22 de julho de 2008

´

Meu pai me telefona. Ele está graciosamente bêbado. É uma prática que nós temos. Eu também havia comprado cervejas. No meio da tarde tinha sacado que ele me ligaria. Circunstância conhecida. Pai e filho sempre têm um tipo de conexão, não é?
Minha namorada diz que sou muito parecido com ele. Não somos bom de telefone à não ser com nossas mães. Ele com a dele e eu com a minha. Minha namorada diz que nós dois ficamos observando tudo e que só depois é que falamos. Ela acha ele mais sorridente que eu, mas isso não vem ao caso. O curioso é que quando ela fala isso parece que ela tem a ilusão de que eu melhore.
Meu pai me conta suas notícias de bêbado e, infelizmente, estou no mínimo 3 cervejas atrás. Me conta um tipo de dor que só bêbado mesmo pra contar. Penso nisso e em tudo aquilo que nunca saberei. A solidão mora por aí, nesse lugar que a gente nunca sabe ou que, se sabe, sabe apenas porque foi revelado.
O papo é bom, mas ele se incomoda. Estou na 1° e ele na 4°. Lamento que eu não tenha começado a beber antes. As histórias são boas e meu pai vai fazer, até que se prove o contrário, um troço que deseja.
Fazer as coisas que se deseja é mesmo importante. É isso que forma uma pessoa. Somos frutos do que deu certo e não do que deu errado. Acho que ele concordaria comigo.
Ouço uma música depois do telefone. Bato um papo bom com a minha adorável garota. Lembro do meu pai fazendo ode à solidão.
É, a vida sempre tem seus momentos.