9 de março de 2010
sobre a felicidade.
8 de março de 2010
Minha cara ôca (?) olha pra frente.
Dia internacional das mulheres.
Penso em Silvia Saint e sua buceta incrivelmente bem desenhada – mesmo com tantos e tão grandes caralhos que a freqüentam.
Penso que há bucetas esculpidas por mãos de anjos.
Penso se a mulher merece um dia,
ou melhor, se toda mulher do mundo merece um dia.
Tanta mulher ruim, tanta mulher nojenta, tanta mulher vampira querendo seu sangue pra troféu.
No restaurante onde almoço eles dão flores para cada fêmea da espécie,
Na televisão, grandes empresas internacionais mostram comercias de exaltação à mulher,
Na agência de telemarketing, cada uma ganhou um cartão e uma pequena barra de chocolate.
Todos os cartões diziam: VOCÊ É ÚNICA.
Penso nas mulheres que tive e nas que quis ter.
Uma ou duas que sobrevivem. Três seu eu for generoso com os meus critérios.
Mas eu não sou generoso.
Eu sou chato, eu sou exigente e mesquinho. Não sou, definitivamente, o cara divertido que elas gostam.
Nem bonito eu sou. Sou gordo, sou suarento, sou possessivo e dado à ataques de loucura.
Bebo demais, fumo demais e desejo demais as coisas impossíveis.
Lembro que esse dia existe porque mulheres foram torradas dentro de uma fábrica –
queriam seus direitos, reclamavam por justiça e foram incendiadas por um patrão que deveria ser gordo e suarento como eu sou.
Mas eu jamais poria fogo em mulheres
e também jamais criaria uma data pra todas elas.
Todas elas não me interessam e nunca me interessaram. Talvez um dia eu compre uma rosa, um chocolate e um cartão.
Talvez eu escreva VOCÊ É ÚNICA com meu próprio punho.
Talvez isso até ocorra num dia 8 de Março. Talvez não.
Talvez, nesse dia, eu tenha descoberto a minha melhor companhia
ou talvez, quem sabe, eu tenha virado um empresário
e aberto uma fábrica de tecidos
em alguma cidade pobre da América do Sul.
7 de março de 2010
relatinho.
Precisava andar, mexer as pernas. Meu apartamento é pequeno e sinto falta do sangue circulando. Minhas pernas começam a ficar frias, ter cãibras e estalar. Dores de gordo sedentário. Tomo banho e me alongo. Vou pra merda do mundo.
Ando a esmo em direção ao cinema. É domingo. Todos idiotas e entediados estão lá. Eu sabia, mas arrisquei. Vejo a hora, vejo o filme que pensei em ver e saco a fila. Enorme, ancestral, curvas e curvas. Meu Deus. Se eu sabia por que vim?
Na verdade nessa hora eu nem tava de mal humor. Estava tranquilo, passeando e vendo os rostos humanos. Fiquei impressionado com a quantidade de casais adolescentes na praia de Botofogo. Casais de 16, 15 anos. Andam de mão dadas e mais pulam do que andam: sempre empurram bastante as pontas dos pés. Casais emos, lésbicos, pátricinhos, engajados, roqueiros, etc. A fina fauna dos 16, 15 anos. Tento lembrar de mim nessa idade, mas não consigo.
Desisto do cinema ou volto depois. Ou amanhã. Ou nunca.
Ando a esmo por Botafogo. Ruas sem luz, lugares ermos e vagabundos me pedindo dinheiro. Sou grosso com eles, não quero dar margem pra nenhuma tentativa de convencimento.
Um cretino faz questão de andar do meu lado e no mesmo ritmo que eu. Aquilo me irrita. Ou ultrapassa ou fica pra trás, se decida. Ele mexe no celular. Hoje em dia todos mexem no celular. Eu mexo no celular. Lerdo meu passo e ele vai na frente. Mantenho uma distância confortável, mas ele resolve lerdar de novo. Merda. Cara chato.
Preciso de um restaurante. Álcool e pizza são ótimos no dia anterior, mas tenho um buraco no meio da minha barriga que implora por salada ou qualquer coisa menos junk.
