5 de junho de 2009

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Puxação de cabelo pra que? Meu bom deus, meu bom jesus. Tantas fitas, tantas jogadas, tantas habilidades. Um horror. Era uma coisa profissional: bem feita e fria. Alma nenhuma, mas um corpo colossal e brilhante. A voz incompatível, os dentes com pequenas manchas brancas e a casa era a minha, mas de outra cor. Com outra vista.

Aí uma sensação de desmaio e a última visão do copo - como filme: a camêra explicando que havia alguma droga ali dentro. Tenta-se resistir, mas não consegue. A lombra lenta fechando os olhos. O misto de medo e prazer antes da queda.

3 de junho de 2009

é tudo sobre mim.

  1. Mais uma história pra contar.
  2. Há quem ache que isso é uma grande coisa, mas eu mesmo não concordo. Idiotas geralmente são seres cheios de histórias, medem sua vida pela quantidade de histórias que têm e são, como já disse, idiotas.
  3. Eu me comovo mais com aquele velho triste que repete sempre o mesmo causo. Pra mim é o velho triste que entende/entendeu alguma coisa. Ele sim tem UMA história. O resto é aquela gastação de saliva que acredita que ser articulado é ser inteligente.
  4. E ser inteligente é bem mais em baixo.
  5. Claro que ter histórias pra contar é bom, facilita a vida e dá a impressão de que se é muuuiiito inteêêênso numa mesa de bar.
  6. Enganar gente estúpida é fácil. Não chega a ser um grande mérito.
  7. E digo isso porque essa história é uma daquelas que eu vou contar sempre que puder.
  8. Claro que darei meus recados, melhorarei a mim mesmo e, por que não?, até acreditarei na minha invenção.
  9. Mas de qualquer maneira, ainda prefiro o velho que se repete. É aquele papo conhecido de que um escritor escreve apenas um livro, um ator tem só um papel e um jogador um único blefe. Eu entendo, e desejo, essa pegada.
  10. Bem, sem me estender ainda mais, escrevo pra mim mesmo e penso: também sei fazer micro contos. Micro contos é a instituição da sacadinha na literatura. Não precisa desenvolver a escrita, mas sim, e como não?, ter uma sacadinha.
  11. Que seja:

- o nome da nossa prática sexual era amor.
Ela me disse antes de começarmos uma nova amizade.

2 de junho de 2009

pra confortar o imbecil que existe dentro de nós.

*Muita loucura e doença por aí.

Não há muito a fazer. Dia bom dia ruim. A repetição é parte da jogada: as vezes confirma a loucura e a doença, as vezes confirma o encanto e a plenitude.

Não se ganha sempre e não se perde sempre. Claro que essa afirmação não quer dizer que perder é melhor. Ganhar é melhor. Ganhar seja o que for ou de quem for. Querer ganhar também é parte da jogada.

Nesse pacote profundo e desnecessário, eu digo: ninguém consola ninguém. Dor é a prova da solidão e cada um sabe dos seus próprios dêmonios. Minha única recomendação é pra que eles não sejam ignorados. Dançar com dêmonios é uma catequese que busco seguir, mesmo que nem sempre eu consiga.

Fala-se demais, sofre-se demais. A única fuga seria a morte, mas se matar é deselegante e egoísta. "Nunca confie num suicida", eu ouvi uma vez. Ainda acho que é uma boa frase.

Dia após dia até o suspiro final. E que seja um suspiro. E que seja dormindo. Morrer dormindo é bonito e calmo. É um desejo fácil de ser compartilhado.

Mas que da morte, Deus me livre. Viver pra sempre é também um desejo bom e compreensível. Como se as coisas não tivessem fim, como se a eternidade fosse uma matemática e não um sonho. Desejar o impossível é rolar os dados e crer na sorte.

A sorte existe, eu acho. Assim como acredito em destino e amor. É o meu pano verde, por assim dizer.

*apenas pra dizer que isso passa e que haverá uma saída. passar pela saída ou não é uma história completamente diferente e/ou mais cruel do que essa.

quem decide somos nós. mas isso não quer sejamos bons em tomar decisões.

31 de maio de 2009

ouvindo cazuza e pensando em lulu santos. isso não pode ser um bom sinal.
domingo é um dia lento. meus dêmonios são mais fortes aos domingos.
e geralmente os encaro nesses dias. não combinei nenhum almoço, desmarquei a janta marcada e vejo o cazuza no youtube falando que o tempo não para.
o cazuza e o lulu santos têm grandes momentos. a vantagem do cazuza é que ele morreu.
mas nada disso importa.
escrevo uma carta, vejo mais um episódio do seriado americano da vez e faço um peixe que cheira bem, mas que não me dá apetite.
de qualquer maneira é bom saber que a comida tá pronta.
o cazuza tá magro e feio no clipe. a aids era uma doença que deixava as pessoas feias. agora, graças as evoluções da medicina que idiotas acham que é besteira, é uma doença crônica e mais ou menos controlável. melhor assim, né cazuza?
domingo depois de sábado depois de sexta e antes de quinta. reconhecer a profunda tristeza numa pessoa é sempre um experiência chocante. há tristezas que não têm tamanho e que, provável e tristemente, nunca terão fim.
estar errado, nesse caso, é uma esperança.
Arroz,
peixe,
saladinha.
É estranho
cozinhar
sozinho.

30 de maio de 2009

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Nada como uma bela ressaca pra fazer você pensar na vida. O mau humor lhe provocando azia, a boca azeda de cigarro e a pança proeminente do excesso de cerveja. Você até pensa que isso não é vida, mas é sim e é por aí que caminhamos.
A ressaca melhora quando você estala a lata de cerveja que sobrou da noite anterior. É uma verdade antiga e popular: a melhor coisa pra ressaca é beber uma.
(A verdade não é relativa. Os imbecis que acham isso pedem desculpas por existirem e serem quem são.)
No meio da tarde, com a ressaca provocando peidos realmente fedorentos, você finalmente consegue responder àquela coisa que lhe martelou a cabeça em todo esse processo de loucura e desespero.
A resposta é simples e vem como um raio. Você fica surpreendido por não ter entendido antes. Tão óbvio e tão invisível.
Pra cortar a boca azeda, você masca chiclé e lê um novo blogue de uma garota que parece perfeita pra você: arrogante, genuína, boa de escrita e mais velha.
No sua imaginação semi bêbada você se casa com ela, manda flores e tem direito a sexo anal uma vez por mês.

#*#

Por Deus.
A loucura ocorre as vezes e quase nunca há charme nessas coisas. Copacabana bêbado ninguém merece. Muito assédio de travesti, muita investida de puta. O Rio de Janeiro é os travestis e as putas numa bela paisagem. Cidade linda e idiota. Só o Rio de Janeiro pode produzir essas coisas, como a Lapa: um shopping de miséria e gente estúpida.
Seja como for, há horas em que se deve desistir das coisas. Ir pra Copacabana bêbado é, e sempre será, uma idéia de merda. Travestis e putas podem ficar muito parecidos. Um risco imenso.
No quiosque do calçadão tomo uma saideira. Olho pro Copacabana Palace e pra areia. A diferença é menor do que se pensa. Os mistérios desvendados perdem seu encanto. Bom mesmo é ver o Rio de Janeiro pela televisão.

27 de maio de 2009

[]

um dia depois do outro até a loucura completa.
se pensarmos que no máximo, e com sorte, em 60 anos estaremos todos lá: do lado Dela e finalmente desvendando o último mistério.
por essas é importante gastar bem o seu tempo. aproveita-se como quer ou pode, mas o fato é que ninguém ganha tempo.
perde-se tempo. gota boa ou ruim, tanto faz. gasta-se sempre, independente de tudo.
o lance é não cagar muito sobre a própria vida. uma cagada ou outra faz parte da jogada. dá até um charme.
o risco é confundir merda com ouro e cagar como quem ganhou na loteria.
espalha-se merda e deseja-se fortuna.
deus que me livre.

