27 de novembro de 2009

26 de novembro de 2009

-°-

A cabeça rodando e o pau, lá embaixo, amassado em meio ao suor. Viver no RJ nunca será civilizado. O calor não permite, a informalidade não permite e é melhor assim.
Mas nem importa isso. É que gosto de escrever e disparo. Perco o ponto.
Volto:
A cabeça roda quando a gente não sabe o que fazer. Sabe como é: você vê a coisa e julga a coisa, descobre que há problemas na coisa, mas não faz ideia de como os resolver. Isso podemos chamar de inferno. E o inferno é quente e cheio de capetas e capetinhas. Uns tem cara e outros não. São os capetas-sombras: você nunca tem certeza se eles existem ou se os inventou.
Amanhã terei o dia pra me dedicar à punheta da vez. Com sorte o pau fica duro e mata, num único jorro, 70% dos demônios. Sem sorte nem sei e nem quero saber.
E eu que não sou imbecil de achar que sorte não existe. Existe e é quase concreta. Assim como um relâmpago é.

25 de novembro de 2009

Uns trecos bonitos que se vê na rua.
Mesmo agora, com essa pulga que me devora lenta e implacável, sinto esse treco bonito.
E esse treco bonito não tem nada a ver com felicidade ou harmonia. É uma coisa besta que te basta.
Como aquele casal que atravessou a rua e estava de mãos dadas e sem conversar. Ela parou pra arrumar a sandalía e ele apenas esperou. Depois seguiram do mesmo jeito que antes.
Minha pulga é simples: achei que tinha resovildo uma coisa, mas não resolvi. E é triste porque antes, embaixo do meu abajur, a solução era clara e certa.
E o tempo é terrível e tortura e, infelizmente, sempre acaba faltando.
No mais: mulheres bonitas que falam comigo. Queria elas de olhos abertos diante da minha imensa pança e do meu pau semi duro desejando ser chupado. Mulheres são exigentes demais. Não todas, mas as que agora desejo.
E meu pau e minha pança, tadinhos, nem sempre causam boa impressão.

24 de novembro de 2009

abismo.

Nunca
mais
me
viram
aqueles
olhos
bonitos
onde
deveria
ter
me
afogado

o fino.


(Pryscila Vieira)
ela é enorme e gostosona, tem aquele sotaque curitibano que só é bonito mesmo em mulheres grandes. O blogue dela tá linkado aí.
Uma estranha loucura sem nome e endereço. Não sei se me importo ou não. Ver os loucos ou falar com os loucos? O risco de falar é que há loucos que são convincentes. E alguns, não muitos, têm um puta charme sedutor.
Por hora não falo nada e penso alto. Tomando o devido cuidado pra não mexer a boca enquanto penso.

22 de novembro de 2009

Ela tocou mais uma siririca na tarde quente e insuportável do Rio de Janeiro. Queria dormir, mas não tinha sono. Achou que a siririca iria ajudar. Errou.
Desde que havia descoberto o clitóris, ela tocava siririca pelo menos 3 vezes por semana. Ficou encantada quando pegou um espelho e, movendo as peles, descobriu o que chamou de pirâmide vermelha. Tão pequeno e tão potente, pensou.
Quando foi perder a virgindade ficou horrorizada com aquele negócio que queria entrar nela. Entrar pra que? Doer pra que? Mas tava decidida e queria fazer parte da turma. Pegava mal ter 18 anos e continuar virgem.
Deixou entrar, sentiu a dor e achou muito estranho aquele entra e sai. Parecia inútil na cabeça dela. Bem mais simples girar a pirâmide vermelha. E mais higiênico também.
Quando viu a ejaculação do rapaz, achou aquilo parecido com vómito de bebê. Não entendia porque o sexo tinha que fabricar tanta sujeira.
Imaginou aquilo sendo jorrado dentro dela e sentiu uma ojeriza fatal. Decidiu que não teria filhos e que nunca, nunca mesmo, permitiria à um homem usá-la como receptáculo.
Achava a camisinha uma bênção. Era grata a existência da AIDS, pois, quando era o caso, argumentava sobre os riscos do sexo sem proteção.
De qualquer maneira, preferia a siririca. Não gostava do vai e vem, do entra e sai. Achava agressivo e desnecessário. Fora que era demorado. A siririca era objetiva: em minutos estava satisfeita.
Quando transou com um rapaz que, durante o chatíssimo entra e sai, lhe tocou o clitóris, se apaixonou.
Namoraram por 5 meses, mas ele começou a reclamar da obrigatoriedade da camisinha e eles terminaram. Ela nem chegou a ficar triste, mas lamentou e sentiu que nunca seria compreendida por ninguém.
Decidiu que seria sozinha e auto suficiente. Ela não precisava de ninguém e era feliz. Era uma mulher independente, com um bom emprego e uma casa própria. Viver era simples e ela sabia disso. Cogitava fazer, antes dos 40, uma inseminação artificial.

