30 de agosto de 2010

minha santinha.

A única Balzaca que importa
dança e comemora
longe de mim
como nunca.
Minha melhor
invenção,
a ternura
mais fina
na carta
futura.

27 de agosto de 2010

pra entender o mi-mi-mi

Ficou uma azia. E também um gosto velho na boca. O mundo chato. O mundo chato e besta em suas eternas repetições. Eu me repetindo diante do mesmo furacão.
Não há comoções ou delírios. Há insistência na própria loucura. E não vejo graça nessas loucuras. Que tenho a couraça fraca e me abalo. Que tento entender o que não é pra ser entendido.
Fiz o que pude. Ignorei as ligações, bebi as cervejas e até mandioca eu fiz. Mas há essa paisagem e esse disco arranhado. Um corpo que resiste e empurra depois de puxar e dizer sim.
Sejamos amantes, sejamos amigos, sejamos primos. E a confusão parece um fetiche sem sentido e sem descarga sexual.
O Budão Gordo se chama Sidharta Gautama, ela disse.
Minha culpa, minha máxima culpa.
Deveria ter previsto o óbvio.

25 de agosto de 2010

Budão, blogue, punheta e outras jogadas.

Volta e meia escrevo com papel e caneta/lápis. Não acontece muito, mas acontece. Geralmente nas beiradas dos livros que levo pro bar. Sou um tipo de idiota que leva livros pro bar. Isso, claro, quando vou beber sozinho. E bebo sempre sozinho.
Gosto de ficar no bar bebendo sozinho: uma cerveja, duas páginas lidas e três bundas que passam.
Eu mesmo, muito prazer.
Noite dessas peguei um caderninho que eu tinha comprado pro mestrado e escrevi nele. Raciocínio de índio gordo: meu computador não tem internet aqui / escrever é vício as vezes / nas aulas do mestrado nunca anoto nada de fato / caderninho bonito de capa dura e preta / escrever combate o tédio e pode até substituir a punheta.
Daí que nesse caderninho tem um treco legal. De um lado minhas ânsias de santo: F., se escreveu aqui é pra ficar aqui. De outro minha tara substituta de punheta e outras jogadas: atualiza o blogue, atualiza o blogue.
Então lembro do Buda gordão e machista me dizendo: caminho do meio, ponderação, blá-blá-blá.(O Buda gordão e machista me toquei a pouco. Com a autobiografia de uma mulher que tô lendo. Nunca tinha ficado tão claro o quanto o "Oriente-Exemplo-Pra-Mulheres-Moderninhas" é machista. Mulher apenas geme e, de preferência, baixinho e dolorido como uma gueixa. Budão Safado! Nem casou, o espertinho!.)
Com o Buda à tira colo faço mil planos imbecis: atualizo o blogue falando sobre atualizar o blogue, o escrito treco-legal do caderninho deixo programado pra quando estiver em Sampa e, finalmente, nem toco punheta nem nada - apenas whisky e cigarrinhos.
(Será que o Budão, cheio de machismo galante, me recriminaria pela fumacinha?)
Seja como for, meus conflitos estão resolvidos.
Termino minha bebedinha e lembro da bundinha cheia de suor que voltava da academia. Ela era gostosa, mas não era bonita... vai entender.
Ah, se ela me desse... Ah, se Budão bebesse comigo no Coimbra... Ah, se a pornografia fosse menos violenta e o sexo mais simples...Ah, Ah...
Bem que podia ganhar na MegaSena e me desprender... Ah, que se desprender é tão bonito... Ah, que eu adoraria descobrir que tenho um filho de 9 anos... Ah, se a garota do sul me quisesse em Manaus...
Ah, nem Budão nem MegaSena...
Ah, eu...
Ah, eu mesmo...
Ah, muito prazer...
Ah, garota do sul...
Ah, diz que volta...
Ah, nossos filhos sem nome...

24 de agosto de 2010

a moça do bar.