Cadê a vida saudável e calma? Cadê a mulher linda com o vestido branco de algodão cru que passeia comigo aos domingos? Cadê os parques e as crianças? Cadê os amigos e a feijoada? Cadê a soneca pós almoço de domingo? Cadê a vida? Cadê a vida?
Não gostei do restaurante que eu tinha pensado. Tá vazio e parece sujo. Há ruas pra andar. Botofogo se desmembra na minha frente. Achei que logo estaria na S. Clemente, mas não. Ruas escuras se multiplicam. Mais pedintes no caminho.
Agora sim. Desço a rua e sei onde estou. Falta luz num pedaço da quadra. Merda. A raiva cresce, mas o bar do Miguel tá logo alí. Devo ou não devo? Devo.
Sento, peço uma. Do meu lado uma mesa cheia de gente jovem, bonita e tatuada. Ou são músicos/músicas ou são cineastas. É um tipo de gente: esforço para parecer largado, cabelos penteados de maneira a aparentar não ter sido penteado, barbas e óculos.
Meu Deus! Eu devo parecer esses filhos da puta!
Mas penso que eu sou gordo e não tenho tchurma. Me sinto melhor. Não quero parecer com eles. Eu tenho preconceitos. E não sou tão sorridente também.
Perto de mim uma guria pediu um PF de boteco. Reparo nela. Bife, arroz, feijão e batata frita. É loira ainda por cima. Tá com a pele queimada de sol. Deve ser gringa. Devora seu bife de um jeito vital e voraz. Penso que poderia passear com ela aos domingos.
Tomo a segunda, mas meu ódio só aumenta. Tenho que sair daqui. A mesa dos músicos/cineastas só cresce. Vou comer o resto da pizza, meu estômago que se vire. Eu mando nele. Pago e termino a cerveja.
Reparo que devo estar falando sozinho (mexendo a boca) porque os que passam me olham com cara de desconfiados.
Levanto e ando. A guria comeu o PF inteiro. Tem estilo. Até palita os dentes.
Decido entrar no restaurante caro. Gasto 20 pratas. Saladas variadas, peixe e um pouco de massa pra dar sustança.
É domingo e reparo nas famílias entediadas. Mulheres que falam de mais, homens que falam de menos, crianças gordas e velhas avós cheias de bijouteria brilhante e de mau gosto. Há também mesas de adolescentes por conta do rodízio de pizza.
Tem um casal de vinte e poucos na minha frente. Ela faz o charminho da irritadinha e ele o do namorado brincalhão. Meu Deus! Quanta jogada! Tudo parece velho e chato.
Agora minha casa e eu. As pernas estão satisfeitas e bebo mate com gelo. Nada de whisky hoje. Mesmo as cervejinhas devia ter passado sem, mas paciência.
To com o velho Kerouac e terei vislumbres místicos de pureza e vida selvagem. Há uma luminária eficiente ao lado da cama e o sono virá lento e implacável.
Amanhã é segunda e, quem sabe, eu descubra a vida calma e saudável.
6 de março de 2010
a carne santa e outras coisas que as mulheres não entendem
Muitas coisas e muitas jogadas.
É difícil julgar de supetão.
Gosto de julgar,
acho decente julgar
e acho que o tempo é fator determinante pra um bom julgamento.
Sim, eu acredito em julgamentos.
Não nos oficiais e institucionalizados. Mas acredito.
Não gosto de gente que nunca julga, por exemplo.
Julgar não é definir uma posição eterna.
Julgar, acho, é o mínimo de decência possível:
o que você pensa, você diz. Sem fazer média e sem ser simpático.
Sua opinião é livre porque é apenas uma opinião,
não quer, obrigatoriamente, convencer ninguém.
Parece justo pra mim.
-
Por isso eu prefiro os que julgam, mesmo que equivocados.
Parte da jogada de julgar é errar.
Erro a mais ou a menos não importa e nunca importou.
-
Basta estar aí
de olhos mais ou menos abertos.
