31 de maio de 2010

3 punhetinhas pra desafiar meu pau. cervejinha antes do almoço e a maldita compulsão por cigarros que nunca chegam realmente a completar o pulmão. poderia ser angustia, mas não é. é apenas um domingo e uma recente preguiça de parar e apenas ler. talvez esteja com os livros errados. talvez precise de novos óculos. domingo morrendo e segunda pondo suas garrinhas de fora. pequenas tarefas e sonhos à serem alimentados. mil projetos, mil planos e mil amores. mil bobagens - que eu é que não caio no truque do milagre da multiplicação.

29 de maio de 2010

tédio talvez

Estalo uma cerveja e coço meu rabo com o dedo médio. Coçeira no cu é bem humilhante. Agradeço por morar sozinho e acendo um cigarro atrás do outro.
Meu putamerda é coisa velha e gasta. Nem eu aguento. Gordinho reclamão bebendo cervejinha antes do almoço.
Faço meu circuito na Internet e me irrito. Feeds cheios de otimismo desesperado. Quem aguenta? E que história é essa de perfeição e júbilo porque viu uma tartaruga comendo alface? Porque os feeds otimistas tem essa relação estranha com a natureza. Como se a natureza fosse uma coisa pacífica. Não é e nem existiria se fosse. A natureza é um sugando o outro. A planta suga o solo e será sugada por uma vaca que, por sua vez, virará um delicioso bife.
Lembro da explicação do J. Campbell sobre o porquê da culpa judaico-cristã ter emplacado tanto. Mais ou menos assim: "A culpa já existia porque a vida, bem ou mal, precisa sempre matar outra vida pra sua manutenção. A vida é feita dessas mortes necessárias à sobrevivência. Um come o outro. Não é à toa que a imagem de perfeição e absoluto é a cobra que come o próprio rabo."
Então invento minha auto suficiência e sinto raiva desse otimismo de gaveta. Prefiro viver na merda do que florear bostas e achar que tudo é uma maravilha.
Também quero, como todo mundo, morrer em paz.
Mas paz não é aceitar toda bosta que se impõe e muito menos achar que a natureza é perfeita.

28 de maio de 2010

Encarar o demônio.

Mulher bonita, bem bonita. Mulher grande, farta e com adoráveis quatro pálpebras. Que na cama ficava menor, que num dia especial me abraçou e chorou de um jeito estranho e fatal. Que falou um treco lindo, hoje mesmo, sobre esse choro.
Ter alguma calma diante do dragão da impossibilidade que ronda a minha casa depois que li isso na Averbuck. Organizo minha vida escrevendo - só mais um jeito de arrumar o mundo e ver as trevas sem cegar.
Foi triste.
É triste.
O lapso entre o desejo e a incapacidade.
Por que tanto mau trato entre pessoas que se gostam? Por que tanto desentendimento entre gente que quer se entender?
O dragão da impossibilidade batendo suas asas. O fogo que ameaça destruir os antigos desejos de ternura. A bomba que não conseguiu ser desarmada.
Agora o tempo escorrendo lento como as lágrimas de hoje de manhã. Porque é triste não entender as coisas, o mundo e aquela que adoraria ter entendido.
anedota*
murro em ponta de faca: por um lado, se você entortar a faca, será genial. por outro, sua mão sangrará de qualquer maneira.

Há a satisfação.

Contra mim mesmo, devo repetir: há a satisfação.
É uma coisa bem classe média, bem tacanha e econômica: faz-se o que, supõe-se, deve ser feito. E, então, sente-se a satisfação.
Meu Deus!, é quase cretino de tão simples. Lógica de macaco. Macaco com banana = macaco feliz. Mas é o que é. Prova do mal que sussurra no meu frágil ouvidinho: - somos macacos, gordo panaca.
A culpa é minha, eu sei. (Essa é uma das vantagens da culpa: ela não pode ser transferida. Culpa transferida ou é falsidade ou é equivoco).
A boa culpa é um prato que o chef cozinhou e comeu, por assim dizer.
Então afirmo em maiúsculas: ESTOU SATISFEITO.
E entendo o quão patético é isso. Porque minha satisfação classe média não passa pelo uso do corpo. Assim: um trabalhador braçal tem uma satisfação verdadeiramente legítima. Foi o seu suor que construiu uma mesa, por exemplo. Eu não, eu gordinho e preguiçoso me satisfaço porque cumpri mais uma tarefa. E tanto faz que tarefa seja, pode ser até um desenrolo de banco.
A falta do suor é que causa a culpa, concluo.
Como explicar? Impossível explicar.
Estou satisfeito e acho que é isso. Meu umbigão é meu poço de porra auto-suficiente, é minha metáfora.
Apenas porque pus um ponto final e assinei uma nova petição. Porque recebi dinheirinho e me regozijei por ter feito o que deveria ser feito - e isso é besta e patético como toda felicidade programada.
Então berro minha SATISFAÇÃO e deixo o resto pra lá -
como se o dia a dia fosse o que importasse,
como se o 'como se' justificasse qualquer merda pensada ou dita.

27 de maio de 2010

Águinha batendo na bunda,
sinto quase tesão.
Mas penso um pouco e decido:
- melhor não.

26 de maio de 2010

Onde o céu é azul e a areia é suja, onde a merda vira a glória do imbecil.

