11 de janeiro de 2011
10 de janeiro de 2011
5 de janeiro de 2011
faniquitos de ano novo 3.
- Lolita tesão, Lolita, meu amor. Livro bom começa logo e logo diz à que veio. Lolita, mil punhetas e Lolita porra pelo ralo. As palavrinhas se juntam, as frases saem boas e, após 15 páginas, tenho a certeza de que as meninas de 12 anos são a coisa mais tesuda que existem. Deus abençoe a América. Deus super-abençoe os russos que escreveram na América.
- O casal de adolescentes estava em polvorosa. Pelo que entendi, era assim: pai separado em férias com os filhos - um de 8 anos e outro de 14. A namorada do mais velho tava junto: pais tranquilos ou liberais ou irresponsáveis ou confiantes, tanto faz. Ela tinha 14 ou 13 e os dois se amassavam lindamente em todas as piscinas. Ela pequena com aparelho nos dentes e ele mais alto. Brincadeiras incríveis de sunga e biquine. Joguinhos lindos na água: passagens embaixo de pernas, suportar o peso do outro com o benefício da gravidade da água, sumiços de beijos submarínicos, etc. Tesão é aquilo. Tesão não é o super-sexo narrado em mesas de bar.
- Primas que afirmam nunca terem tocado siriricas. Eu acredito e lamento. Pelo que entendi há nojinho da própria buceta. Não sabem nada de nada e desconhecem, em absoluto, os benefícios da auto satisfação. Roçar o próprio púbis é tão cristão, tão católico... causa uma culpinha tão boa de purgar. Mas elas nem sabem disso, elas acham o órgão feminino muito feio.
4 de janeiro de 2011
faniquitos de ano novo 2.
as noites tristes depois do natal:
- Casais se matam e se agridem. As unhas, postas pra fora, arranham as carnes que aparentemente se amam em noites menos (ou seriam mais?) frias. Ranhetices com prazo de validade suspeito: casais novos e velhos se matam com mais ou menos intensidade - ou seria competência? Seja como for, sinto-me ótimo estando solteiro. Meu inferno é apenas eu e não o outro. Parece-me justo e decente.
- Ou você melhora com o tempo ou você tá morto. Isso não é virtude, é um mínimo de decência. Se você reclama há 30 anos da mesma coisa, há qualquer erro fatal que passa despercebido. Se você reclama há cada dia de uma coisa diferente, você tá fudido e mal pago, inventando micro-inimigos pra se sentir vivo. Uma mesma queixa a cada 3 anos me parece um bom número.
- Ficar no banco do passageiro reclamando do motorista é um filme velho, chato e previsível. Pode-se dormir, assumir o volante ou simplesmente cutucar o nariz. Há a alternativa de ler ou ouvir música, mas nada disso será feito. Reclamar é quase um prazer - como alguém que inflama a unha do dedão do pé para sentir aquela dorzinha "gostosa" a cada passo.
- A necessidade de plateia para mostrar os próprios sentimentos é uma dessas coisas que cada vez reparo mais e entendo menos. Por um lado é apenas vaidade, por outro é um golpe baixo que aproveita o grupo para se esconder. É como falar sobre sexo numa mesa de bar: todos se tornam muitos sexuais e lascivos.
3 de janeiro de 2011
faniquitos de ano novo 1
toda loucurinha amiga.
• Encontra-se pessoas e a tensão mútua é quase satisfação. Segundo minha irmã eu estava amarelo. Devia estar. Fazia sentido estar amarelo. 3 anos e uma vida. O tempo agindo. As mudanças sem volta e o constragimento inevitável. Foi tudo lindo e é tudo terrível.
• A tensão no rosto dela me acalmou. Eu conhecia aquela tensão. Já a vira antes e me era íntima. De uma forma gratuíta e estúpida, eu afirmo: entendia tudo, sabia de tudo, mesmo que visse pouco. Era como um cheiro que volta e que reconhecemos mesmo que sem decifrá-lo.
