sou quem eu sou, são elas mesmas que me fodem. Porque algum dia - não sei quando, mas é sempre em algum dia que as coisas ocorrem. Porque nesse dia eu decidi que seria do contra e que ia querer sempre mais e mais. Mais tudo, fosse o que fosse. E todo idiota sabe que querer mais é justamente a causa da insatisfação e do sofrimento. Blá-blá-blá. Sou mesmo um falador de merda.
Mas seja como for fico me perguntando se eu mesmo sou capaz de me transformar. Sabe como é: mudar tudo, virar outro, deixar tudo pra trás, viver o presente, não pensar, curtir mais, esquecer o futuro, ser só desejo, gostar das coisas simples, ser menos sério, ter mais amigos, sair mais, beber menos, fazer mais comida em casa, fumar menos, comedir a pornografia disponível na rede, ser mais condescendente, sorrir pra desconhecidos, mudar o nome do próprio blogue, ter mais ambição, desistir do que se é, virar viado, comer mais legumes, dançar nas festas, telefonar pros amigos no dia de aniversário, não se levar à sério, prestar concurso público, desenvolver a espiritualidade, ver menos House, fumar menos, ignorar a morte, pagar as contas em dia, abrir um negócio próprio, ir à praia, etc, etc, etc.
Mas isso também não me agrada e ainda me soa como fraqueza:. mudar quem você é para tentar viver melhor. Vive melhor: quem não pensa, quem não se leva à sério, quem apenas brinca sempre, quem esquece as mágoas, quem perdoa como se fosse simples, quem ignora a própria desgraça, quem tem sacadinhas prontas pros constrangimentos, quem vive o presente, quem sonha com melhoras, quem espera as soluções, quem faz exercícios diários, quem casa com a 1° namorada(o), quem não saiu do próprio quintal, quem esquece a própria morte, quem crê que todos são iguais, quem acha que todos são diferentes, quem vê o jornal da globo e dorme depois, quem acorda todos os dias no mesmo horário, quem quer a vida como ela é, quem se satisfaz apenas por ver o bem alheio, quem cora com piadas sexuais, quem acredita em Deus, quem faz sopas às sextas, etc, etc, etc.
E como essa merda é um blogue e não um livro eu posso acreditar que eu escrevo bem.
É simples. É idiota. E causa bem estar.
Conclusão: ter um blogue é a vaidade mais recalcada que pode existir.

28 de outubro de 2008

-

a bunda pra lua com o cu na reta.
Tem que ter tomada de postura e decisão. Não é nada abstrato, é direto e definitivo. Mesmo que sem a obrigação de ser fiel a si mesmo. Tem aquela merda que te revira, aquela merda que é a mola e que te faz falar de várias coisas. Mas que é uma só, uma de cada vez pelo menos.
Tem que ter obsessão. E obsessão não pode durar meses ou estações, tem que durar pelo menos 2 anos.
Há certas defesas que se devem fazer: das suas ideias, das suas taras, dos seus preconceitos. Gente sem preconceito não presta e quem aceita tudo não morre. E quem não morre não pode entender a merda da vida.
A merda. A mesma merda que te revira. A merda que é mola. A boa merda.
E tem mais: você tem que querer ser grande, não pode se bastar com pouco. Claro que pode, mas não deve, não se você tem a pretensão de ser artista. Porque ser artista é uma pretensão. Sempre será. E se essa é a sua pretensão, você tem que ter uma merda bem grande te revirando e te sujando por dentro.
Aqueles caras que você admira tinham essa merda, se remoíam por essa merda e alguns deles até morreram por essa merda. Por isso que aqueles caras eram aqueles caras, por isso que eles continuam por aí, invadindo a cabeça dos outros, espalhando a merda póstuma deles. E isso que faz deles gênios. Isso e outras coisas mais, mas que não vêm ao caso agora.
E é por essas que posso falar mal de quem faz teatro. Teatro tem sido a minha merda. É onde tenho, melhor ou pior, revirado minha merda-mola por dentro. E que fique claro que não estou falando de qualidade ou competência, mas de ambição e pretensão artística. É claro que a gente nem sempre emplaca e que quem muito fala pouco faz, mas dane-se. Minha merda também se manifesta assim.

