27 de fevereiro de 2013

a única dor é a indiferença.
não é o ódio, a raiva ou o tesão vulgar.
é o placebo dos rostos,
os sorrisos sem alma,
as almas sem linguagem.
a indiferença machuca
e todo o resto é suportável.
não é o silêncio
nem é a meaculpa.
é esse animal absurdo
que não pensa e nem age.
que só reage quando é inevitável.
essa gente que vive de choque,
uma tristeza.

23 de fevereiro de 2013

Tesão na priminha e aquela loucura.
O tempo passa, meu bem, o tempo passa.
Estou aqui, barriga à postos, e 31 anos de dor e glória.
O exagero como o último charme infantil:
sem cartinhas, sem blogue, sem mulheres loucas querendo me dar e sem os bons amigos que me chamavam de 'seus'.
Então a internet toda, o facebook monopólio e uma estranha nostalgia da época em que blogues eram visitados e havia uma lista diária de alguns preferidos.
(Penso nas drogas de farmácia, no 'soma' do Huxley e na estranha viúva do Saramago)
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O tempo passa, coração, o tempo passa.
Você aí, meio em segredo, a ver meu blogue e pensar no marido tão bom que Deus lhe deu.
Eu aqui, uma incerteza estúpida, e a certeza de que o passado como memória é sempre uma imagem barroca.
Então el bigodon, os caga-regras frutíferos e a nova mania de colar bilhetes na parede.
(Penso que a realidade estraga o sonho, que eu te chupava melhor do que seu marido e que, entre tristes e alegres, ainda prefiro os que não se importam com isso)

5 de fevereiro de 2013


  • Uma da manhã e meu tesão passeia. Tão fácil e tão conveniente: tesão sem eira nem beira à vagar. Repare: não falo de amor. Repare 2: nem penso no tesão consumado. Coisa gratuita. Como é. Como vem sendo. Esse sexo fodido que é masturbação ao mesmo tempo.
  • O velho amigo. Gente boa, alma boa. ALMA, coisa pra poucos. É papo de 10 min. e o mundo está em ordem. Vejo, novamente, um brilho em seus olhos. A-L-M-A, eu deliro. Comento com ele. Ele é generoso e topa. Incentivo seu modo de usar o facebook. Ele dá sentindo ao facebook, eu tenho certeza: opinião, auto-deboche e humor para assuntos sérios. Ele vai bem. E tem os olhos sem opacidade. Eu lamento: salário é tão barato, ele é tão melhor. Essa mania messiânica de salvar as pessoas.
  • Teatro bom. Ao mesmo tempo: não entusiasma. Penso em mim, em como faria. Erro inevitável, eu acho. Erro, eu insisto. Essa limitação de pensar em si próprio. No programa vejo que a peça tem 15 anos. Faz sentido. Faz sentido pacas. Tenho faniquitos ao lembrar que o Brook diz que 5 anos é o máximo. 
  • Sua imbecilidade é seu compartilhamento. E o facebook está aí e não nos deixa mentir. Mas não esqueça: há muita margem de erro. E tá tudo certo. Não vale é dizer "eu não sabia da margem de erro". Porque há atestado de burrice. Porque saber da 'margem de erro' é o mínimo. De forma que não acredito. Não acredito em absoluto. Assim: errar o alvo é normal. Achar que o alvo era o que não era, também é normal. O que não suporto é o que faz: culpar o alvo pela mira errada. Entenda: até a culpa tem limites. Se confunde o alvo e confunde a mira, meu Deus, não tenho o que dizer. Se insiste que o 'alvo' e a 'mira' depende de circunstâncias, eu insisto: você é burra, burra demais pra que eu te leve à sério.
  • Em outras palavras: não separar o joio do trigo pode ser uma decisão. Não separar o joio do trigo porque não sabe o que é joio  o que é trigo é estupidez.