• Durante a volta, no carro cheio, entre as músicas e as brincadeiras com as crianças, sentia essa euforia sem mira que me subia e descia o estômago. Imaginava explicações, imaginava textos para o blogue que falassem sobre isso. Explicações sobre essa época (natal e ano-novo) que, inevitavelmente, nos fazem pensar em mudanças e transformações. Após o golpe de vista, da certeza do encontro improvável e à caminho do banheiro, pensei amarelo num riso bestial: - euforia sem mira explicada.
22 de dezembro de 2010
Dezembrão.
E um tipo de fim que se aproxima
e o inevitável
que é pensar no ano que passou
e no ano que virá.
Que existimos no tempo e morremos no tempo,
que somos o tempo.
E o tempo passa mesmo que se fale sobre a importância do "agora" -
como se o agora fosse real...
como se ao dizer "agora" o "agora" ainda fosse o que não mais é.
E tem Natal
e Ano Novo.
E as datas todas.
E o fato de serem inventadas não quer dizer nada.
Que tudo que importa foi inventado: o amor, os laços, a arte, o sexo como descoberta, a ficção, os livros, a família, o espirito, Deus...
E daí que vejo meus amigos e tenho vontade de falar
e falo e lembro que somos amigos e vejo a fraternidade do planeta
sendo concentrada numa data inventada e bela e humana.
E lembrei dessa música.
Que tem a ver com tempo,
com coisas que existem no tempo,
que fala de gente que se vê
e se pensa e não se conhece
e, mesmo assim, se consome.
Que é Dezembrão e o sol é como um punhado de agulhas à entrar em nossa pele.
a música. pra quem tiver saco. e nem é uma boa versão.
20 de dezembro de 2010
o que se vê, o que se pensa, o que se lembra.
- Gor-delícia dentro do trem a caminho de Campo Grande. Entra depois da Central. Usa microshorts, blusa colorida que amarra sem sutiã e os malditos óculos escuros enormes que estão na moda. Mama um LATÃO de Bramha. Tesão. Gor-delícia, meu amor. Puxa papo com o coroa que vai pr'onde eu vou. LATÃO de Bramha substituído por LATÃO de Antárctica. Nariz fino, coxas brancas e exibição discreta. LATÃO mamado com calma e dignidade. Coisa fina. TESÃO.
- (Pau Duro e imagens infernais. Culpa da pornografia internética e do balanço do trem. Sem fumaça, sem piuí, sem belas paisagens. Pau Duro imbecil. Duro agora justo agora. Meu Pau, uma criança. Inocência por culpa de trilhos de trem.)
- Morena-Toda-De-Branco. Vestido ou vestidinho, não sei. Livro grosso de Biologia na mão e os mesmo óculos escuros da moda e enormes. O dela era marrom. Levanta os braços e vejo as axilas. Axilas são sem graça é a minha conclusão. Olho pra ela com ostentação. Quase idiota e quase santo. Ela nota e fico satisfeito. Quase santo e quase idiota. Ela limpa os óculos no vestido-vestidinho branco. É pra mim. Sobe o vetido-vestidinho e faz que nem nota. É pra mim 2. TESÃO. Livro de Biologia. O vestido-vestidinho subiu muito, muito mesmo e ela fez que nem notou que eu a olhava ostensivamente. É pra mim 3.
- (TESÃO. Pau Duro cheio de inocência infantil. Maldito trem. Há que se culpar alguém. Pau Duro, meu amor, a estação tá chegando e minha bermuda explana).
- Trem ainda. O puto - meio bicha, meio imbecil - comprou um sorvete de côco e jogou o papel de embrulho no chão. Fiz minha cena mais fraternal. Curitiba e menino-folha. Se-pa-re. Olho pra ele e pro papel. Mexo a cabeça mais do que o necessário. Ele se toca e empurra o papel com o pé pra baixo do banco. Sinto-me desafiado. Olho agora com a boca aberta e ele vira o rosto. Vitória é uma idéia estúpida que agora fez sentido.
- 60 questões que podem mudar sua vida. É estranho e sem sentido. Mudanças de vida são sempre suspeitas. Vejo velhos e muita gente conhecida. É triste. Decadente. Estamos todos ali. A tristeza se manifesta com "você por aqui?" ou "fez para o município?"