Esperança depositada no bebêzinho que morreu antes da hora. Os olhos bem abertos e o sorriso frouxo que aparenta sempre dizer adeus. A ternura é um laço no pescoço e as mãos, magras e frias, gostam de acariciar os vira latas. Ela não liga quando a gata prenhe que caça ratos no pé-sujo se roça em suas pernas.
Bebe sempre uma cerveja e dois velhos com limão. Toda noite, toda noite. Melhor do que os remédios pra dormir, ela disse.
Ontem mesmo ela me perguntou se eu tinha filhos. Foi quando falou do bebêzinho morto. Agora entendo porque ela tem aquele sorriso que sempre diz adeus.

22 de agosto de 2010

Olhando pro céu.

A cabeça cheia de merda e também sangue e massa cinzenta.
A vida inteira - passando e indo pra frente. Seja lá o que isso for.
Tem também os videos do youtube ensinando como viver melhor, como ser feliz e outras bobagens do tipo. Todo velho, ao ser questionado sobre a morte e a idade, faz ares de sábio.
Uma vez vi um velho falando mal da morte e da velhice. Não lembro quem era, mas era um velho famoso (Paulo Autran?) e ele dizia de como era ruim o corpo fraco e a morte eminente. Parecia sincero e muito mais sábio do que os outros velhos.
Ontem, por acaso, encontrei com A. Falei da minha peça.
- no domingo tô aqui. no domingo nunca tem nada pra fazer. não que hoje tenha algo pra fazer.
É por essas que gosto de A. E pelo mesmo motivo prefiro o velho que falou mal da velhice.
A vida é muito mais idiota do que gostaríamos que fosse.
O que não quer dizer que a vida seja ruim ou que não haja as grandes euforias de plenitude.

21 de agosto de 2010

O sexo era uma bela distração.

E haviam também as macarronadas de domingo e o Toddy, doce e quente, nas noites de inverno.
Quando chovia fazíamos pipoca.
Tínhamos o costume de dizer "eu te amo" um para o outro, mas nem era o caso.
Era só que namorar há tanto tempo e não dizer "eu te amo" parecia estranho.
A gente dizia:
- te amo.
- também.
Vivíamos bem. Gostávamos de ver os mesmos seriados americanos e o sexo se tornava cada vez mais conveniente.
Só que um dia ela queimou o alho do molho da macarronada. Eu achei sacanagem aquilo. Eu só tinha pedido pra que ela dourasse o alho que o resto eu fazia.
No meio da minha revolta eu a chamei de burra.
Daí foi ela que se revoltou:
- na verdade, eu nem te amo.
Não consegui me segurar:
- eu sei. eu não te amo também. a gente sabe.
O 'a gente sabe' foi desaforo, segundo ela. Berrou:
- QUER DIZER QUE SOMOS HIPÓCRITAS, É?
Nem esperou eu responder. Bateu a porta e nunca mais voltou.
Eu fiquei triste. Acho que ela também.
Mas fazer o que? Tentar voltar?
A gente nem se amava, poxa...

19 de agosto de 2010

um tesãozinho de fim de tarde.

Meu caralho tem olhos e julga o planeta.
Julgar é julgar. Julgar não é ser justo.
Estou na roda e julgo:
por prazer, tédio, incapacidade e etcs.
Meu caralho tem olhos, eu repito.
Sou uma criança legal e bem disposta.
Não trago vermes na barriga, mas, mesmo assim, tomo minhas vacinas.
Eu me protejo, oras.
Tô no mundão e me protejo.
Justiça e decência não combinam.
Por isso eu cago regras, tipo:
- ser tratato por apelidos é fetiche cheio de recalque.
- ter pseudônimo só faz sentido em ditaduras.
- inventar uma alcunha de efeito é afetação com máscara e canalhice enrrustida.
- (e só valem os canalhas declarados, a gente sabe.)

Coço minhas pernas e pego meu táxi.
Isso. E apenas isso.
Mais o julgar prazeroso e bestial.
Eu tô no mundo, eu vejo o mundo, eu até participo do mundo.
E já que eu penso, eu julgo
o que não quer dizer que eu esteja certo.

18 de agosto de 2010

são contas: mais cinco reais pelo black&white.

