27 de novembro de 2009
26 de novembro de 2009
-°-
Mas nem importa isso. É que gosto de escrever e disparo. Perco o ponto.
Volto:
A cabeça roda quando a gente não sabe o que fazer. Sabe como é: você vê a coisa e julga a coisa, descobre que há problemas na coisa, mas não faz ideia de como os resolver. Isso podemos chamar de inferno. E o inferno é quente e cheio de capetas e capetinhas. Uns tem cara e outros não. São os capetas-sombras: você nunca tem certeza se eles existem ou se os inventou.
Amanhã terei o dia pra me dedicar à punheta da vez. Com sorte o pau fica duro e mata, num único jorro, 70% dos demônios. Sem sorte nem sei e nem quero saber.
E eu que não sou imbecil de achar que sorte não existe. Existe e é quase concreta. Assim como um relâmpago é.
25 de novembro de 2009
24 de novembro de 2009
o fino.
Por hora não falo nada e penso alto. Tomando o devido cuidado pra não mexer a boca enquanto penso.
22 de novembro de 2009
21 de novembro de 2009
19 de novembro de 2009
Sonho que se parece com novela e que não tem nada de extraordinário.
Apenas falação, tentativa de convencimento e uma amiga do contra.
Depois de acordar, vejo o que vi e penso na coisa do destino. De desejar o destino.
Não é simples assim, mas certas coincidências simplesmente me apavoram.
Quando você
estiver comigo
e quiser dançar,
acorde bem cedo
e prepare um belo
café da manhã.
Porque, bem,
na verdade,
eu não gosto de danças.
E talvez isso,
pra você,
seja um grande problema.
Então peço:
- me trate bem
e com alguma ternura
nesse dia.
Pra que de noite,
diante da pergunta fatal,
eu apenas lhe responda “vamos lá”.
Porque agora,
e só agora,
eu aprendi:
eu não gosto de danças,
mas,
mesmo assim,
eu posso dançar
se isso for lhe agradar.
Mas, veja bem,
não abuse de mim.
E quando for,
finalmente,
dormir comigo,
não se esqueça
de forma alguma,
de nunca,
e nunca mesmo,
me desejar,
segundos antes
do sono terrível,
bons sonhos.
18 de novembro de 2009
-
Meu saco pra lua ao ver a repetição: gente burrinha e chata, reclamando com pontos de exclamação e achando que são originais.
Eu tão chato que, se fosse cachorro, mordia meu rabo. Ou, se a barriga deixasse, roía as unhas do meu pé.
É uma mania estranha que, como não é minha, eu não reconheço: dizer que ama quem adora e chorar porque acha as lágrimas bonitas.
É tudo muito confuso. E tem muita jogada nisso e naquilo. E jogo por jogo, prefiro o meu blogue. Que é meu e eu sei.
Gosto da posse. Daquela posse tranquila que é olhar por horas e horas a buceta da mulher amada. Remexendo ali, descobrindo pintas e rugas sem nenhum medo de gostar menos por ver isso assim, tão revelado e arreganhado.
Separar os lábios e ver a cor cintilante da carne nevrálgica que pode roubar minha alma.
Abrir a buceta da mulher amada e ver lá dentro é como encarar o abismo.
Sentir o terror e a tentação.
E decidir, mesmo sabendo de todos os riscos, cair ali dentro.
17 de novembro de 2009
><
16 de novembro de 2009
-
a única opção é ser discreto,
mas mesmo assim
não muito.
falar e escutar,
roer o próprio osso
ou outro.
sem saco
pra isso
sem saco
praquilo.
dez mil que se parecem entre si.
-
meu cu arde
e o sal acaba no meio da carne assada.
não quero bater palminha,
não vou bater palminha,
me pego batendo palminha.
-
gente-maldita-gente
eu entre eles
e nós,
todos nós,
contando vantagens
uns para os outros.
-
uma beleza.
14 de novembro de 2009
Passeio.
- As mulheres mais lindas do planeta vão ao Hortifruti aos sábados.
- Uma mãe e uma filha. A mãe belíssima e penso que deve ser terrível ter uma mãe tão bonita assim.
- Reparo no zelo do velhote que escolhe tomates e imagino, pela quantidade, que é ele, há 50 anos pelo menos, o responsável pela macarronada de domingo.
- A caixa de amoras é quase um bibelô. Se eu tivesse uma guria linda e esperta me esperando em casa, compraria uma caixinha de amoras pra ela.
- Ao escolher um bife pro domingo, uma mulher me desdenha. Penso que deve ser uma vaca vegetariana que acha que não comer carne a faz superior.
- Mulheres elegantes de 40 anos deixam claro, pelas compras, que não têm marido ou namorado. Eu adoraria ser o pau amigo de uma delas: seria generoso no sexo oral e as ajudaria a lavar o alface.
- Na volta vejo que mesmo entre os prédios as crianças ainda jogam futebol na rua.
- Agora: arroto meu almoço e confirmo que o PF estava mesmo delicioso.
- Em segundos: cortinas fechadas, eu peladinho e o ventilador no talo. Depois posiciono a luminária, abro o livro e espero o soninho.
