12 de abril de 2014

(queria ser o hemingway)

Estou no RJ desde 2001. E, a partir de 2002, frequentei o bar do Coimbra. É um pé sujo do outro lado da calçada. Tem a virtude da conveniência. Como casamentos, empresas e projetos de longo prazo. 
Há cinco ou seis anos faço, de fato, parte do bar. Tenho apelido (só a Dái sabe meu nome), converso com a maioria dos frequentadores e estou à par dos assuntos da vez e fofocas gerais.
Desde de 2002 vejo seu Luis por ali. É um coroa que trabalha num dos prédios aqui perto e que conhece todos, cumprimenta todos. Lembro do dia que seu Luis me deu a mão para dizer oi. É concreto. Pessoas que se cumprimentam com aperto de mão; não com um olá de cabeça ou um tapinha no ombro.
Observo com mais interesse seu Luis desde então. Bebe duas ou três, a mulher sempre por perto (ali ou no bar da frente), a filha (meio gostosa e meio comum) que volta e meia aparece. Seu Luis sempre levava uma cerveja pra casa, com uma sacola de supermercado que ele mesmo traz. 
Esse semana reparei que ele tá indo, dando a mão, mas bebe uma ou duas garrafinhas de coca cola. Sua atitude é a mesma, o seu jeito é o mesmo. A diferença é só uma (e é grande): bebe garrafinhas de coca e volta sem nada em sua sacolinha de supermercado.
Espero que o motivo seja um exame. Coisa de dias ou semanas no máximo. Se for uma doença, algo grave e que o impeça de carregar sua sacolinha de supermercado com a última do dia, concluirei que Deus, se existe, entende muito mal os seus filhos amados. 

o julgamento da menina linda
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Nenhum humor,
apenas um suspiro de indignação.
Um jeito de recriminar antigo, ancestral.
A recriminação que olha de cima,
que torce o nariz
como a última baronesa do Séc. XVIII.
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Nenhum humor,
acredita em atitude positiva e boas intenções.
Propaga o amor generalizado, sem alvo
e deseja o bem a qualquer um.
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Nenhum humor,
não ri com piadas de peido,
não se diverte com pirocas gigantes,
não acha engraçado tirar sarro dos outros.