- Carona pra volta e carro de desconhecidos. Sou simpático e descolado. Os desconhecidos são fáceis de lidar. Dureza são aqueles que se conhece pouco ou que já se viu. O desconhecido absoluto não causa temor.
- Casais são tudo aquilo que entendemos por coerência interna. Tenho andando com casais. Eu e um casal, no caso. Lembro que segurar vela era terrível há uns 15 atrás. Agora não. Ser adolescente é mesmo terrível.
- Na VAN da Lapa o cara que cobra e berra é super descolado. Tenho delírios. Imagino-me milionário e o chamando para uma conversa. Eu diria: tu é esperto pacas, vou te montar um negócio próprio, pensa bem o quê pode ser. E ele se tornaria um homem de confiança do fernandinho-milionário.
- Entre o Rio-Sul e minha casa há esse mobiliário urbano que anuncia que o Planetário faz 40 anos. Lembro da Branca - a mais doce, a mais eterna. Ela queria que eu a levasse ao Planetário e eu não a levei. Ela nunca havia ido em um e dizia que poderia ser um ótimo passeio de sábado à tarde ou domingo de manhã. Eu era burro e não entendia. Reclamava das crianças estúpidas que lá estariam. Eu era burro e me achava esperto.
- Culpa, culpa, culpa. E lembro de todos idiotas que supõe culpa ser uma mera invenção da Igreja.
18 de dezembro de 2010
#
Despeço-me com o máximo de educação e volto pra casa. No bar da esquina tomo cerveja e, ao saber que pegam cartão, invisto num gurjão de peixe. 2 cervejas e quentinha.
15 de dezembro de 2010
óvulo e espermatozóide.
papai e mamãe se matam em doses homeopáticas. é estúpido e pouco eficiente. há que se morrer com elegância: um ato suicida, uma queda no banheiro, uma cãibra de riso que chegue ao cérebro.
os demônios existem e é um fato. as possibilidades são poucas: enfrenta-se o demônio com suas garras e sede de sangue ou ignora-se o demônio como se fosse um brinquedo quebrado. o dêmonio, enfrentado ou ignorado, continuará existindo. o que fazer com o demônio é, nesse caso, a grande questão.deve-se também tomar cuidado com ameaças que não existem. culpar os outros por mal próprio é tão natural quanto estúpido. se sua vida é ruim, a culpa - se culpa há - é sua. e digo isso sem nenhuma alegria. (adoraria culpar o mundo e os que nele vivem por minhas desgraças. mas o mundo apenas existe e os outros, como nós mesmos, vivem como conseguem e podem).
o tempo urge e, infelizmente, não há culpados. somos nós, nós mesmos, e toda nossa agonia de ser humano que existe ao longo do Tempo.
mas, em defesa dos demônios, eu afirmo: eles são o que são e obedecem ordens que não controlam. a exitência dos demônios nunca impediu que as coisas sigam e surjam, em outras palavras.
há que se parar de viadagem, frescura, demônios, previdências privadas e sonhos de se aposentar a beira mar. como se todos velhinhos fossem felizes, como se demônios pudessem ser eliminados, como se dinheiro fosse o único problema e não apenas um dos problemas.
tenho blogue, escrevo livros rejeitados e faço teatro sem patrocínio. e meus velhinhos? o que andam fazendo?
13 de dezembro de 2010
:~/
e danças desconhecidas.
Viver e se divertir
como o bom bichinho que sou.
Ao mesmo tempo as conclusões estúpidas:
- não gosto de Dezembro.
- sonhar cansa.
- animais são melhores quando são capazes de lamber a própria genitália.
- saber o que importa nem sempre é solução.
- o impossível seduz pelas impossibilidade.
- envelhecer não produz sabedoria.
- viciados em analgésicos são pessoas que tentam combater a dor.
o ano novo e seu otimismo,
o Carnaval e sua alegria.
Bichinho sazonal eu também sou.
Antes disso:
- o conta gotas fatal.
- as rugas adquiridas.
- a pança que cresce.
- as cartas a serem escritas.
- os sonhos somados para o ano que virá.
- as tarefas de tédio e hipocrisia.
E mais um ano que vai
e um outro que vem.
