13 de setembro de 2013

s.r.

A tristeza tão bonita das músicas do Sergio Sampaio. Uma tristeza grande e bela que até dá vontade de sentir. E dá vontade de mandar para os amigos, para o pai, e perguntar: viram que beleza de tristeza? Música que se canta alto, com voz e embriaguez; como quando eu era criança e minha irmã, a letícia e eu esperávamos meu pai para ouvir um cd (uma coisa supernova na época) do E. Gismonti tocando Villa Lobos. Era bom e era calmo. É uma boa memória de infância. Meu pai ligava uma lanterna e nos dava cigarro acesos para brincar na escuridão porque a gente desligava a luz e punha a música. As coisas, nessa época, eram bem mais simples.
-
A vida rói dentro e a vida é imensa e vasta. Não há paz. O que há é um acordo de aceitação diante da realidade. Esforçando-se para agir, para ser ação. Porque o reativo não é ruim nem nada, mas é menos vida. Vida como ação, como impulso de vida, como minha avó que cogita o passeio ao RJ porque vida ainda há, mesmo com o corpo atrapalhando.
-
Vem os dedos, vem o corpo, vem o tesão. Bichos que tateiam no escuro e gostam do tato. E ondas de calor dentro da gente. E o ventre, o baixo ventre, torna-se um lugar tão frágil e bom de passar a mão. E olhava pra ela se trocando e pensava baixinho: nunca mesmo pensei no teu marido.
-
A insistência não é uma virtude per si. Há muito de incapacidade na insistência, muito de costume na insistência. A insistência pode ser várias coisas: irmã, Deus, marido, Fé, inimigo, profissão. A insistência tende a vir da razão. E a razão, a gente aprendeu, é uma puta muito da circunstancial.
-
Te amaria sempre fosse você a mulher que sentaria do meu lado num dos pitocos que ficam na esquina da Sá Ferreira com a Av. Nossa Senhora de Copacabana. E sentaria ali e gastaria 30 minutos ali enquanto esperava alguém; e fumasse um ou dois cigarros e visse como é vasto esse mundo e esses lugares. Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil, Mundo. Assim: desse jeito: como uma câmera que se afasta e mostra divisas, mapas e planetas.
-
Aos 32 entendo quase tudo. O quase é vasto e o tudo é generoso. Quero dizer: com 62 suportarei o mundo e sua vastidão? Ou terei morrido antes? Ou estarei calmo diante desse absurdo chamado existência consciente? O mundo vem se tornando cada vez maior conforme me torno mais velho e vivo mais tempo nesse tempo-espaço chamado mundo. Ui. Ai. Essa auto ajuda sedutora que me sopra conforto.
-
uma coisa bela e terrível. Para ouvir alto. Ou ouvir sozinho. Ou ouvir pensando coisas muito pessoais e restritas.
http://www.youtube.com/watch?v=J9N2zPyCaB8