27 de outubro de 2008

+

Você não vai ser a minha vítima. Não adianta fazer essa cara de lamentação quando me vê. Eu não me comovo, não por isso certamente. Suas desgraças são apenas suas e é assim que deve ser.
Nada demais, apenas o mundo funcionando.
Eu não lhe conheço e você me conhece mal, não há porque partilhar segredos com quem nos é indiferente. Questão de estilo e de zelo pela própria privacidade. Eu zelo pela minha e acho que isso é bem claro. Gosto apenas de quem quero gostar e não assumo amizades em conversas de bar.
Sou simples e óbvio.
Ser livre, pra mim, é poder lhe mandar a merda e, mesmo assim, não o fazer.

26 de outubro de 2008

'

o sentido da insistência.

tremor e desespero,
o mundo quase belo,
quase completo.
a cadência aumentando
lenta e compassada,
a força pra baixo -
a imbatível força pra baixo.
mais força e mais pressão.
a abertura maior do que o costume,
a velha sensação
de que uma buceta
pode mesmo engolir.
o choro convulsivo,
o riso histérico:
o equilíbrio combinado
entre dois extremos.


24 de outubro de 2008

a gratuidade pelo meu cu.

meu caralho não é grande, mas eu tenho lá algum vigor. é claro que eu reclamo, é claro que eu sofro, é claro que devo fazer exercícios físicos e cuidar da minha saúde. todos os idiotas têm. e eu estou entre eles, infelizmente. idiotas saem dos ralos e são como formigas perto do açúcar: sentem o cheiro e se aproximam. óbvio. os idiotas abusam do óbvio. por isso, e só por isso, sofro pela minha idiotez. sofrer disso é o óbvio, afinal. a tristeza é que caminhamos de mãos juntas para o abismo abaixo. a tristeza é que a queda é mais longa do que pensávamos.

23 de outubro de 2008

1 X 1

Maravilha.
A mesma estratégia, mas eu estava esperto.
Ele ameaça, fuxicando a pochete: - olha aqui, é bom você...
Não deixo ele nem terminar: - então mostra, porra, não fala, mostra...
Continuo andando e ele olha pra mim sem reação, me ameaça sem nenhuma crença, resmunga.
Eu, já distante, arrebato com os punhos em riste: - perdeu, filho da puta, perdeu! ou vai querer sair na porrada?
Céus! O mundo é bom! Mais um desse e saio do empate! Oiés, eu digo!!!

-

o bar estava extremamente triste hoje.
uma puta que dizia que pensar era ruim.
um casal de bêbados com um filho que brincava sozinho com 2 bonequinhos.

21 de outubro de 2008

diga 33.

Os inocentes morrem cedo
de câncer ou de doença cardíaca.
Eles rondam a própria vida
crendo que estão acertando,
assim como a maioria de nós.

Os inocentes se parecem com o seu vizinho
e até com você mesmo.
Eles têm os mesmos olhos
e a mesma esperança tola
que desde que cada um faça a sua parte
o mundo inteiro vai melhorar.
Como você.

Eles acreditam nas esperanças do amor,
na continuidade da especíe
e na tecnologia como meio
de rendeção sincera e possível da humanidade.
Os inocentes são inocentes, afinal.

Em momentos poéticos, eles berram bem alto.
Em momentos tristes, eles esperam uma surpresa.
Em outras horas,
eles bebem cervejas nos bares,
eles vão ao cinema com amigos,
eles valorizam o renascimento do samba na lapa.
Também podem assistir uma peça teatro,
apenas pra valorizar as coisas que não têm valor.

Os inocentes brigam contra Golias
e sempre perdem a briga.
São inocentes, afinal.

Nas esquinas tristes
de lua cheia
os inocentes
reparam na lua.
Acham que a lua pode mudar o ânimo
e acreditam que o ceú pode mudar de cor.
Os inocentes tapeiam a si mesmos
porque acham que sobreviver ainda é importante.

Os inocentes não sabem das coisas
e, apenas por isso,
são inocentes.

20 de outubro de 2008

sorriso aberto pra uma lua quase cheia.

A merda tá espalhada
e os risos amarelos ainda são os mesmos.
no bar as pessoas de sempre
e os pensamentos também.
Nada para ser salvo e
tudo pra ser observado,
a delicadeza da Maria
que sempre será comovente.

