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6 de abril de 2012

de todo o resto.

Falava de amor e novidades. Falava de tudo. Dizia que tudo mudava, que o mundo era enorme, que a intensidade doía. Explicava os astros e dizia que, mesmo sem saber, eu era uma pérola, um deus, um escolhido.
Me mostrou suas mãos e me explicou porque era assim, porque vivia assim, porque acreditava assim.
Gostava de homens, de mulheres, de flores, de cidades, de passarinhos, de ricos, de gente, de bairros pavimentados com árvores, de praias, de cinemas, de bares. Gostava de tudo.
Me explicou sobre saúde, sobre alimentação, sobre os índios esquecidos da Austrália. Disse não ter país, não ter lugar, não ter plano de saúde. Riu. Achou tudo que disse engraçado e riu.
Eu ri também.
E nos sarramos, e nos beijamos, e íamos trepar, mas meu pau não entendeu e ela disse seus clichês de mulher descolada: "não me importo", "super normal", "acontece".
Disse meu clichês: "nunca me ocorreu", "que merda", "a culpa não foi sua".
Mas a culpa - se culpa havia - era dela e eu sabia.
Mania de fêmea por cima, mania de fêmea 'levanta que eu corto', mania de fêmea de mil posições. Mania de fêmea meio macho antigo, que acha que estar no controle é estar bem.
(Lembro de um bom papo de bar, onde, ouvindo os outros, homens e/ou mulheres, cheguei a conclusão que toda brochada é culpa do outro, uma vez que mulheres também brocham, e que sempre, e sempre e sempre, antes da brochada em si, há um erro claro e transparente que, como sempre, jamais é percebido pelo 'errador')
Nosso hasta, nosso quem sabe, nosso eu te ligo. A discrição é uma arte e os travestis são confundidos com mulheres em lojas de sapatos femininos.
Meu amorzinho / meu tesão
eu não te espero
mas finjo que sim.
Aprendi:
é conveniente viver assim.

1 de março de 2012

caderninho

Quero ver as coxas de Natália e quem sabe apertar seus bicos de teta. Que das poucas mulheres que tive, apenas uma realmente gostava de pressão nos mamilos. A grande maioria roçadas, lambidas, chupadas e mordidas leves. Nada agressivo como os filmes pornôs insinuam, embora tapas e puxadas de cabelo sejam aceitos com facilidade pela mais pudica das mulheres.
Mas Natália é católica praticante e isso, a gente sabe, melhora muito o sexo. Porque existe a certeza de que o inferno existe e sexo, quando bem feito, tem essa profunda relação com o inferno. Diabos que fazem ondas pelo estômago e contrações que espetam como tridentes.

22 de novembro de 2011

'só falta de sorte.'

O amor era um detalhe e ela não existia, mas, mesmo assim, passeava pelas calçadas de Copacabana e repetia pra si que um dia amor havia existido.
Ao mesmo tempo em que chorava, achava a vida boa. Tinha estilo. Tinha um otimismo irritante. Tinha o único dedo que me fez fio-terra.
Amor é bom porque daí a gente trepa sem camisinha, eu aprendi ao assistir Sex and The City. E meu papo era bom e variado. Sabia tudo, ela achava. Deus abençoe a TV a cabo e os nossos pecadinhos.
Música, porre e piada barata. Eu conquistava mulheres como ela e ficava cada vez mais triste, cada vez mais gordo. Linda demais, livre demais, leve demais. Eu ria.
Ria e ria e ria. Ela concordava e eu era o amor pra sua vida.
Filhos, móveis retrô e café da manhã com mamão para os intestinos. (E se não falo sobre peidos reprimidos é porque sou discreto).
Veio o natal, veio o ano-novo e eu pensava em coisas erradas: caminhões, Argentina, Norte do Paraná e caronas que não levavam à lugar algum.
Adeus, coração - foi ela quem disse.
Peido preso e eu te amo também.
Até logo, até breve, até daqui a pouco e até nunca mais.