- Dormir à tarde é quase voltar a ser criança.
13 de novembro de 2009
Uma paz quase chata e duas doses antes de dormir.
Tudo lento e sem pressa: meu velho mau humor brotando junto com as minhas ironias.
Uma dose a mais e é possível perder cabeça. Silêncio pra passagem do caixão e farra na hora de beber o morto.
Se dançar é chacoalhar o corpo, eu concluo que também sou dançarino.
12 de novembro de 2009
arms.
Até a lapa pode ser um paraíso.
Questão de pegada, de jeito de olhar, de dia bom.
Fala-se o caralho a quatro. Devem ser lentos os bons papos.
Recheios pra todas as crianças: fofocas com goiabada, verdades com sorvete e confissões com mariola.
Tudo é uma homenagem e, ao mesmo tempo, uma bobagem que deve ser compartilhada.
Lenta, bem lenta, como deve ser.
Que não eu é que não queimo rádios. Que você é que não trata lesmas com alface.
Papo reto e simples de gente que cresceu e decidiu partilhar umas coisas.
Sem forçar, sem exagerar, sem declarar amor eterno à cada novo porre.
-
Bato três palmas sonoras e calibro meu longo copo de whisky. Sei celebrar sozinho,
mas, as vezes, os amigos colaboram sem saber.
A vida tá acontecendo e o tempo passa veloz e implacável.
Uns seguem e outros somem.
O risco é o mesmo e o trágico
ainda é notar
que você não ouviu
a sua velha intuição
e que, de novo,
era ela,
e apenas ela,
que estava certa.
-
A esperança é que fiquemos mais espertos.
Acho que estou.
E ele também.
10 de novembro de 2009
sem vogal.
Aquela dança era só um jeito de se desesperar. A gente se vira com o que pode e com o que tem. Somos os macacos que em volta de uma árvore inventaram o join de vivre. Não por desejo, mas por tédio.
E tem tanta gente que confunde tédio e desejo que nem falo nada. Minha aparência de arrogante paga seu preço por não ser tão simpática assim.
Mas lá fora tem aqueles dois ou três que realmente importam. Falta a fêmea, a fêmea fatal: guria esperta pra quem venderei minha alma e por quem, no auge da loucura que o amor provoca, jurarei, cheio de sinceridade e crença, que, por ela, deixo de ser eu mesmo e viro seu herói/príncipe dos sonhos encantados.
É por acreditar que o amor existe que eu não danço. Não quero dançar assim: apenas pra provar que também sou capaz de mexer o meu corpo e meu quadril. Se o lance é o desejo e não o tédio, eu berro sem medo de queimar a mão: deseje apenas o impossível.
O possível é o playcenter dos que não acreditam que a vida pode ser melhor. Como quem facilita a sujeira ao se concentrar apenas no lado bom de tudo.
Merda velha e repetida de gente que não sou eu e que não quero do meu lado. Poliana é uma metáfora e não, por Deus, um exemplo que deve ser seguido.
*
No mais, estou pelado e meu pau toca minha canela. Com minhas pernas dobradas, o ventilador ligado e uma música boa, sou capaz de nunca mais sair da minha casa.
9 de novembro de 2009
8 de novembro de 2009
6 de novembro de 2009
É essa faca no peito e umas coisas que eu sei.
5 de novembro de 2009
4 de novembro de 2009
>>
2 de novembro de 2009
dd
Na internet a mesma tristeza de sempre: umas notícias trágicas, a apatia generalizada e uma ou outra manifestação de afeto. Tudo muito contido e elegante.
Lá fora houve grandes churrascos e festas. Não fui em nenhum, mas eram todos chatos e previsíveis como o metrô lotado em dia de sol.
Uma birita com a nova maturidade da minha boa amiga e o sorriso sacana da minha velha conhecida que gostaria de ver de quatro. Apenas por ser do contra e por acreditar, piamente, que ela deveria dar pra mim por uma semana, pois, assim, do alto da minha arrogância, afirmo que ela aprenderia a trepar.
Mais umas atividades supostamente úteis e rever, pela 10° vez, o poderoso chefão. Dessa vez revi o segundo.
E afirmo, sem medo de errar, que sempre entendi tudo de tudo daquele filme, ou melhor, daquela trilogia.
É a ética como assunto interessante. Não a ética regida por leis/sociedade, mas a ética profunda dos que não temem em usar a palavra empenhada como assinatura reconhecida em cartório.
*
Pra finalizar: a expectativa de uma manifestação alheia que inventei e que desejo. Porque sei que o tempo é cruel e escorre lento, porque o milagre pode, muitas vezes, se manifestar em quem não acredita em milagres.
31 de outubro de 2009
31102009
A gente pode andar um ao lado do outro sem falar nada. Podemos apontar o dedo pra uma ou outra coisa apenas pra mostrar aquilo que viu. Comentários, podemos combinar, ficam proibidos.
Se mesmo assim ficarmos constrangidos, a gente deixa de andar e senta num banco. Aí nem apontamos nada e ficamos lado à lado em silêncio. E também podemos evitar olhar muito diretamente um nos olhos do outro porque, as vezes, você sabe, surge um anjinho pelado dentro da pupila. E anjinho pelado é algo assustador, não acha?