Delicadeza é tudo que se pode ter,
é o único milagre real
e plenamente aceito.
Nada de porcos que voam,
nada de mares que se dividem,
nada de suicídio que salva a humanidade.

Delicadeza é simples e envolvente.
Como um pastel velho e enrugado,
mas feito apenas pra você.

E penso:
qual é a dor que aproxima,
quem será o próximo na lista,
com quantos paus se faz uma canoa.

As perguntas sem respostas,
a merda velha variando
entre quente e fria.
As esperanças e as crenças.
as crenças,
as crenças,
as crenças...

18 de outubro de 2008

sem assunto

ela sempre me comove
com suas delicadezas
bonitas e singelas.
talvez eu possa a amar.

no mesmo dia
em que eu a chame
de cadela?

pro meu umbigo

você pode ter tudo,
você pode ter nada.
a questão é simples:
em qual
merda
haverá
sua privada?

14 de outubro de 2008

#

e nem faz uma semana.
Ela estava bonita com aquele vestido florido. Sem soutien, as belas costas. Eu não lembrava desse vestido.
Enquanto eu arrumava as coisas reparava nas roupas que preferia, nas que usava pouco, nas de vovó.
Tudo muito estranho e doloroso. A carta que recebi ontem, o disparate de um reencontro desnecessário. A ironia fina do planeta fazendo rasgos na minha pele amarelada de quem bebe pra fugir. E no meio do disparate - enquanto quicava e suava e comia maçã ao mesmo tempo em que fumava um cigarro - lembrei do proverbiozinho que diz "o que não tem solução, solucionado está". Proverbiozinho de merda. Na verdade não quer dizer nada. É um proverbio vazio usado por burocratas de papelão. É um proverbio que não considera que as pessoas têm alma e outras coisas do tipo.
A solidão só em boa em duas situações. 1 - quando se deseja peidar alto e 2 - quando realmente não a ninguém com quem se queira estar. E peidar alto é possível mesmo quando não se esta só, basta ligar o rádio na cbn, fechar a porta e lavar a louça.
E eu também sei de mim e do que eu acarreto.
Dos meus problemas, da minha insatisfação, da minha obsessão por plenitude, do meu idealismo doentio, do querer mais, do chifre em cabeça de cavalo, do sonhos de Quixote, do corpo de Sancho, da falta de leveza, da descrença no simples, do risco da loucura, da mania de eternidade, do deboche arrogante, do desprezo pelos restaurantes de luz indireta, da cara inchada, do pau duro na hora errada, do amor que é a morte, da ilusão da insistência, dos discursos articulados, da loucura.
E também das coisas boas que nem sempre compensão as ruins.

13 de outubro de 2008

12 de outubro de 2008

N. R

Aquela putinha de olhos arregalados no meio do bar.

Ela tem um tipo de charme estranho e eficiente. Talvez seja a música, talvez seja o álcool, talvez o fato dela olhar pra mim achando que a acho incrível. Tanto faz. Cocaína sempre fez bem, o problema é o vício e a inevitável decadência.
Mas voltando a putinha.
Ela tem aquela vulgaridade que essas mulheres ditas moderninhas querem ter, mas não têm. Não por nada, mas porque ela não tenta ser vulgar. Ela é vulgar, ela tenta ser charmosa, mas é vulgar. É algo maior do que ela. Não é uma escolha ou uma opção intelectual. Ela é. E como toda pessoa que é, ela nem sabe disso.
Com toda a certeza ela se ofenderia caso eu dissesse que ela tem a vulgaridade mais encantadora que já vi. É óbvio e quase palpável. Apesar de putinha, ela é uma mulher honesta e coerente. Ela não faz aquilo que ela inventou/descobriu ser legal. Ela é o que é. E isso é merda velha, mas nem tanto.
Seja como for, sempre sorrio quando lembro do esforço sobre humano da minha ex amante-educadora pra parecer puta: a cor vermelha nas unhas e calcinhas, uma boquinha tesa e a idéia idiota de que uma puta gosta de ser puta.
O óbvio ululante revirando o caixão de Madame Classy.

7 de outubro de 2008

#

meu pau grande e mole sendo arrastado pela calçada.