E tudo que pensamos pralá e praqui:
bichinhos competentes
criando afetos, ternuras e derrotas.
Bichinhos que se salvam.
11 de dezembro de 2010
Machismo, idiotas diriam.
8 de dezembro de 2010
minha vaidade se supõe elegante.
Minha belezinha cheia de tesão me faz sentir tédio.
6 de dezembro de 2010
5 de dezembro de 2010
Mi-Mariazinha.
sábadu.
- Não gosto de conversas que mantêm um único assunto por mais de uma hora.
- Não acredito em gente que fala de si como se estivesse se descobrindo. Ou pior: em processo de auto descobrimento.
- Desconfio de seguidores de blogues e também de quem faz confissões em twitter ou coisas do gênero.
- Duvido de todo mundo que acha que está evoluindo e que - inevitavelmente - faz questão de tornar público a tal da evolução.
- Curtir comida JAPA e ser budista é antiquado e sintoma de afetação. Quem que você conhece que é budista sem divulgar à sua crença?
- Príncipes encantados são o fetiche mais antigo que existe. Tanto faz se o princípe é princesa ou se ele tem particularidades que o tornam único. Ser ÚNICO é um desejo decente e óbvio na mesma proporção.
- Valorizar os erros é o sintoma mais gritante da Estupidez. Errar é parte da jogada, mas não é virtude. Errar é igual respirar - coisas que todos fazem e que não têm importância real.
- (Insisto: ainda sobre erros.) Não repetir erros é a função da natureza. Não há sabedoria alguma em quem, após errar que 2 e 2 são quatro, começa a chutar números aleatórios. Gato escaldado tem medo de água fria é o óbvio ululado sem nunca ter a atenção merecida.
- Pra dizer fim: sou eu mesmo e repito: tesão todo mundo tem, sonhos também. Sonhar e ter tesão é como estar vivo: algo que se faz mesmo sem se pensar sobre a vida, o tesão ou os sonhos.
4 de dezembro de 2010
- Dar tchau me parece bom. Dar até logo me soa bastante estúpido.
- Os imbecis gostam de girar sobre si mesmos. Eu giro sobre mim mesmo, mas não me acho imbecil. Vaidade, em outras palavras. É que não peço à ninguém pra ver eu girando sobre mim mesmo e descobri que o nome disso é elegância.
- Eu faço planos e você faz planos. Todos nós fazemos planos. Planos... parece importante, mas não é. Fazer planos é como viver: você está fazendo mesmo sem saber.
- Gosto de mentir. E de cagar. E de dizer coisas sem pensar. E também gosto de mim. Mas gostar de si não precisa ser aprendido em lições espirituais, precisa? Sou arrogante e digo que não.
- Ela, um dia, me falou de uma árvore. Essa árvore tinha sido muito importante na infância dela. Ela disse que subia na árvore, via o mundo lá de cima e ficava por horas lá em cima. A árvore era sua casa, ela disse. Perguntei da casa de verdade dela e ela me chamou de estúpido, disso que eu só gostava do que não existia. Mesmo sem ela imaginar porquê, eu concordei.
- Dou dois beijinhos e digo OI. Chacoalho as mãos e dou TCHAU. Tenho charme e cinismo. Equilibro-me entre o idiota que fui e o idiota que serei. Parece profundo, mas não é. Acusar à si próprio tá na moda e pega bem. O erro é acreditar que você é quem você imagina ser.
- O faz de conta é uma grama verde. O Leminskão sabia disso e achou graça. O Tio Caetano cantou e também achou graça. Eu não posso falar dos outros, tenho limitações graves e nem sempre sou capaz de amarrar meus cadarços. Mas, mesmo assim, me considero bastante engraçadinho.
3 de dezembro de 2010
Olhos abertos e futuro indeciso.
Talvez o falso conforto que todo gordo aparenta, talvez a falta de habilidade de sair para caçar piranhas em noites de néon e brilhos e drogas.
Lembro de garotas nuas, lembro da primeira vez que vi M nua e fiquei surpreso com sua brancura e também que achei lindo ela não ter marcas de biquíni. Os mamilos rosas e empinados, o rosto confuso que ela fazia quando me masturbava apenas para me agradar.