Eu prefiro a noitinha, pois o lusco fusco me dá mais segurança. Que sol e areia, desculpe lhe decepcionar, não é comigo. Até porque essa gente de sol e areia é risonha demais e, confesso, que não consigo confiar neles. Quando a pessoa tá alegre ela não fica rindo o tempo inteiro, né? Acho até que quando a pessoa tá alegre ela nem sabe disso. O que que você acha?
Bem, acho que falei demais. Aqui sempre acabo falando demais. Mas aqui é mais fácil. Porque aqui é sozinho e sozinho é bem mais simples. Sexo, amor, família e amigos são coisas ótimas, mas dá um trabalhão que nem sempre vale a pena.
Bom, telefona praquele número que eu te dei escondido ou então, se preferir, me manda um e-mail. Que aí nem a voz um do outro a gente precisa conhecer.
Beijos e bom feriado.
Fernando.
mulher engajada -
30 de outubro de 2009
Daqui e de lá.
29 de outubro de 2009
-
Mas volto.
Passo horas ali e tento desvendar certos mistérios. Os mistérios não são reais, são meus porque fui eu que os inventei. E mesmo assim, com consciência disso, me pego pensando "e se". "E se" é tudo e mais um pouco. Tio Stanis sabia disso. E tio Stanis era fodão.
Bem, meu sonho com P. foi de uma realidade surpreendente. No sonho fui convencido que não era sonho. Sou mesmo desconfiado, mas confiei e sofri. Era sonho mesmo, infelizmente.
Coisa bonita essas coisas que permanecem. Quase um milagre. A sobrevivência de algo após tanto tempo traz o sentido, foi minha conclusão.
E não há nada pra lastimar. Dia ruim e dia bom. Minha Russeffinha me disse da sorte que tive e concordei em silêncio, que é, enfim, a única maneira decente de concordar.
Mas queria ter objetividade e nem rolou. Acontece.
O blogue é uma punheta e fico feliz quando alguém elogia meu pau. "A curvatura perfeita", ela me disse com outras palavras.
Ela tem mais classe do que eu. Melhor assim.
27 de outubro de 2009
eu à 30 léguas.
O nome daquilo é excesso. Ainda mais pra mim que moro sozinho e me sinto ótimo na solidão voluntária. Mesmo que delírios de noites de amor sejam inevitáveis.
Poderia dar nome aos bois, mas nem valeria tanto. O lance é aquela massa junta, que convive e conversa e se ama e se odeia.
Na minha viagem sobre sangue, ter sangue tem a ver com isso.
Uma grande hemorragia que jorra na mesma direção.
As coisas se misturam e não há nenhuma individualidade. Carnaval é o caralho. Tem data e prazo.
Dissolver-se no sangue sim é uma coisa de bicho, de animal.
Até porque o prazo de validade é a morte e, mesmo assim, nem sempre.
26 de outubro de 2009
No sábado um sonho verdadeiramente pertubador. Sonho quase velho e repetido. A coisa de encontro eterno como coisa do destino. E sem medo. E, por que não?, feliz. Sonho que de tão bom desconfiei ainda dormindo e disse que era sonho, mas aí a outra parte do sonho me convenceu que não, que não era sonho. E eu acreditei e acordei assim, semi perturbado.
Agora segunda e coisas parecidas na cabeça. Sem chancer de ser eu mesmo e fazer coisas.
E nem há telefones pra ligar. E nem acho que tenha esse direito.
23 de outubro de 2009
freak-me.
que
me
irrita
é
que,
além
de
esperta,
ela
parece
bonita.
#
No inicio achei que alguém tinha morrido. O bêbado eventual que é mecânico e que a acompanhava tentava a consolar com o verso de uma música do Vinicius. Era um verso bonito que me chamou atenção porque me lembro do meu pai cantando ele.
Depois entendi que nem era dor de morte. Acho que perdeu o emprego e, pelo que entendi, por culpa da filha da patroa. Ela disse que vai matar a menina. Talvez mate mesmo, mas acho que não.
<>
Em bar tem, as vezes, um nível de decadência real que se vê. É estranho porque eu estou lá e penso que talvez, a única diferença, seja minha idade. Sou mais novo que eles.
Seja como for, voltei pra casa antes. Gosto de ver a vida alheia e pensar nas minhas coisas. No bar é esse meu tesão. Vejo e não participo, prefiro assim.
E hoje, aquele choro e aquela decadência, foi demais pra mim. A dor dela era real, mas besta. Muito provavelmente a filha da patroa deve ter razão de não gostar daquela mulher: um tipo ruim de ver, que parece grávida, mas não tá. Os olhos eram apagados e tinha um choro grosso, chato de ouvir.
E a loucura, a loucura da vida real, é que a dor daquela mulher, pra ela, era tão grande quanto uma morte.
<>
Há qualquer erro nisso que eu pressinto, mas que não consigo desvendar. Sei lá. Acho que se chora pelos motivos errados, que se ri por falta de assunto e que se diz 'não leve a sério' por temor.
O parque de diversão é apenas a reunião de um monte de brinquedos divertidos.