26 de maio de 2009

enquanto os vizinhos gritam

Lentidão estranha e prazerosa. Quase não me suporto: falo com todos, me dou mal com todos e me sinto bem. Tão bom ninguém dizer que você é maluco, que você tá errado e que tem que melhorar. Meu livro aberto me conforta. Meus arquivos de textos também. Eu era eu em 2005. É curioso comparar datas e inventar coincidências: meu delírio de anjo, meu amor mais perfeito, os gritos que servem pra chamar a atenção de imbecis e, por fim, a manipulação dos imbecis que consideraram seus gritos.
Sem mais, sem menos. Indo bem e cuspindo melhor ainda: minhas gracinhas verbais, minha escrita vaidosa e minha rainha com uma coroa que lhe pesa a cabeça por excesso de ouro.
É bom não acreditar na felicidade. É conveniente ter pai e mãe que lhe apoiam. Se meu grupo é uma pessoa a considero a única pessoa importante.
Nem feliz
Nem triste
pois um ou outro
é burrrice.

blog do solda, série: amigos do peito


25 de maio de 2009

A Maldição do Bem.

Que fique claro. Que sejamos francos. Não por obrigação, mas por prazer.

Porque simplesmente fiz o óbvio. E óbvio pode ser tudo, mas nunca deixará de ser óbvio.

Claro que eu julgo. Meu Deus! É normal, e honesto, julgar! Não confio em gente que não julga! Não confio em quem acha que julgar é feio!

Julgar é simples. E, por que não?, natural.

Requer apenas um mínimo de discernimento: se saímos pro mundo, estamos no mundo e o mundo faz com que julguemos as coisas.

Pode ser um julgamento tímido ou extravagante, tanto faz.

O ponto é que julgar é óbvio - e honesto - na minha não humilde opinião.

Mas essa palavra pega mal: julgar. Julgar. J-u-l-g-a-r.

Lembra -se logo dos chavões que se disfarçam de diversas virtudes:
humildade, beleza, fazer o bem, fazer sua parte, oferecer a face ao inimigo, telefonar pro criança esperança, dar sopa aos pobres, não dizer 'dar sopa aos pretos', não associar os pretos ao crime, não falar preto, mas afro, achar que a suzana vieira é forte, admirar as pequenas ações sociais, valorizar a colheta seletiva, ser contra o desmatamento, crer na função social das novelas, amar ao próximo, participar das passeatas, preservar a água do planeta, fazer sua parte, fazer sua parte, fazer sua parte, tratar todos como iguais, acreditar que todos são iguais, não julgar sem conhecer, não dar esmolas pra não colaborar com a exploração, e por aí vai.

Mas o ponto, se é que há ponto, é que vivemos num mundo bundão. Num mundo onde a omissão virou virtude e a coisa clean pega bem. Tudo muito discreto e elegante, tudo muito sútil e razoável. Mas o clean é frio, a omissão carece de alma e os elegantes apenas seguem têndencias ditadas por revistas ou grupos cult.

Nenhum pau na mesa, nenhuma alma. Nenhum pensamento próprio, apenas sacadinhas e subversões delicadas: o casseta e planeta, as cruzes na areia de copacabana, os vários parceiros sexuais da ivete sangalo, o jô soares e suas meninas, etc.

Bem, o texto está longo e não sei se fui claro.
É mais ou menos assim:

22 de maio de 2009

Sexta Feira. Dia dos loucos. Não saio nem por um decreto.
Estou exausto. Acho que foi essa simpatia toda. Exercer simpatia cansa. Suga.
O mundo lhe suga quando você quer participar da coisa. Talvez seja por isso que alguns escritores que eu gosto tenham sido hostis ou reclusos. Participar da coisa, cansa. Ver é mais tranquilo, você se senta e apenas olha. Como sexo quando a mulher está por cima.

a irmã do imbecil.

O imbecil sorri sempre e tem olhos pequenos. Fala com todos, anda de um lado pro outro e me disse, assim que chegou, que se sentia radiante. Radiante, ele repetiu.
Depois disse sobre seus três projetos de arte e, como não poderia deixar de ser, me convidou pra participar de um deles. Eu aceitei. Patrocínio quase certo. Sou simpático e tô legal.
- Quantas coisas geniais já não foram resolvidas na mesa de um bar? Crianças acreditam nisso. E hoje eu era uma criança. Limitada e dependente, como todas as crianças são.
A irmã do imbecil e eu, simpático e falso, lhe disse maravilhas. Uma moça que fazia fisioterapia. Fisioterapia! Coisa encantadora! 22 anos de idade e já pensando na velhice! Ela tem lá sua inteligência, não é?
Nem bonita nem feia. Faz parta da média. Tem lá seu repertório de filmes cults, leituras convenientes e amores fracassados. Deu pra muitos e amou pouco. Sente que sente: acho que hoje em dia a situação feminina é mais delicada do que era na época do Feminismo.
Ela tem razão. Ela tem - e terá - sempre razão. Eu sou simpático e tô legal e precisando de mulher. Ela é perfeita, pensando bem. Nem bonita nem feia. Peito ok, bunda ok, cérebro ok. Quem sou eu, afinal?
O imbecil interrompe o papo e diz que ela é a única irmã que ele poderia ter. Os 2 são os únicos filhos, então o que ele disse foi uma piada radiante. Eu rio. Sou simpático e tô legal.
Eu sozinho bebo mais do que a mesa inteira. A tragédia se configura e me ponho no meu lugar. Tomo 1 coca, 2 cocas, e continuo sendo simpático e legal.
40 min. e deu pra mim. Não preciso comer uma mulher, mesmo que ela tenha uma buceta e seja fisioterapeuta. Os verdadeiros males do cigarro só um fumante conhece.
Dou tchau pra todos que estão na mesa e combinamos de nos adicionar no orkut.
Pensando bem, hoje eu também estava radiante.

21 de maio de 2009

-

Aquele papo reto e alguma luz no fim do túnel.
Bebo uma cervejinha com meu bom amigo e fico ali, olhando pro lado e reparando na quantidade de gente que passa:
Nerds neo hippies, crianças desengonçadas, bêbados burros, bundinhas claras e escuras, mendigos charmosos, adolescentes modernos, senhoras com gatos em coleiras, etc.
Eu estou no circo, mas agora, e só agora, me sinto um espectador privilegiado. É um mistério, mas tem dias que a gente se sente ótimo e dá bom noite pra todos que passam. Um mistério, eu repito.
E as horas passam rápido e o papo é bom e as visões do inferno nem me afligem.
Volto pra casa meio manco e converso horas com o porteiro.
Antes de dormir ligo o rádio e ouço as noticias. Durmo com a voz do locutor que anuncia alguma desgraça, mas que nem chega a me abalar.
Apenas lembro do Kléber e sua morte sem sentido.

20 de maio de 2009

tricot.

Bem chatinho, sejamos francos. Podia até ser. Mas todo aquele esforço. E o excesso de sorriso. E também a mania de descascar o esmalte com os dentes. E isso sem falar em como é estúpido unhas pintadas de roxo.
Então é melhor encerrrar. Bem rápido, bem fulgáz, como é, como deve ser. Como acontece nessa coisa moderna e pop. Aquela mania que gente burra tem de achar inteligente o que não consegue entender. Como se 2 mais 2 pudessem ser diferente de 4. Ou mesmo o pop e moderno que tem uma sacadinha com isso: quando 2 mais 2 nunca são cinco e explicação é fraqueza.
Podia ser, eu sei. Tudo pode ser, não é? Mas, olha, sabe, nem quero discutir isso. Nem mesmo acho que tudo pode ser. Quer dizer: sim, tudo pode ser, mas desde que tudo seja apenas um 'jeito de falar'. Me desculpe, mas usar 4 vezes 'meu jeito de falar' em menos de 1/2 hora de papo é, pra mim, que sou antiquado e ainda acho que 2 e 2 são 4, uma coisa insuportável e que atesta sua burrice.
Olha, eu também disse isso. A gente diz muita merda. É normal. Não é pecado nem nada. Mas depois de um tempo a gente entende que o que díssemos foi merda e então assumimos. Sem achar que assumir seja uma grande sacada. Apenas dizemos pra nós mesmos: aquilo que eu disse foi uma merda. E de preferência em casa, na paz do próprio banheiro e segundos antes de passar a primeira leva de papel higiênico.