Imbecil satisfeito porque recebeu um boquete de graça e porque acreditou, de novo e de novo, nas tolices mais lindas do Oeste. (Tolices lindas alimentadas ao longo de anos e anos por cinismo e tédio em progressivo desenvolvimento).
Ser imbecil custa um preço à ser pago, mas aqui, cá com meu umbigo, ainda prefiro o imbecil ao idiota - já que o idiota não entende que é ele (ele mesmo e só como sempre) quem inventa as próprias mentiras.
Assim: o idiota e o imbecil comem a mesma comida, mas apenas o idiota acha que essa comida é uma oferenda dos deuses. O imbecil, imbecilmente, tem a vantagem de saber que foi ele quem criou os tais deuses.
A imbecilidade pode ser a glória do individuo...assim como a idiotia, mas há que se ter um mínimo de critério. Esse papo 'tudo pode ser', 'dessa vez é amor' e 'esse projeto tem apelo comercial' é só papo e papo ruim - que fica no ar, bate o queixo e ainda quebra os dentes.
E, com os dentes quebrados, o idiota se perguntará: - o que foi que deu errado dessa vez? eu não entendo...eu fiz tudo certo...
E o idiota, como cheio de amigos que é, será respaldado por sua gangue: - isso que aconteceu contigo é mesmo m-u-i-t-o injusto.
Por essas prefiro peidar na minha cueca molhada e não inventar desculpas. A merda e os peidos são meus, eu os fiz e eu os criei.
Então cheiro minha bosta e espero o grande milagre: o nariz mais bonito do mundo que cheirará as merdas todas ao meu lado.

25 de maio de 2010

Faltou o salto alto e a perna esticada.

Aquela beleza sem tamanho e cheia de ternura. Ela acordando e me dizendo bom dia. A boca pastosa, a cara de sono e os cabelos lindamente desgrenhados. Sexo pela manhã, de ladinho. Sem muito escândalo. Sexo apenas. Simples e exato: os quadris mexendo apenas o necessário. Haveria frutas no verão e chocolate quente no inverno. Talvez crianças também. Seria besta, mas haveria certa satisfação. Haveriam brigas também, assim como os dias ruins. Mas a certeza estaria lá. E a certeza, bem, a certeza nos daria algo parecido com paz.
Depois de algum tempo entenderíamos. Era isso, era isso que chamávamos de vida.

24 de maio de 2010

As coisas mudam.
De um dia pro outro, as coisas mudam.
O Rio de Janeiro, agora, se torna menor.
(E é apenas exemplo. Ou melhor: exemplo não, modelo).
Meu RJ particular, que é, enfim, o único RJ que existe pra mim, ficou menor.
Porque coisas acontecem e porque o tempo é fatal. E assim que é.
E é triste e é belo e é o que é.
Meu bom amigo se vai. Com ele vai um pedaço do meu RJ e também uma parte da minha Santíssima Trindade.
(E isso é ficar com dois pedaços e não três. E três pedaços, a gente sabe, é o equilibrio perfeito).
E o egoísmo ainda rege montanhas...
Sou eu mesmo e minha vida. Mas minha vida ficou dependente de vidas alheias. E essa dependência foi meu gosto e minha glória. Porque há porradas que só se recebe de mãos amigas. Dessas que a gente escolhe depois de velho, que é diferente das mãos dos amigos de infância ou dos pais ou das mães.
É coisa que se escolhe e se decide. Não há perfeição. Há o peito que se abre praquilo que é escolhido.
A porrada virá. Mas é porrada de amor: amor de decisão e maturidade. Como quem escolhe seus inimigos.
(Somos velhos e crescemos juntos, meu irmão.)
Não há culpa. E não haver culpa é triste. É esse um dos bens da tolerante igreja católica. Expiar a culpa é se libertar. Se libertar é achar que tudo vai dar certo. E tudo dar certo é nossa centelha de glória. Esperança é o nome disso.
(Somos velhos, crescemos junto e cultivamos Esperanças, meu irmão.)
Apenas egoísmo, eu sei. Pra quem telefono quando ver que a merda é grande e que a onda me leva? Conchinhas e sonhos compartilhados - com mais ou menos adesão, não importa. Há respeito pelo sonho alheio - e isso é raro. Há desejo de justiça - e isso não é coisa que se deva desejar.
Porque o mundo segue e a justiça é cega. Porque ter liberdade de se iludir diante do outro é o que chamamos de Amizade.
*
o tempo um dois três...
o tempo outra vez...

20 de maio de 2010

celebrate m.i.m.i

Era uma festa e tava cheio de gente bonita. A única coisa que eu pensava era: "tenho que enfiar minha piroca nessa gente." Não sei porque, mas era o que eu pensava. Olhava todas as bundas, sem critério e sem tesão. Era só uma maneira de exercer poder, de se sentir forte, sei lá mais que bobagem. "Eu tenho que enfiar minha piroca nessa gente".
Enfiar minha piroca era minha vingança. Gente bonita demais, alegre demais, artística demais. Eles tinham afastado os sofás e feito uma "pista de dança". Foi minha anfitriã que disse. Eu achei le-gal. Eu sempre acho le-gal.
Olhava pras bundas dançantes e lembrava das fotos sadô-masô que havia visto num blogue. Que tipo de cretino(a) sente tesão em ter um pulso enfiado no rabo? Eu queria casar, ter filhos, fazer papai e mamãe com a patroa e assistir ao Fantástico. Eu era indecente. Filme e pipoca me bastavam.
- Você cozinha e eu lavo a louça, tá?
- Ai...que coisa mais careta...
Acho que foi isso fez eu ter vontade de enfiar a piroca naquela gente. Seria uma fila. Eu apenas enfiaria a piroca. Sem nenhuma "atitude" ou "estilo". Seria um ato mecânico.
A repetição como salvação. Igual o ôm dos zen-lunáticos.