(M que um dia me disse eu te amo e aquilo não tinha nenhum sentido, e ela repetia eu te amo, eu te amo, mas a única coisa visível era seu próprio sofrimento e sua própria agonia de amor.)
E cada vez essas mulheres ficam mais loucas e mais tristes e mais problemáticas. E eu sou o elo de ligação entre elas. O óbvio sussurra no meu ouvido que de alguma maneira eu as atraio e por elas sou atraído - de forma que dei para chorar ao assistir Comédias Românticas onde o destino parece existir e juntar casais impossíveis.
Então sinto saudades de coisas que não existiram e de coisas que eu inventava para produzir poemas melosos e mal escritos..."eu era o tempo".
A realidade não importa ou importa pouco.
A invenção é mais poderosa, a ficção mais agradável e a beleza... bem, a beleza... vale como ideia, mas não como ponto de chegada.
2 de dezembro de 2010
- Compro carpaccio e me sinto ótimo. Carpaccio é a bola da vez, a obsessão do momento. Carne crua, pimenta, alcaparra e azeite. Deus até parece me dar uma piscadela. Faz sinais pra mim como se fossemos velhos amigos.
- No som um preto canta com aquele jeito de preto. Deve ser do caralho ser preto e cantar como preto. Os pretos quando sabem cantar têm essa voz estranha e antiga que deixa tudo que se vê parecendo cenas de filme do Win Wenders. E a vantagem é que na voz preta do preto bom quem me dá uma piscadela não é Deus.
- Há a rúcula e a carne crua. A NET liberou uns canais e a TV é uma idiotia agradável. Os cigarros continuam bons, mesmo fazendo mal. A ironia, a NET liberada e o boi que, generosamente, morreu para me salvar.
29 de novembro de 2010
Era sexta, mas poderia ser quinta.
27 de novembro de 2010
O-l-í-v-i-a.
E gosta do abismo e é amigo do abismo.
Mirar o pau porque assim se carrega a alma.
Diante do abismo há a buceta perfeita,
com flores e cheiros e orgasmos verdadeiramente violentos,
desses que na contração quase lhe arrancam o pau.
Abismos e mulheres que podem lhe arrancar o pau são como o próprio sentido da vida - e isso supondo que tal sentido que não existe, exista.
As flores aprecem sempre depois.
É decente.
Primeiro existir e só depois adquirir alma.
Porque sem alma não há abismo nem altura nem...
Alma.
Fetiche por almas retraídas ou por almas que têm medo de ser almas ficou pra trás.
Liberdade é outra bobagem que só se pode acreditar após certas coisas.
Como abismos, como bucetas floridas, como ataques de ternura quando a ternura ainda estava fora de moda.
Suportar-se à si
e dizer que o idiota diante do espelho
é você mesmo.
E sofrer um pouquinho,
e lembrar de nomes lindos,
e sonhar com as mulheres lindas que inventa
e que nem precisam existir.
Como um treinador de cães
que adora os cachorros
após muito treino.
25 de novembro de 2010
fifiti/fifiti.
24 de novembro de 2010
o cretino com asas.
morrer decente, de terno, como foi o Seu Batata, pai do Tél. a vida inteira um bebum de chinelos.
mas no caixão a morte decente e formal: terno, algodão no nariz e mãos sobre o peito.
mas o cretino não. o cretino não entende nem mesmo que morreu e que, como morto, deve estar num caixão, desfrutando a paz gelada e inevitável de quem está embaixo da terra.
mesmo lá de baixo o cretino põe suas mãozinhas pra fora. é como um filme de terror b que se esquece do humor que ser 'b' deveria ter. mãozinhas em agonia que se levam à sério.
o cretino é isso. leva-se à sério e nem desconfia da estupidez que lhe é própria e percebida por todos. o cretino é puro e cheio de boas intenções.
ele dança, ele ressuscita, ele multiplica peixes e faz ressalvas sobre suas ações estúpidas. o cretino é sempre sincero e, ainda pior, sensível. ele sempre faz questão de dizer: sou muiito sensível.
quando ele tira férias, ele anuncia: vou tirar férias.