Claro que há sempre um barato pela jogada. Foi legal. Domingo é um dia ruim pra nós e, por isso mesmo, ideal pra que a gente sempre faça isso. Distrai e faz a gente pensar menos na gente mesmo. Todo domingo até o fim da vida. Assim poderia ser, mas só aos domingos. E só por poucas horas. Não é inteligente abusar da sorte. É só meu jeito de falar.

18 de maio de 2009





Ao lhe ver cansada eu me comovo.


Sinto essa estranha atração por mulheres tristes. Mulheres que não me deram, que não me amaram, que não encostaram no meu pau,


mas que assim, quase sem saber, deixaram que eu percebesse algo que só eu seria capaz.


Minha antiga obsessão pela exclusividade. A mesma que ofereço e exijo.


E elas tem isso em comum. Essa tristeza dita e redita por vários; e que as feministas imbecis julgam ser apenas machismo. Feministas imbecis, eu disse.


E longe desse jogo de forças elas pairam. Lindas e tristes, como devem ser.


Um sorriso que se arranca por uma gracinha. Uma gargalhada infantil numa tarde inútil. O pecado super dimensionado num relato que se pretende muito intimo.


A beleza calma das mulheres tristes. Dessas que eu e todos tanto veneram.


Que entenderam que a guerra passou. Que a diferença entre homem e mulher é bonita e não repressora. Que pararam de achar que delicadeza é coisa de mulherzinha. Que lhe fazem uma sopa quente num dia frio sem achar que isso é um sacrifício pelo amor.


E depois de tudo há aquele sorriso sem pressa que não deseja sexo ou mesmo gratidão. Aquele sorriso simples e conhecido.


Que é o mesmo sorriso de quando você conserta o chuveiro.






relatinho.

Conforme o marcado, eu estava presente. E prevenido, porque conheço essa gente. Acham-se ótimos porque sabem que você precisa mais deles do que eles de você. Você é um passageiro e eles são a roleta. Nada justo, mas na selva é normal usar a vantagem que se tem.
Estava preparado: livro e lápis na manga, cinismo exercitado, essas coisas. Também uso meu sorriso para conquistar idiotas. Dou bom dia a torto e a direito.
O rapaz me chama. Sente-se muito especial em sua roupa e gosta de explicar tudo. Enfia-me os tubos, passa álcool na minha testa e pede coisas estúpidas:
- conte até 50 de 2 em 2.
- fecha o olho. foca na luz.
- 3 frutas amarelas.
E por aí vai. Vento quente, vento frio. De olho fechado lembro de tudo e sinto arrepios. Cada uma que a gente se mete. E tem a vida pela frente. E o que cargas d' água significa 'a vida pela frente'? Qual seria a outra opção? Minha vó de 80 anos também tem a vida pela frente.
Mais alguns desafios:
- contagem regressiva de 30.
- acompanhar a luz com os olhos.
- 3 praias.
Saio com saudações de melhoras e não entendo nada já que me sinto bem.
No caminho pra casa lembro da guria cheia de gracinhas, mas que fica séria e melancólica no outono. As coisas são misteriosas e, cada vez mais, sinto tara por mulheres grávidas. Ainda mais quando querem táxi e você as ajuda.
Você é um cavalheiro / Você é tesuda.

Todo Domingo.



e

15 de maio de 2009

Arrega-se aqui ou arrega-se lá.
Tanto faz.
Quem não reclama da vida?
Eu não confio em quem não reclama da vida.
É só estar vivo e mais ou menos acordado.
*
E hoje digo isso porque justamente hoje não é o caso de reclamar.
A vida é boa, mais ou menos boa. Tanto faz de novo. É apenas como é. E, bem, 'é apenas como é' é dizer nada parecendo algo.
Então eu também digo. Eu também, ora pois. É claro que prefiro eu mesmo quando sou só eu e não o resto do mundo, mas até aí...
É o mínimo de inteligência que posso ter: eu estou no mundo, no maldito e gracioso mundo. Eu também tenho meus momentos e todas essas babaquices que a gente usa pra dar sentido pras coisas.
É justo, é justíssimo isso. Somos animais em busca de carne.
E carne há de tudo que é tipo: ciência, sangue, arte, amor.
Farinhas do mesmo saco. Ninguém gosta de imaginar que a merda é eterna.
Nada que existe é eterno, afinal. A eternidade é mais um desses conceitos grandiosos que ajudam a gente a dar sentido pras coisas.
A gente, bicho homem, tem lá esses conceitos na manga e os usamos pra justificar o que fazemos. Pega bem e ameniza a culpa. Viver sem culpa é um tremendo desafio. Só idiotas acham que a culpa é um mero 'conceito cristão'.
Mas deixa os idiotas pra lá.
*
Quero terminar e digo:
o mundo é tão fundo
quanto o seu umbigo.

14 de maio de 2009

O equilibrista.




Nada pra ser dito. Ta tudo lá. Tudo que importa, tudo que faz sentido. Grandes histórias, grandes sonhos, grandes amores.
Uma coisa inexplicável. Tem que ver.
Depois todas as mulheres eram bonitas na rua. Milhares de mulheres lindas passeando pelas ruas de Botafogo. E nenhuma tinha pressa.
Essa coisa sem explicação que temos ao ver uma obra de arte. Uma obra de arte sim. Mas sem o discurso tacanho da semiótica tacanha dos explicadores tacanhos do que não precisa de explicação. O Por Que dos americanos, ele diz.
Soube desse filme aqui. E aqui diz algo que sempre me comove: falta capacidade de acreditar no impossível.

-l-



Morde - se fronhas,
lambe - se cus,
sente amor por gatos, peixes e cachorros.
Dá uma volta na quadra,
olha pro céu,
e repete pra si mesmo
a mesma velha ladainha:
- todos mortos,
todos mortos e tristes,
todos mortos e tristes com um sorriso na boca.
Caveiras também sorriem,
ele pensa
achando que
quem sabe o que
e que agora sim
a coisa vai.
Cinema sozinho na tarde de outono,
uma gorda que lhe masturba com alguma ternura
e não esquecer de anotar que:
olhar pras próprias mãos quando se está bêbado é apenas uma maneira discreta de se lembrar da própria existência.

13 de maio de 2009


Foi isso
e foi
como foi.
Mais
um
bracinho
pra
nadar
no
oceano
de
bosta.

12 de maio de 2009

*

No metrô as palavrinhas formam as frases mais certeiras.

Eu novamente. Nenhuma vantagem ou novidade.
Essa história de vantagem me incomoda. Muita gente esperta por aí. Esperteza a encher os sacos vazios.
Tudo certo. A mesma jogada. Pulo pra frente e pulo pra trás / ah!, como me sinto em paz.
Encontrar ritmo é o grande lance.
Sem pressa e sem afobação: mirar o pau, rever a vida e esquecer da morte.
O quadril voltando a funcionar.

wm.com


Você peida e alguém te elogia.
Pense bem no benefício que isso pode ter.
Nenhum.

Mas há os grupos de peidos organizados.
Alguns são ongs,
outros são igrejas
e tem também os mais pobrinhos,
que são apenas comunidades de orkut.

11 de maio de 2009

flor no asfalto -




Ver o grande foda-se.

Libertar-se das grandes correntes.