12 de novembro de 2011

tão linda com sua cara tímida.

Eu pensava em amores, em delicadezas incríveis, em paixões movidas a esforço de vontade.
Ela linda e protegida. Sua máquina, seu mundo. Os sapatinhos baixos que tinham tudo para serem bregas, mas não eram.
Ela me falou sobre os "Rolling Stones" e riu quando fiz uma piada idiota. Poderia me apaixonar, poderia ser feliz pra sempre, poderia a levar em um show do Erasmo Carlos.
Pequena, quase gorda e com um tipo de sorriso que me comove. É estúpido e sem explicação. Tinha também o queixo meio pra frente, algo que sempre retorna nas minhas ideias sobre beleza e mulheres lindas.
Falou seu nome, me adicionou no facebook e virou curtidora de minhas frases tristes.
Pensei em amor, em destino, em filhos de férias em casas de campo.
Uma foto, duas fotos. Eu mais gordo do que deveria e ela sem nunca aparecer. Pensei em mortes repentinas, em gente que trabalha todo dia de 8 às 18:00, em assistir o Faustão para ouvir a opinião da Suzana Vieira sobre o sexo após os 60.
Um dia, uma semana, um mês. Medos de velho e novelos no umbigo por causa das camisetas de algodão.
Ela acharia graça, eu beberia menos e nós dois... ah... nós dois seríamos minha mais séria invenção.

28 de setembro de 2011

  • O pau como uma maneira de preencher vazios alheios. Sou um cristão e sou legal. Eu dou, eu dôo, eu gosto da ideia cristã que o Z. Ramalho sintetizou tão bem: "e dar muito mais do que receber". Às vezes é simples. A exigência é pouca e qualquer pau duro pode causar comoções. Eu topo, eu preciso. E sou generoso também. Uso dedo, uso língua e, em manhãs inspiradas, levo café na cama e acordo com a voz baixa e a cortina semi-aberta. Preencher vazios alheios com o pau... Todos ficam satisfeitos porque é apenas o que é: uma foda conveniente que mostra que dois mais dois é sempre quatro.
  • O milagre, o amor, a coisa, o encontro, etc., são de outra ordem. O corpo pede e o corpo fica satisfeito ao ter o seu pedido atendido. É como peidar. Soltar um peido desejado e adiado sempre causa um grande prazer. Sexo como atividade fisiológica, essa bobagem da qual participamos e que tão bem está descrita aqui.
  • A mulher mais nova quer ser inesquecível e causar espanto. A mulher mais velha quer provar que trepa bem independentemente de com quem. Estou cagando regras? Estou cagando regras. Estou generalizando? Estou generalizando. Quero dizer: dá ou não dá, mas se dá, dê. Não queira que dar seja o seu lance. Se você tem um lance, se você realmente tem uma lance, eu garanto: não é dando que esse lance virá à tona. Chave de buceta ou sova de pau é uma idéia que só impressiona os semi-virgens.
  • Há a punheta, há a siririca, há a vasta pornografia da internet e há os encontros casuais. O amor, ele mesmo, pode vir de um encontro casual ou de uma amizade que dura anos e que se descobre como desejo carnal. Tanto faz. A questão é: foder bem não garante amores e boas amigas não garante boas fodas. É um mundo complicado. Eu sei, você sabe, o mundo sabe. Então, fica assim: nem pau, nem buceta, nem cu garantem nada de nada. Se quiser os usar, os use; mas ó, vá lá, eles não garantem promessas e nem fazem milagres. São instrumentos, por assim dizer. E só isso e tudo isso.
  • Há pizzas de pão à serem feitas e ainda não jantei. E blogue, vá lá, é um tipo de vício.       

27 de setembro de 2011

Meu cigarro Free, o surfista viciado em pó e a garota auto-sustentável.