21 de novembro de 2009

O que mais me irrita é esse desejo por homens delicados ou por mulheres masculinas. Fetiche de idiota, isso sim. Quando quero uma garotinha quero ela justamente por ser uma garotinha. E repito: se fosse pra dar um cu, dava pro cara mais macho da cidade.
Que eu é que não entendo isso. Uma mulher não é bonita por parecer qualquer outra coisa que não uma mulher. Acho, de novo, que é só uma maneira de 'turvar as águas pra as fazer parecer mais profundas', como diz o d. oliveira.
É chato e falso. Uma ladainha tão coerente com esse tempo nosso, 2009, onde confusão se tornou virtude na cabeça dos eternos indecisos.
A indecisão é parte da jogada de quem tá vivo e respira por aí, mas indecisão não é um estilo, uma virtude ou um jeito de aceitar tudo de tudo. Indecisão só pode ser legítima quando passageira.
A eternidade da indecisão inverte a coisa, como se o imbecil lhe afirmasse com os olhos injetados: - decidi ser indeciso, bonito não acha?
Só idiotas - ou ignorantes de alma - aceitam tudo de tudo. De graça nem injeção na testa, que achar que 'de graça' é a grande vantagem que não desejo ter. Prefiro pagar certos preços.
Não deixo de roer meu osso, mas sei que um osso é um osso. Não vou inventar uma sobra de carne que não me alimenta. Se for pra inventar, invento um banquete ou um milagre.
Mentir pra se safar ou pra se sentir melhor é uma coisa indecisa e mal resolvida.
Radicalizar, mesmo em ninharias, ainda me parece mais decente.

20 de novembro de 2009

Por
algum
tipo
de
mistério
a
apatia
surge
quando
não
nada
mais
a
ser
julgado

19 de novembro de 2009

Sonho de novo com ela.
Sonho que se parece com novela e que não tem nada de extraordinário.
Apenas falação, tentativa de convencimento e uma amiga do contra.
Depois de acordar, vejo o que vi e penso na coisa do destino. De desejar o destino.
Não é simples assim, mas certas coincidências simplesmente me apavoram.

Quando você
estiver comigo
e quiser dançar,
acorde bem cedo
e prepare um belo
café da manhã.

Porque, bem,
na verdade,
eu não gosto de danças.
E talvez isso,
pra você,
seja um grande problema.

Então peço:
- me trate bem
e com alguma ternura
nesse dia.

Pra que de noite,
diante da pergunta fatal,
eu apenas lhe responda “vamos lá”.
Porque agora,
e só agora,
eu aprendi:
eu não gosto de danças,
mas,

mesmo assim,
eu posso dançar
se isso for lhe agradar.

Mas, veja bem,
não abuse de mim.

E quando for,
finalmente,
dormir comigo,
não se esqueça

de forma alguma,
de nunca,
e nunca mesmo,
me desejar,

segundos antes
do sono terrível,
bons sonhos.

18 de novembro de 2009

Nem ternura nem descaso.
-
Meu saco pra lua ao ver a repetição: gente burrinha e chata, reclamando com pontos de exclamação e achando que são originais.
Eu tão chato que, se fosse cachorro, mordia meu rabo. Ou, se a barriga deixasse, roía as unhas do meu pé.
É uma mania estranha que, como não é minha, eu não reconheço: dizer que ama quem adora e chorar porque acha as lágrimas bonitas.
É tudo muito confuso. E tem muita jogada nisso e naquilo. E jogo por jogo, prefiro o meu blogue. Que é meu e eu sei.

Gosto da posse. Daquela posse tranquila que é olhar por horas e horas a buceta da mulher amada. Remexendo ali, descobrindo pintas e rugas sem nenhum medo de gostar menos por ver isso assim, tão revelado e arreganhado.
Separar os lábios e ver a cor cintilante da carne nevrálgica que pode roubar minha alma.
Abrir a buceta da mulher amada e ver lá dentro é como encarar o abismo.
Sentir o terror e a tentação.
E decidir, mesmo sabendo de todos os riscos, cair ali dentro.