Acho justíssimo cuspir pra cima. Mesmo quando o grande cuspe me cai na cara. Não é de um dia pro outro. O cuspe tem um tempo de queda lento e irresistível. A precisão tem um tempo próprio. É-como-deve-ser.

Na peça de hoje tem a máxima fatal: estar pronto é tudo.

Por mim é isso. Até o fim. Não acredito facilmente nas coisas e por isso sou sério. E também não me sinto mal por me achar um cara inteligente. Quiseram me por culpa. Eu mesmo me pego querendo me por culpa.

Mas tenho lá as minhas garras e os meus. Os meus é um círculo pequeno, mas fatal. É uma meia dúzia que gosta de mim e que me quer sem medo.

É isso. É uma boa explicação: os meus são aqueles que me querem sem medo.

E apenas eles importam nesse mundo imbecil e mesquinho, onde o encanto está mais na marca da cerveja do que no sabor. É a meia dúzia que eu levaria pro abrigo. Simples assim.

Minhas contas são modestas e meu delírio de grandeza é extremamente pessoal. Não atrapalha ninguém, além de mim mesmo.

Com todas as doenças e todos os delírios. Mesmo os piores e mais loucos. Com toda a merda que jorra de todos os cus imbecis que cruzam a minha vida.

Com tudo isso, e por isso, a paz só existe em 2 lugares: na meia dúzia que importa e nas coisas em que eu acredito.

Sem medo. Como deve ser.

9 de maio de 2009

Labirin*




O ponto é que a gente se acostuma. O ser humano tem essa dádiva. Para o bem e para o mal, como não poderia deixar de ser.

O lance da capacidade de se adaptar é bacana e bonitinho. A merda é que isso é feito pra sobrevivência. A vida, ou melhor, o júbilo, o tesão, é bem diferente da sobrevivência.

Macacos sobrevivem na selva, rinocerontes na lama, homens nos bares e putas nas pistas.

Os cavalinhos do carrossel tem olhos vidrados e andam em círculo.

6 de maio de 2009

Como não bastasse agora tem esse tipo de água na minha cabeça. Entre o cérebro e o crânio. É uma coisa que pede pra eu ficar parado. Bem estranho. Depois de qualquer movimento um pouco mais brusco, sinto que lá dentro chacoalha. Como se fosse o fim daquela tontura que se tem depois de girar sobre si mesmo. Um mistério.

5 de maio de 2009

--

Perde-se a mão, morre-se sozinho.

Muito percalço, tropeçada com charme e discurso no final. E nem digo nada daqui, apenas assim, como quem olha e repara só pra antagonizar quem olha e não vê.
É claro que enquanto isso tudo ocorre, a multidão dança e comemora. O Flamengo é campeão e não é necessário desculpa nem motivo. Dançar por dançar, comemorar por comemorar: a grande festa de não parar nunca. Defender minhas ideias e meus modelos eu também sei. É aquela parte de mim que se manifesta no espaço. Que acha importante se afirmar diante dos outros. A velha conhecida teoria da arte: 'a arte existe pra provar pros homens que eles existem'. É bonito sim. Assim como beleza nunca pôs mesa e banquete é pra gula e não pra fome.
Depois: cócegas no queixo, sacanagem no corredor e uma punheta com objeto de carne.
Daqui 10 anos espero apenas não escrever o mesmo texto.

()

com as mãos crispadas sob os seios pequenos:

- ah,
por favor,
fale sério comigo.
se você não entende
o que eu digo,
eu nada posso fazer.

4 de maio de 2009


Garotas de 16 anos dando pra desconhecidos e se sentido muito espertas.
Garotos de 16 anos jogando futebol e se sentindo muito machos enquanto as garotas que eles queriam comer dão para caras mais velhos.
-
O mundo é um circo dourado e idiota.
O bizarro é que você é a próxima atração.


3 de maio de 2009

*


Sem ter que provar nada à ninguém, eu chego quase longe.





Acho que essa é grande vantagem da solidão. Nada te atravessa. Você só e cagando pro mundo. Ou melhor: cagando no mundo. Liberdade de peidar alto, de enfiar o dedo no próprio cu, de usar a mão ao invés do papel higiênico.

Sua própria sujeira não lhe assusta. São velhos amigos.

Claro que a loucura passa por aí, pelo excesso disso aí. Mas usando a solidão em doses certas, ela é a coisa mais preciosa do mundo. É o veneno bom, que dá mais anti corpos do que doenças. Quase um banho gelado.

E loucura mesmo é esquecer que o mundo existe. E isso não acontece na solidão. Na solidão o mundo está distante, mas está lá, como um John Wayne pronto pra puxar o gatilho.

(Lembro do livro que li sobre contos infantis e que falava da mania das crianças quererem ouvir sempre a mesma história. Coisa que irritava os pais. Mas lá explicava o lance da auto-afirmação pela repetição. Dizia que era uma coisa importante pro desenvolvimento da criança. Ela gostava daquilo que lhe era conhecido. Ela se sentia bem por já saber que as aconteceriam da mesma forma que ela já conhecia. A clara evidência é sempre encantadora. Crianças ou adultos, tanto faz.)

Seja como for, gosto da minha solidão, mas desconfio dela. É simples: solidão é sempre conveniente. Nada te assusta e você não precisa de ninguém. Cagar é um grande prazer. Cagar pra tudo, mais ainda.

Então crio minha fórmula de doses homeopáticas do mundo e do que me atravessa. Saio pra ver gente e conversar com desconhecidos. É uma receita eficaz e prazerosa.

Ver a loucura alheia sempre prova que você não é louco.


(acho que todo mundo mundo já reparou como os idiotas sempre dizem que são loucos. é um clichê e pega bem. mal do mundo moderno, por assim dizer.)

Novo Marcador.

Zero à Zero é bem diferente de Um à Um!


2 de maio de 2009

¨¨


Esse sonho bizarro que não me sai da cabeça:

Eu estava com P. e o tempo era o atual. Nós estávamos juntos e queríamos voltar a velha forma.
Era um quarto.
Ainda não tínhamos trepado nem nada. Mas P. havia feito uma cirurgia pra diminuir seu peito.
Ela explicava sobre o problema de coluna e essas coisas.
Então ela ía se vestir e precisava de ajuda. A operação era recente e a coisa ainda tava sensível.
Ela tirava sua blusa e eu via seus peitos após tanto tempo. Ela dizia, com aquela cara que ela costumava fazer, que era pra eu ajudar.
Os peitos dela não eram pequenos, mas eram inteiriços e correspondiam a metade do original. Eram rijos como aqueles peitos de silocone.
Minha ajuda era colocar um tipo de elástico neles. Uma borracha redonda e marrom que era pra por em volta de cada peito. Parecia a borracha da cafeteira italiana.
Eu punha aquilo no peito dela e tentava chupar os peitos. Ela fazia aquela cara que costumava fazer. Eu dizia: que isso. E ela dizia: ainda não.

Eu e o mundo:

Dois estranhos e tudo certo. Ver gente é uma coisa importante segundo a minha mãe. Eu a escuto porque sei que ela quer é o meu bem.
Com 10 min. meu desejo de cair fora é enorme. Duas bichas novas estão atrás de mim e conversam sobre atores e gente do tipo. Gente de teatro é insuportável, eu penso e resisto. 20 min. depois meu amigo chega e me alivia. Esqueço das bichas que comentavam o último ator famoso que conheceram.
Durante a peça consigo ter paz. Me concentro no texto fodão e não fico raivoso. A peça é ruim e o texto é bom. Me apego no que importa e sigo em frente. Não se deve reclamar da trombada quando já vimos o muro logo adiante.

Eu no mundo:

Até que me viro bem. Essa coisa de não querer agradar me convém. Converso com os dois chegados e vejo uma ou outra bunda que passa. Bom estar alí e bom voltar pra solidão, penso durante o papo mais animado.
Depois vejo meus vermes particulares e me preparo pra minha solidão. Minha solidão me agrada e assusta e vice-versa.
Domingo é dia de índio e índios se reúnem aos domingos. Maravilha.