E cada um tem o seu preferido.
22 de outubro de 2009
-
21 de outubro de 2009
relatinho.
Deixe - me ser discreto e elegante. Sabe como é? É fácil contar histórias e é ainda mais fácil gostar das histórias que se conta.
E por isso ficarei aqui, fazendo de conta e fingindo que não é comigo. Auto preservação é um instinto básico e louvável.
Gosto mais do que falo do que do que faço. É meu bom senso se manifestando, dizendo baixinho: veja bem, seu rojão não estoura sempre, mas, quando estoura é implacável.
De qualquer maneira o isqueiro tá na minha mão, meus cigarros eu ainda acendo.
2-
Tem coisas que perdem o sentido e tem coisas que não. As que não perdem o sentido, fizeram sentido e as que perdem, são, enfim, manifestação do tempo.
Não sei porque digo isso agora, mas, alí, esperando o metrô, isso me pareceu uma coisa fina e boa: o que importa são as coisas que não perdem o sentido. Era como se eu pudesse entender a vida através disso: sentido que ficou e sentido que se foi. Acho que eu teria 12 ou 13 sentidos no máximo. Ou 11, que seria uma conta mais justa.
O que quero dizer é que vivemos pra achar o sentido. E ele é raro, bem mais raro do que se supõe por aí a fora.
3-
Demora pra uma ideia ganhar forma. Primeiro se cogita e se imagina. Depois junta isso com um meio, ou uma aplicação. Depois testa aquilo e no teste a coisa tende a mudar. Etc. Em teatro isso me parece ainda pior. Porque virá os atores, o jeito deles, a coisa de fazerem em determinado espaço e mais um etc.
Isso porque pensei em fazer uma cena hoje inspirada num curta muito legal, mas que eu tinha visto a dois anos atrás. E rôi meu osso e pensei que essa brincadeira de por ideias em prática deveria pagar e muito bem. E não na coisa da publicidade, onde a ideia já tem um fim determinado. Mas sim na ambição artística, onde não se sabe direito onde chegar.
Hum, sei lá. Coisa de viado.
4-
Ela é uma amiga dessas muito boas. Hoje eu lhe disse que fazia tempo que não bebíamos só nós dois e que sentia saudade disso. Ela disse que a culpa era dos outros que falam muito. Eu queria dizer que sentia saudade dela e eu e apenas ela e eu. E é mesmo uma amiga, ainda que, algumas vezes, eu a imagine como uma mulher ótima e fantástica.
Quando ela culpou os outros eu lembrei que ela é durona e que disso eu já sei. Pensei que éramos amigos por isso. Eu sei de umas coisas que não preciso falar e ela sabe de outras que não me fala também.
É uma forma de amor, pensei. Desses amores durões que nunca deixam o outro saber o quanto é amado. Faz sentido pra mim e pra ela.
5-
E termino reclamando de mim mesmo e pensando no porque desses textos tão longos. Acho, cá comigo, que textos longos não combinam com blogues. Mas acontece. E nem precisamos sentir culpa. Melhor assim.
20 de outubro de 2009
19 de outubro de 2009
domingo - senta de novo.
É quase normal. Só noto o quanto é estranho delirar assim quando saio de casa e vou almoçar no shopping.
Na rede desvendei tudo o que não era segredo. Passei horas nisso. Se o cigarro não acabasse, eu não saia. Tenho tendências a me encantar e hoje entendi o ponto disso.
Preciso de ternura, acredito na ternura. Ternura é um tipo de delicadeza que me comove. Uma coisa que não explico, mas que reconheço: em textos, em fotos ou em vídeos.
Sinto mais falta de ternura do que de sexo. Meu reino por uma ternura.
No delírio:
Seria uma coisa lenta e gradativa. Atração de estranhos, cheiros a serem reconhecidos e um charme artístico que nenhum dos dois deixaria de alimentar.
Charme artístico é isso que é: ter objeto pras metáforas das coisas que se pensa em silêncio e sozinho.
E nós nos amaríamos pra sempre. Você me entenderia na coisa que defino como:"A beleza possível será inventada." E, bem, seríamos felizes.
Felizes sem burrice que seríamos espertos. Um a salvar o outro como se isso fosse nosso destino. E usaríamos a palavra destino sem medo da tragédia.
Meu delírio corria solto e eu nem imaginava nada de ruim. Era só beleza. Eu pensava comigo mesmo: essa desgraçada me fará parar de fumar, essa puta me fará fazer exercícios, essa doida me convencerá até a parar de comer carne de porco.
Meu deus é tão bom delirar. Ela seria a mulher capaz de me modificar plena e puramente, como se mudanças assim fossem reais.
Meu delírio, meu delírio lento e vaidoso até ver, durante o banho: minha pança enorme, minha falta de ar, minhas espinhas na bunda e o excesso de vermelhidão que, de uns dias pra cá, aflora na cabeça do meu pau.
A felicidade é meu delírio nessa tarde de domingo: ouvindo cada coisa, vendo cada foto e reparando em cada imagem que queria passar rápida, mas que eu não deixava.