Basta estar alí
e não se sentir mal
por ter pensado a coisa errada.
-
O erro existe, a gente sabe.
Ter medo do erro
é,
muitas vezes,
apenas estar vivo.
5 de março de 2010
3, 2, 1.
4 de março de 2010
Era nós e nos sentiamos bem.
A saudades é discreta e a falação imensa. Sempre e sempre.
As esperanças são tão claras quanto as coincidências.
-
Os milagres, a gente sabe, se escondem com as baratas na curva do balcão.
Eu sou o cara que procura baratas, que gosta ou não de um bar pela média numérica de baratas.
-
Não sou esperto e nem quero ser. A esperteza, a habilidade, o saber quantas baratas devem ser mortas me soam, sempre e sempre, como o cálculo frio que antecede a surpresa.
-
Não quero e não me interessa.
Invento liberdades.
Sou arrogante e sou livre.
Ou melhor: só sou livre quando sou arrogante.
É assim. E nem importa. E tanto faz.
-
Prefiro eu mesmo e o que só eu noto.
Meu júbilo é nem notar que o cuspe pra cima caiu na minha cara.
Ser discreto tem disso: limpar o escarro sem ser notado.
-
Prefiro o escândalo e o dêmonio. São coisas que cismo e se repetem. A soma das minhas sombras são eu mesmo, é o grito.
-
Solidão é a saída pra trouxas e cismados.
Havia sol antes disso, mas quem acha que o sol se basta?
A bola de fogo pode até preservar a vida, mas caga pra vida.
A bola de fogo mantêm sua própia auto regulação.
É por isso que o sol é bonito e fatal: ele só se importa com ele mesmo.
-
13 e 30. 12 e 90. Faço gracinhas, eu sei.
Minha matemática faz julgamentos apenas por erros de soma.
Meu charme são todos esses erros.
3 de março de 2010
03032010

2 de março de 2010
Dia de misteriosa paz.
E é estranho.
Você termina seu dia e está satisfeito.
Feliz até, você diria.
-
Nada aconteceu. Minha vida correu lenta do jeito que sempre corre.
Tive a maravilha de acordar cedo. Eu gosto de acordar cedo. Não assim e não sempre, mas, como hoje, eu gosto: eram menos de 7 e eu acordei antes do despertador. Até tentei dormir mais, mas não consegui.
Levantei e café na fita. Café bom, desses que a gente acerta. Antes louça e tarefas domésticas. Acordar sem despertador é ótimo. Mesmo o mau humor se dispersa.
(Já reparei nisso e deveria fazer experimentos. Dormir entre 5 e 6 horas pra mim é ótimo. Se durmo mais, a preguiça é bem maior.)
Li como um cretino durante o cafézinho da Roca e me empolguei. O livro nem era tão chato assim e eu sofrendo por antecipação. O mundo é mesmo cheio de gracinhas.
Pensar coisas que não se pensa pode ser um prazer.
Depois outras tarefas e tarefinhas e um pequeno soninho de 30 min antes do almoço. Nesse soninho me esforço pra sonhar com aquilo que eu decido. Explico. É simples: fico lendo e sentindo o sono vir, daí o olho pesa, marco a hora no despertador e me concentro naquilo que quero sonhar. Quase sempre dá certo, quase sempre é ótimo. Cada boquete sonhada que nem comento.
Daí almoço e tarde. Sempre assim, sempre lento. O dia tá chuvoso e cinza e me sinto em paz. Tô em casa, tô em Curitiba, não sou dependente do sol carioca.
Várias coisas que não precisam ser ditas e mais umas outras que deixo pra lá.
Arranjo o feijão, preparo o macarrão e armo a sopa. Tá frio no Rio e isso é quase um milagre.
Cervejinha pra ver o mundo e pra escrever e banho quente.
Tudo lento e calmo como as vezes, e só as vezes, pode ser.
28 de fevereiro de 2010
Não sei viver e nem sei se quero saber.
Nem é nada disso. É simples. Não quero topar tudo que se topa por aí. Tenho lá meu critérios. E critérios são aleatórios, a gente sabe.