Agora:

Depois do elástico posto ela vestiu uma blusinha de babado roxo que eu gostava. Quando a gente saiu do quarto ela perguntou: será que isso vai dar certo.

29 de abril de 2009

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Hoje vi a gorda que me dava mole. Ela ta magra. Nunca tive a intenção de pegar essa gorda, mas agora a chance é zero.
Ela era bem gorda e farta. Achou que eu era judeu. Me disse um monte de coisas sem graça e simpáticas. Sempre demorei pra entender quando uma mulher me dá mole. No caso dela também. Mesmo sendo gorda e judia eu não tinha clareza da coisa até que me disseram: X ta toda-toda pra você, hein?
Só peguei uma gorda uma vez. A situação foi bem determinante. A gente morava junto e fumava muita maconha. Nesse dia tava só a gente em casa. Sei lá porque. E a gente tava lá, jovem, e fumando muita maconha. Daí a gente se pegou.
Não lembro direito como foi. Lembro que antes da pegação em si teve uma bolinação estúpida sem beijo. Como se só o beijo definisse a coisa.
E foi bom. Se bolir e se sarrar emaconhado é quase sempre bom. E nos roçamos a beça, mas ela não quis me dar. Achava a coisa complicada. O fato de morar na mesma casa, as outras pessoas que moravam com a gente, essas coisas.
Eu teria comido essa gorda.
Seja como for, digo, com tranqüilidade, que não gosto de gordas. É uma matemática simples da qual já falei por aqui: dois gordos juntos são mais um fetiche do que uma trepada. E eu, cá comigo, ainda prefiro a trepada. Fetiche, pra mim, é sempre posterior.
Lembrei de tudo isso porque vi a gorda que ficou magra. Achei aquilo bem triste. Uma ex gorda.
Nada mais triste do que uma ex-gorda.
Uma pena.
A gordura dela não me agradava, mas era bonita.
Naquelas banhas havia ternura.

28 de abril de 2009

63 dias.

Fosse como fosse, eu continuava vivendo. Morrer não era uma opção decente. Nunca seria.
A jogada era a mesma: um alguém que espera um outro que deseja uma coisa que nem sabe o que é. A merda velha e fedida. Fedida porque velha e vice-versa.
No horizonte tinha aquela mulher magra. Nunca tinha me imaginado com uma mulher magra. Parecia estúpido. Um casal freak: gordo de 1, 70 e magra de 1, 80. Era errado. E se não fosse errado, era feio.
A tosse piorava, mas isso não queria dizer muita coisa. Era até o contrário. A tosse me deixava mais bonito e mais viril. E o fato de eu insistir com o cigarro fazia de mim um herói.
Não teve nenhuma revira volta e isso me entristeceu. Eu achava que teria qualquer coisa. Tapa ou cuspe na cara tava bom. Pareceria, então, que as coisas voltariam ao seu lugar. Cada um na sua. A solidão honesta. O desespero constante.
A coisa do sangue vazar pelos buracos era constrangedora. Mesmo a merda da morte parecia melhor. Aquelas mulheres delicadas e sorridentes me passavam algodão no cu, nos olhos e nos ouvidos. E elas faziam tudo assim. Como se tivessem nascido pra isso. Como se limpar sangue do rabo fosse uma vocação divina. Um horror.
Os espertos caem fora quando aperta. O idiota me disse e achou que tinha dito a melhor frase de todos os tempos. Como se frases mudassem alguma coisa. Idiota e burro isso sim.
Pro constrangimento da minha magra eu sobrevivi. E ela tinha raiva de mim com alguma razão. É compreensível. Quando se está doente, o doente, se for honesto, tira vantagens da própria doença. Eu tinha sido um bom doente. Morrer era me redimir. Mas não aconteceu.
Minha chance tinha sido perdida, mas eu me sentia bem. Cuspir sangue era quase elegante. Eu era um homem elegante. Eu cuspia de maneira discreta no guardanapo. Aquela coisa de aproximar o pano, ou papel, da boca. Como o caroço de uma azeitona.
A magra ainda do meu lado e dois anjinhos no céu. A insistência é mais surpreendente do que eu imaginava. 2 meses de gestação e um sorriso em cada boca. A vida sempre continua. O óvulo e o esperma ainda têm o seu papel.

27 de abril de 2009

voar é algo errado e toda pessoa decente sabe disso. só idiotas voam com indiferença. ou melhor: só idiotas que não pensam voam como se voar fosse normal. voar só é normal pros pássaros e olhe lá. a pomba desconfia do próprio vôo, o besouro voa por otimismo segundo o b. de itararé e por aí vai. nada mais clichê do que a garota que depois da primeira foda lhe fala: - eu queria ser uma pássaro e voar. e você, com o pau pingando, pensando sozinho: - se isso acontecesse, eu queria ter um estilingue.
então quando faço esse absurdo que se chama voar, eu me concentro em ser idiota e não pensar. olho pras imbecis que me dão instruções mecânicas e que se maquiam como as mais tristes e decadentes vadias. e elas escorrem em suas instruções com suas maquiagens roxas e morrem de uma maneira estúpida e lenta de quem brinca com a vida e acha que voar é normal.
quando já estou alto e reto, interrompo minha leitura e olho pra todos a minha volta. penso que todos disfarçam como eu. que todos alí fingem, e apenas fingem, que voar é normal, mas que alí, no fundo da alma de todos nós, sabemos que estamos voando e que isso é uma ousadia sem tamanho e arriscada. (lembro do grande f dizendo: - eu sei que tem mais acidente de ônibus do que de avião, mas em acidente de avião todo mundo morre. grande f é um gênio subaproveitado por ele mesmo, eu penso.)
em terra firme sinto a paz possível e fumo meu cigarro sem pressa. no carro que voa em cima de 4 rodas mando uma mensagem pra minha mãe: Rj. 27 graus. A vida pela frente. Fique bem.

25 de abril de 2009

Arranque
a camiseta
e tenha pressa.
Daqui a pouco
a gente morre
e,
daí,
como
é
que
faz?

24 de abril de 2009

***


Céu e precipício.
Dia assim, indo assim, seguindo assim. Cervejinha doce escorrendo lenta pela boca. Há paz mesmo na queda. É bom cair com os braços abertos, imitando o Cristo e trombando o chão. O chão enorme, tão grande quanto o céu. Céu cinza e chão azul, Curitiba tem esse tipo de charme.

A tarde encaro minha obsessão. Uma dança desengonçada e prazerosa. Gosto disso: meu delírio de grandeza fazendo promessas de sol pra quem precisa mais da promessa do que do sol. Alimentar animais ainda é permitido nos zoológicos do Paraná.

22 de abril de 2009

#

Solto no ar e com a cabeça rodando.

Gosto das coisas lentas que evoluem, o tempo escorrendo fino e contínuo. Há um ritmo decente pra se viver. Sem euforia desnecessária ou loucura vaidosa. Apenas você mesmo se observando e sacando se é ou não é.
Hoje me preparo pra amanhã. Desde que acordei faço essas contas e coisas e me vejo fazendo esses trecos sem pensar muito.
Eu quero que a coisa escorra gradativa. Meus arroubos raramente procedem e todos esses gritos no escuro são apenas uma brincadeira de criança que a gente inventa pra se distrair, pra forjar uma vida mais intensa que nunca ocorre de fato.
A velha ladainha de que a vida é o que é, de que ela é aquilo que acontece enquanto estamos fazendo planos. O besouro mor que disse e tinha lá sua razão.
Então eu mudo de planos, telefono pra 2 ou 3 e exerço minha simpatia. Um e-mail pra um desconhecido, uma piada pra moça da fila e uma aposta na megasena acumulada. Acho que é mais por aí.