O mundo real:
A nova dor nas costas, a voz que assusta, a velha dor no pulmão, os vagabundos do bar, a comida sem vontade de comer, a tv ligada, o rádio ligado, a mina com o mano, a mina com o namorado, a mina amando, a mina amando e falando sobre o amor, a unha esbranquiçada, o peido molhado, o banho como obrigação, a punheta pra esvaziar, o sonho com os mortos, a casa limpa e vazia, a grosseria sem solução, o casamento que era seu, o filho que não teve, a vontade de fugir, o bar que teria, a grana da loto que mudaria o mundo, o arrependimento, a grosseria feita no passado, a mãe que telefona e ama, a dor da mãe que não pode entender por não ser mãe, o lixo cheio do banheiro, a merda que é aguada e preta, o bar que tava agitado, a música de velho que toca, a tela branca que não basta, a garota com quem delirou e que não existe, o namorado bonitão, o namorado saudável, o namorado cheio de gás, a mina com o mano, a merda espalhada, o blogue punheta, o sitemiter, o desejo secreto, a ruptura, a morte, o delírio do domingo, o etc que isso não tem fim.
Agora:
Aplacado e calmo. Sem raiva de ninguém e quase vazio. Queria trinta coisas, mas trinta coisas todo mundo quer. Saber que não é especial é parte da jogada. Sofrer em paz também é.
Conclusão:
Todo bloguinho é uma mal disfarçada terapia.
18 de outubro de 2009
senta que lá vem história.
37 horas sem sair. Ninguém além de mim. E me lambo e me adoro. E, daqui, vejo o mundo com uma imensa ternura. Perdôo os idiotas, penso nos grandes erros e sinto compaixão por todos.
Tomo banho e me preparo pro ataque. Alguma dose de mundo e a voz da minha mãe cravada na minha alma pra sempre: ver gente é importante.
Banho lento e bem lavado. Desligo a água a cada etapa. Não pra poupar o planeta, mas sim pra focar a higiene. Sabão, xampu, unhas, orelhas e umbigo inclusos. Sou o cara mais limpo do Rio de Janeiro. Acho graça de mim mesmo e me enxugo com a mesma calma do banho.
Desodorante, cueca e roupas limpas. Vou ver gente, minha mãe. Vou descer e ter uma dose saudável de mundo. A TV, que ta ligada, faz com que tudo se torne ainda mais lento. Meias, cueca, unhas aparadas, calça, tênis e, ufa, camiseta. Ver o mundo dá trabalho. Não gosto de trabalho. Por isso fujo das mulheres, penso sozinho e rio. Acho, nessas horas, que sou um gênio cheio de espírito.
No bar um movimento maior que a média. Fico quase tenso, mas pego uma e abro meu livro. Vou no bar, ou no mundo, com um livro na mão. Adoro me sentir só e único nesses lugares. Estou lá e não estou. Uma ambigüidade dos diabos, mas que me agrada.
É aniversário da Solange – uma preta pequena e que parece uma azeitona que sempre ta lá. Ela me oferece um pedaço do bolo e eu nego 1, 2 e 3 vezes. Depois de segundos me arrependo. É um tipo de formalidade que deixei passar. Negar o bolo da Solange a ofende, eu sei. E nem custava nada roer aquele bolo pra a deixar satisfeita. Bem, passou. Pena só ter entendido isso depois. Acontece.
Meu livro é bom. Penso que queria fazer aquelas coisas que leio. Ser vagabundo, ver o mundo e escrever. Parece a bem aventurança. Lembro disso e leio bem devagar.
O cara que vende pó ta ali e há um pequeno movimento. Reparo discreto e penso que eu jamais teria habilidade pra comprar pó desse cara. Ele ta sempre ali e isso me inibe. Não gosto de ser reconhecido, por assim dizer. Acho, como sempre, a discrição uma arte. Os caras que admiro são ou eram discretos.
Termino minha relação com o mundo e volto. Confirmo com o porteiro o novo horário e me sinto bem.
Agora umas palavrinhas, um bom cd e todo o planeta que pode ser você só e com uma tela branca.
Não quero participar do mundo que conheço. Não acredito nele. As pessoas são legais e simpáticas, mas não tem alma. Eu gosto de alma. Pensei, nessa tarde de solidão voluntária, que gostaria de ver um documentário cujo mote fosse as perguntas: você acredita em alma? O que acha que é a alma?
Agora eu mesmo e minha calma por ter ouvido a terrível voz da minha mãe. Fui ver gente e voltei melhor. Com a certeza de que não quero, e não quero mesmo, participar disso daí.
Eles e elas estão lá fora. Brindam a felicidade besta de quem não pensa e vive bem. Prefiro isso aqui que não é eles e elas. E que, principalmente, não acha a felicidade uma coisa tão importante assim.
16 de outubro de 2009
oh yes - sr
-
Preciso de uma louca poderosa que saiba amar e que tenha generosidade. Uma louca que me diga coisas terríveis em noites calmas. Que de louquinha pop já tive minha dose e nem valeu, muito tempo pra pouca eternidade. E prefiro o delírio inteiro, completo, sem calculos e sem História - que, na média, é mais chata do que ficção.