Critérios a gente inventa. Com mais ou menos convicção, a gente inventa.
É por isso que cago minhas regras nesse blogue.
Esse blogue é meu, apesar de tudo.
É meu, apesar de eu saber que ele é pouco frequentado e que 70% das pessoas que vem aqui, vieram por outros motivos, tipo:
limpar meu umbigo, meu umbigo fede, sexo sujo, pnht, peitos pontudos, peitos sardentos, bukowski contos, cinema e amassos, virgem mas só vive de pau duro, etc.
Mas não importa, meu caga regra ainda me satisfaz.
Não quero precisar de platéia pra cagar minhas regras, mesmo que não negue o prazer que a platéia pode proporcionar.
Tanto faz.
Gente não é simples e gente que se julga simples não é confiavél. Por mais simples, cheia de boas intenções e honesta que seja.
Ser gente acarreta certas coisas. Ficar entre o bicho livre e o humano consciênte é uma delas. Ser gente é ser partido, diria eu no máximo da minha egotrip.
Mas não importa e tanto faz. De novo e de novo.
Acho que as coisas ficaram confusas por aqui. Acontece.
Mais um textinho na fita e mais coisas estranhas que acontecem, como esse latejar da minha bola esquerda nesse domingo.
Vai entender. Eu não e menos ainda agora.
Esquecendo tudo ainda acho a elegância e a discrição uma grande parada. São coisas que tem a virtude de se bastarem em si. Elegância e discrição para os outros não cola e nunca colou.
Melhor assim, é como prefiro.
27 de fevereiro de 2010
delíriozinho na tarde cinza.
Noite de pipoca e filme. Guaraná ou Mate. Muito gelo nos copos e play no aparelho. Daria um jeito de me recostar nos seios. Brincar de almofada no corpo alheio. Ouvir a respiração e, com sorte, perceber a pulsação. Ficar sem pensar. Filme simples, nem cabeçudo nem babaca. Woddy Allen talvez. Notar os pedaços do filme que mudam ali: nos seios, na respiração e na pulsação. Encaixar um beijo na hora certa. Sem língua só boca. Mudar de posição, descobrir um outro encaixe. Roçar a pele lenta, notar o sangue fluindo e os créditos que começam a surgir na tela. Mais pele roçada e um silêncio bom. Encaixa-se melhor, beija-se mais. Língua agora e língua lá. Entrar e sentir o risco. Os riscos. A aventura dos corpos, os sons sem sentido, o excesso de ar, a morte e seu arrepio. A boa derrota, a derrota de quem se entregou. Mais silêncio. Vontade de falar, mas não se sabe o que. Um sono, um soninho bom e o nariz grudado na nuca.
- boa noite.
- durma bem.
2° Coimbra do Ano.
Não estou, de modo algum, negando minhas raízes. Sei, e jamais duvidaria, da importância que o Coimbra e sua turma tiveram praquilo que eu posso chamar de "minha formação no RJ".
Acontece que esse boteco decaiu muito. Antes até jantava/almoçava lá. Havia o Bigode, o Sassá, o Sorriso e sempre, como o copo d'água que melhora a imagem da TV, o Coimbra.
Ele, o Coimbra, ainda está lá. Mas, na prática, só ele. Jamais comeria as iscas de frango que ele, ele mesmo, prepara. Ainda mais quando só ele tá no bar e sabendo do fascínio que a TV exerce sobre ele.
Tenho bom senso.
E agora o Coimbra tá dez anos mais velho e fica sentado com o pé esticado e uma faixa amarrada. Uma veia do pé dele estourou fazem dois anos e, bem, é o tipo de coisa que nunca teve e nunca terá cura prum cara como o Coimbra.
Não entro numas.
Vou lá por praticidade. É em frente da minha casa e posso trazer garrafas pra cá sem ter que me preocupar com os cascos. Se eu tiver sem dinheiro posso até fazer fiado. Se eu tiver sem dinheiro e com uma mulhézinha na fita posso até pedir dinheiro emprestado.
- pô, Coimbra, descola vintão...
- ...