Aquela beleza toda; e também as grandes jogadas. Eu devia ficar em silêncio. Apenas olhando, apenas pensando só  as coisas que eu pensaria de qualquer maneira.
Mas não tinha como se conter. Ela falava as merdas velhas com olhos marejados e desejava, assim lacrimosa, receber a atenção de todos que estavam na mesa. E eu estava na mesa e ela recebia minha atenção.
Não pelos motivos certos, não pela comoção.
Falei e não devia ter falado. A conclusão, agora, é simples. Mas conseguir ficar quieto diante de idiotas aplaudidos ainda é uma habilidade que me falta.
Um dia chego lá e viro o Buda Gordão que minha mãe punha de costas pra rua por algum misticismo que ficou esquecido com a década de 80.
Não deu. Falei e virei o Buda Gordão Resmungão que atravessa a rua sem olhar para os lados e sem se despedir de estranhos.
Ela, imagino, deve ter culpado, com os olhos ainda marejados, o álcool e a minha displicência com as coisas simples da vida.
"Uma manhã ensolarada", "um simples banho de mar" e "lembrar-se sempre que respirar é um privilégio dos vivos" foram as mensagens que não tive a profundidade (sic) de entender.
Pensei que apesar de tudo vou muito bem, obrigado.

14 de setembro de 2011

/maldita solange/

  1. São tesãozinhos e euforias repentinas. Mas quem se importa? Nem eu. Punhetinhas como luz no fim do túnel e essa mania de roer unhas que nunca passa.
  2. É simples: penso em mim. Egoísmo é a virtude ensinada pelos psicanalistas. Assim: o que é importante pra você é importante pra você. Achar que o que te importa deveria importar a todos é uma prática comum em pélas-sacos e chatos em geral.
  3. Façamos as contas por percentagem. Fica mais simples e o dinheiro compensa a irritação. É uma maneira prática de dizer: não pode, eu faço. E faço e recebo; usa-se o dinheiro como paliativo para chatices generalizadas. (ou alguém acha que algum padeiro adora trabalhar em um forno de 4:00 às 12:00, mesmo que adore fazer pão?).
  4. Meu amorzinho é limitado. Preciso de perspectiva, de sonhos, de desejos - coisas de bicha, a gente sabe. Sou uma boa bicha: quero apenas o que me alimenta. Macho, macho mesmo, é aquele que bate no peito e diz: não dependo das circunstâncias. Sou fraco, invejo os machos. Eu - uma pena, eu sei - dependo sempre das circunstâncias.
  5. O telefone apita e a torta está pronta e dourada. Há salada lavada e um ótimo enlatado de seleta. Poderia falar sobre saúde e cuidar do corpo, mas não é o caso. Sonhei que tinha problema de pressão alta e, o dia inteiro, lembrei do sonho. Devia me acalmar aos 30. Disse isso pro Miguel e ele me falou que casar é a solução. Falei: - e mulher que presta, onde arranja? E ele, sempre fatal, nem titubeou: - no interior do Ceará elas existem... foi lá que arranjei a minha. Nos despedimos e ele falou: - até amanhã.   

11 de setembro de 2011

De cá.

O imbecil é sorridente e já comeu uma mulher que você achou bonita, muito bonita. E o imbecil te incomoda. E está na T.V e dá dicas e aparenta ser um cara mui-i-i-to legal. O imbecil causa suspeita em você: questão de estilo, de maneira de se vestir, de pousar pra fotos com boca aberta, etc. Meu último imbecil presencial usava camisa xadrez e calça jeans apertada. Eu o olhava e pensava: ele se preparou para estar aqui e por isso é um imbecil. Ele investe em sua aparência, tem uma voz calma e faz piadas com uma desenvoltura que prova o quão fake ele é. Em última instância o imbecil é um gênio: nesse caso ele é cínico. Em última instância o imbecil é só um imbecil: trata todos de maneira igual idêntica.