3 dias de porre e um chute no saco. foi só na tarde de hoje que lembrei do que tinha feito, pra quem tinha ligado. essas bobagens que todo idiota bêbado faz. depois do banho vejo o bilhetinho estúpido que minha ex amante submissa me deixou.
você poderia ser mais delicado.
puta merda, que o mundo me engula e eu morra de uma vez. telefono pra ela e digo.
desculpe, mas eu não sou legalzinho.
cheiro minha cueca e descubro que a gente trepou. ela tem a buceta com o cheiro mais forte que já conheci. não fede, que fique claro. mas é uma buceta com um cheiro absurdo e incomparável de buceta. modelo único, não há dúvida.
café, cigarro e cagar. estou quase pronto pra próxima. claro que há um certo arrependimento, ninguém sai impune. nem daqui, nem de lugar nenhum. sair impune é não ter entrado, seja lá o que isso for.

6 de outubro de 2008

.

Então há todo esse delírio e desejo.


Desejo de ser feliz, desejo de dar certo, desejo de entrar seja lá onde for. A regra estúpida do nunca fechar portas. Uma casa de portas escancaradas, o vento entrando e saindo sem nenhuma interferência. Como se não interferir fosse espontâneo, natural. Como se as coisas acontecessem por si mesmas, por seguirem seu curso.
E tem também sempre um sonhinho em vista. O mesmo comentário de sempre nas caras mortas e amarelas que se confundem com a sua: quando eu encontrar um amor serei feliz, quando eu ganhar dinheiro meus problemas acabam, quando escrever meu livro ficarei bem.
Milhares de pessoas caminhando pro precipício e você entre elas, com elas, até se identificando com algumas, casando com outra. Você e todos nós juntos buscando algo espetacular no fim do precipício. As flores no caminho, a crença que lá em baixo é tudo melhor. Porque tem que ser, porque se não o mundo não é justo. Catequese eficiente dos filmes americanos consumidos na Sessão da Tarde.
O tédio, a raiva, o maldito blogue. A repetição de si mesmo, afinal.

5 de outubro de 2008

***

A única maravilha é um sorriso de mulher burra que diz que te ama.

O nome dela era Larissa e ela sorria muito e bebia muito pra minha sorte. Só sobrou ela e sua melhor amiga na mesa. A melhor amiga dela era uma velha conhecida e lésbica implacável, dessas que odeiam pau e têm discursos ótimos pra isso.
A Larissa só me olhou direito quando eu disse uma frase de efeito e cheia de desprezo: - não confio nessas mulheres que gozam na primeira vez que trepam comigo.
Ela se impressionou com isso e ficou feliz. Eu também fiquei feliz.
Quando a gente mudou de bar, foi a Larissa que disse: - vamos prum boteco que não feche. É melhor beber num pé sujo que não fecha que num lugar que te expulsem as 2.
Larissa sabia das coisas.
No bar o mesmo papo de sempre: sexo, vulgaridades e teatro. Minha velha conhecida reclamava dos paus que insistiam em ficar duros e refletia dizendo: paus duros são opressivos, eles ficam duros por qualquer coisa e são idiotas...beijo na boca não é motivo pra que fiquem duros, não é?
Eu apenas ficava calado e reparava na Larissa. Não era o momento de discordar da minha velha amiga. A Larissa dava trela pro papo e tinha mil opiniões, um inferno.
Eu estava com sorte e minha velha amiga foi embora antes. Ela morava pro outro lado e eu e Larissa ficamos tomando a saideira. Bebemos e bebemos. Larissa era boa de papo e eu também. Conversamos durante horas.
No táxi ela encostou na minha coxa e eu beijei a boca dela. Um beijo longo e sem alma. Muito esforço pra pouco resultado.
Quando ela desceu, me disse: uma pena.
Eu concordei e segui até a minha casa. Uma pena mesmo, eu pensei apenas um pouco antes de dormir. O mundo não era mesmo muito justo.

4 de outubro de 2008

Vida-Vidinha.

Sem mais nem menos ela me pergunta como eu me sinto vivo. Subindo em escadas, eu respondo. Ela ri e acha graça disso. E falo das outras coisas que eu faço e que me fazem sentir vivo: colar papel, colorir cartazes, andar de ônibus na linha amarela.