- to com essa mulhézinha aí e tá foda...o banco tá fechado...
Ele olha a mulher. Faz cara de quem come muitas mulheres e solta.
- tranquilo, conheço você.
E por essas ainda vou lá.
Mesmo quando não é o caso como hoje.
Hoje nem precisava de cervejas e nem tinha mulhézinha.
Bebi duas no balcão e vi o mundo.
Agora, pelo bem/mal da lei anti fumo, fico no balcão da frente. Sem me esconder lá dentro e sem livro pra ler. Já li um bucado no Coimbra, mas isso não vem ao caso agora.
O caso são as duas garrafas do balcão e as coisas que eu vi.
- o jogo dos caras é pif-paf, descobri. é um jogo simples que conheço. 9 cartas, vale trincas e sequências de 3. se se compra o descarte tem que mostrar. descobri que eles apostam alto. um ganhou 150. se fosse aposta mais baixa me arriscava com os canalhas. por 2 pilas o bate, eu toparia. mas não entendi quanto vale cada rodada. melhor assim, né não?
- uma menina do outro lado no ponto de ônibus. eu sou um cara que usa óculos e que está no balcão de um pé sujo. ela me nota. eu noto que ela me nota. eu a julgo: semi gostosa e semi bonita com sandália e meia que espera o ônibus. divertido. olho pra ela de um jeito vulgar e estúpido. quero que ela fique sem graça e consigo. me sinto bem e vital. quando ela entra no ônibus levanto meus óculos pra dizer adeus. ela vê e enfia a cabeça no chão. eu me divirto. eu me acho "o cara".
- a filha sapatão da dona da padaria imita a mãe. a mãe nem é sapatão, mas é como se fosse. a filha deve ter 13 anos e me causa medo. é dessas sapatões bem macho, que são grandes e debochadas. já vi ela discutindo com o pai que sabe, mesmo negando, que a filha é mais macho que ele. deus, eu me impressiono. é macheza demais pra uma garota que começou a menstruar no máximo há 4 anos.
- a guria bonita do meu prédio mora ou no 2° ou no 3 ° andar. digo porque ela vai de escada. quer dizer: pode ser dessas que vai de escada pra se exercitar. mas daí, sei lá, meu preconceito já não a achará tão bonita. seja como for, adorei ver que ela parou na escada pra me olhar. e sou desconfiado. e digo sem margem de dúvida. ela parou pra me olhar. no canto da escada vi ela, achando que não era vista, parando e virando pra trás. meu ego gosta e meu pau se mexe dentro da cueca.
- terminei uma histórinha aí. da Angélica. to com uma euforia boa e estranha. sou quase uma bicha, penso ao reler isso. mas a histórinha cola e é o que eu queria. final melhor do que eu imaginava. viva a Angélica que não existe. que é só minha porque eu que a inventei. Angélica é, agora, a única mulher que importa.
26 de fevereiro de 2010
As sacolas tavam cheias de latas de cerveja vazia.
pra atualizar o blogue misturo merda velha com merda nova. caço arquivos, vejo as lutas e cuspo pra cima.
- nem tenho bebido tanto, mas também não tenho tirado o lixo. Minha média ideal são 6 latas. E, de preferência, escrevendo alguma coisa. De maneira que não penso, só escrevo. Uma paz que se procura, mas que nem sempre se acha. Paciência. As letrinhas, as vezes, têm vontade própria.
- quando sinto raiva de você estou lhe demonstrando todo meu afeto. não devia explicar, mas explico. explico demais, falo demais. pra não me deixar abater eu explano a merda, remexo pra que ela feda. táticas tacanhas, ok. mas táticas ainda. porrada eu não sei levar. melhor, eu sei. qualquer idiota sabe. mas não quero. não acho bonito ou comovente a imagem do cara que se levanta do chão. ninguém sacode poeira porque quer, mas porque precisa. eu prefiro o querer. com doença ou não. querer é querer. saber o que quer é precisão. quero o cassius clay. ele sim. até toma porrada. até dá porrada. mas sempre tá com a guarda abaixada. é isso que faz dele, ele. só as pernas que mexem muito. a guarda, a guarda mesmo, está abaixada. é quase constrangedor lutar com um cara que abaixa a guarda. lutar com a guarda baixa é o que chamo de estilo. ou charme. ou alma.