17 de agosto de 2011

auto suficiência.

Só conseguia gozar
quando trepava por cima.
Explicava que assim
o clitóris encostava melhor.
Quando gozou por baixo
se revoltou,
disse ser opressivo
a mulher estar por baixo
e dedicou-se à paixões lésbicas.
Os orgasmos vinham da fricção
e lhe lembravam o travesseiro
que a fez gozar pela primeira vez.
Desistiu.
A solução veio da Internet:
um dedal com bateria mínima
que a satisfazia como ninguém
nunca a satisfez.
Descobriu:
essa coisa de trepar com gente é muito complicada.

2 de agosto de 2011

Fé, Fi, Fó, Fú(s.r)

  • entrar naquelas carninhas que conheço bem. Lembrar dos lábios, levemente tortos, que você me acusava de ser responsável pela tortice. E à isso a gente chamava amor. E éramos felizes. Felizes de maneira geral; que feliz - FELIZ MESMO - só o Tom pegando o Jerry.
  • os diminutivos eram o fetiche mais velado de todos. Só noto hoje: os anos passados, a vida pior, a generosidade promovida pelo tempo... poderia dizer SAUDADES, mas não seria preciso. SAUDADES é passional demais e, veja bem, éramos tão calmos em nossa agonia diária que SAUDADES seria fazer de conta que não prestávamos atenção naquilo que vivíamos... uma injustiça.
  • posso tentar achar sua próstata?/ Pode./ Pensa bem, é meio viado isso./ Não é nada. / É sim./ Eu deixava até você usar uma dessas cintas. / Credo! / Como assim? / Imagina que escroto... eu com aquele troço... / Tem razão./ (...) / Mas é que eu te amo, entendeu? / Entendi, entendi... mas cinta não, né? / É... credo... cinta não. / Rá, eu te amo. / Eu sei... eu sei...
  • tinham as férias. Tinha a certeza. Tinha o dia após o outro mais lento e pacífico do mundo. Uma briga pra foder melhor, um ciúme pra lembrar do amor e a vida... a vida era mesmo um grande plano, não era?   
  • não me chame de QUERIDÃO, não me chame de AMADO./ Você é intolerante, cara./ É, eu sou intolerante.

1 de junho de 2011

1 metro e 58 centímetros, ela disse.

Ela fala sobre "fodas fantásticas" e sobre "Rock'n'Roll".

O problema não é o Rock ou a atração irresistível que ela sente por gente suja. O problema, claro está, é a crença em "fodas fantásticas".

Ela diz: "pica de mel", "caceta de ouro" e "macho fodedor".

Eu não entendo, eu sou católico. Eu tento e pergunto: - de que você tá falando?

Ela nem liga e diz que quer um Macintosh. Comenta sobre as vantagens do Mac e ressalta que o "último macho fodedor" que conheceu era um cara que entendia tudo (tu-do, ela diz) de Mac.

Eu tenho limites e tento me impor. Falo de Deus, do Diabo, da Árvore Proibida. Ela ri e pergunta se eu curto o Metállica. Digo "não sei" e ela diz "eles são super católicos".

Fico surpreso e sorrio. Eu sempre sorrio.

Esse papo não tem sentido, mas, quem sabe?, ela me dá. Penso isso e penso o óbvio: não dá pra acreditar em quem acredita em "fodas fantásticas".

Daí, depois de pedir uma tequila (ela disse: tequila now), comentou sobre o câncer do pai e sobre como sua mãe parece satisfeita em ter um marido moribundo.

Ela riu, eu ri e a gente ria. Confesso que nunca vi tantos dentes em uma mesa. Tesão, seu nome é dentes.

Mão na mão, mão na coxa e beijos como mordidas.

Dane-se o "Rock'n'Roll", os sujos e as "fodas fantásticas."

- Se você é católico mesmo tem que me dizer 'eu te amo.'

- Eu te amo, eu te amo.