Porque mentira por mentira é melhor a mentira elaborada. E não se trata de de escolher, mas sim de ter habilidade.
(mi coracion: ler meu blogue não é saber quem eu sou, que tenho lá meu senso estético).
Meu dedo acusa, mas nem sempre vai ao fogo.
(E, mi coracion, sua coisa de recém separada é pop, mas não inteligente. Ex separada que só fala do ex marido não cola e nem colaria).
Perceber que eu sou inteligente é o mínimo de excitação que eu preciso pra beijar a sua boca vermelha. E que fique claro que sua marca de batom é bem vulgar, o que, se fosse mais esperta, saberia usar a seu favor.
15 de outubro de 2009
ntsqsqç
blogue, bloguinho, blogão.
14 de outubro de 2009
Condição de quem tá vivo e pensa. Sem pensar era mais simples: vivia apenas, mentia apenas, me bastava com as miudezas que se arranca da cartola.
Mas prefiro subir a escada e ver o monte de merda onde mergulharei. E farei o salto de olho aberto porque sou vaidoso, apenas por isso. Sinto medo, mas faço questão de deixar os olhos abertos.
Sei lá porquê. Acho que é apenas minha lógica caipira.
12 de outubro de 2009
A vida lenta e decente. Sem essa historinha de muito feliz e agora sim. Lenta, bem lenta. Sem mentir pra otários e sem tocar punheta pra desconhecidas. A paz não é um lugar ou mesmo um estado. A paz é um desejo com o qual se flerta. Flerta de flertar que aprendi com a minha vó: uma troca de olhares que NÃO QUER chegar a lugar nenhum.
Daqui a pouco um frango frito e uma voz estridente que me chama pro almoço. Estou com o peito aberto e com a cara emburrada. O whisky é um paliativo mais eficaz do que a falsa espontaneidade que só evidencia o óbvio constrangimento: é cada um na sua turma, afinal.
Não faço questão de novos amigos e não acho, como meus colegas de facebook, que a chuva atrapalhe minha vida. Lenta, decente e sem falsear alegrias passageiras. Há coisas mais importantes do que a felicidade.
11 de outubro de 2009
10 de outubro de 2009
/\|/\
A confusão entre cu e xota
é o que mais me incomoda.
Como se fossem
apenas dois
simples buracos.
Cu é cu
e
xota é xota.
Cada um na sua
mesmo que dividindo
o mesmo espaço
aparente.
Que só confunde
cu com xota
quem ainda não decidiu.
Cu até pode ser bom
mas só a xota
a puta que pariu.
8 de outubro de 2009
tuin.
Estalasse os dedos
eu estava lá.
Pronto pro rapto
num belo cavalo branco.
E diria:
esquece tudo e vem comigo.
E faria promessas
que talvez nem cumprisse:
- que paro de fumar
- que beberei só aos fins de semana
- que caminharei 1 hora por dia
- que nem encosto em drogas
- que aprendo a dançar em par
- que desisto das grandiosidades pra fazer miudezas ao seu lado.
E seria tudo uma verdade completa e sincera,
dessas que entrega a alma
e que crê, assim como quem tem visões,
que o milagre está próximo
e será alcançado.
Confessaríamos pecadinhos
e você
falaria mal
de todos
que não sou eu.
E eu beijaria
seus pés
e pediria perdão
por tudo
que eu não entendia.
E a vida
seria boa e generosa
e teríamos paz
nas tardes cinzas
e chuvosas.
Minha porra e meu caralho.
5 de outubro de 2009
#
2 de outubro de 2009
peido tímido.
Meu erro é a fraqueza e nada mais. Fosse eu forte, berrava as verdades e cagava solene e satisfeito diante daqueles que não tem cu.
Ontem passei por uma sem cu dessas. Fiquei com raiva dela. Ela andava com a mesma cara azeda que eu já conhecia. Ela não é bonita nem feia, gorda nem magra, ela não é nada, além de ser sem cu.
Pensei o dia inteiro sobre ela. Pensei porque ela me irrita já que nem a conheço. Sei que é atriz, que é filha de pai e mãe famosos, e que não tem cu.
Contra ela, em minha defesa, a turma imbecil que ela anda e se acha esperta. Os sem cu fazem um barulho maior do que podemos imaginar. Mesmo que peido, jamais. No máximo um pum, ou um punzinho...
Minha arrogância é enorme e eu queria encostar nela, segurar sua cabeça e dizer: relaxa, você nunca será como seus pais, eles são melhores que você e você sabe disso. Não sofra por aquilo que não tem mais jeito.
E ela me amaria pra sempre e meu sogro e sogra seriam famosos e insuportáveis.
Meu cu teria feito a diferença. Se eu tivesse, além dele, coragem.
1 de outubro de 2009
30 de setembro de 2009
não desejo felicidade que é perda de tempo.
Assim: dizia todas as palavrinhas que importam e nem me importava com sua histórinha de amor. Futucava até o fim, usava minhas unhas e prometia uma coisa sincera.
Porque até minha mãe já me disse: ela realmente gosta de você!
E palavra de mãe a gente sabe: mesmo ignorando é bom escutar.
E ela é ótima e, como não?, fantástica.