- Sua solidão mata as pessoas. E me sinto morto. Você provou que é forte. Mas eu não queria sua força, nunca quis. Eu queria justamente a outra coisa: onde eu, ou você, poderíamos ser fracos sem se sentir mal ou culpado, porque seriamos fracos em companhia divina. Companhia divina é o amor. E Chega. Nunca tem fim uma dor. Adeus. De novo. Despedidas são ruins, eu aprendi com você.
- Hum. Bodinho vem e bodinho vai. Meu Deus. Quanta jogada e loucura. Todos cheios de idéias. Todos patinando na bela pista de gelo. O u-lalá da dançarina só excita gringos.
Bem, a solução de ontem, hoje é menos encantadora. E então? Como faz? Mija pra frente e caga pra traz. Quando pararei de me identificar com Jesus? Quando deixarei as ovelhas em paz?
Ah. Essa coisa de escrever é uma grande punheta. Escreve como quem faz terapia, como quem não se compromete muito. O sistema: uma pitada de amor, uma mijada fora do vazo e uma bela briga pra esquentar o relacionamento de 22 anos.
Sem muito mais, mas, mesmo assim, cheio de desejos secretos e mesquinhos. Sim, mesquinharia grossa. Que que há? Não há porque não rir do tombo alheio, não há porque não se divertir da desgraça do outro.
O outro é o outro e você é você. De onde tiraram essa idéia idiota de que não se deve achar melhor do que os outros? Pelo amor. Do bom Deus, claro está. Se achar melhor que todo mundo é uma auto-ajuda legítima. Assim como rir da própria merda é auto-ajuda.
25 de fevereiro de 2010
Veja você.
24 de fevereiro de 2010
aquilo e eu depois.
O AQUILO pode te abastecer por meses. Ou então pela vida inteira. Depende do AQUILO.
Os AQUILOS que considero de morte - pois fazem com que a morte não seja mais um tormento - são alguns.
Mas cito 3 agora:
"Todas Mulheres do Mundo", do D. Oliveira.
"O Caminho de Los Angeles", do J. Fante.
e o "Cello Suite N. 1", do Bach.
-
E é ele que segue aí em baixo. Se possível, apenas escute. Sem pensar. O AQUILO fará a sua parte. O AQUILO é sempre fatal.
recado.
23 de fevereiro de 2010
pra uma mulher bonita.
A mulher que não peida
22 de fevereiro de 2010
Antecipei a lista e fui pra tal caminhada. Gordo caminhando é uma coisa triste de se ver. Digo por mim e pelos outros. Andamos tortos e suamos tanto que chega ser ridículo. Sofri e praguejei, mas fui até o fim. O cérebro frenético e o pulmão apitando quando eu respirava mais longamente.
Já em casa tive o requinte de pegar o pesinho e fazer exercícios para os ombros. Porque meus ombros podem cair segundo os médicos. E dia desses eles tavam doendo.
Até aí tudo certo. A gente é um bicho estranho e patético que fica muito serelepe e faceiro quando faz o que disse que faria.
O foda são os cigarrinhos. Já estou no 2° cigarro do 2° maço. Até tentei marcar o tempo no inicio pra evitar os cigarros que vêm em sequência compulsiva. Talvez tenha dado certo e eu não saiba, já que nunca fiz a conta de quantos tubinhos eu como por dia.
Seja como for, hoje sou um animalzinho satisfeito. Mesmo que o mundo e a felicidade não sejam meu forte.
Pra pisar no chão do inferno.
21 de fevereiro de 2010
infelizmente não é um domingo qualquer.
Antes de dormir e depois de acordar toco uma punheta. Pra ver meu pau alí, pra ver que ele existe e espirra suas coisas. A bandeira de uma dança mal dançada. Um homem e seu pau é uma história pra se contar.