17 de maio de 2011

mistureba.


  1. Meu benzinho tem olhos tristes, mas não me incomoda. Talvez o contrário, quem sabe. Dias desses vi uma foto velha do meu benzinho. Tinha 10 anos, não tinha peitos ou pêlos, mas os olhinhos tristes já estavam lá. Pensei se tesar em sua fotinha de criança era sintoma de pedofilia.

  2. Uns dois anos atrás. Era meio que uma festa. Na casa da colega dela, ela me dizia sobre o porta-treco que a colega tinha e que achava lindo. Quando chegamos em casa mostrei o porta-treco que eu havia roubado, mas ela não entendeu minha ternura e me chamou de "doente mental".

  3. Ele fez muitas contas. Era seu estilo. Nunca, jamais, cogitou pagar a conta sem dividir tudo certinho. E agora, mesmo com bastante dinheiro, continuava com as contas. Demorou, mas entendi: fazer contas é um prazer em si.

  4. Tem coisas que não se pergunta, mas eu perguntei: - você acha mesmo nosso sexo fantástico? Ela disse "tem coisas que não se pergunta" e eu disse "mesmo assim". A história é curta: nunca mais nos vimos.

  5. Sexo fantástico é exceção, eu concordo. Ao mesmo tempo não é algo que se diz sem se achar porque simplesmente não tem porquê. De modo, que cá comigo, concluo que ela realmente achou nosso sexo fantástico. Ou então é louca - o que, enfim, é bem possível.

  6. Lembro de quando começei a amar. Na minha cabeça era claro. Foi no dia em que lambi o ceú da sua boca. Ela, pelo que lembro, achava que já me amava antes. Mas isso não faz diferença. Como um diálogo que vi no House: - mas ele apenas acha que me ama. Ele não me ama de verdade. E o House, fodão como sempre, replicava: - e qual a diferença?

  7. "Pé na bunda" era uma expressão que ela sempre usava. Depois, bem depois, reparei que mulheres usam essa expressão muito mais do que homens. Pensei se tinha a ver com a velha guerra dos sexos ou se era apenas um recalque biológico. Não cheguei a nenhuma conclusão, mas volta e meia penso: - mulheres pensam de um modo muito estranho mesmo.

10 de maio de 2011

16 de abril de 2011

a alegria suspeita.

Meu pau duro tinha condições:
ou raiva,
ou desprezo,
ou amor.
A merda é que foder é oscilar.
Em outra palavras: fode-se mais com outras coisas do que com essas três.
Eu sofria,
eu sofro.
Tinha raiva por força,
fodia por tédio
e dormia muito muito mal após a foda.
Mas dormia abraçado quando abraçar era o caso.
Era legal,
sou legal.
Contentei-me:
as pequenas fodas,
os orgasmos eufóricos,
o sexo oral como substituto da penetração:
sêmem desperdiçado em tetas ou bocas...
Lamentava,
lamentei e lamentaria.
#
Vieram as estrelas,
vieram os gritos,
vieram as velhas histórias sobre ser ou não ser feliz.
Adeus.
#
À merda a felicidade
e o otimismo dentro da gaveta
que só espera a abertura da gaveta.
À merda o entusiasmo de três noites
e os amores por doentes terminais.
#
Eu,
cá comigo,
acho
a
solidão
bem
decente.

declaração:


Eu gosto tanto
de você,
mas tanto,

que se

você

morresse

agora,

eu

ia

te

amar

pra

sempre.