17 de novembro de 2009

><

Aquela gorda do metrô era um escândalo. Pena eu implicar com gorda.
Porque sou gordo - e gordo e gorda trepando é um ballet triste de se ver.
Ela era uma dessas gordas fartas, de peitos enormes e braços roliços. Pensei que ao lado dela estaria sempre protegido porque aqueles braços eram fortes e vigorosos.
Ela tinha um rosto delicado e uma boquinha de desenho animado. A boquinha, muito vermelha de batom barato, era quase um coração.
Gorda sim, mas não roliça. Gorda que mantêm as curvas e as formas, que não parece uma azeitona ou um pino de boliche.
A gorda desceu em Botafogo e andava calma e sonhadora, como só uma gorda poderia.
Dava uma mordida na barra de chocolate e passeava em direção à saída da São Clemente.

16 de novembro de 2009

Daqui e de lá.
-
a única opção é ser discreto,
mas mesmo assim
não muito.
falar e escutar,
roer o próprio osso
ou outro.
sem saco
pra isso
sem saco
praquilo.
dez mil que se parecem entre si.
-
meu cu arde
e o sal acaba no meio da carne assada.
não quero bater palminha,
não vou bater palminha,
me pego batendo palminha.
-
gente-maldita-gente
eu entre eles
e nós,
todos nós,
contando vantagens
uns para os outros.
-
uma beleza.

14 de novembro de 2009

Passeio.

Ressaca curada com PF e vou ao meu Shopping de sábado à tarde que é o Hortifruti e seu ar condicionado perfeito.
  • As mulheres mais lindas do planeta vão ao Hortifruti aos sábados.
  • Uma mãe e uma filha. A mãe belíssima e penso que deve ser terrível ter uma mãe tão bonita assim.
  • Reparo no zelo do velhote que escolhe tomates e imagino, pela quantidade, que é ele, há 50 anos pelo menos, o responsável pela macarronada de domingo.
  • A caixa de amoras é quase um bibelô. Se eu tivesse uma guria linda e esperta me esperando em casa, compraria uma caixinha de amoras pra ela.
  • Ao escolher um bife pro domingo, uma mulher me desdenha. Penso que deve ser uma vaca vegetariana que acha que não comer carne a faz superior.
  • Mulheres elegantes de 40 anos deixam claro, pelas compras, que não têm marido ou namorado. Eu adoraria ser o pau amigo de uma delas: seria generoso no sexo oral e as ajudaria a lavar o alface.
  • Na volta vejo que mesmo entre os prédios as crianças ainda jogam futebol na rua.
  • Agora: arroto meu almoço e confirmo que o PF estava mesmo delicioso.
  • Em segundos: cortinas fechadas, eu peladinho e o ventilador no talo. Depois posiciono a luminária, abro o livro e espero o soninho.
  • Dormir à tarde é quase voltar a ser criança.

13 de novembro de 2009

Cinco dias e cinco noites.

Uma paz quase chata e duas doses antes de dormir.
Tudo lento e sem pressa: meu velho mau humor brotando junto com as minhas ironias.
Uma dose a mais e é possível perder cabeça. Silêncio pra passagem do caixão e farra na hora de beber o morto.
Se dançar é chacoalhar o corpo, eu concluo que também sou dançarino.

12 de novembro de 2009

arms.

Cara virada pro asfalto.
Até a lapa pode ser um paraíso.
Questão de pegada, de jeito de olhar, de dia bom.
Fala-se o caralho a quatro. Devem ser lentos os bons papos.
Recheios pra todas as crianças: fofocas com goiabada, verdades com sorvete e confissões com mariola.
Tudo é uma homenagem e, ao mesmo tempo, uma bobagem que deve ser compartilhada.
Lenta, bem lenta, como deve ser.
Que não eu é que não queimo rádios. Que você é que não trata lesmas com alface.
Papo reto e simples de gente que cresceu e decidiu partilhar umas coisas.
Sem forçar, sem exagerar, sem declarar amor eterno à cada novo porre.
-
Bato três palmas sonoras e calibro meu longo copo de whisky. Sei celebrar sozinho,
mas, as vezes, os amigos colaboram sem saber.
A vida tá acontecendo e o tempo passa veloz e implacável.
Uns seguem e outros somem.
O risco é o mesmo e o trágico
ainda é notar
que você não ouviu
a sua velha intuição
e que, de novo,
era ela,
e apenas ela,
que estava certa.
-
A esperança é que fiquemos mais espertos.
Acho que estou.
E ele também.