19 de maio de 2010

03:31

A mão tá na putaquepariu. E Deus, o velho barbudo, virou uma criança ranhenta. Vejo filmes e leio livros. Imagino tudo antes. Antes é a minha invenção. O mundo até parecia dar pé e as coisas até aparentavam melhorar. A praia era limpa, a areia era branca e o Vinicius bebia vivo e impunemente.
Falar mal do próprio tempo é quase um clichê, eu sei. Mas, fazer o que?, se as crianças trepam com adultos que agem como crianças?
Minha chatice, agora, é uma cachoeira de raiva e descrença. É como o idiota que diz cheio de vaidade: - sou bipolar.
E tá na moda. E tudo tá na moda. E nem consigo alimentar meus delírios de grandeza em paz. "Sou bipolar". Todo idiota é bipolar.
Nenhuma jogada verdadeiramente arriscada. Amor de conta gotas, compensações kardecistas e o velho desejo de foder a própria mãe - coisa que só a igreja católica e o Jesus católico entenderiam.
Então meu estômago dá um nó e acordo no meio da madrugada para cagar a merda mais fedorenta de toda minha existência. Uma cagada entre peidos e espirros, cheia de vontade própria e cólicas insuportáveis. Agradeço estar sozinho e amaldiçoo a porta de plástico sanfonada do meu quarto e sala.
Limpo minha bunda e vejo o esporro que foi essa cagada. Merda em toda lateral da bacia acinzentada.
Devo estar livre, não devo?
Aperto a descarga e me despeço dos meus dejetos. Sou um cara solene, pensando bem. A lateral acinzentada da bacia eu ataco com o bidê-manual.
Eu tenho controle, não tenho?
Mais uma descarga e toda a bacia estará nova. Tenho Pinho-Bril e o cheiro do Pinho é eficiente pacas.
Agora sim: estou livre.

18 de maio de 2010

Ver isso e aquilo, mas tanto faz.

O prazer ainda é separar o joio do trigo. Como homens-macacos que provam frutas com semente, como uma mãe gorda que separa o feijão da família.
Nada de seguir o caminho do vento. O sol. Prefiro a imagem do sol. Parado e radiante, o sol. Seus raios alaranjados em praias de areias brancas e finas.
Fazer distinção entre as coisas é um puta prazer.
Achar que tudo é igual é a tolerância idiotizante e politicamente correta. (Como a Gadu sendo enfiada goela à baixo em comparação com a Cássia Eller)
Tem que separar. A diferença como solução e definição. A gente escolhe certas coisas. A gente decidi isso e aquilo com mais ou menos consciência. E que se dane os que escolhem a idiotia - são eles os que me acham idiota e tá tudo certo. Empate pode ser um resultado fodão e justo.
No mais minhas pulgas que são minhas e os socorros e gentilezas que gosto de prestar. Por vaidade e tédio. Por ter prazer em berrar.
E principalmente porque escolhi algumas poucas pessoas, à quem, enfim, serei leal até que a morte nos separe.
Porque lealdade é um desses valores velhos ao qual escolhi me dedicar.

16 de maio de 2010

apenas isso.

A bela visão do Leme. A imagem do Rio antes do Rio. Não é Copacabana. São as luzes de Copacabana.
Converso com a minha boa amiga. Parte da minha Santíssima Trindade, que, por bons motivos, e mesmo que tristemente, será quebrada.
Falamos sobre as mesmas coisas que falamos a mais ou menos 10 anos. O assunto é o mesmo, sempre e sempre. Mas agora nos sentimos mais espertos - não é como antes. Estamos menos eufóricos e ansiosos. Até arriscamos à dizer ma-du-ros.
O tempo é veloz e o papo é bom. O ônibus demora, os ônibus sempre demoram. Nos despedimos. Estou com a calma lenta e estúpida que a ressaca provoca. Compro sanduiches e venho pra casa.
Há paz. De vez em quando há paz - mesmo sem um bela bunda para bolir durante a madrugada.

14 de maio de 2010

meu umbigão é minha liberdade....

Merdinha de agora eu também digo. A vingança que aprendi através dos livros. Um didático, um nerd. Assim: ter sacadinha acho ser capaz de ter. Mas sou metido e digo: sacadinhas não me interessam.
(Toda vez que estou bem bêbado penso em cocaína. Duas coisas me acalmam: raras vezes fico bem bêbado e não tenho acesso rápido - impulsivo - à cocaína. Deus me protege, é minha conclusão. Mas Deus não existe, é minha gracinha.)
Hoje, de novo, fiquei rico. Volta e meia fico rico. Não é a última e nem será a primeira vez. Ficar rico é simples: basta acreditar nas possibilidades e na coisa causal - tenho cultura, não tenho? Minha parte e sua parte...como se o mundo fosse um quebra-cabeça ou uma lógica superrr coerente.
Eu mesmo, prazer. Me chamo Fernando pra sua informação.
Às vezes é difícil resistir. Não por nada. Pensa: resistir contra quem? pra que? por que? pra quem? No fundo, devo confessar, espero a buceta-milagre e a paz das propagandasde shampos. E o incrível é que a paz do shampo parece ser real e palpável. Já a buceta-milagre é mais complicada.
Então estou aqui. De novo. De novo e sempre. Minha glória de 3 leitores e 19 seguidores. Como se só os números bastassem. E se 'só os números bastassem' eu poderia falar de coisas belas e fodonas. Como esperança, por exemplo. Eu teria prazer em falar sobre esperança. Mas...enfim...eu nem acredito...ainda acho 'catar migalhas' bem mais decente.
E é pelo óbvio que o que eu espero eu não posso alcançar. Seja o que for: amor eterno, buceta-dourada, convicção profunda, revelações sinistras, lances místicos, relaxamentos xamânicos, terapias totais, mega-senas surpresas, etc.
Que, enfim, e por agora, assumo: adoro ter delírios de grandeza.
Minha fuga foi essa. Olhei pro meu umbigo e disse: - vai lá, garotão. Eu ri porque eu tenho bom humor. Eu faço piadas e sou engraçadissimo.
É minha vaidade que se manifesta: só importa quem me entende, afinal.