15 de abril de 2011

mmc -

minha raivinha me maltratava e eu estava só. não podia fazer nada, não podia reclamar de nada. caçava culpados e ria por não achar nenhum. pensei que prefiro dinheiro. não gosto de gente fina e não me impressiono com prêmios. di-nhei-ro. que todo resto é pélasaquismo e um gostar de todo mundo que é impossível. quem, tendo alma, pode gostar de todo mundo?
minha raiva era discreta e eu tinha duas vantagens: saber sorrir e ser discreto. mostrava meus dentes e alisava minha pança. estava delirante e murmurava pra mim mesmo no mictório: o único afeto que quero é de quem vê minha peça, porque quem vê minha peça pode falar de mim, porque afeto é ver a minha peça porque me conhece. o xixi era um amarelo escuro e encorpado, sentia-me macho com aquele mijo. lembrava dos videos de "chuva dourada" na internet.
então eu voltava e virava mais um copinho. coisa de criança, eu pensei. beber, fuder, cheirar, fumar, falar palavrão... tudo coisa de criança. eu era uma criança estranha, minha mãe me disse. coisa de criança... quem entende? é como ontem: vi a moça e reparei no quanto seus olhos eram apáticos. ela exalava apatia, mas só eu notava. por isso estava só.
meus cigarrinhos se multiplicavam e eles são meus brinquedos. mesmo com tosse, mesmo com catarro. soltei minha última fumaçinha e me despedi educadamente. o ônibus chegou rápido e eu sentei na janela. olhei a orla e fechei os olhos pra sentir o vento que vinha. sorri e balançei a cabeça. coisa de criança.

17 de março de 2011

Confundia charme com indiferença.(s.r)

"Ser ignorada me dá tesão", ela confessou.
Por um lado fazia sentido e era óbvio. Por outro, o óbvio ululava alto demais.
(E Nelsão, que nem tem nada a ver com isso, se revirava no caixão).
Falava "pau", mas não falava "pinto".
Dizia, como se sua sacada fosse divertida: "pinto só se amarelo".
E advertia: "Já transei com um japa, tá ligado?"
Eu não tava ligado. Eu não queria estar ligado. Eu não gostava das informações desnecessárias que ela me dava:
1. Foi umas fase antropológica, sabe? Testei as raças, todas as raças: africanos, amarelos, europeus e asiáticos. Concluí que gosto mesmo da América do Sul. Saca o Belchior? Sou da turma dele.
2. Eu li na revista. Olha só. 83% das mulheres casadas têm problemas intestinais. Mas o bizarro é que a faixa etária não determina isso. Mesmo mulheres nascidas na década de 90 e que casaram sofrem disso. Vê? Ainda acha o machismo ultrapassado? Hein?
3. Pra mim não importa. Eu quero é que se foda. Mulher traída merece a traição. Já tive homem casado. Lindo ele. Casado! Eu morria de tesão. Acho que é o proibido, né? Uma vez eu viajei de navio com a minha tia e me masturbei pensando nos marinheiros que poderiam, se quisessem, me estuprar... mas é fetiche, né? Coisa de adolescente... sei lá... A verdade é quando uma amiga minha se envolve com um homem comprometido eu dou a maior força. Eu digo: 'se joga amiga, você não tem nada a ver com a traição dele, você não tá traindo ninguém, tá?' E nem adianta que eu sei: não to errada, tô? Sou mó cabeça aberta, não sou?
Eu não sabia. E também não queria saber. E tinha praticidade. A buceta dela era quente, abraçava meu pau e, às vezes, parecia ser um tipo de caixão que me deixava em paz.
Foram meses. Antes do ano virar ela precisava de alguma coisa que eu não tinha. Fazia sentido. Eu não tenho um monte de coisas que ela precisaria. Era justo ela ir e ela se foi.
Eu fiquei porque eu fico. Porque eu gosto de ficar.
Porque me sinto vivo ficando.
E ela foi porque vai. Porque gosta de ir.
Porque se sente viva indo.
Foi quase perfeito. Quase.

4 de março de 2011

sssnsaps

Gosto das mulheres que eu invento
e que são minhas
lentamente formuladas.
-
Não gosto das mulheres que amigas
me apresentam
e dizem "a sua cara".
-
Gosto da mulher que é minha
e ninguém sabe.
E que se me dá
não fala às amigas.
-
Então fico só
e invento mulheres.
Se elas existem ou não
isso não me preocupa.

