22 de novembro de 2009

Ela tocou mais uma siririca na tarde quente e insuportável do Rio de Janeiro. Queria dormir, mas não tinha sono. Achou que a siririca iria ajudar. Errou.
Desde que havia descoberto o clitóris, ela tocava siririca pelo menos 3 vezes por semana. Ficou encantada quando pegou um espelho e, movendo as peles, descobriu o que chamou de pirâmide vermelha. Tão pequeno e tão potente, pensou.
Quando foi perder a virgindade ficou horrorizada com aquele negócio que queria entrar nela. Entrar pra que? Doer pra que? Mas tava decidida e queria fazer parte da turma. Pegava mal ter 18 anos e continuar virgem.
Deixou entrar, sentiu a dor e achou muito estranho aquele entra e sai. Parecia inútil na cabeça dela. Bem mais simples girar a pirâmide vermelha. E mais higiênico também.
Quando viu a ejaculação do rapaz, achou aquilo parecido com vómito de bebê. Não entendia porque o sexo tinha que fabricar tanta sujeira.
Imaginou aquilo sendo jorrado dentro dela e sentiu uma ojeriza fatal. Decidiu que não teria filhos e que nunca, nunca mesmo, permitiria à um homem usá-la como receptáculo.
Achava a camisinha uma bênção. Era grata a existência da AIDS, pois, quando era o caso, argumentava sobre os riscos do sexo sem proteção.
De qualquer maneira, preferia a siririca. Não gostava do vai e vem, do entra e sai. Achava agressivo e desnecessário. Fora que era demorado. A siririca era objetiva: em minutos estava satisfeita.
Quando transou com um rapaz que, durante o chatíssimo entra e sai, lhe tocou o clitóris, se apaixonou.
Namoraram por 5 meses, mas ele começou a reclamar da obrigatoriedade da camisinha e eles terminaram. Ela nem chegou a ficar triste, mas lamentou e sentiu que nunca seria compreendida por ninguém.
Decidiu que seria sozinha e auto suficiente. Ela não precisava de ninguém e era feliz. Era uma mulher independente, com um bom emprego e uma casa própria. Viver era simples e ela sabia disso. Cogitava fazer, antes dos 40, uma inseminação artificial.