13 de maio de 2010

a coisa velha.

minha glória e meu tédio me dizem baixinho:
- a bobagem repetida. "posso ser tudo". "mil possibilidades". "hoje é um novo dia". as mensagens das propagandas virando hits em feeds e facebooks. como a moda de "dia do retardado. só 30% deixará essa essa mensagem aqui". solto um glória-aleluia quando solto um peido longo e sonoro por culpa da sopa de feijão de ontem. faço meu circuito na internet: veículo do caralho, queria o Nelsão vivo para falar sobre. a idiotia em rede, criando comunidades e grupos de tudo: pedofilia, jesus cristo, bucetas de Adão, homens broxas, artistas de paint, escritores de blogue, cineastas de youtube, generosos de campanhas, engajados de petições, etc. (e tem um circo na praça onze. queria ir. queria levar uma mulher limpa e com vestido de algodão no circo. comeria pipoca e doce e maçã do amor.) uma ou duas punhetinhas e um dia de cada vez: o conta-gotas fatal.

12 de maio de 2010

sobre delírio e diversão.


Se ela rebolasse com ternura. Se ela fosse e não soubesse e não pensasse. Daí bem que eu queria: bunda imensa na minha cara e banho antes de foder. Casal limpo, casal da foda-fetiche. Usava leite condensado e até molho bolonhesa. Ou melhor – e mais simples – carpaccio. Carpaccio no peitão, no umbigo e na buceta. Ou melhor – e mais espiritual – carpaccio nos chackras. Comia o bifinho fino e cru e perguntava: - sacou a transcendência? Ela sacaria e rebolaria mais em gratidão. Haveria, antes, a explicação teórico-mística: - pra aquecer os chakras inferiores. Ok, ok, bunda na minha cara e sininho de monges. Até incenso eu topo. Er-va Ci-dre-ira. Três por cinco reias. Ca-mo-mi-la e Flo-res do Cam-po.
Bundão na minha cara? Sim. Claro. Topo tudo. Bonitinho. Corrijo: - bonitinho e espiritual...
Fodão da porra. Bem enfiei 4 cms de língua naquele rabo. Quero foto, quero fotinho, quero um blogue prá nós: casalfetiche.blogspot.com. Legal né? Superrr. Sanduiches, meu amor? Claro, claro. Quer filhos? Muitos filhos. Muitos? Sim, muitos, mais do que três que é pra ter que ter dois carros. Você é louco. Eu te amo. Eu também.
Fodão da porra. Matemática, chackras, carpaccio e sanduiches. Ponho raiz forte no seu? Claro, claro. Macho pra caralho. Dispenso o abacaxi. Rebola de novo? Mas que mania. Por mim, rebola por mim. Tá, tá.
Puta que la merda, bunda branca com tatuagem – metade aqui e metade lá. Coração de marinheiro com flecha atravessada e tudo. Mulher clássica e bunda perfeita. Minha alma tá vendida. É tua, é tua. Aguenta? Aguento.
Fodão da porra. Mestre da Índia e o caralho. Chama-se pompoarismo, bonitinho. Mas cê deu pra ele? Ah...tive que dar. Merda, não quero que a mãe dos meus quatro filhos tenha dado prum mestre da Índia...(eu não consigo imaginar o Gandhi fodendo. Morrendo de fome, eu consigo.)
Dorme de conchinha? Tá. Você tá tão frio. Não, impressão. Me ama pra sempre? Te amo pra sempre.
Gandhi maldito comendo a mulher dos outros. Bifinho fino e cru. De vaca, de vaca. Gandhi...puta que o pariu.
Mahatma, Mahatma
...

10 de maio de 2010

Ed.

Essa coisa de se dar bem tinha se tornado insuportável. Sentíamos a opressão: todos falando da nossa sintonia e perfeição. Era terrível. Todos os elogios eram para nós: o casal mais perfeito do oeste.
Eu gostava no início. Ela também. A gente ria e dizia cheio de cumplicidade perfeita: - eles nem imaginam...
Depois deu merda. Um berrava pro outro: - a gente se dá bem, não dá? - A gente junto é perfeito, não é? - Temos sintonia, não temos?
Éramos fracos. O mundo nos oprimia e a gente cedia. Fracos e perfeitos. Sintonia total e tédio.
Fazíamos demonstrações públicas de afeto: beijos longos no meio dos amigos, amassos juvenis e tesudos. A plateia repetia: - eles se amam tanto...
Depois que separamos o terceiro casal amigo nos demos por satisfeitos. A gente tinha descoberto uma coisa. E a coisa descoberta era fria e calculista. A gente gostava, a gente manipulava o mundo. Éramos fortes e dizíamos um pro outro: - eles nem imaginam...
Em casa nada de nada. Nenhum papo e nenhuma mão dada. Quartos separados e banheiros distantes. A intimidade vulgariza a relação, aconselhávamos os casais pagantes.
Começamos a ganhar dinheiro juntos. Era palestra, workshop e os cambau. A gente era bom em provocar o choro alheio. Tínhamos técnica e estudávamos. Até espírita a gente era. Várias fundações.
Quando ela engravidou a primeira vez a gente resolveu matar o anjinho. Vai atrapalhar a nossa evolução, pensamos. E radicalizamos: - nada de penetração. Sexo oral e manual dá conta, né môr?
A gente se punhetava/siriricava e se sentia bem. Ótimo até. Palestras e convites imbatíveis. Separar o banheiro era a glória pros nossos alunos. - como nunca pensamos nisso?, perguntavam os casais cheios de esperança.
Na nossa turnê pelo Nordeste é que aconteceu. Senti dor, tombei e veio o diagnóstico:
- câncer fatal, 2 meses no máximo.
- Temos dinheiro.
- Não adianta dinheiro.
- Mas...
- Nada de mas...é atípico...lamento.
Antecipamos o lançamento do livro. Sucesso total. Fizemos um capítulo em homenagem ao meu câncer e morte. As pessoas liam e choravam. Mais palestras pintaram.
Finalmente nos amávamos. Até às práticas de penetração voltamos: primeiro sexo anal, depois vaginal. Evoluíamos à olhos vistos.
Quando eu morri foi chato. Mas o livro foi relançado e ela estava mais linda do que nunca. Usava só preto e fazia palestras também para aconselhar viúvas. Como espírita às vezes conversava comigo. Até psicografava as coisas que eu dizia. Era ainda melhor do que antes.
Eu parei de me manifestar pra ela depois que ela deu meu nome pro seu primeiro filho. Achei deselegante e de mau gosto. E ela mentiu no livro novo que ela lançou. Disse que eu tinha reencarnado no menino. Foi demais pra mim. Partiu meu coração.
Eu decidi que eu queria vingança. Isso mesmo: vin-gan-ça. Eu ia assombrar ela, seu marido e o moleque com o meu nome.
Ah...eu me vingaria.
(...)