quando ele come sushi, ele diz: comi sushi.
quando ele participa de uma promoção, ele põe o site no facebook para os amigos desfrutarem: www.cretinofeliz.com e, na mesma hora, ele curti a si mesmo.
o cretino sempre curti a si mesmo, além, claro está, de compartilhar qualquer coisa com qualquer um.
quando o cretino morre, ele não morre. porque o cretino é eterno e sempre será. a cada aniversário de morte do cretino haverá uma festa. se há uma chance do defunto-cretino aparecer, ele aparecerá.
o cretino sempre aparece.
além de curtir à si próprio, ele é coerente: nasceu cretino, viveu cretino e morrerá cretino.
e... bem... para o cretino...a morte... - até ela - ... é apenas uma passagem.
22 de novembro de 2010
Os infernos são particulares e assim devem ser.
Minha desconfiança com gente simpática demais é uma tônica.
Quem, que possua alma, confia nesse eterno otimismo TUDO LEGAL?
Prefiro o tio Buk que, como diz o Bortolotto (tio também), "descobre a pérola no fundo do copo".
E isso é gosto. E gosto, a gente sabe, não se discute. Só os chatos discutem tudo - incluso gostos.
Seja como for, peido alto e sinto o cheiro fabricado nas minhas entranhas. E isso é real e patético.
Cada um se protege como pode e vive como dá.
Eu entre idiotas é meu bordão da vez.
Participar do mundo não é virtude, é apenas (e apenas!) uma necessidade.
21 de novembro de 2010
Tesão por aí, né??
20 de novembro de 2010
19 de novembro de 2010
Show dos coleguinhas.
18 de novembro de 2010
Vai, Fernandinho.
E na quarta eu era um imbecil suicida, na segunda um cretino satisfeito, na terça um deus discreto e por aí vai.
Até quando? Pra sempre, neném, pra sempre.
Sobe e desce filho da puta. E a puta pare. E a puta goza. E a puta apanha do seu grande amor.
E o leite derramado está lá. Faz um belo mapa no chão. Parece o sul da América do Sul, parece a ponta da bota que é a Itália. E os imbecis do mundo se reúnem num coro pra cantar: "não adianta chorar pelo leite derramado". Mas o coro esquece que "não adianta sorrir sobre o leite derramado" nem "fazer de conta que o leite derramado não existe".
Então segue-se. E velhas têm cataratas, crianças novos colégios, adultos novos empregos e jovens têm Internet e outras bobagens - como o show de rock-amigo que vou daqui a pouco.
Seja como for sempre confirmo que:
- não tenho vocação pra suicida.
- não acho a MTV super legal.
- sou católico porque fui batizado.
- os americanos fazem seriados como ninguém.
- a Internet é uma ferramenta de solidão.
- o álcool é uma terapia mais eficiente.
- toda merda é generalizada.
- um dia após o outro é o bom senso mais classe média da porra do mundo.
- há 6 anos atrás eu era 20 kg mais mais magro.
E vem dia e vai dia. E aqui estamos. E eu continuo. E você. E o blogue. E também tudo isso que chamamos de 'esperança', mas que, afinal, quer dizer mesmo é: ESTAMOS AÍ.
14 de novembro de 2010
11 de novembro de 2010
existe
o tempo desperdiçado sem ser perdido.
gosto do que gosto.
melhor assim.
e nem posso reclamar.
pai e mãe vivos,
sobrinhas sem doenças
e esperanças que brigam com o tempo.
-
o dinheiro aumenta meu pau
e gente quer me dar.
isso passa, eu sei.
mas passando, eu fico.
porque é melhor lembrar disso
do que lembrar
da puta burra que
me cobrou 150 pratas.
-
contas de mais
e contas de sim e não.
o corpo comprido ficou caro,
o corpo magro não ficou.
-
a gente mente
e a gente se diverte.
a gente se resolve.
10 de novembro de 2010
Teimodinho, eu aprendi.
9 de novembro de 2010
listinha
- As queridinhas. Elas me amam quando estou no metrô e leio meu livro. No metrô as queridinhas me amam e ignoram minha pança branca e redonda. Mas dar pra mim que é bom, nada. As queridinhas me desejam apenas entre a Glória e Botafogo.