19 de abril de 2009

***

é bom estar nesses lugares que não me dizem respeito. eu sinto paz assim. vejo tudo e não me sinto bem nem mal, apenas estou ali. não acredito em grandes alegrias ou em grandes tristezas. as coisas apenas correm lentas e infalíveis. a tragédia é a luta contra o tempo, eu repito. essas euforias todas passam e é isso e tá tudo certo. pra mim o lance ainda é o mesmo: aquela coisa que gosta dos meus dedos, aquela língua que lambe meus lábios, o etc e tal, as migalhas de milagres que alimentam descrentes.
e depois desse mês eu aponto pro meu umbigo e rio sozinho e triste e sem pressa. suicidas têm pressa, crianças espertas se concentram no que fazem.
a justiça capenga de um mundo engraçadinho e besta.

16 de abril de 2009

O Palhaçinho


A gente participa das danças, sabe como é.
Claro que isso não quer dizer que você dance bem. Você apenas dança como todo mundo. Como todo o maldito mundo.
Passinhos e coreografias. Uma beleza e uma estupidez.
E eu não gosto de dançar, mas eu danço. Aquele charme vulgar com o cigarro na boca e a cerveja na mão. Como diz o genial Pereio: você não precisa ter pau grande, basta fazer cara de quem tem pau grande.
Então eu visto meu sapato de bico quadrado e saio pra dançar. Chamo a menina com cara de cavalo pra vir comigo e ela se sente muito lisonjeada quando lhe pego em casa e pago a conta. Ela acha tudo muito chique e se impressiona com os livros que li.
Tá tudo certo e a cara de cavalo dela nem é tão má assim. Tem um charme naqueles dentes grandes. Fora a belíssima insegurança dos 20 anos.
É conveniente pra mim dançar com ela.

13 de abril de 2009

MERDA CARALHO E CU.
PERDI O TEXTO QUE TINHA ESCRITO.
TAVA PRONTO E EU TAVA DEIXANDO ELE BONITO: COLACANDO EM NEGRITO, ESSAS MERDAS.
ME FODI.

7 de abril de 2009

cricocrecotu



TODO MUNDO vive como quer ou como pode. Cada um procura o que inventa, e apenas inventa, ser algo bom/nobre de se procurar.
Amor pra vida inteira, felicidade, paz, fortuna.
Tanto faz e tanto fez. Procurar é praxe. Qualquer cachorro faz isso. Milhares de ossos à nossa volta.
Mas o ponto nunca foi TODO O MUNDO.
TODO O MUNDO nunca interessou. Quer dizer, idiotas se interessam por TODO O MUNDO. Mas idiotas são idiotas, afinal.
A batalha é o sentido e o objetivo é o alvo: lançar flechas sem direção é estúpido e falta do que fazer.
Na média, as pessoas querem chegar à algum lugar. Sabe como é:
Você se envolve porque vai que é ELA,
você investe porque quem sabe renda mais que o esperado,
você joga na loteria porque 1 chance em 100.000.000 é uma chance
e você até compra uma casa no campo.
Nisso tudo o que se repete é você e não o TODO O MUNDO.
O senso de sobrevivência é pouco pra quem pensa.

(ainda defendo cá comigo, e com uns que leio, que há de se ter uma idéia da vida como coisa grandiosa. Você é do tamanho dos seus sonhos, diz o refrão. Diminuir os desejos e as necessidades é sempre eficaz: se sentir bem desejando pouco é viver bem. A maldita ONU nos ensina que ‘quanto mais miserável um povo, maior é o seu índice de satisfação’. A lição é clara: seja medíocre e ignore o que não se tem. A ignorância ainda é a melhor arma pra quem quer ser feliz, ou ter paz, ou achar o amor pra vida inteira, ou fazer fortuna.)

Seja como for eu luto com o TODO O MUNDO.
TODO O MUNDO é sempre o grande e único (sic) culpado.
É ele, o TODO O MUNDO, que jorra a merda generalizada com seu cu à jato:

crianças famintas e estupradas, maridos medonhos, mulheres burras, guerras em nome do bem, passeatas pela paz, espiritualidade interesseira, desbundados virando artistas, idiotas virando artistas, órfãos virando artistas, bêbados virando artistas, tias avós que odeiam negros, revistas pra negros racistas, Willian Bonner e Fátima Bernardes fazendo o último filme da Brasileirinhas, Rita Cadilac dando o cu com cara de dor e nojo, Suzana Vieira, Suzana Vieira, Suzana Viera, o Jô Soares como intelectual, o Chico como escritor, a preocupação com o aquecimento global, a importância do renascimento do samba na lapa, a superioridade de São Paulo, as novas mídias democráticas, a quase eleição do Gabeira, a esperança torta, a Xuxa como modelo de otimismo, a Suzana Vieira de novo, agora como modelo de superação, a supervalorização do clitóris, os orgasmos de grelo, o guiness book, os blogues pretensiosos, as dançarinas que são gordas, as prostitutas que são felizes, os filmes do diretor do 6° sentido, o quem quer ser um milionário?, a bipolaridade, a pátria, a depressão, o talento da Marisa Monte, o mundo sustentável, o vídeo mais visto do youtube, a simplicidade como virtude, a humildade como virtude, a qualidade de vida, a importância de ter dentes bonitos, o marketing pessoal, etc.

O Nelson Rodrigues tem sua frase imbatível e dela nem o TODO O MUNDO discorda.
O gênio tem poder de síntese e os bêbados ainda falam demais.
Os livros de auto-ajuda vendem e os blogues são consumidos por blogueiros.
E TODO O MUNDO faz parte disso. Uma desgraça.

30 de março de 2009

()

Agora bebo vinho por dica de mamãe. Ela quer o bem da minha pança e tudo certo. Curitiba é fria e aconchegante. Acredito mais nisso do que naquele maldito calor carioca, embora beber cervejinha no Coimbra seja mais familiar.
A semana foi cheia de migalhas gordas e tudo pareceu ótimo e belo. Aquela satisfação inexplicável que o teatro dá. No último dia havia umas 200 pessoas. E olhei pra elas atentas e elas olhavam praquilo sérias e calmas.
Pensei na satisfação que o teatro pode proporcionar pra quem o faz. Você não se sente útil fazendo teatro, mas se sente satisfeito. É estranho e agradável. E provavelmente é muito diferente do que sente um médico ou um juiz. Mas tudo certo, já que os médicos ainda se vestem de branco e os juízes aplicam as leis.
Agora é estar por aqui e ver o cu fazer bico.
Seja como for, cada um tem sua fuga na manga. Uns inventam novos sonhos e outros insistem no mesmo. Questão de gosto.
Particularmente ainda prefiro as obsessões.

19 de março de 2009

então acontece.


e é sempre assim. e não sei, e não sei mesmo, se isso é bom ou ruim.
tava numa sequência ruim de ensaios. aquela desgraça de sempre: você, e seus parceiros, reconhecem que aquilo não tá como deveria estar, mas você, e seus parceiros, não sabem o que fazer.
nós contemplamos a merda juntos. e acho isso uma virtude admirável.
um dia ponho essa imagem numa peça: 5 idiotas sorridentes que olham prum grande cagalhão como se dalí pudessem tirar a esperança.
meu barato com teatro (e com arte de maneira geral) passa por aí: um esforço incrível pra descobrir o que pode surgir de Realmente Importante de um imenso cagalhão.
parece uma coisa subjetiva, mas não é. quando você tá nessa situação de artista, de quem quer fazer arte, isso é claro e calmo e, mais que tudo, a única possibilidade real de fazer algo Realmente Importante na merda da vida.
(confesso que pra escrever o parágrafo anterior fiquei cheio de dedos. essa coisa artista é um perigo. e sobram idiotices que usam arte como justificativa. e também idiotas que por não saberem viver acabam por se dedicar à arte. de forma que isso é mesmo uma sinuca de bico e que, embora seja arrogante, eu também enfio o dedo no meu próprio cu. é uma defesa, claro está.)
mas volto:
o ensaio hoje aconteceu e, finalmente, meu pau tá duro.
o merda disso é que é isso, isso-mesmo-um-bom-ensaio, que me alimenta. me sinto tão bem que seria capaz de achar a lua estonteante, seja lá o que isso quer dizer.
e hoje a gente se entendeu e aquele sentido maluco de dever cumprido da maldita lógica cristã se fez e, portanto, proporcionou a única paz possível em que realmente acredito:
- é ruim, mas tá bom.
- a pérola no fundo do copo.
- coragem não é ausência de medo.
- solidão nunca dependeu de companhia.
- ri quem tem dente, chora quem pode.
- esperança não precisa acontecer, precisa esperar.
- quem não tem mãe, caça com rato.
- melhor tá vivo que tá morto.
- um pássaro na mão, uma gaivota na cabeça.
- 5 tiros, 4 acertos e 1 solução.
- de nó apenas a corda.
- o máximo da vaidade é o suicídio.
- 3 ferraris e uma pista.