9 de maio de 2010

o gosto metálico do bourbon

(é tudo sobre mim e minhas mentiras)

Ela gostava de falar coisas tristes e desesperadas na minha frente. Ela chorava falando dessas coisas na minha frente. Eu ficava com tesão. Meu pau ficava duro com ela chorando. Eu até me reprimia, pensava ser doentio ter tesão numa mulher que chora. Meu pau duro contra mim. Ela chorava e os olhos ficavam lindos. Eu a abraçava e passava meu rosto no seu rosto. Para sentir as lágrimas. Meu pau duro, ereção de rocha. Eu tentava lamber as lágrimas. Quando conseguia ficava com mais tesão. Ela notava, mas não comentava. Suspirava por causa do choro. Eu queria entrar nela. Dizer: - chora com o meu pau dentro de você. Mas eu não tinha coragem e ela não entenderia. Falaria que eu era sádico, que eu gostava de provocar dor. Ela me entendia mal. Falava que eu era "burguês". Isso mesmo: "burguês". Ela usava essa palavra velha e sem sentido. O choro era sempre o mesmo: - ninguém me entende. Eu entendia. Quer dizer, entendia porque ninguém a entendia. Ela era confusa. Ela mostrava seu pior para ser aceita. Ela mostrava sua raiva e sua indiferença e depois perguntava: - deixou de gostar de mim, não deixou? Perdeu o interesse, não perdeu? Eu não sabia responder. Eu não tava pensando nisso. Não pensava se gostava ou não, se estava apaixonado ou não. Eu só pensava: - por que ela age dessa maneira? Às vezes eu queria transar apenas para que nada fosse dito. Muita coisa era dita, tudo era dito. Mas a gente não chegou a trepar direito. Ela tinha pressa e usava o dedo. Eu com medo da camisinha, meu pau derretendo no látex. Se ela tivesse chorando. Se ela tivesse chorando com meu pau dentro dela. Meu delírio era um orgasmo. Orgasmo dela. Não aquele orgasminho tenso e agudo que eu vi 2 ou 3 vezes. Queria o Orgasmo. Ela e eu com medo da morte. O ritmo perfeito, a evolução em sintonia e um pau e uma buceta recriando o big-bang ancestral. Talvez se ela estivesse chorando. Talvez se não precisássemos do álcool para forjar intimidade. Sem contar os cigarros e as agressividades ditas em tom charmoso. Era velho. Não havia entendimento. Havia desejo de entendimento. Desejo. Desejo fraco, na verdade. Falo por mim. Eu queria, eu gostava. Mas não à ponto de. Difícil explicar. O que acontecia me bastava. Se continuasse acontecendo seria bom. Não tinha nenhuma certeza, mas topava. Alguma conveniência. Sexo, ternura, porres e papos. Café da manhã. Se houvesse paixão, haveria. Se houvesse amor, haveria. Eu não tinha planos. Nem teria como ter. Na minha cabeça era apenas deixa acontecer. Não digo não e não digo sim. Deixa acontecer. Eu deixava. Eu acho que deixava. Dela eu não sei. Não sei o que passava na cabeça dela. Às vezes ela falava coisas estranhas como: - se eu te pedisse em namoro, você aceitava? Mas era só estranho. Não havia nada nessa pergunta. Era apenas um outro jeito de dizer "burguês". Eu não entendia. Até achava graça. A confusão dela tinha seu charme. E também sua extravagância e medo. Ela tinha medo. Não de mim. Tinha medo porque tem medo. Medo generalizado, sem foco. Medo quase bonito. Medo antes de mim e depois de mim. Medo que não me incomodava e não me dizia respeito. E até isso, o medo, é invenção minha. Não é coisa pela qual poria minhas mãos no fogo. Porque não sei, não sei mesmo. E não topo tentar descobrir. Era pra ser mais simples. Mais "burguês" como é "um dia após o outro". Não vai ser. Não era pra ser. Há chuva, nostalgia, domingo e rádio cbn. O que não se explica, a gente escreve. Mais pela vaidade da escrita do que pela possibilidade explicação.

