8 de novembro de 2009

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Acordo antes da sete. Lembro da infância e ligo a TV. Criança no domingo acorda e vai direto pra cama dos pais, onde assiste, com interesse médio, o globo rural. Minha mãe fazia torradas e a gente comia. Ficava eu e meu pai lá, comendo torradas e vendo o globo rural.
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Como acordei cedo, tomei café na padaria e lembrei de quando ela acordava antes e comprava abacaxi no caminhão que ficava aqui do lado. Ela voltava e me acordava com nacos de abacaxi na boca. Tão bom comer abacaxi com a boca pastosa de sono. De manhã ela era falante e, a cada naco, me contava do papo que teve com o dono do caminhão que vinha do Espírito Santo até aqui pra vender abacaxis que na verdade eram ananás. E me explicava a diferença entre um e outro que o dono do caminhão tinha explicado pra ela.
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Dia com cara de passeio, mas me falta uma boa fêmeazinha. Talvez devesse descobrir o telefone dela e fazer uma surpresa. Seria uma ousadia e tanto. Pra mim e pra ela, acho. A gente caminharia em um lugar bonito, comeria algo leve e saudável e só beberíamos sucos naturais. Um boa fêmeazinha é um perigo: penso até em mudar quem eu sou.
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Já fiz tudo e mais um pouco, mas as horas passam lentas. Agora uma geralzinha na casa e, quem sabe, uma volta pelo bairro e uma ida ao hortifruti. Nesse calor da preguiça de comer. Talvez devesse ler os livros chatos e voltar a dormir, talvez dobrar as roupas, não sei. Mais um cigarrinho e, depois de cagar, tomo uma decisão. Quem sabe.