10 de novembro de 2009

sem vogal.


Aquela dança era só um jeito de se desesperar. A gente se vira com o que pode e com o que tem. Somos os macacos que em volta de uma árvore inventaram o join de vivre. Não por desejo, mas por tédio.
E tem tanta gente que confunde tédio e desejo que nem falo nada. Minha aparência de arrogante paga seu preço por não ser tão simpática assim.
Mas lá fora tem aqueles dois ou três que realmente importam. Falta a fêmea, a fêmea fatal: guria esperta pra quem venderei minha alma e por quem, no auge da loucura que o amor provoca, jurarei, cheio de sinceridade e crença, que, por ela, deixo de ser eu mesmo e viro seu herói/príncipe dos sonhos encantados.
É por acreditar que o amor existe que eu não danço. Não quero dançar assim: apenas pra provar que também sou capaz de mexer o meu corpo e meu quadril. Se o lance é o desejo e não o tédio, eu berro sem medo de queimar a mão: deseje apenas o impossível.
O possível é o playcenter dos que não acreditam que a vida pode ser melhor. Como quem facilita a sujeira ao se concentrar apenas no lado bom de tudo.
Merda velha e repetida de gente que não sou eu e que não quero do meu lado. Poliana é uma metáfora e não, por Deus, um exemplo que deve ser seguido.
*
No mais, estou pelado e meu pau toca minha canela. Com minhas pernas dobradas, o ventilador ligado e uma música boa, sou capaz de nunca mais sair da minha casa.

8 de novembro de 2009

***
Acordo antes da sete. Lembro da infância e ligo a TV. Criança no domingo acorda e vai direto pra cama dos pais, onde assiste, com interesse médio, o globo rural. Minha mãe fazia torradas e a gente comia. Ficava eu e meu pai lá, comendo torradas e vendo o globo rural.
***
Como acordei cedo, tomei café na padaria e lembrei de quando ela acordava antes e comprava abacaxi no caminhão que ficava aqui do lado. Ela voltava e me acordava com nacos de abacaxi na boca. Tão bom comer abacaxi com a boca pastosa de sono. De manhã ela era falante e, a cada naco, me contava do papo que teve com o dono do caminhão que vinha do Espírito Santo até aqui pra vender abacaxis que na verdade eram ananás. E me explicava a diferença entre um e outro que o dono do caminhão tinha explicado pra ela.
***
Dia com cara de passeio, mas me falta uma boa fêmeazinha. Talvez devesse descobrir o telefone dela e fazer uma surpresa. Seria uma ousadia e tanto. Pra mim e pra ela, acho. A gente caminharia em um lugar bonito, comeria algo leve e saudável e só beberíamos sucos naturais. Um boa fêmeazinha é um perigo: penso até em mudar quem eu sou.
***
Já fiz tudo e mais um pouco, mas as horas passam lentas. Agora uma geralzinha na casa e, quem sabe, uma volta pelo bairro e uma ida ao hortifruti. Nesse calor da preguiça de comer. Talvez devesse ler os livros chatos e voltar a dormir, talvez dobrar as roupas, não sei. Mais um cigarrinho e, depois de cagar, tomo uma decisão. Quem sabe.

6 de novembro de 2009

É essa faca no peito e umas coisas que eu sei.


