20 de setembro de 2010

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Cheiro meus próprios dedos pra me reconhecer. É uma tática antiga, estúpida e quase eficiente. Voltar demora, chegar em casa demora, sentir a doce e produtiva solidão demora também. Tento pensar pra frente, mas não consigo. O futuro é sempre um tipo de abstração. Faço minhas obrigações, cago no meu banheiro e, no hortifruti, compro legumes e saladas como se eu fosse o cara mais saudável do Oeste. O rádio tá ligado na cbn e tenho que lavar camisetas e cuecas. A vida parece besta, mas mesmo assim é agradável. Há coisas à fazer, sempre há coisas a fazer. Parece indecente esse fazer-fazer sem fim. E é.