O sofrimento como bibelô

Cria-se uma situação onde se provoca o próprio sofrimento. Pode ser uma coisa simples e reta. Até decente, eu diria. Mas, do alto da minha torre Caga-Regra, eu sentencio:
  1. o imbecil cria sofrimentos para se sentir vivo,
  2. ao que sofre sente que a vida existe e,
  3. moto-continuo, se torna dependente da dor causada pelo sofrimento.
E, da minha torre Caga-Regra, eu resumo: o imbecil esquece que foi ele quem criou o sofrimento, e pior: esquece que criou o sofrimento para se sentir vivo, ou seja: usa caminhos tortos para sua própria invenção.
Em outras palavras: uma confusão dos diabos.
(É como bater no próprio corpo. Dá certo. É eficiente. As porradas fazem a gente lembrar que o corpo existe. Mas, daí, precisar das porradas para saber que o corpo existe é, no mínimo, uma estupidez.)
O problema do imbecil viciado em sofrimento é que ele esquece que 90% dos seus sofrimentos foram inventados por ele para se sentir vivo. (E, que fique claro, se sentir vivo não é simples. Se sentir vivo é o que, às vezes, chamamos de felicidade).
De forma que digo que o imbecil até procura um treco nobre e compreensível, mas o imbecil erra ao esquecer que é ele, e só ele, quem inventa suas próprias mentiras. E inventar as nossas próprias mentiras é toda nossa liberdade.
Ou Livre-Arbítrio - que grego algum acreditaria nessas palhaçadas...

7 de maio de 2010

"é clichê. mas senti uma solidão fudida", ela escreveu.

Almofada no queixo. Quase linda, ela diz: - não posso, não posso.
Eu acho que ela pode e invisto nas promessas do futuro. Dourado, o futuro. Ela nem concorda e nem refuta, apenas repete: - não posso, não posso.
Eu continuo achando que ela pode, mas não insisto. Minha elegância é não insistir.
- mas desse jeito, benzinho, você perde tanta coisa...
Ela tem razão. Eu perco muita coisa, mas prefiro perder. Sou um gordinho convicto. Ontem mesmo tomei um sundae de caramelo do Mac. Tá mais barato agora, eu acho. Sempre que passo no shopping tomo um.
Depois de três dias ela me chamou de idiota. Veja só: idiota. Idiota é uma palavra pesada, pensa bem. Mas eu não liguei. Perguntei se ela topava um sundae do Mac e ela topou.
Diria até que a gente tem sintonia. Sin-To-Nia. Porque é aquela coisa que no rádio precisa ser achada. E meu rádio é antiguinho, não acha a sintonia só com press.
Já faz um tempo. Ela tava linda e vestida de calça jeans e blusa branca. Me perguntou: - você me ama, não ama?
Eu disse "sim sim" porque não conseguia responder. Na verdade fiquei chocado com a pergunta. Só entendi tudo depois.
Nesse dia ela me deu o cuzinho, o tão almejado cuzinho. Apenas fez a exigência: - deixa que eu controlo, tá?
O cuzinho era prova de amor na cabeça dela, bobinha.
Mas depois nem deu certo. Ela ficou teimando que preferia o Milk Shake de Ovomaltine do Bob's. Era só eu falar sundae que ela vinha com essa. Teimosa demais. Eu ficava triste. Eu não preferia o Milk Shake de Ovomaltine do Bob's.
Sundae e Milk Shakes são coisas diferentes, poxa.
Quando eu disse que as coisas não tavam dando certo ela se sentiu ofendida. Disse que eu era intolerante e radical. Que eu era egoísta e fraco. Falou até que a culpa era da minha mãe - que me tratava como se eu fosse um reizinho.
Falou mal da minha mãe, vê só...
Foi triste a separação, mas foi inevitável. "Incompatibilidade de gênios", minha mãe me disse e eu concordei.
- essas mulheres modernas são muito intransigentes, né meu filho?
Eu concordei. Eu concordo.
Lembrei que ela nem tinha feito uma comida pra mim. Nem arroz, nem carne moída, nem salada com bifinho.
Fiquei com raiva, eu confesso. Isso mesmo: raiva. Oferecer o cuzinho é fácil. Prefiro um bife.

6 de maio de 2010

pelo prazer, pelo prazer...

Eu cago-regras e digo que é um PRAZER. Às vezes me contenho e escrevo algo aqui que decido não publicar. Porque um lê e acha que é pra ele. E eu é que não vou provar o contrário: se você publica algo, mesmo que na Imbecil-Internet, não pode - ou não deve - ficar cerceando interpretações, por mais babacas que elas sejam.
Por isso cago-regras com PRAZER. E de novo: cago-regras pelo PRAZER.
Porque cagar-regras me mobiliza. Falo do meu umbigão dourado e solitário e me sinto ótimo. PRAZER, eu repito.
Mas eu também faço contas. E sei que bater palmas pra maluco, faz maluco dançar. (Tem vez que gosto de ver o maluco dançar, tem vez que não. Ou não ainda, como é o caso de agora.)
Tinha esse textinho na dita e pronto. Textinho bom, desses que me deixam gordo e satisfeito. Li, reli e fiz a sentença: não quero maluco dançando por isso, a confusão é vaidosa...
De forma que opto por cagar essa regra agora. Sem meandros ou chances de provocar danças eufóricas e falsas. É vaidade também. (Esconder o jogo é vaidade também, explico.)
Seja como for, minha pança é redonda e meus dedos escrevem no blogue. Vaidade, dancinhas e jogadas - se repetem e fazem parte da merda coletiva.
Prefiro ser discreto.
Como o jogador diz depois da partida de futebol: - acho que a equipe conquistou mais um passo e que temos que pensar nos próximos jogos sem jamais menosprezar o adversário.

5 de maio de 2010

sem unhas roídas.