Mas tenho bom senso e respeito a discrição e a elegância.
E vejo, e penso, e, vez em quando, dou uns palpites que emplacam.
Coisa boba, tipo 'solte o cabelo', 'deixe o cabelo como é', 'sim, você é bonita', e 'seu pai não é o seu marido'.
E a gente ri junto e nem temos aquele compromisso terrível e encantador que é um homem e uma mulher brincando de ser um através das carnes.
Melhor assim já que não sou corajoso e nem quero ser.
A gente se ama sem nunca falar.
E isso é de uma elegância fina e calma, dessas que se entendem sem nunca ter que usar as boas e velhas palavrinhas.
Melhor assim, eu repito.
29 de setembro de 2009
a boa e velha coerência interna.
É disso que se trata.
Ela surge e está triste e confusa. O danado do diabo já tinha um chifre, mas como o diabo é da pesada, aparece com um segundo chifre.
A merda fede e reconhecer isso é o que chamo de maturidade. E sim, e como não, e ufa, e finalmente, ela está madura. Porque nem há opção. O absoluto tá cagando pro dia à dia, pro certo e errado, pras felicidades bestas que programamos quando estamos apaixonados.
E o diabo gosta de dancinhas e desafios. Ele tem seu charme e ele cobra caro, mas oferece uma recompensa: depois do diabo, tudo será modificado.
Maturidade é também não fingir que o diabo não está ali. Porque ele está e merece ser visto. Ele é o diabo, ora pois: o filho pródigo, o bastardo, o galã sorridente e falso, a fruta da árvore proibida, etc.
Então, reconhecendo isso tudo, e já sabendo que a merda foi recentemente cagada e que federá até secar, ela está pronta pra segurar o dêmonio pelos chifres. E sem fazer de conta que os chifres não lhe queimarão a mão. Eles queimarão e deixarão suas marcas: profundas, eternas, sérias e cheias de vitalidade. Porque a vitalidade está aí e não naquele sonho besta e bonito que foi programado após uma noite de foda fantástica recheada de amor.
Ela está certa e não precisa ter medo do medo que virá. Será fatal, será profundo e, bem, acho que o tempo e a experiência lhe fizeram bem. Pra virar os velhinhos espertos que queremos ser, pra ter a plenitude possível e parar de reclamar por bobagens.
Concordamos que o que importa é ser dono de si e ter paz por não fugir. Segura seu rojão porque ele é seu e, quando precisar, toca a campanhia que tenho lá minhas históriaszinhas.
27 de setembro de 2009
25 de setembro de 2009
Que eu é que não vou sair pra dançar pra tentar enfiar minha piroca numa buceta que é obcecada pelo próprio clitóris. Que nem daria certo, sabe? Imagina só: eu, gordo como sou, roçando naquela buceta durante a dancinha.
Era capaz de eu ejacular ali e, nesse caso, a dona do clitóris acabaria ofendida por eu não ter feito sexo oral antes de ejaculação. Melhor evitar constrangimentos, eu acho. Por isso eu não falo tudo o que eu penso. E também por isso, hoje, muito provavelmente, eu perdi a chance de enfiar minha piroca numa carninha nova. Mas dane-se que eu nem tenho a tara da carninha nova e gosto mesmo é de chover no molhado. Todo esse joguinho de sedução é sacal e, porra, não tenho idade pra acreditar em amor a primeira foda.
Sejamos francos, nem é tão surpreende assim. Carninha nova é legal, mas não faz milagres. Dá um gazinho, rende umas vantagens pra contar no boteco, um textinho de blogue, mas só isso. E olhe lá.
Então toco minha punhetinha e ouço minhas músicas enquanto sorvo meu whisky e engulo minha fumaça. Prostitutas são mais sinceras quando fingem e nem levam o próprio clitóris tão à sério. Pelo menos durante o programa. Nem brochar causa constrangimento, já que são sempre, como as boas mulheres devem ser, compreensivas.
24 de setembro de 2009
22 de setembro de 2009
cachorro, gato, galinha.
Mais do que tudo, insuportável.
Sinto-me bem e tudo parece doce e estúpido.
Sinto-me a milhas daqui e bato palmas pra todos que não sou eu.
Estou distante e com os olhos abertos. Tenho, hoje, aquela arrogância plena de cuspir pra cima, aquele 'tanto faz' que berra foda-se em todas as ruas.
Deus é um cara quase real em dias assim.
Então lambo a mim mesmo e me preparo: compro whisky, faço gelo e, de quebra, compro uns cigarros bem finos que é só pra me lembrar, a cada tragada, que hoje, hoje sim.
É que há todo esse mundo, entende? Toda essa coisa louca da vida, de sofrer, de resmungar, de ver os dêmonios e se assustar. E isso, essa coisa toda, é a vida acontecendo. E a 'vida acontecendo' não é, e nunca foi, o ponto da existência.
E é por essas que, em dias assim, eu faço a minha cena: compro livros e álcool do bom, e até mudo prum cigarro meio viado, mas saboroso. (Isso porque estou só, pois caso tivesse uma buceta verdadeiramente doce ao meu lado, seria o caso de telefonar e dizer: vamos jantar, vamos fazer coisas, vamos gastar 300 reais em meia hora, combinado? E ela me chamaria de maluco e nos divertíramos a beça).
