23 de outubro de 2009

freak-me.

o
que
me
irrita
é
que,
além
de
esperta,
ela
parece
bonita.

é
que
quando
beleza
fora
de
uma
garota
esperta,
eu
morro
de
medo.
ou
feia
e
esperta
ou
bonita
e
burra
se
não
é
bem
capaz
de
eu
tomar
uma
surra

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A bêbada triste chorava no bar. Tava vestida como homem: bermuda de surfista, camiseta preta, cabelo curto e com manchas amarelas.
No inicio achei que alguém tinha morrido. O bêbado eventual que é mecânico e que a acompanhava tentava a consolar com o verso de uma música do Vinicius. Era um verso bonito que me chamou atenção porque me lembro do meu pai cantando ele.
Depois entendi que nem era dor de morte. Acho que perdeu o emprego e, pelo que entendi, por culpa da filha da patroa. Ela disse que vai matar a menina. Talvez mate mesmo, mas acho que não.
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Em bar tem, as vezes, um nível de decadência real que se vê. É estranho porque eu estou lá e penso que talvez, a única diferença, seja minha idade. Sou mais novo que eles.
Seja como for, voltei pra casa antes. Gosto de ver a vida alheia e pensar nas minhas coisas. No bar é esse meu tesão. Vejo e não participo, prefiro assim.
E hoje, aquele choro e aquela decadência, foi demais pra mim. A dor dela era real, mas besta. Muito provavelmente a filha da patroa deve ter razão de não gostar daquela mulher: um tipo ruim de ver, que parece grávida, mas não tá. Os olhos eram apagados e tinha um choro grosso, chato de ouvir.
E a loucura, a loucura da vida real, é que a dor daquela mulher, pra ela, era tão grande quanto uma morte.
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Há qualquer erro nisso que eu pressinto, mas que não consigo desvendar. Sei lá. Acho que se chora pelos motivos errados, que se ri por falta de assunto e que se diz 'não leve a sério' por temor.
O parque de diversão é apenas a reunião de um monte de brinquedos divertidos.
E cada um tem o seu preferido.