NegritoMeu putaquepariu é o sorriso mais singelo na cara do diabinho.
Capeta desses bem pequenos que se guardam em garrafa e que vira assunto nas novelas.
Meu capetinha dentro da garrafa de vidro e eu sussurrando pra ele: isso, isso mesmo.
Meu diabinho-camarada rindo com sua boca pequena e frágil.
Meu capetinha meu.
Depois dele sair, ele, tadinho, achou que ficaria grandão. Ele, capeta-coitado, achava que era pequeno por causa da garrafa.
E nem entendeu que o tamanho dele nada tinha a ver com o vidro e com a aparente prisão.
Meu diabinho do lado de fora escalando os aquários.
Meu capetinha meu: o rabinho, os chifrinhos e o corpo equilibrado em duas bolinhas gude.
Meu capetinha meu.
Depois que saiu da garrafa me disse: mó tristezinha, mas ainda queimo os dedos daqueles que me pegam.
Eu concordei e não toquei nele. O capetinha-diabinho tem lá suas razões.
Mas, de qualquer maneira, ele impressionava mais na garrafa.
Uma pena ele ter saído de lá.

4 de maio de 2010

culpe o whiskey

A vantagem do julgamento é que ele é pessoal. Estritamente pessoal. Por isso gosto daquele que diz "eu julgo" e refuto o que fala "julgar é feio". E também por essas o Estado quando julga se torna frágil e/ou, muitas vezes, equivocado. Porque o mérito de qualquer julgamento é ser uma impressão pessoal - uma avaliação que compara o julgador com o julgado.
(As leis, nesse raciocínio, passam por essa determinante: já que o Estado se pretende impessoal, temos que ter Leis para O orientar e também aos que julgam. "Julgamos perante à Lei" ou "Julgamos as ações e não o caráter" e "Um assassino em auto defesa não pode ser julgado como um simples assassino" são argumentos que a Lei usa quando pretende ser impessoal. E é isso. O Estado e a Lei têm essas premissas.)
Mas aqui é um blogue e também um eu delirante que escreve. Quando penso em julgamento, penso no individuo e só. Quer dizer: na minha cabeça o 'quem' diz é muitas vezes mais importante do que o 'o que' é dito pelo tal do 'quem'.
Exemplos:
1. A triste que diz ser feliz, 2. O baixinho invocado, 3. O inapto que fala mal do mundo(Eu), 4. O solitário com 15 melhores amigos, 5. O incapaz de amar com medo de nunca ser amado, 6. O Mc'Donalds preocupado com as crianças cancerosas, 7. A mãe da Sacha com uma fundação em prol dos pobres, 8. A feminista que não cozinha pro homem que ama, 9. O comedor dizendo que não encontrou a mulher certa, 10. O gênio que só escreve em blogue(Eu de novo).
E por isso, pra mim, todo julgamento será bem vindo. Seja ele certo ou errado, o meu ponto é que tal julgamento foi feito por tal pessoa. E a tal pessoa faz toda diferença. E deve fazer. O Chico Buarque falando sobre descriminalização da maconha é completamente diferente do Serguei falando sobre isso.
É uma coisa velha na verdade: "quem fala determina o conteúdo", "como é feito valoriza o produto" e, ainda que por inversão, posso também citar o pop "os fins justificam o meio".
E é aí que eu, gordo e arrogante, bato na minha pança e digo: - não mete essa, não agora e não pra cima de mim.
Porque eu tenho meus delírios e minhas loucuras, eu concordo. Mas, eu concordo também, que os meus delírios e loucuras são velhos conhecidos meus. Eu sou íntimo deles e, com eles, me fodo.
Minha arrogância é só uma: crer que eu enfrento os meus demônios.
Seja como for, eu sigo. Cagar regras é um prazer e julgar pode ser uma grande parada. "Minhas contas são sempre para o futuro" é minha proteção: já que quem deseja, deseja no futuro.
E aqui, no meu quarto-e-sala, eu ouço as músicas que conversam comigo e escrevo as histórias que eu posso.
Tudo idiota e calmo.
Como eu mesmo, afinal.

3 de maio de 2010

Eu não gosto das dancinhas que eles fazem.

Eu não gosto disso e daquilo. Eu sou chato e insuportável. Eu não acredito na Internet como ferramenta de justiça e, por isso, eu não assino petições. Eu não gosto de conhecer gente, eu não gosto de ser simpático, eu não gosto de telefone. Eu vejo de longe, eu fico sozinho, eu não participo e desconfio de quem participa demais. Me irritam os legais e me irritam os esperançosos. Eu não acho o Jô Soares inteligente, eu desprezo o denuncismo do CQC. Eu prefiro a idiotia canalha do Pânico na TV - mesmo sabendo que são apenas merdas de diferentes cus. Eu não consigo me animar com a maioria das coisas que causam animações: bucetas depiladas, mar e cachoeiras, tardes de sol, vídeo-games interativos, filmes em 3D, menáge com 2 mulheres, ser popular no facebook, frango assado de padaria, animais de estimação, canetas coloridas, revistas velhas, igrejas barrocas, etc. Eu me escondo, eu me isolo, eu tenho delírios de pureza. Às vezes eu acho até que eu devia virar outro. Pra viver melhor, pra me animar com as animações, para ter mais contato com a Natureza. Às vezes eu telefono, às vezes eu bóio no mar, às vezes eu rio das piadas do Jô. É o troca-troca, é o meio copo cheio/vazio, é o sorriso banguela, é o sim-não-não-sim. A Carla Perez velha, o Niemayer vivo, a M. Gadú como novo talento. Eu mesmo, meu blogue e três leitores solitários.

2 de maio de 2010

o cretino com garras e esperança.