Porque tenho lá meus momentos e, bem, gosto de gastar minha carnezinha querida nesse planetinha imbecil que vivemos.
E isso não tem nada a ver com felicidade, mas sim de ir até o fundo dos poços. Sejam eles bons ou maus. O caso é que agora, hoje, é bom, e quando é bom, e nem sempre é bom, eu reconheço e chafurdo nessa glória que é e será tão passageira quanto são as tragédias.
É por essas que eu acho que aprendi viver e que me acho esperto. Até o fim e até a última gota. Seja de doença ou seja de cura. No fundo, no fundo, isso tanto faz.
O grande prazer ainda é sorver a última gota. E a garrafa, por sorte, ainda está cheia.
Não forçar a barra e ver os mortos.
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Era eu e mais uns milhões. Nem era o caso de competir e, no fundo, eu nem queria. Gosto de entrar na briga pra ganhar - ou achando que posso ganhar. Somos macacos valentes, ora pois.
Só que aí eu cismo, sou um cara de cismas, invento um treco e esqueço que aquele treco fui eu que inventei. É difícil explicar. É estúpido explicar.
Fiquei de braços abertos e bico calado, fazendo uma puta força pra entender algo que eu mesmo havia inventado. A cabeça é um risco, estar vivo, quando se pensa no mundo, é um risco ainda maior.
E sou um tipo que pensa. Por prazer ou por tédio, tanto faz.
E cada coisa que passa. E vejo umas e em outras decido enfiar o dedo. Tem uns que mordem, outros que esquentam, etc ao infinito. Sempre um risco.
E a coisa do risco é boa. O risco, quando real, envolve sangue e queda. A gente caiu, ora pois. Somos os caras pós queda. É o risco da escolha, lembram? A coisa do éden: quando provar do fruto daquela árvore terá o conhecimento do bem e do mal, coisa que até agora, só Deus topou. Topa mesmo?
Nós topamos e, bem, temos inventado um bocado de coisa bacana e feito umas merdas também. É parte da jogada e nem há protesto pra isso.
Mas o lance é que depois de comer merda você não vai repetir a dose.
E vai, por algum tempo, se lamentar de ter comido aquilo, já que a merda tem, enfim, aspecto de merda.
21 de setembro de 2009
ww.
Toda vez que vejo um filme dele tenho o impulso de anotar certas frases, mas deixo quieto. Tenho lá algum controle sobre minha doença, afinal. Acho melhor assim.
E o engraçado é que, depois, nem lembro da história. Nem mesmo do nome do filme. Mas é um treco que acho bom e que não vejo sempre. Porque sei que ali tem todo um clima que nem sempre é o caso.
Hoje foi: dia de chuva, pança radiante e branca, cama quente e cérebro vazio. Eu era o cara do filme. Eu entendia tudo que ele falava e ninguém entendia.
Um prazer egoísta e sincero. Calmo como só na solidão é possível.
19 de setembro de 2009
caminho de volta.
É por aí que me esforço e é por aí que vejo sentido. Talvez seja apenas sintoma da minha curitibanice. Mas não nasci baiano, com a boa graça de deus.
Que seja.
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Então espero uma pizza enquanto tomo a saideira no balcão. O balcão é o local do bar. Os bares, se fossem mais espertos, valorizariam isso. Um bom balcão, de gente e mármore, é o que define.
Mas nem importa.
E eu tava lá, bebericava meu copo, soltava a minha fumaça e julgava o mundo. Ah, julgar o mundo é um puta prazer, principalmente quando fazemos isso com indiferença e elegância.
Não se trata de nada de nada. É apenas ver, ver passar, notar uma mesa ou outra, um timbre de voz neurótica que se sobressai, essas coisas. Como sexo sem alma, leitura sem tesão, praia sem satisfação, essas coisas.
Simples, simples como só a solidão e o ego inflado podem ser. Vê- se, pensa ou não, fala com o atendente, mostra onde estão os canudinhos pra uma dona de coca muito desesperada.
Passa bem, passa lento, passa. Sem nada demais.
A elegância da coisa é não se alterar com coisas que não importam. (Digo isso porque acho a 'alteração' uma coisa decente, mas 'alteração' com coisa que não importa é burrice).
E volto lento pra casa carregando minha pizza. Comprimento dois que passam e sinto que também interajo com o mundo.
O mundo é isso, bom jesus. O mundo, ele mesmo, o mundo.
E estouro uma lata antes de comer e vejo que há uma tortinha de limão comprada e esquecida e acho que sou elegante e calmo.
Sinto-me bem, ora pois. Como se isso não estivesse claro.
18 de setembro de 2009
Uma delas, muito novinha, se assusta quando lhe digo minha idade e que moro sozinho.
O engraçado é que, no sonho, disse a idade errada, e ainda no sonho, me toquei disso e me toquei que se eu dissesse a idade certa iria parecer mentira já que a idade certa era menor.
Mantive a mentira e acordei de pau duro. Ela queria me dar, mas tinha medo porque eu morava sozinho. Estranho.