As belezas são minhas e eu as invento.
Por isso me sinto bem.
Não tenho a ambição do cara do orkut que diz: - quem não gosta da própria vida é porque não vive.
Eu vivo.
E gosto e desgosto - o que só me confirma que "sim, sim, eu vivo".
Que o excesso de amor pode ser desespero, que o eterno otimismo pode ser doença, que o hábito de resmungar pode ser insuficiência cardíaca.
Então repito arrogante: eu vivo.
Meu mel e minha merda. Meus anjos e meus demônios. Meus delírios e minhas dores.
Eu vivo.
Vejo gente por aí, ganho uma merreca no gringo do J. Botânico e, às vezes, consumo a pornografia da Internet que insiste em fazer de todo ato sexual uma disputa de poder. Como se todo sexo fosse competição, como se tudo pudesse ser explicado, como se a morte - por ser inevitável - fosse compreensível.
Hoje - e só hoje - há as castanhas gordas presenteadas pelo meu bom amigo. E também a certeza de que o que eu gosto de fazer é o que faço melhor - o que, infelizmente, não tem nada a ver com ser bem sucedido ou estar satisfeito.
É apenas a vida e eu vivo. É o que eu faço e consigo fazer.
E, mesmo assim, isso não me impede de lamentar pelo fato de ter um bom tempo que não tenho uma paixão da boa...

14 de agosto de 2010

Chatos espalhados.

A bondade infinita cheia de caras e bocas. Dizendo ''olá'', ''como vai?'' e coisas do tipo. Tudo certo. Sou leegal e enteendo tuudo. O mundo tem lá suas formalidades e somos educados. Dizer ''olá'' e ''como vai?'' é quase inocente...
Mas os chatos estão à postos e são simpáticos. Fazem de conta que não estão apenas na formalidade. Insistem, como bons chatos, em serem muiito sinceros.
E, dentro da fogueira vaidosa chamada sinceridade, os chatos põe suas manguinhas de fora e usam a sinceridade como desculpa para qualquer imbecilidade que seja dita.
Pode ser um garoto de rua ou uma mulher-promessa-de-foda-milagre. Os chatos se parecem. Eles se repetem e têm consistência. Sabem sempre ser leegais e dizer coisas estúpidas parecendo sinceros, ou pior: verdadeiros.
Então fico só e evito quem eu acho que devo evitar. Eu, chato também, mas sem alugar ninguém com a minha chatice. É a tal proteção. Meu muro de dois gumes que, por um lado, me compromete as mulheres-milagres e, por outro, possibilita a certeza de que não perderei tempo em 'interações' que apenas aborrecem.
Por isso vou ao bar para beber e ler. O livro, se chato, é fechado e não me cobra atenção. E o porre, bem, o porre quase sempre me agrada.
De forma que concluo que nessa sexta-feira 13 tive o melhor 1 à 1 que poderia ter.
Acho que foi o Zagalo que disse essa ótima frase: - que empate o melhor.
Hoje, eu concordo.

11 de agosto de 2010

declarações de amor cheias de elegância paulista.

  1. Os comentários do último post que me deram vontade de escrever um novo post que não escreverei agora, mas escreverei depois.
  2. O bom amigo com histórias e euforias sinceras.
  3. A ternura na bêbada mais triste do bar e a certeza de que só eu reparava nela.
  4. O fim da caganeira e o ceú que eu pinto de roxo por fetiche e pau duro.
  5. As crianças que ainda jogam bola na rua e desafiam os carros da Rua da Passagem.
  6. O convite à família religiosa com quem divido elevador há dez anos.
  7. A caiçára mais linda do nordeste que me fritará os supracitados bifes.
  8. O tédio como território de transição e as meias penduradas no varal.
  9. A pizza que sobrou e a bênção do forno à gás.
  10. O fim da música que coincide com o fim da cerveja e do cigarro.

9 de agosto de 2010

As mulheres calmas com vestido de algodão que meu tio Buk me falou ficaram todas no exílio.

