24 de outubro de 2010

Domingão na cabeça

Música alta. Penso em falar sobre papai triste e mamãe melancólica. Penso. Tem minha irmã em seus labirintos, minhas sobrinhas. Tem eu mesmo. Cheio de queixas e dores velhas. Tem os planos também. Tem, é bom não esquecer, as órfãs e órfãos que sofrem sempre culpando a orfandade. E os cachorros... como se esquecer dos cachorros? Abanam o rabo, latem e choram com a mesma convicção. Ah, os cachorros...
Por ora, nada disso. Eu mesmo e minha teimosia. Escrevo por tédio, confesso. E também porque ta aí o domingão e ninguém aguenta o Gugu ou o Raul Gil. Até os porres de domingo perdem sentido. Ah... bom era ter a namorada que tive: adorava trepar de porre aos domingos. Era católica e tinha coerência. Trepávamos aos domingos como o dia sagrado que ele é.
Mas falar de si é facilitar. Fale dos outros ou do mundo. Fale. Ou tenha um blogue, um twitter, um facebook, um caderno de capa dura... essas coisas. E repetimos. Repetimos com eficiência e tecnologia: somos nós mesmos.
Fronhas sem travesseiros e meias sem pares. A matemática que era pra dar certo, mas não deu. A confusão de achar que a tragédia é isso, uma algebra sem exatidão.
A boca sem dentes e o detalhe das dentaduras e jaquetas. A raivinha, o tesãozinho, a vidinha.
A sobrevivência, em outras palavras.

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