20 de janeiro de 2008

De novo na casinha e meus sonhos vêm e vão e ainda fico constrangido com muita facilidade, mas seja como for, eu digo:

Esse fantasma estampado na sua cara triste não tem nenhum sentido de ser. Seja esperta: é fácil amar fantasmas, é simples entregar a própria alma pra gente morta. É simples e conveniente. Pra mim é assim: eu com meus passinhos lentos de barrigudo e uma criatura fraca diante de mim. Eu olho pra essa criatura e decido: sim, sim, uma punhetinha boa e eficiente. E me pergunto: será que sou capaz de me confundir com as minhas próprias mentiras?
De qualquer maneira eu tô lá e olho pra ela e penso: vou inventar uma confusão pro meu tédio, vou salvar um ser que já nasceu perdido. E é divertido e foi saudável. Uma bobagem com prazo de validade e morte iminente. Entenda que eu posso me divertir assim, por mais estúpido que seja, por mais que eu mesmo me confunda na minha mentira.
E isso tudo é bem diferente da carne e da realidade e da consumação que você traz. Você sim, minha querida. Você aí bancando a moderninha e sendo mulherzinha do séc. XIX. E acho até bonitinho isso, mas repito: seja esperta. E acrescento: você já tá velhinha pra ter medo de fantasmas. Eu posso até lhe proteger numa noite escura desse fantasma, mas mesmo isso será só por diversão, só pelo calor de lhe ter pertinho e com medo.
No mais eu exijo uma boa janta na sua casa e toda a realidade da sua presença. Afinal você está viva e nem me assusta tanto assim.