Agora elas andam com pressa e têm a maldita auto suficiência como dogma. Nem entenderam que a 'auto suficiência' da Marina Colasanti era objetiva e queria dizer apenas 'auto suficiência financeira'.
Elas radicalizaram. São tão auto suficientes que não precisam de nada e de ninguém. São todas órfãs - com pai ou mãe vivos, tanto faz - são todas órfãs.
Gozam sozinhas, trepam sozinhas, cozinham sozinhas, ficam doentes sozinhas, trocam lâmpadas sozinhas. E até falam sozinhas quando conversam com você.
Um dia, por puro acaso, pedi pra uma órfã auto suficiente: - me frita um bife? E ela me disse das opressões que seu sexo sofria, dos abusos que havia sofrido, da mãe que era traída pelo pai e de como os homens com os seus pênis achavam que podiam possuir tudo.
Eu insisti: - mas mesmo assim, me frita um bife?
Ela subiu nas tamancas e disse que eu era machista, que eu era um crápula, que era o mimadinho que queria ser servido, que eu não aceitava a 'nova mulher' e que o bife era o ícone de todo meu machismo enrustido. E ela ainda bateu a porta da minha casa dizendo que eu era ''mais um porco machista".
Eu queria um bife e achava coerente pedir isso à ela. Ela tão linda e gostosa, ela que dizia que gostava muiiito de mim. Pensei, inocentemente, que eu poderia, com ternura, pedir pra ela me fritar um bife. Mas ela não disse sim ou não, ela apenas me xingou com acusações da década de 70 e bateu a porta.
Contentei-me com salaminhos cortados por mim e salpicados com limão.
Até hoje, antes de dormir e depois da oração, lamento comigo mesmo: - era apenas um bife, era apenas um bife...

O pau sem mira, mas a vida boa.

Acordo tarde e quase sem culpa. (sentir culpa é tão reconfortante...). A TV tem tela azul e nem interessa. A Internet, além da tela azul, tem uma oferta incrível de pornografia.
Toco punhetas para todas as homemades e penso em juntar dinheiro para comprar uma máquina digital. (nunca tive uma máquina digital...). Se eu pudesse escolher, me apaixonava por uma mulata: coxa marrom e buceta rosa, o inferno à cores.
Desço e vejo gente. Gente. Gente é legal, gente é comum, gente enche o saco. (ser eu mesmo enche o saco...) E, de novo, tive um sonho estranho. Não lembro como foi. Mas lembro de acordar e pensar: de novo um sonho estranho.
Agora voz de mulher na vitróla e meu pau mole balançando sem ficar duro ou mesmo ter mira. Mira pro pau é tão importante, disse um ex professor canastrão que tive. Mesmo canastrão, ele tinha seus momentos.
Domingo à noite, uma ligação perdida no celular e nenhuma buceta-mira pra ajudar à dar sentido pras coisas. A pizza tá no forno e cheira bem. (definitivamente não entendo quem tem preconceito contra a carne dos porquinhos...).

8 de agosto de 2010

Com platéia.

Se for assim, se ficar assim, fica tudo mais fácil. Sonhos intimidados que voltam com mais gosto. Que sonhar é bom, mas cansa. É franco: sonhar cansa.
Mas o teatro estava lotado e eu me sinto muito bem obrigado. Sou a putinha mais terna do oeste e faço boquetes com dedicação e alegria.
Sendo sempre assim - ou quase sempre, pelo menos - eu viro um hippie, desses que falam sobre pensamentos positivos e coisas do tipo. Serei seguro , dono de mim e acreditarei nas ações individuais. Berrarei para todos: - mundo fluído, saca?
Talvez, então, até comece a frequentar as praias sujas da Zona Sul Carioca.
E por essa satisfação egoísta e passageira encerro por aqui.
Conheço-me bem e sei que fácil fácil faço uma nova piadinha auto destrutiva...
Deixa pra lá.

7 de agosto de 2010

Amorzinho gostoso no fim de tarde.

Então há os dedinhos que giram em cima da cabeça e parecem dizer algo, mas apenas parecem. Gosto cada vez mais do que sempre gostei. Repetir-se até virar quem se é. A coisa bem melhor dita pelo bom Leminskão: "Isso de querer ser quem a gente é, ainda vai nos levar além".
E eu rezo. Antes de dormir, eu rezo. Quer dizer, não rezo, mas é como se rezasse. Teatro feito pra fora e que tem mais a ver com a brincadeira de fazer teatro do que com o teatro sagrado que denuncia a vaidade velada dos seus padres-fazedores.
Teatro pra fora e vida decente. Vida decente é sentir raiva, ódio, melancolia e amor. Vida decente é a jogada toda: as merdas que não ameaçam e que são parte do pacote, as euforias passageiras que abastecem mesmo sendo falsas. Vida pra fora, teatro pra fora, gente pra fora. Que Deus me livre da vida interna que só gosta de si ou que nunca gosta de si.
Então cago com meu cigarro na boca e penso na vida. Pensar e cagar, vislumbrar as mulheres lindas que me arrancarão de mim, lembrar das belezas que passaram sem ternura e imaginar a mulata com a lordose mais linda do mundo me chamando de branquinho.
Apenas isso e também outros milhares de coisas que nem escrevo agora. Como o relógio biológico da minha amiga querida ou a ânsia por paz de outra ótima amiga.
A vida, as coisas e o teatro. Que seja pra fora é a minha reza. Pra fora não por tentar achar algo escondido, mas porque estamos aí e continuamos, porque nossa teimosia tem charme e ternura, porque, apesar das merdas, o ventinho chega no rosto e é capaz de nos acalmar.