- Faço julgamentos. É arriscado. Julga-se mal, julga-se bem ou simplesmente se faz um julgamento equivocado. Seja como for, meu julgamento me diz: D é carente. Apenas isso. D. é profundamente carente. Freud deve explicar. Coisas sobre papai mau. Freud, com certeza, explica.
- J sem soutien é meu delírio. Peitos pequenos e atentos sem soutien. Mulheres de peitos pequenos deveriam ser proibidas de usar soutien. A gravidade age menos em peitos pequenos(taí mamãe que não me deixa mentir). É como uma vingança retroativa: a peituda da 7° série segura canetas bics com seus peitos enquanto a peito pequeno precisa apenas de uma camiseta branca e de um ar condicionado. Tesão. Tesão em J. E também tesão generalizado. Prefiro os peitinhos de J. Tesão, tesão.
- Gostar de si é tão necessário quanto não gostar de si. É o erro fatal de todas as auto ajudas. A vida não é tão simples. E esse sobe-desce nosso de cada dia é, mesmo que inevitável, uma bobagem. Somos crianças diante do doce. Somos crianças diante do quiabo. Mas, pra amenizar nossa culpa, afirmo: ser criança não é um ideal, é apenas o que ocorre.
- Fazer planos. É normal e idiota. Meu plano agora é assim. Queria um escritório. Isso mesmo: um escritório. Faria a mesma coisa que faço aqui. Mas em outro lugar, com contas a serem pagas e, principalmente, com bancos de horas. É uma mentalidade de macaco: cria-se a circunstância para depois se criar a necessidade. Como a frase-punhetinha para atores: você corre de um urso / pode imaginar o urso e o medo que ele te dá pra depois correr / ou pode correr e depois ter medo do urso / você que sabe. (é quase isso. o original sempre é melhor).
- punhetinhas jogadas. Escrever mensagens no facebook é soltar pólen. Aleatório, sincero e virtual. Uma nuvem de talco. Primeiro derramar o leite. Depois chorar sobre ele. Como se só isso fosse, como se não houvesse ceú e inferno, como se no xadrez os peões não fossem menos importantes que a rainha. Coisas jogadas. Jogos de maneira geral. Eu me divirto e ela também. Quem sabe nos divertiremos juntos.
8 de novembro de 2010
here-me.
6 de novembro de 2010
Eu que vi eu que sei.
Então, pra ser do contra, afirmo: não falo de mim. Não mesmo. Sofro também, mas nem me engano. Eu mesmo com meus dedos em meus buracos. Só sofre quem acredita e eu, infelizmente, não acredito. Acho tudo velho e malfadado. A ilusão é a mesma. Minha vaidade é ter a ilusão de que sei da ilusão que há.
Mas não importa. É um belo sábado de chuva e meu Dom Quixote de lata (presente de uma amiga) está na minha estante desafiando a parede azul que ele supõe ser o ceú. Por incrível que pareça não falo de mim ou do meu umbigo. Ainda tenho cartas na manga e a alegria de mentir deliberadamente. Inclusive pra si próprio.
É o paradoxo da mentira que tá no seu Aurélio de maneira mais elaborada: se eu afirmo 'eu minto' e o que estou dizendo é verdade, a mentira está em fazer tal afirmação.
De modo que me faço entender. Para os que têm dicionários e para os que gostam de pôr chifres em cavalo. Os que acreditam em unicórnios, em outras palavras.
5 de novembro de 2010
Toda Sexta às Duas da Tarde.
Que não existe, mas eu invento.
E ela dança (Sem roupa, mas com botas.)
enquanto escrevo isso e reparo no seu tufo de pêlos.
Ela gosta de reggae e fuma maconha.
Ela tem ataques de riso quando fuma maconha
e isso quase irrita, mas eu bebo álcool
como um recurso simples de amortecimento.
Fala da natureza, fala do ceú azul, fala do Cristo Redentor que vê da minha janela.
Fala sobre coisas que só mulheres falam
e isso me agrada.