Se eu pudesse apenas berrar e ser a criança imbecil. Se fosse uma questão de cálculo e conta. Se eu não fosse a bicha que eu sou e não esperasse por sacadas loucas e espertas. Porque tenho tesão nisso: nas sacadas loucas e espertas. Se eu fosse um idiota satisfeito gritando grandezas sem pensar muito. Se eu não fosse eu. Se eu não me importasse com quem diabos eu acho ser. E se houvesse as ternuras sem tamanho e constrangedoras. As xotas que fossem AS xotas e que agissem como AS xotas.
Mas não tem nada. E tem o cheiro de velho. O bolor idiotizante e repetido. A agonia de desejar muito e saber que desejar muito é se frustrar. O alimento vomitado e comido. O tempo fatal agindo e mostrando o quanto a liberdade é uma idéia estúpida e equivocada já que só nos repetimos. ( E Nelsão novamente me atinge ao mostrar sua consciência cruel e implacável: "Eu não existiria sem as minhas repetições.")
E, agora, com 28 anos, já não dá mais pra ficar culpando Deus e o mundo. Porque, agora, com 28 anos, eu nem acredito em Deus ou no mundo. Mas na culpa eu ainda acredito. Porque não sou burro e sei que a culpa existe. A culpa existe, criança. Negar a culpa é perfumar merda, é acreditar que a consciência - a consciência, sim!, te redime de alguma merda. E ta aí o erro: a consciência apenas te mostra a culpa e a falta de saída.
Mundo de merda e raves. Raves com drogas e ideias sublimes: raves-ecológicas, raves-classe média, raves-mundo melhor, raves-patrocinadas pela Petrobas, raves-um país de todos.
E eu? Eu nada. Eu discurso no meu blogue faminto. Eu vómito comido e dedo em riste. Eu apontando pro céu sem ter dedo ou direção. Eu só falando de mim, por mim, através de um blogue na Internet. A Internet que se pretende muito democrática e acessível, mas que nem é e nem sabe. A Internet que aponta em tantas direções que mostra que ter direção é uma bobagem porque tudo, absolutamente tudo, é uma bobagem.
E que sejam abençoados os idiotas - crendo no impossível e praticando sexo virtual. A liberdade de quatro e escancarada. As crianças tristes em companhias pedófilas.
E eu? Eu sou a bichinha que põe música clássica pra escrever. A bichinha que escreve. A bichinha a-pai-xo-na-da pela escrita. Cheio de ambições secretas, cheio de merda triste, cheio de sonhos infantis que são confrontados com os 28 anos de incapacidade e falta de senso prático.
Teatro ou escrita. Amor ou buceta de ouro. Mentiras alimentadas por mim para minha satisfação. O egoísmo articulado num blogue, em mais um blogue que é o seu próprio blogue. (Nada que se compare a realidade da velha que pediu pra cheirar minha garrafa vazia de cerveja porque não pode mais beber depois de ter ficado 15 dias na CTI.)
Mas é pelos gritos que eu vivo. E isso quer dizer incapacidade e não genialidade. Pelos gritos. Pelos milagres. Pelo desejo impossível. Pela falta de senso prático. Pelo idiota que se vira. Pela esperança tosca de Domingo ser melhor do que Sábado que, por sua vez, será melhor que antes. Desculpas de crianças tristes. Tristezas de crianças velhas. Velhice de quem espera novidades pelo telefone. E esse quem que espera - que sou eu - sabe que nada disso acontece ou acontecerá. A gracinha do mundo como a grande gag de Deus. Deus velho e gordo, já sem paciência pros detalhes ou sutilezas.
E claro que há esperança. Esperança sempre existirá. É da natureza da esperança o sempre. Ela não precisa acontecer pra ser o que é: Esperança.
Então estamos aqui e existe uma roda. Ou melhor, duas rodas. Uma é a ciranda com pretos e índios que seguem a música no bom e velho 1, 2, 3. Outra é o carrossel com cavalinhos pintados de branco e olhos fixos no nada girando em torno do próprio eixo. As opções são poucas, mas, mesmo assim, a gente ainda as considera: rodar eterno com os próprios pés e índios e pretos; girar em cima dos cavalinhos; ser um dos cavalinhos. Ou ainda: ver as duas rodas e achar que não tem nada a ver com isso. É uma escolha difícil e é como é: sim ou não ainda são as respostas que importam.
E, mesmo assim, a sabotagem ainda é uma grande forma de explicar tudo. E tudo, a gente sabe, é o que não importa. Minha ode e minha oração: sabotar apenas no blogue me parece um bom começo.
E claro está que competência não é o meu forte. Eu tenho gracinhas também, o que, enfim, só complica mais as coisas. Mas a gente se vira como pode - como a velha que cheira a cerveja. É legítimo, eu sei. O que não quer dizer que seja seu desejo para-a-vida-inteira.
De forma que chutar um gato morto ainda é empolgante. Assim como ter um blogue e delirar com o auxílio de drogas.

" - eu sonho, minha coisinha, eu sonho...e você?"
" - é...bem...eu ainda...não sei..."
" - eu entendo, minha coisinha, eu entendo."
" - haha...te amo agora..."
" - hahaha...te amo sempre..."

1 de maio de 2010

#

Meu delírio é uma buceta de ouro.
A única mulher
e as promessas de sol que ela traz.
A mulher e sua buceta de ouro,
a cura e meu delírio.
Apenas um porre.
Em noites frias ela me convida pra beber cachaça,
em dias longos ela me faz cafuné.
A mulher de ouro,
a buceta de diamante
e meu desejo de fazer uma mulher ser a única mulher.
Sem bundinhas pra ver na beira da praia,
sem jovens iogues e suas posições tântricas
sem adolescentes e peitos que levitam.
A mulher buceta-berço-e-caixão,
mulher dessas antigas
que não precisam provar que vivem no séc. XXI.
Mulher linda e calma.
Minha e só minha
a fazer promessinhas apenas pra me agradar.
Sem dizer não,
sem negar,
sem ter medo de me enganar.
“Mentirinha do bem”, ela diz.
Os dedinhos crispados dizendo
que eu deveria beber menos,
fumar menos,
sofrer menos.
Mulher buceta de ouro e diamante
minha só minha
porque eu a inventei
e ela acreditou.
(25042010)