5 de agosto de 2010

Meu reino do Hortifruti e frio de 20 graus no Rio de Janeiro.

Nada de nada, mas há os telefonemas e aqueles montes de passeios.

Em Curitiba o frio era de 4 graus e era impossível sair de casa. Sair pra quê? Dorme-se, e muito bem. Dormir no frio é o único jeito real de dormir. Parece a morte, um apagamento e um sono pesado: sem drogas ou masturbação.
Um dia antes de voltar ao RJ tive esse sonho. Alguém queria me matar e eu fugia, teve até uma 'caatinga' cheia de espinhos por onde tive que passar e me cortei à beça. Lembro que dentro do sonho, eu pensava no Lampião...vai entender. Daí eu tava nesse hotel vagabundo onde eu me escondia. Mas, mesmo assim, eu sabia que seria morto. Quer dizer: no sonho eu tinha consciência de que provavelmente eu morreria. Mas, ainda assim, eu fugia e dizia pra mim mesmo: não posso desistir. Bonito, né? Bonito e patético. O que me impressionou mesmo foi a selva de espinhos à lá 'caatinga'.
Claro que quando houve turbulência a primeira coisa que lembrei foi: selva de espinhos. (Toda vez que estou dentro de um avião penso que se o avião cair, será normal. Simplesmente porque voar é errado. Repito: voar é errado.)
No RJ faz 20 graus e as cariocas estão lindas de bota e cachecol. Há também as pequenas tarefas e minha solidão doce e afetada. E também punhetas que não homenageiam ninguém, além cigarros e outras bobagens.
Vou, após uma soneca justa, ao meu reino Hortifruti. A maravilha de Botafogo, o único lugar civilizado de toda a América Latina: HORTIFRUTI.
As frutas e os legumes não estão bons, mas faço uma bela compra de 40 pratas. Minhas sacolas plásticas agora são culpadas pelo declínio do meio ambiente. Observo elas com pena.
Na volta lembro do casal que vi. Casal normal não fosse ela vesga. Vesga, vesga mesmo, profissional. Dessas que dão agonia por ser impossível saber de antemão qual é o olho 'bom'. Penso que ele é um grande cara. Imagino como é trepar olhando pros olhos de uma vesga e penso que ele é realmente um grande cara. Acho que eu não conseguiria...uma mulher com dois olhos...meu deus...
No mais, a música americana e o copo cheio. Penso em trinta coisas e isso não quer dizer nada. Há rosbife na geladeira e pão cheio de grãos.
Deus me ajuda, mesmo eu usando as sacolas plásticas.

3 de agosto de 2010

Minha dor era um fetiche na cabeça dela.

(Eu entendi depois, bem depois.)
Com 29 anos controlo meu esfincter e sou senhor dos meus intestinos. Isso é o que eu chamo de independência. Um homem livre precisa cagar em paz. De preferência pela manhã - para melhor rendimento no dia. De preferência em dois trôços longos.
Foi um processo doloroso. Largas as fraldas, deixar de depender da mão que vinha com o clássico berro: - manhê, terminei!
Bunda limpa sem talquinho, mas o saco ficando grande e esporrando as mil maravilhas. Não se pode ter tudo, uma pena.
Agora pé pra dentro e pulo pra fora. Um saci do Sul rumo à algum lugar. As areias do Saara e também outros delírios: estrelas enormes, neóns em praças públicas e chafarizes batizados com caixas de sabão por adolescentes descolados.