21 de fevereiro de 2011

fosse verdade que fosse mentira

*
Gordelícia de cachos dourados
que mora no Sul.
Quando passa,
cá comigo,
sempre penso:
- bem que entrava nessas carnes.
E vislumbro filhos,
polacos e ranhentos,
com brotoejas
espalhadas pela pele branca.
*
Que avião pegava por ti,
que frio passava por ti,
que orkut e facebook deletava por ti.
*
Gordelícia que não é gorda,
nem é do Sul e muito menos
tem cachos dourados.
Que gosta de homens femininos,
que mora no Rio,
que só goza em segurança
com homens magros e delicados.
Gordelícia que agora
- e só agora -
é apenas minha
e me ama profundamente.
*
Gordelícia com bracinhos de bacon
dizendo que tem vergonha
da própria vagina...
Veja só:
supõe os grandes lábios
grandes demais,
escuros demais,
tortos e/ou assimétricos demais.
Fala,
mas só entre amigas,
que acha o cheiro
da própria vagina
com cheiro demais.
*
Gordelícia com peitos sardentos
e mamilos rosas
dizendo que os queria marrons.
*
Que viu filmes na internet,
que ela não é daquele jeito
e que tem vergonha
de assumir em rodas de amigos
que adora a pornografia
vasta, gratuita e vulgar
que acessa entre um e-mail e outro.
*
Gordelícia falando sério
quando diz:
"- que não é porque tô te dando que sou puta."
"- você tem que tocar mais de leve, assim."
(e põe sua mão sobre a minha e faz movimentos lésbicos em torno do próprio clitóris)
"- não vou deixar você ficar olhando a minha vagina. Acha que é assim, é?"
"- você não imagina como é raro eu dar prum cara no segundo encontro."
*
Gordelícia com uma boca,
duas mãos
e os grandes lábios
mais tesudos do planeta
dizendo pr'eu colocar dois dedos
em seu ânus cinza e enrugado
que ela insiste em chamar
de bundinha.
*
Gordelícia, meu amor,
Gordelícia, não me esqueça,
Gordelícia, meu telefone
é o mesmo
e minha casa
ainda é minha.
*
Gordelícia se masturbe,
Gordelícia diga "safado",
Gordelícia eu sou esquecido.
*
Gordelícia...
apareça.

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