2 de outubro de 2008

()

Os ovos virados de novo.

Ovos virados é coisa da minha namorada. Ela diz: está com os ovos virados. É, pode ser. Ovos virados é uma boa expressão. Acho.
É que é sempre a mesma lenga lenga de mim mesmo. Eu não suporto ninguém simplesmente porque nem a mim eu suporto. Tenho lá alguma consciência nesse sentido. Como explicar? Nada a explicar.
Dinheiro, sucesso, realização: merdas reviradas e sem sentido. Reclamar é bom e pega bem, mas também cansa, tudo cansa. Ou melhor: tudo que dura mais que duas horas cansa. E olha, essas coisas todas, essas coisas que fazem ser quem eu sou, também cansam. Até porque já estão comigo a mais tempo do que deveriam. Então penso e me coço: o que fazer? Nada a fazer.
Aí eu faço um textinho raivoso e minha namorada protesta. E também um anônimo idiota que acha que sabe do que falo. Meu Deus! É muita gente pra mim. E claro está que só falo de mim e de mim e de mim. Claro que reclamo dos outros e tal, mas é só de mim que se trata. É algo tão velho que até já virou bordão: toda escrita é confessional.
E ter blogue é lamber o próprio cu, como já disse. Então lambo e lambo. É bom. O cu é mais sensível e tesudo do que imaginamos. Já tomei uma bela dedada de uma bela mulher de unhas vermelhas e longas e digo isso em paz e sem mentir. Até porque eu não minto. Porque fui educado - ou seria condicionado? - a não mentir. Quando eu minto, eu aviso: estou mentindo. De modo que a mentira é dizer eu não minto. E blá-blá-blá. No Aurélio há um belo paradoxo sobre isso...E blá-blá-blá.
Mas voltando. Que merda, que merda. Auto-explicação é fraqueza e conversar sozinho é loucura. Meu Deus! Ovos Virados! Duvidas e Solidão! Grande-eloquência e desespero! O mundo revirado e melado com açúcar derretido. As caras podres que vi hoje enquanto esperava o ônibus. A fuga sempre pronta. As soluções na manga e o mágico decadente que faz números na T.V. Meu Deus! Eu também não aguento, eu também não me aguento. Ter um blogue é, além de lamber o próprio cu, valorizar as próprias conquistas e as próprias desgraças. Tanto faz. Todos nós mentimos junto e elegantes. Há quem goste de festa e há quem goste de merda. Há certa justiça nessas coisas. Melhor assim. Melhor pensar assim.
Seja como for, pra provar pra mim mesmo que sou capaz, escrevo uma histórinha que pode interessar quem não me interessa:
Apesar de tudo, Marina olhava pro seu marido e pensava que ele era um homem bom. Trabalhador, calmo e, as vezes, atencioso. Marina vivia sempre olhando pro seu marido e pensando essas coisas. Ela gostava de pensar escondida, dizia. A vida era boa com ela e Deus, que nunca falta, sempre ajudava.
Depois dos três filhos encaminhados, Marina e o marido compraram uma casinha na praia. Os dois tinham aquela rotina simples e calma que sempre desejaram: cuidar da casa, passear na beira do mar, beber uma vez por semana com os amigos.
Ela sempre falava pra ele: - Fomos felizes, né, meu velho? E ele, sempre esticando as pernas antes de responder, dizia: - Graças a Deus, neguinha, graças a Deus.

depois do almoço.

Um caralho imenso
nem sempre é doce.
Uma buceta apertada
nem sempre basta.

1 de outubro de 2008

sobre o problema de ter blogue.

Os conselhos que eu ouviria:

pai: acorde cedo e durma tarde. não seja um assalariado.
mãe: calma, pense bem e veja o que é melhor pra você.
namorada: a gente tem que fazer nossas coisas acontecerem.
irmã: pô, fê, pra você é tudo mais fácil.
bom amigo: cara, aproveita aí. mas é foda. é foda. eu imagino.
mau amigo: deus não dá asas à cobra.
coimbra: vai tomar uma?
terezinha: você precisa ver o que você vai fazer com isso.
atriz 1: se fosse eu nem pensava duas vezes.
atriz 2: eu te entendo, Fê, mas você não pode desistir. é isso que eles sonharam.
atriz 3: olha, cedo ou tarde você vai ter que ralar. é melhor abrir o próprio negócio, se você tem essa chance.
maria: faça um livro.
ramon: quero comer tua mulher.
tânia: até amanhã.
desconhecido: foi sem querer.
filha: imagina!
vó: é dureza mesmo.
tia: mas você, hein?

