15 de abril de 2010

quando ela me deixou.

Era um soco na barriga e um beijo na boca. Uma delicadeza de outra vida. Ela me falava: - sou Kardecista, sabia? Eu não sabia, mas dizia "claro, claro".
- Nosso amor é de outra vida, bonitão.
Eu concordava, falava '"pode crer" e coisas do tipo. Ela era radiante, admito. Há beleza na burrice. Tão fácil amar assim. Com uma burrinha gostosa como ela eu casava e seria feliz. Até concurso pro Banco do Brasil eu faria. Talvez me mudasse com ela pro interior do Paraná.
Ah, o amor. Além de me chamar de "bonitão" ela me fazia massagem nas batatas da perna. Dizia que eu trabalhar em pé era ruim pra minha circulação.
Kardecista, fitoterápica e mais duas religiões que eu esqueci o nome. Tão burrinha e perfeita: os peitos bicudinhos eram praticamente rosas, embora um pouco gastos.
É difícil entender porque o amor acaba. Acho que a culpa é do mundo. O mundo é cruel. Ou então é culpa dos espíritos obsessores de que ela tanto falava.
- O álcool deixa teu canal aberto pra esse tipo de espírito, sabia?
- É mesmo?
- Lógico!!!!
Quando a gente terminou ela me disse "Deus te abençoe". Fiquei triste, sofri, gastei dinheiro que não tinha e até cogitei ir trabalhar nos EUA. Ganhar em dólar e mudar de ares. Mas desisti porque minha mãe ficou doente e fez chantagem emocional. Mãe é fogo, a gente sabe.
Ontem, no meu aniversário, ela me telefonou e disse que era uma pena a gente não ter dado certo. Eu concordei. Uma pena. Tão gostosa e safadinha. Até chorava quando a gente transava, veja só.