Por todo parafuso e por todo espiral que me puxou, tomo aquelas velhas e sábias decisões:
fumar menos, fazer exercícios, programar a leitura, programar o dia para um melhor rendimento, comer melhor, beber menos, levar as coisas menos à sério, acordar e dormir sempre no mesmo horário, visitar os museus, evitar as gorduras e o açúcar, aproveitar o plano da Amil e ir ver médicos, ver vários médicos, ver todas as modalidades de médicos, terminar o livro, publicar um livro, programar o espetáculo, ficar atento com as datas dos editais e festivais, não esmorecer, ter mil planos, separar as roupas velhas, dar as roupas velhas, limpar os papéis, abrir as pastas, tomar mais líquido, comer mais frutas, descobrir novas pessoas pra trocar cartas, ler os clássicos, se incomodar menos com a máquina, participar da máquina, ir no banco, abrir poupança, viver sem pensar, etc.
E hoje é domingo. E o café é bom e forte. E cagarei lento e de porta aberta - como se expulsar as merdas fosse apenas uma metáfora. Tomarei um banho onde ficarei por 5 min. me alongando e me esforçando para 'não pensar em nada'.
Então me preparo e vou ver uma criança cheia de vida. É a festinha de aniversário dela e eu não comprei presente porque eu sempre me enrolo. 2 anos no planeta e poucas marcas do mundo. A vitalidade que só uma criança e sua animalidade pode ter.
Sinto saudades de um monte de coisas. Lembro de outro monte também. Umas lembranças são ruins e outras bonitas, bem bonitas. Quase tristes de tão bonitas.
Nessa estranha tarde de domingo haverá os amigos, a cerveja e os cigarros e crianças que correm pra lá e pra cá sem nunca parar. A lição possível, o entendimento mais objetivo que se pode ter da vida: fazer.
E por lembranças de domingos de outras épocas, segue a música que quero cantar. A música que me acordava aos domingos em Curitiba com meu pai tomando caipirinha, minha mãe na cozinha e o cachorro na sala.
20 de fevereiro de 2010
É apenas disso que se trata.
Passo os amigos em revista. Últimos dias assim: 1° Z e A, 2° J e 3° F.
É bom e saudável. É a hora que olho pra mim mesmo no espelho e digo com orgulho: você também participa do mundo.
A unidade está na pergunta: voltou quando?
E a resposta se sempre é: terça passada, a outra.
E todos, em dias diferentes, mas em uníssono: mas por que voltou antes do carnaval?
E a única resposta se manifesta: porque não aguentava mais Curitiba.
E todos riram e eu ri também nas 3 diferentes vezes. É isso que faz eu os chamar de amigos.
Porque não tenho muitos amigos, porque me parece mais decente não ter muitos amigos e porque não confio em quem acha que todos os seus contatos de orkut/facebook são seus amigos.
Me entendo com poucos, mas me entendo com os que importam. E, pra mim, é só isso que conta.
Conhecer gente nova é legal, mas, na média, só confirma um velho caga regra meu que eu roubei do último discurso inspirado do Caetano: o juri é simpático, mas é incompetente.
E penso no porque desses serem os amigos. E acho que o que eu acho é um absurdo, mas mesmo assim é a única resposta que tenho: porque eu e meus amigos temos os mesmo valores.
(ok, ok, eu sei que valores é uma palavra antiga e estúpida. ok, ok, eu sei que valores é coisa do Maluf quando condena o sexo anal entre marido e mulher pra ganhar uma eleição. ok, ok, eu sei que o Papa mais sinistro que conheci, o que tá lá agora, usa essa mesma palavra pra condenar a camisinha ou mesmo o sexo apenas pelo sexo que - por mais chatinho que seja - tem seu direito de existir e de ser praticado sem culpa.)
Mas não importa. Eu e meus amigos temos os mesmo valores. E isso não quer dizer que a gente concorde sempre e nem quer dizer que nunca briguemos. Quer dizer que a gente reconhece a grandeza nas mesmas coisas, ainda que com opiniões diferentes. Somos amigos porque as coisas que consideramos grandes são as mesmas. Apenas por isso.
