12 de março de 2014

s.r

de delírio e invenção. (trilha sonora: renato corosone)
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  • com L aprendi que pressa come mal e cru. e L tinha ótimas ideias, mas falava mal e puxava o s. vendo agora, distância estabelecida, digo: duas crianças que desejam mamãe e papai não formam uma boa dupla. L me disse algo que levo: esse papo de nostalgia é uma tremenda tonteria. 
  • P ensinou a vida real. quase confundi. quase cogitei a normalidade como sentido de vida. claro que bem mais P ensinou. mas seria covardia: o primeiro amor ensina tudo, para o bem e para o mal. 
  • D foi a mais generosa de todas. a única cristã que conheci, por assim dizer. tolerava tudo. D tinha essa capacidade de abnegação que pode virar amor. ela se sacrifica por você. você começa a admirar o sacrifício feito em sua honra. 
  • C foi bem e belo tesão. mas aprendi apenas depois, bem depois: tudo morre; morrer na hora certa foi o que faltou. morremos mal. a má morte, depois da hora certa, estragou muita coisa. a arte de ter mortos precisos e preciosos foi o que entendi depois, bem depois. pena.
  • M me lembrou apenas o que era ruim. ela trazia o peso que eu já tinha. peso 1 mais 1 e 2 quem aguenta? M me confundiu com o primeiro e eu não tinha generosidade alguma na época. fui mau. e, mesmo agora, parece-me decente ter sido mau. ela precisava de mim mau. mas não foi por isso que fui mau. foi por prazer vulgar: ser mau porque podia ser mau. 
  • N teve vantagens imensas. buceta grande, mentira na ponta da língua e eu um garoto de 17 ou 16 anos. N era uma anta que me educou e deu coragem. N mentia pra mim e eu acreditava feliz: teu pau é imeeennssooooo, ela dizia. 
  • H nem existiu, mas existiu. é parte de um ideal e de uma percepção de solidão e desejo. H é como a possibilidade perfeita. importa mais a possibilidade que a perfeição. H nunca entenderá muito bem o fato de eu ter um blogue e ter nascido no primeiro ano da década de 80. cogito H ter sinistras semelhanças com M. 
  • D foi a criança que não mimei. tinha lindos dentes de cavalo e um corpo magro e uma maquiagem que lembrava uma puta dos filmes da década de 80. cogito que D sumiu por um único motivo: descobriu meu ronco. 
(make me sway)