9 de novembro de 2012

Tenho um bourbon de 70 pratas contabilizado como presente da avó.

há muita confusão. E isso é normal. E tudo é normal. E há muita coisa errada. 
-
Sempre, ou quase sempre, as dores e as glórias vêm do mesmo lugar: vaidade disfarçada. Há muita vaidade em estar no topo do morro ou no fundo do poço. E a confusão, sempre esperta, tá no meio do caminho. Vaidade, a bruxinha que el bigodon me deu e com quem, em noites inúteis quando planejo maravilhas, faço amor.
-
Ela poderia ter uma buceta mais ostensiva. Buceta dessas que cismam(?) comigo e ameaçam: vou te comer. Sinto falta delas porque elas já existiram. Rendiam histórias e causos pra contar. Como uma que chorava e achava um absurdo eu não amá-lá. Ela tinha razão e sua buceta estava ali, sempre ali. E foi bom porque bom é e é bom. E, vá lá, amor, hoje em dia, nasce com a repetição do sexo. As cartas dos antigos amantes eram mais simples. A gente gosta da nostalgia. 
-
A cor bonita do bourbon. Os pequenos estalos que o gelo faz. O gelo geme e o líquido é tragado: deixado no céu da boca antes de ser sorvido. Sempre lembro que canos de cobre transportam o álcool quase puro (98%) para o tanque de carvão. Acho que é isso. Gota à gota e tanques gigantes. A mesma formula e água de uma fonte única. O barril queimado, bem queimado - e o segredo parece estar no barril e no jeito que é queimado.  E há quem acredite que a felicidade surja em 'horinhas de descuido'.
Meu puta porra / Meu trocadilho engatilhado / E ela demora no banheiro / Suponho que esteja cagando.
-
Uma Dalila pela frente. Ela tem 15 páginas, se não me engano. Penso nela, mas me recuso. Estou aqui. Quero fazer. Sou o animalzinho bíblico que se orgulha do próprio suor. Fiz 8 flexões de braços hoje. Pensei que aumentar as costas é mais fácil que perder a pança. Peguei um alteres de 2 kg que tenho e criei um tipo de exercício. Olhei-me pelado no espelho e lembrei das mulheres que me amaram. Que disseram que me amavam, que acreditavam que me amavam. Tanto faz. Meu exercício é meio dança e meio gay. Não sei. 8 flexões e meus ombros de fisioterapia: mundo louco.
-
A maldição das fotos. A maldição do facebook: ver o que não se quer. E perco muito tempo. E perdemos todos. Tão precioso não ter a vida como um livro aberto. Se fosse o da Costa ou L ou M, diria: falta campo de ação para as subjetividades. 
-
É uma agonia fina. E íntima, terrivelmente intima. Não é tudo que pode ser compartilhado. Sente-se em solitude (aprendi com fran-fran essa palavra) a agonia fina. E é bonita essa agonia. E até há desejo de dividi-lá. Mas não dá. É impossível. Intima, terrivelmente íntima.   
-
Tarefas de amanhã: pequenas conchinhas. E metas para um futuro brilhante. Não se trata, todavia, de manter a chama da esperança acesa. Isso é coisa de quem acredita em felicidade. Eu não. É mais simples: coisas pra fazer. Correio e papelaria, por exemplo. Uma ou duas laudas, outro exemplo. Lembrei do comercial que dizia 'matar um mamute por dia'. Era um comercial eficiente e perverso como são os bons comerciais. Não é necessário matar mamutes, mas, sem cuidado, eles te convencerão que não há carne fresca no supermercado e que o sucesso (seja lá o que isso for) depende apenas de você... Coisa de criança isso de achar que fazer sua parte é suficiente... Como se sorte e grandes jogadas não existissem.