E, claro está, que isso não é apenas.
O que cada um pensa sobre essas coisas é outra história, outra parada. Não é o ponto de convergência e nem precisa ser. Bastar ter o ponto comum e beber e conversar.
É o que eu entendo por um bom papo: falamos da mesmo coisa, ainda que com opiniões diferentes.
E pronto. E basta.
E bastar, e se bastar entre amigos, não é uma coisa que tá no Carnaval ou na paixão pela mesma música do mesmo compositor pop. É uma coisa que se conquista e que precisa de certo tempo para ser plena.
E plenitude é um dos pontos comuns.
E não é pouco, é muito. É apreciar os grandes desejos que se tem. Como quem sente prazer em flertar com o perigo sem nunca se esquecer que é com o perigo que se está flertando.
Por hora me sinto abastecido e pronto pra mais 2 semanas de solidão de doce solidão.
O que não impede os outros encontros ou a lembrança de um outro F, com quem também desejo conversar.
19 de fevereiro de 2010
Ele é assustador e eu me assusto,
Eu topo,
Dançar com o demônio é,
18 de fevereiro de 2010
Idiota Satisfeito.

17 de fevereiro de 2010
É uma coisa que quando acontece me comove: uma garota bonita, no meio de um monte de falação, nem faz ideia do que foi que ela disse e que você guardou.
E o que você guarda quase nunca é o que ela disse para ser guardado.
Mas o que importa é um senso prático feminino que sempre me surpreende.
E também, e como não, e talvez até sobretudo, pelo fato de eu ter conseguido, num trabalho acadêmico, colocar os seguintes textos:
- Assim como o palhaço que, dentro da sua máscara de ternura, é um ser trágico e perigoso que escancará sua bocarra para todas as coisas sérias. Mas não por não as levar à sério. Justamente o contrário. A boca imensa do palhaço é causada por seu eterno espanto.
- Não sei determinar as razões ou os motivos disso. Talvez o hábito de fazer teatro a qualquer custo – usando cada oportunidade como se fosse a última. Talvez pelo desejo, quase infantil, de descobrir outras formas e outros métodos. Como uma criança que num quarto cheio de brinquedos novos acaba por não brincar com nenhum.
Pra ver e pra ouvir. Meus números.
16 de fevereiro de 2010
Como se fosse domingo.
Venho andando pra casa e penso que hoje o dia tá foda. Tento entender o meu ranço e concluo que a culpa foi eu ter dormido sem querer, diante da tv. Dormi de roupa, óculos e sem escovar os dentes. Quando acordei eram 5 e 30 da manhã e sentia um ódio de outra vida. A minha boca era um cinzeiro molhado e eu não fazia idéia do que fazer.
Talvez eu desça pra comprar um sorvete,
15 de fevereiro de 2010
Avanço no meu arquivo e tomo porres diários. Mas sem excessos: porres de 2 cervejas, 3 whiskys e 1 ou 2 páginas escritas. Adoro beber pra escrever as histórinhas. Entorno umas no bar como preparação e depois subo pra minha casa azul e abro o arquivão.
Este arquivo da vez parece mais viável do que o outro que já terminei. Esse outro não sei, tenho dúvidas. É necessário algum enredo quando se escreve, não é? E esse outro é uma grande falação sem fim. Tem uns pedaços bonitos e tudo, mas não sei. A falta de trama meio que chapa a coisa. Porque a trama, percebo quando leio os que gosto, é apenas uma 'desculpa' pra falar sobre o que realmente importa. Mas, de qualquer maneira, essa trama-desculpa não pode ser babaca e muito menos aparentar aquilo que é: uma trama-desculpa.
Já o arquivo da obrigação vai mais lento. Sabe como é. Sou mimado e gosto de fazer apenas o que gosto, o que é péssimo e revela toda a minha incapacidade de viver no mundo prático e objetivo dos adultos.
Whatever, como diz a garota de quatro pálpebras.
-
Agora uma pequena volta para mexer as pernas e,
quem sabe,
comer arroz e feijão
como fazem os adultos.