Porque vivi por aí e me joguei em 3 ou 4 roubadas, vi o inferno 2 vezes e quase conheci o céu uma única vez.
E por isso meço palavras e faço fita. Meu auto controle deseja ser mantido.
Pago os preços e aviso: a paz acaba se uma fêmea ganha estatus de deusa.
Porque mulheres são loucas e todos sabem disso.
Mulher, eu sei, pode me perturbar a alma.
Eu perco a mão, eu topo a merda, eu chafurdo na loucura que se faz pro encontro das carnes - o encontro, o encontro real e raro quando os 4 olhos abertos deixam de ser usados pra enxergar e se tornam uma suruba de anjos.
Os corpos colados, os orgasmos evoluindo em sintonia e uma pulsão de morte na qual você se abandona. A pequena morte da língua fresca, o inferno abençoado pelo padre do Seu Chico e a dissolução absoluta do ego dos meus livros de auto-ajuda.
Por isso e por essas vou manter minha discrição e controlar minha capacidade de delírio.
Fazer de conta que sou indiferente, deixar o telefone tocar e, como sempre, dormir bem bêbado e rezar pra não ter pesadelos.
Têm uns preços altos que se pagam por aí. Arrependimento é um deles. E à merda os imbecis que não se arrependem jamais! Imbecis, eu disse.
Hoje senti uma dor estúpida: lembrei que nunca, nunca mesmo, fui buscar ELA na rodoviária. Meu Deus! Isso faz séculos! E me doeu tanto. E me senti tão idiota ao lembrar de quem eu era lá. Uma pena, uma terrível pena. Até porque nunca mais houve ninguém chegando de ônibus na horrorosa rodoviária do Rio de Janeiro.
Mas o tempo passa e é fatal. Não poderia ter seguido, seria desonesto se tivesse seguido.
Um novo começo cheio de alvoroços seria um milagre maldito que me deixaria doente e satisfeito. O velho delírio do rapto com cavalo branco.
Acho que está claro que a ideia de destino me apraz.
Seja como for, sonho com ela e, sobretudo, que seja ela a figura misteriosa que me caça no google no Sul do país.

5 de novembro de 2009

Hoje sai de casa sem cagar, o que me incomoda profundamente.
Prefiro perder sono à sair assim. Geralmente adianto o relógio, preparo o café, bebo e espero a pressão. Então fumo meu primeiro cigarro durante o ato como se fosse um cronômetro.
E assim saio preparado para enfrentar o imenso mundinho.
Mas hoje o sono tava bom e o sobre o calor nem comento. De forma que nem caguei e meu cronômetro ficou desregulado e passou o dia inteiro a me cobrar miudezas.
E fui pra lá e pra cá e, bem, confesso que prefiro mesmo é não sair de casa. Essa coisa de fazer mil atividades pra completar o dia me parece estúpido. Não é completando cruzadinhas que me sentirei mais vivo. Eu não, pelo menos.
Pra terminar, minha casa só minha e meu banheiro só meu. Não tá limpo, mas é confortável. Cago lento e impassível e agradeço que amanhã as cruzadinhas serão só minhas e secretas - que é assim que deve ser.
-
Meus pés ainda doem, mas meus amigo me tranquilizam: - não é gangrena, idiota!
Confio neles.

4 de novembro de 2009

>>

Dia de sol e sofrimento. Porque gordo sofre no sol. É inevitável.
-
Andei pelo mundinho e até participei: dei beijinhos e perguntei 'tudo bem', sorri sem vontade e até cedi meu assento pra uma velhinha do metrô.
A tarde vi uma mulher alta que acho bonita e misteriosa. Misteriosa porque ela não deve ser quem aparenta ser.
(Ela é todo o estereótipo de mulher anti feminina que não precisa de nada e que acha a feminilidade uma fraqueza. Mas, ao mesmo tempo, quando nos cumprimentamos e somos educados, fico com uma pulga que me diz que não é nada disso, que isso, essa atitude anti feminina dela, é apenas uma defesa como outra qualquer).
Depois o de sempre e a novidade que meus dois pés doem. Pode ser o tênis, o peso, ou, quem sabe, a gangrena chegando lenta.
Tenho lá minhas defesas. não tenho?
E, acredite, atualizar o blogue diariamente é uma delas.

2 de novembro de 2009

dd

Nenhum desejo extravagante me perturbou. Papiei aqui e ali, vi a chuva da minha janela e dormi quase sempre cedo.
Na internet a mesma tristeza de sempre: umas notícias trágicas, a apatia generalizada e uma ou outra manifestação de afeto. Tudo muito contido e elegante.
Lá fora houve grandes churrascos e festas. Não fui em nenhum, mas eram todos chatos e previsíveis como o metrô lotado em dia de sol.
Uma birita com a nova maturidade da minha boa amiga e o sorriso sacana da minha velha conhecida que gostaria de ver de quatro. Apenas por ser do contra e por acreditar, piamente, que ela deveria dar pra mim por uma semana, pois, assim, do alto da minha arrogância, afirmo que ela aprenderia a trepar.
Mais umas atividades supostamente úteis e rever, pela 10° vez, o poderoso chefão. Dessa vez revi o segundo.
E afirmo, sem medo de errar, que sempre entendi tudo de tudo daquele filme, ou melhor, daquela trilogia.
É a ética como assunto interessante. Não a ética regida por leis/sociedade, mas a ética profunda dos que não temem em usar a palavra empenhada como assinatura reconhecida em cartório.
*
Pra finalizar: a expectativa de uma manifestação alheia que inventei e que desejo. Porque sei que o tempo é cruel e escorre lento, porque o milagre pode, muitas vezes, se manifestar em quem não acredita em milagres.