30 de setembro de 2008

*



comendo as unhas com os dentes.



me pego pensando onde foi parar minha glória.
gênio aos 19,
grande amante aos 21.


agora,
aos 27,
jogo na megasena.

28 de setembro de 2008

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Falar mal dos outros me apraz:


  1. 1- sim sim, dona mocinha. sua força é demais e sua espontaneidade foi forjada com suor demais. ai meu deus! pare com isso e apenas seja. seu mau humor tem o charme de uma abelha rainha morta. e eu nunca vi uma abelha rainha morta. entendeu a sacadinha?

  2. 2 - a regra é clara e diz respeito a todos nós: criar bordões pra tudo é sinal de falta de criatividade, ou pior, de necessidade de ser lembrado a qualquer preço. pense bem sobre isso e pare de tratar todos como se todos fossem iguais. eles não são e sabem disso.

  3. 3 - sua simpatia é claramente um sintoma de medo da vida. só com muito medo mesmo pra achar que ser simpática sempre é condição pra ser amada. é mais fácil ser amada sem oferecer nada do que oferecendo tudo. é mais honesto, pelo menos. e honestidade é, enfim, um discurso coerente com sua ascendência de nova cristã.

  4. 4 - gostar do que se faz é uma coisa. levar à sério o que se faz é algo completamente diferente. e achar que o que se faz é o que deve ser feito é uma terceira coisa mais específica ainda. saber que essas três coisas existem é sinal de inteligência. e inteligência é sempre bom.

  5. 5 - fazer de conta que você é quem você diz ser pode ser legal e divertido. se forjar com textos, fotos, hábitos ou músicas é legítimo e pode render uma mentira realmente interessante. o problema é a confusão. o risco de se olhar no espelho e acreditar que realmente seus cabelos são loiros e compridos.

  6. 6 - ser engraçado e divertido não tem nada a ver com ser inteligente, artista ou perspicaz. ser engraçado e divertido é mais uma maneira de se sentir bem. e se sentir bem é o que qualquer idiota deseja, inclusive você.

  7. 7 - a liberdade é uma ideia e não uma condição. é como se uma formiga pudesse ser cigarra. é merda velha e repetida porque é algo importante, mas não é, afinal, algo que seja resolvido.

  8. 8 - reclamar é um estilo de vida que se escolhe e se decide. só se reclama pelo prazer da reclamação e só se sofre pelo prazer do sofrimento. daqui trinta anos teremos tudo e bateremos na mesma tecla. se repetir é o mal do qual a gente foge. e fugir é coisa de quem não tem pra onde ir.

  9. 9 - o charme só é possível com a indiferença. sendo sempre o mesmo com todos não há charme que resista. é claro que disfarçar a realidade é razoável e eficaz, embora óbvio, já que é o que todos fazem. dar adeus pra alguém no caixão é tão doce quanto trepar com uma pessoa pela primeira vez. na chance um o mundo acaba. na chance dois ele começa.

  10. 10 - ter um blogue é o máximo da doença virtual. de resto: sexo, buceta, pau no cu. ou ainda as palavras chaves que fazem teu blogue ser achado no Google: gordos trepando.

26 de setembro de 2008

-/-

(um rescunho do velho anotandoteatro que vi e gostei. merecia um fim, mas não se pode ter tudo.)
Arranhando minhas costas essa louca me comove. A cara de desespero que ela faz enquanto a gente trepa é uma das coisas mais belas que eu já vi em minha vida. Ela gosta de me morder enquanto beija. Ela se esforça pra abrir suas pernas curtas e frágeis. É o esforço dela que me agrada. É o suor que ela gasta pra estar perto de mim que faz com que eu a veja como eu a vejo. Ela quer que eu seja uma coisa que eu não sou e acha que pode me convencer disso. É essa ingenuidade que me prova sua fraqueza de fêmea.
E eu sempre gostei de fêmeas fracas, não é?