21 de fevereiro de 2011

fosse verdade que fosse mentira

*
Gordelícia de cachos dourados
que mora no Sul.
Quando passa,
cá comigo,
sempre penso:
- bem que entrava nessas carnes.
E vislumbro filhos,
polacos e ranhentos,
com brotoejas
espalhadas pela pele branca.
*
Que avião pegava por ti,
que frio passava por ti,
que orkut e facebook deletava por ti.
*
Gordelícia que não é gorda,
nem é do Sul e muito menos
tem cachos dourados.
Que gosta de homens femininos,
que mora no Rio,
que só goza em segurança
com homens magros e delicados.
Gordelícia que agora
- e só agora -
é apenas minha
e me ama profundamente.
*
Gordelícia com bracinhos de bacon
dizendo que tem vergonha
da própria vagina...
Veja só:
supõe os grandes lábios
grandes demais,
escuros demais,
tortos e/ou assimétricos demais.
Fala,
mas só entre amigas,
que acha o cheiro
da própria vagina
com cheiro demais.
*
Gordelícia com peitos sardentos
e mamilos rosas
dizendo que os queria marrons.
*
Que viu filmes na internet,
que ela não é daquele jeito
e que tem vergonha
de assumir em rodas de amigos
que adora a pornografia
vasta, gratuita e vulgar
que acessa entre um e-mail e outro.
*
Gordelícia falando sério
quando diz:
"- que não é porque tô te dando que sou puta."
"- você tem que tocar mais de leve, assim."
(e põe sua mão sobre a minha e faz movimentos lésbicos em torno do próprio clitóris)
"- não vou deixar você ficar olhando a minha vagina. Acha que é assim, é?"
"- você não imagina como é raro eu dar prum cara no segundo encontro."
*
Gordelícia com uma boca,
duas mãos
e os grandes lábios
mais tesudos do planeta
dizendo pr'eu colocar dois dedos
em seu ânus cinza e enrugado
que ela insiste em chamar
de bundinha.
*
Gordelícia, meu amor,
Gordelícia, não me esqueça,
Gordelícia, meu telefone
é o mesmo
e minha casa
ainda é minha.
*
Gordelícia se masturbe,
Gordelícia diga "safado",
Gordelícia eu sou esquecido.
*
Gordelícia...
apareça.

11 de fevereiro de 2011

Anúncios: O Globo - 13 Fevereiro de 2011.

  • Preciso de gente chupando o meu pau. Não precisa ter boa feição ou habilidade em engolir porra. Nem mulher precisa ser. Exijo ausência de barba, bigode ou língua áspera. Não é necessário amor, alma, dedicação. Precisa-se de técnica e capacidade de ficar calado(a). É proibido falar e não pode abrir os olhos durante a felação. Há restrições quanto a excesso de saliva e boca de velhinha(o).
  • Pago bem por boas punhetas. Tem que ser mulher. Não quase mulher e/ou homem e/ou travesti. Mulher com mão de mulher: pouco (ou nenhum) pêlo e sem sudorese. Unhas longas e, preferencialmente, mal pintadas ganham mais. O ideal é esmalte vermelho descascando. Aceito anãs, velhas e portadoras de vitiligo. Não precisa ficar de olhos fechados que eu mesmo fecho os meus.
  • Aceito bucetas para um fraterno e inofensivo papai-e-mamãe. Não pode ser de quatro, frango assado, de ladinho, por trás ou em pé. Papai-e-mamãe é a exigência. A dona da buceta pode ter nascido homem. Não exijo uma buceta nata. Basto-me com a racha e o papai-e-mamãe. Beijo na boca, nessa clássica posição que a língua inglesa -debochadamente - chama de missionária, é um mal necessário. De forma que bigodes, barbas e pêlos excessivos não serão aceitos.