Tenho tesão,
tenho pau duro,
tenho um blogue
e uma mulher de botas
que dança sem roupa
enquanto publico uma nova postagem.
3 de novembro de 2010
Põe a rodinha pra mexer e se satisfaz
31 de outubro de 2010
Omelete de claras, ela explica.
29 de outubro de 2010
Prefiro o sundae à 3 reais. Caramelo. O que, afinal, é caramelo? Existe uma fruta chamada caramelo? Ou uma planta, tipo baunilha que é aquele cabinho fino e preto?
Passeio.
Na livraria sinto calma. Fazia tempo que não zanzava ali, o sólo do Solar, a música do Caetano que eu achava legal quando cheguei aqui. Rio de Janeiro, Deus abençoe o ar condicionado. Saio com 2 produtos.
Planos vem e vão. Isso apenas em uma tarde. Dormir, telefonar, escrever, procurar, decidir, goolgar passagens pra Argentina, preparar qualificações, etc. Nenhum plano é consumado: hortifruti aí vou eu, quero é carpaccio!
Mulheres lindas. Várias mulheres lindas: de salto, de saia, de tênis, de casaco, etc. Uma comprava doces - ja na loja Americanas - enquanto eu reparava nela. Loira séria de aliança e bico fino. Parecia estar triste e eu queria que ela me visse. Ela meu viu e disse SEXTA FEIRA. Eu disse ÉÉÉÉ... e paguei minhas cervejas.
28 de outubro de 2010
quanta belezinha.
25 de outubro de 2010
depois dos rastafáris.
Não gosto de escândalo,
não gosto de piti.
Estou velho,
estou acabado
e - por ironia - me sinto bem com nunca.
Não gosto do grito que você dá,
e acho que você deveria deixar o corpo resolver.
(as bucetas falam, sabia?)
Mas você tem cadência,
você tem dicção,
você geme como se estivesse sendo filmada.
(as bucetas, além de boca, têm língua, sabia?)
Quero uma mulher
que ande de Ceci rosa
pela orla do Rio
enquanto toma um sorvete.
Não me interessa sua habilidade em ser do contra.
E muito menos seu ex namorado zen e Indiana Jones - ao mesmo tempo.
Eu quero a orla como paisagem,
um sorvete chicabom
e um bifo frito.
Não
me parece
que
eu queira
muito...
24 de outubro de 2010
Domingão na cabeça
22 de outubro de 2010
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dignidade... legal... bela palavra, reconheço... mas lembro o meu avô dizendo dignidade e ele dizia absurdos, mesmo sendo o homem mais digno que conheci. ele dizia: 'nordestino é vagabundo' - ele era nordestino. fazia sentido. ter ódio do que se é e não se pode fazer nada. uma fraqueza e uma tolerância. fraqueza dele. solidão minha porque repito: ele era digno.
nasceu em 1918, mas foi registrado em 19. era teimoso e, pra sua época, era inusitado: achava que suas irmãs mulheres também deveriam ler e escrever como os homens. o pai dele, meu bisavô, não entendia. achava que suas filhas iriam escrever pros machos e virar prostitutas. a ignorância é um tipo de paraíso: nada se sabe e tudo se condena.
meu avô teimava em relação a escrever e ler, mas, mesmo assim, achava que mulheres desquitadas era uma coisa errada. ou os homens eram canalhas ou as mulheres eram putas. sempre assim: ou um ou outro. o sistema binário mais coerente que já vi.
e ele agonizava. câncer. câncer no estômago comendo sua velhice e sua satisfação. ele mantinha sua dignidade e me dava seus toques. ele tinha ido pra guerra e não tinha morrido. era um pracinha. foi quando as coisas melhoraram... a aposentadoria, essas coisas.
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estamos em 2010. você me dá lições de vida post morten. o diabo sorri. nem deus nem diabo existem. a garota me disse que vivo do passado. ela nem me ama nem me odeia. ela também tem avô morto e entende sobre dignidade. ela imagina ser livre. eu também. nossos avôs, os verdadeiros portadores da dignidade, estão mortos e rezam no caixão. eles ainda nos amam e também nos influenciam, mesmo mortos há muito tempo atrás.
dignidade... essas palavras terríveis.