24 de setembro de 2008

era pra ser outra coisa.

Mamãe me diz o que devo fazer.
Namorada idem.
Essas mulheres me incomodam.
É que sou antigo e me influencio
pelo o que as donas das bucetas dizem.
Por uma eu entro e saio
e quero ter filhos.
E pela outra
eu já saí.
É
que
é
sempre
complicado
se
decidir.

23 de setembro de 2008

1000 sacadinhas.

quem é que aguenta o milagre ocorrendo em cada esquina?


1 - sorriso demais não cola e ainda menos se o sorriso é sempre o mesmo.
2 - ter uma garota gostosa me olhando me encanta também, mas me encanta mais eu não me levar à sério.
3 - depois de tudo bem pensado eu berro pra mim mesmo: fernandinho, sua desgraça é quase charme.
4 - melhor ter 5 dedos do que ser presidente e ser o Lula.
5 - minha euforia é uma forma discreta de falsidade. pega bem se sentir muito bem e depois muito mal.


mas sou versátil e também conto histórinhas, ou melhor, micro-contos, que é bem sacadinha e pop:


ronaldo vivia bem com a mãe até conhecer lucina. ele tinha disposição física e trabalhava em dois turnos. era um homem feliz. um dia lucina, sempre muito sexy e ambiciosa, perguntou: - é só isso que você quer da sua vida?
depois desse dia ronaldo nunca mais foi mesmo. deu pra beber e morreu antes dos 30. sua mãe, chorando pelo filho preferido, não foi ouvida quando disse: - o mal dele foi a lucina.


e como nessa noite de 2° feira estou fodão e insuportável também faço diálogos:

(numa festa)
- a gente precisa se amar mais.
(ela dá um beijo estalado nele)
- meu deus! meu deus! você não entende nada mesmo!
- o quê?
- como o que?
- esse beijo? o que é isso? o que acha que seja isso?
- mais amor. mais beijo. eu te amo. eu te beijo.
- mas meu deus! que merda é essa?
- você é chato! parece uma mulher!
- mas é disso que eu tô falando, meu deus!
- disso? do quê? do beijo?
- não, não, não...
- olha aqui...eu só quero que você seja feliz, tá legal?
- feliz???
- é sim. feliz. qual o mal nisso, me diz? qual o mal em eu querer que você seja feliz? e não me venha com aquele papo velho de que ninguém é feliz...
- ah...então é assim? você diz que meu papo é velho e que nem devo falar nele? é isso? você acha que REALMENTE alguém é feliz???
- claro que é. tem um monte de gente que é...
- quem é feliz, me diz? me diz agora! quem é feliz?
- porra...sei lá...a roberta é feliz!
- a roberta?
- sim, a roberta!
- mas como ela é feliz! me diz! ela não é feliz. você mesmo disse que ela vive querendo achar o amor da vida dela, que ela é cheia de divida e que tem um filho que será viado. me diz: a roberta é feliz?
- pô. sei lá. a gente tá só numa festa, só isso. eu só te beijei porque a gente tá numa festa...que saco...que saco...eu tava só tentando relaxar, esquecer....
- ai, de novo isso. de novo você vai dizer pra eu relaxar...
- mas é claro. você nunca relaxa...
- ah...tá!....então tá...esse é o grande problema. eu nunca relaxar é o grande problema!!! pronto!! bem simples!!! como você gosta!!!
- ah!!! que saco!!! a gente tá numa festa! você disse pra eu te amar e eu te beijei! só isso, meu deus! só isso!!!
- é, é. você tá certa! como sempre! parabéns!!! você é mesmo muito feliz!!!!
- porra...eu não disse isso...eu só te beijei, SÓ isso...
- então tá! a gente encerra o assunto! simples! bem simples!
- é! melhor! a gente encerra o assunto!
(os dois ficam em silêncio. os dois tentam 'curtir' a festa. um casal dança na frente deles. os dois riem ao mesmo tempo. ela diz:)
- é, eles não são felizes...
- é...mas talvez sejam, né?
- talvez...mas acho que não.
(ele ri alto e ela olha pra ele. vêem o casal que dançam com a mesma atitude de antes. ela pega na mão dele e diz:)
- vamos embora?
- vamos.
(os dois saem e o casal ainda dança).