18 de março de 2009

j.

Minha querida J, minha única tara real, me diz sobre como viver e sobre a beleza de se fazer e conquistar coisas por aí.
Eu concordo em tudo com ela e eu lhe tiro o chapéu e reforço minha tara.
J é admirável e elegante. Come batatas fritas em duas mordidas e tem um sarcasmo que, quando não perde a mão, é de um charme irresistível.
Lembro do amigo macumbeiro da minha mãe que disse, como quem está em transe:
- J é tudo que você precisa. Nunca perca J.
Amigo de mãe é quase tio ou tia. A gente ouve mesmo quando não escuta.
E J quer ter um cachorro e (disso só eu sei) tá com um infernal instinto maternal.

16 de março de 2009

ui.

Apenas eu na minha solidão fraco e cansado. A única tristeza real é um ensaio ruim e a cabeça funcionando mal e lerda. Preciso de bons ensaios agora: questão de ego, sobrevivência e prazo. Daqui há uma semana a água estará na bunda e os anões morrerão se não aprenderem a nadar. Feliz ou infeliz é sempre passageiro. Ou mesmo questão de estilo: felicidade acontece na merda e infelicidade acontece na glória, tanto faz.
Seja como for, o tempo é veloz e concreto. Um dia depois do outro até o suspiro final. E que eu tenha a competência de não culpar o mundo pelas minhas próprias desgraças, é minha oração.

15 de março de 2009

*


porque meu saco balança todo dia de manhã
e penso em fazer exercícios
e comer melhor
e beber menos
e até fazer novos amigos.
e tenho a Internet
e o telefone
e, mesmo assim, fico aqui,
cá comigo,
já que sou o único
que não posso evitar.
e ainda me prefiro
à maioria dos outros
e acho coerente
achar isso.
e todo domingo
é lento e terrível
com ou sem companhia.
e apenas aos domingos
eu lembro do que eu não tenho
e daquilo que eu desejo.
e percebo o lapso
entre um e outro
e sorrio besta
sentado no bar.
e o inferno é quente,
e a loucura é grande,
viver, pra mim,
nunca será simples.

14 de março de 2009

o mundo é cheio de gracinhas.

mandei uma carta prum ilustre desconhecido e recebi isso:
-
hoje é o pior dia da minha vida
terminei um namoro há menos de 24 horas
seu e-mail carta me ajudou
vc é carioca e é legal, olha que coisa
-
e ainda
há quem ache
que as coincidências são bacanas.

13 de março de 2009

''''''''''''

De noite eu acordo suando e tossindo como um louco. O acesso me tira o sono e, durante o banho, me masturbo como uma maneira honesta de extravasar as revoltas diárias.
As revoltas diárias existem. São necessárias pra mim e brotam sem precisar de muitas explicações. Lembro apenas de todos que não sou eu e me revolto. A limitação e a tristeza (e mesmo a glória) é que somos só nós mesmos e disso a gente nunca foge.
Não tenho medo da vida, embora muitas vezes não faça ideia do que eu devo fazer. É que tem essa coisa ancestral e perturbadora que me martela. Porque um dia falaram sobre o trabalho que dignifica o homens. Porque, quando morei com a minha vó, notei que fazer é, muitas vezes, o único sentido da vida. E porque, ao mesmo tempo, tenho uma consciência má que me deixa claro que todos esse excesso de atividades é mais desespero do que paz.
É simples: quando não se tem pra onde ir, você pode ficar em casa ou ir pra vários lugares. As 2 opções apenas confirmam que você não tinha pra onde ir.
Não me acho arrogante, mas me acho vaidoso. A arrogância precisa de outros e a vaidade se basta no ato de lamber o próprio rabo. Por essas sou mais vaidoso que arrogante. Minha platéia é meu próprio delírio e o que eu vejo, apenas eu vejo, já que essa é a vaidade máxima que posso ter. Não me considero o dono da verdade, mas me adoro e até me amo - justamente por ter a pretensão de nunca participar dos chás e almoços com gente que nunca me interessou.
Organizo minha vida através de livros e filmes. Não vivo bem, mas essa pretensão eu, graças ao bom deus inexistente, eu nunca tive. Vivo como eu tenho vivido: reclamando um bocado, mas no fundo falando só sobre mim mesmo.
O nome desse blogue é mais sério do que imaginam as 5 cabeças tolas que acompanham o que eu escrevo.
Apesar das aparências imbecis, eu acredito realmente na doçura e na delicadeza. Acredito em relações que se estabelecem a partir disso e acho, acho mesmo, que tais relações devem ser conquistadas e preservadas. Nunca de um dia pro outro, nunca por um verão, mas por uma coisa lenta que faz com que, finalmente, você veja o que está além da casca.
Além da casca é tudo que importa. A sujeira tem cheiro e, portanto, é logo percebida. A sujeira se limpa e fica tudo claro e aparente. A sujeira sempre é circunstancial e apenas por isso o sujo não me choca.

12 de março de 2009

a culpa não é do mundo.

Gosto de ouvir as histórias de outras pessoas. Me comparo com aquilo. Penso no que me aproxima e no que me distancia dessa gente. Essa gente que é todo mundo: amigo intimo, desconhecido de bar, caloura de teatro, etc.
O fato é que eu julgo as pessoas. Sempre e sempre. E julgo mesmo, sem ter medo de cortar ou salvar uma cabeça. A chance é a mesma e o único risco é eu estar errado.
Claro que não gosto de estar errado. Nenhum idiota gosta de estar errado. Mas acontece e é normal.
Quando estou errado contraio minha boca e digo a-ham.
Quando não estou errado abro minha boca e digo a-ham.
Merda velha, se é que não fui claro.
De forma que agora, depois de explicar, vêm as histórinhas. As adoráveis e criativas histórinhas:
  • com muita elegância j me desafia. E o jogo entre nós é bom. Ela diz a e eu digo b. O resumo disso não é nada, além da certeza de que j e eu somos ótimos parceiros, mesmo que pra essa bobagem gratuita, tola e sem explicação.
  • r sempre me enrola. sei lidar com r porque lhe dou o prazo da enrolação. depois do prazo da enrolação ligo pra ele e digo 'filho da puta'. tudo é simples e sem frescura. xingar os bons amigos é questão de dignidade.
  • s me procura e diz que desistirá. eu digo que ela que sabe, mas que acho que não deve. ela concorda comigo imediatamente e diz que por isso que ela precisava falar comigo. é bem claro: ela já sabia o que eu falaria, mas, mesmo assim, prefere que seja eu quem diga o que ela já sabe.
  • r2 me diz pra eu ser mais tolerante. diz que confusão é normal nessa fase. eu brigo e digo que não, que confusão não quer dizer sinceridade. r2 me xinga e sai. parece que nunca mais falará comigo, mas amanhã ou depois conversamos de novo.
  • a me conta tudo. faço o mesmo papel que ele faz. digo 'calma', digo 'espere'. a e eu temos nossas razões, ainda que por outros motivos.

10 de março de 2009

quando a escuridão acalenta


É bom sentir a lentidão nos poros.
É bom lembrar que você era diferente
há uns anos atrás.

As coisas mudam sim,
mas as mudanças
nem sempre
são importantes.

O bom é apenas mudar,
sem preocupação
com se tornar melhor
ou com ser feliz.

Olho aquela foto e penso:
era eu ali,
eu mesmo,
como sempre fui
e distante do que sou
hoje em dia.

A gente é tanta coisa,
a gente pensa tanta coisa,
e tão pouca coisa
realmente importa.

Quando eu era babaca e adolescente
eu falava pra todo mundo,
sem saber o que eu falava.
E repetia porque eu queria parecer inteligente:
"ser sincero contradizendo-se a cada momento".

E a frasezinha do Pessoa
tinha seu impacto
e fazia umas garotas
abrirem as pernas
pra mim.

Hoje já não me interesso
pelas garotas
que se impressionam
com a frase deveras genial.

Apenas observo o mundo,
mais ou menos como sempre fiz,
e repito a mesma frase,
mas apenas pra mim mesmo.

Talvez eu seja mais honesto,
talvez eu seja mais triste,
tanto fez e tanto faz.

A vida lenta nos poros,
a calma possível
e o conta gotas fatal
dizendo baixinho:
- sim, sim, continue.

9 de março de 2009

()

Minha antiga ex namorada sempre me falava dos benefícios da agua de coco para a flora intestinal. Deveria ser o 1° líquido a ser ingerido, segundo ela. Antes do café, ou mesmo da água comum. Ela dizia, também, que o cocô começava a sair lisinho se você fizesse disso um hábito diário. Lisinho, ela me explicou, era quando o cocô saia assim, sem força e nem mole nem duro, quando você tem a impressão que cagou tudo que tinha pra cagar.
Bem, tudo isso porque estou bebendo água de coco. Não fui rigoroso e tomei café e guaraná antes. De qualquer maneira o faço pelo bem da minha flora intestinal, pois no fim de semana as cervejinhas foram muitas.
O problema da cervejinha é que ela estufa a barriga. Não tenho problema com a gordura. Sou gordo desde que me conheço por gente e tenho me virado bem assim. Agora essa coisa da cervejinha estufar tão rapidamente é algo que me incomoda. É quase de um dia pro outro.
Saquei que minha barriga tava estufada no sábado quando usei calça jeans. O maldito botão apertando meu ventre. Quando tirei a calça tinha uma bola vermelha um palmo abaixo do umbigo, quase dava para ler a marca da calça.
De modo que, nessas decisões de segunda feira, resolvi que ficarei uns dias sem as cervejinhas. Será duro, mas é pelo bem da minha adorada calça jeans. Sou um tipo que prefere largar temporariamente as cervejinhas a ter que comprar uma nova calça jeans. Só de me imaginar numa loja sinto arrepios. E essa coisa de abrir o botão toda vez que sentar me parece muito decadente. Tenho lá o meu bom senso.

6 de março de 2009

-

(com a carta na cabeça e depois de ver o grande filme 'na natureza selvagem')

É quase uma gilete no meu cérebro. Porque tem gente que realmente sabe lidar com a vida. Pra mim isso sempre foi estranho e difícil. Só consigo organizar as coisas lendo, escrevendo ou vendo filmes. E organizo assim, dentro de mim, porque um livro ou um filme, é um mundo acabado e organizado. E isso me fornece uma paz que eu nem sei explicar. Nos ensaios isso também ocorre, mas é diferente. Nos ensaios me sinto exausto se paro por 5 min. É uma guerra íntima que eu faço alí. Força, muita força, pra tentar entender aquilo (atores, teatro, texto, comunicação diretor/ator, etc) de um outro jeito, num outro nível. Não sei explicar, mas é aquela coisa de alterar a própria percepção, aquela coisa de buscar um viés artístico que dê conta de toda essa confusão que chamamos de vida. Porque têm umas coisas que dão conta disso. Minha ideia de amor passa por aí também. São bolsões de paz. Momentos (ou obras) carregados desse milagre que é pleno e autônomo. Quando o sexo vira amor, quando você consegue mostrar pro outro aquilo que já tava visível, quando, numa apresentação, você vê um espectador olhando com atenção total, quando você faz a pergunta pela milésima vez e, finalmente, consegue a resposta. E por aí vai.
Na verdade vivo mais por esses momentos do que pelo resto da vida. Esses momentos me parecem mais vivos do que a própria vida e talvez seja isso a minha obsessão.
E uma obsessão pode ser boa ou ruim. Pode te dar o infinito ou te matar antes da hora.

5 de março de 2009

relatinho.

Meu vizinho fortinho e patola me causa inveja. Ele anda pendendo para os lados e tem, como sempre ocorre, um cachorro muito parecido com ele: pescoço atarrancado, patas curtas e flexibilidade limitada.
Mas meu vizinho tem agora uma arma com a qual ele atira nos malditos pombos. É uma coisa que sempre quis ter, mesmo antes dele aparecer com esse 'brinquedo' eu já tinha perguntado pro meu pai se ele sabia onde eu poderia arrumar uma dessas armas de bolinha.
Só que a arma do meu vizinho patola é realmente profissional. Acho que é de chumbinho, mas não tenho certeza. É uma espingarda com mira e tudo, um escândalo.
O chato é que o brinquedo é novo e ele atira o tempo inteiro. Um estalo chato e abafado a cada 3, 5 min.
A vantagem é que deixo minha roupa de cama no varal sem nenhum receio de que ela seja cagada.

2 de março de 2009

Sobe-se.

De novo apenas eu na casinha verde. Um pouco melhor, com novas estantes e com minha solidão doce e amarga ao mesmo tempo. Ter mãe é terrível. Terrível é aquilo que te causa encanto e espanto ao mesmo tempo.
(E noto que escrevi 'ao mesmo tempo' duas vezes. e acho isso curioso e triste. porque 'ao mesmo tempo' é a regra geral e eu sei [e alguns dos meus] o quanto eu fujo dessa confusão da regra geral. porque a regra geral é chata por ser....geral. porque caço, bem ou mal sucedido, as coisas que fogem dessa regra geral. porque quero ser dono do mundo, mesmo que de um mundo pequeno. porque, e isso é uma confusão dos diabos, não quero achar errado não querer a regra geral.)
O fato é que mamis se foi e agora sou eu e apenas eu. Sem ser atravessado por nada, feliz por ter essa vantagem e louco pra que algo me atravesse. É mesmo irônico como estamos sempre insatisfeitos. E lembro do w. Allen e penso de novo: o bom da América.
Na insônia de ontem peguei um Rubem Fonseca pra ler e fiquei surpreso porque, na verdade, eu já li esse livro e não lembro de nada. Apenas soube que já tinha lido por conta da mania de riscar os livros que peguei da minha . E fiquei surpreso pelos meus grifos e grifei coisas completamente diferentes do que antes havia grifado.
E também fiquei horrorizado pela minha falta de memória. Mas isso superei quando lembrei da história de memória de elefante - que é um paquiderme que volta pro lugar onde nasceu quando 'sente' (um elefante sente, é isso?) que vai morrer.
Seja como for, lembrei que é mesmo muito legal ler literatura e que, de um tempo pra cá, tenho apenas lido teóricos malucos e/ou articulistas pops. O que não é ruim, mas completamente diferente do prazer de ler uma Estória.
Bem, bem,
blogue atualizado, casa vazia e caça de pérolas no mundo.
E também Seu Fonseca me dizendo baixinho:
" - aquele que procura pérolas deve mergulhar fundo"