31 de outubro de 2009

31102009

Quer sair comigo?
A gente pode andar um ao lado do outro sem falar nada. Podemos apontar o dedo pra uma ou outra coisa apenas pra mostrar aquilo que viu. Comentários, podemos combinar, ficam proibidos.
Se mesmo assim ficarmos constrangidos, a gente deixa de andar e senta num banco. Aí nem apontamos nada e ficamos lado à lado em silêncio. E também podemos evitar olhar muito diretamente um nos olhos do outro porque, as vezes, você sabe, surge um anjinho pelado dentro da pupila. E anjinho pelado é algo assustador, não acha?
Eu prefiro a noitinha, pois o lusco fusco me dá mais segurança. Que sol e areia, desculpe lhe decepcionar, não é comigo. Até porque essa gente de sol e areia é risonha demais e, confesso, que não consigo confiar neles. Quando a pessoa tá alegre ela não fica rindo o tempo inteiro, né? Acho até que quando a pessoa tá alegre ela nem sabe disso. O que que você acha?
Bem, acho que falei demais. Aqui sempre acabo falando demais. Mas aqui é mais fácil. Porque aqui é sozinho e sozinho é bem mais simples. Sexo, amor, família e amigos são coisas ótimas, mas dá um trabalhão que nem sempre vale a pena.
Bom, telefona praquele número que eu te dei escondido ou então, se preferir, me manda um e-mail. Que aí nem a voz um do outro a gente precisa conhecer.
Beijos e bom feriado.
Fernando.

mulher engajada -

A piranha dançava e ia até o chão. Tinha facilidade e conhecimento de causa. Sabia das coisas, sabia como usar seus instrumentos.
Não forçava nenhuma barra e era, na medida do possível, discreta. Os olhos eram azuis como só as lentes permitem. A boca vermelha, as unhas também e o cabelo, com cheiro de creme, balançava loiro e cadenciado.
Quando ostentou, de costas, o salto da sandália prata eu, como bom teimoso, fiz força e torci meu pescoço pra olhar direto na cara dela. Do meio das próprias pernas ela me viu e fechou o rosto.
Virada de novo, e sempre na cadência, ela arrancava suas roupas e as jogava em mim. Com força, com raiva, e sem nenhuma atitude de sedução.
Ela era uma gênia e sabia usar o espaço à seu favor. Depois da última peça, mas ainda com as sandálias, ela se aproximou e me disse baixinho: - escroto de merda.
Saiu pisando forte e com toda razão. Não se deve olhar assim pra uma piranha.

30 de outubro de 2009

Daqui e de lá.

Meu osso é duro, mas meus dentes também. Vou continuar roendo. Eu rôo, eu acho decente roer. Que osso bom é osso roído.
Das coisas que me tocam/me pegam, eu sei que a insistência é uma delas. A capacidade de insistir é algo que me comove. Sempre acabo dando dinheiro pro mendigo que se repete. Mas só quando se repete ao longo do tempo e não no mesmo dia.
Insistência combinada com paciência é a virtude da fêmea que me matará. Sei disso desde os 16 anos.
Ocorre agora que a insistência existe, mas não tem direção. É uma insistência que não se decide e que lembra mais uma gaivota que aproveita o resto dos peixes do que uma águia que mira lá de cima e que desce como um raio pro seu último combate.
Ok, a metáfora não é das melhores, mas o ponto é: precisamos sempre da tríade sagrada. É pai, filho e espírito santo. E não pai e filho ou espírito santo e pai.
E já que insisto nisso, vou ser bem claro: pra mim, a morte serena virá da fêmea perfeita que levará minha alma e meu coro e que, como não poderia deixar de ser, carregará a santíssima trindade: a insistência, a paciência e a decisão.
Minha musa
com três peitos
e buceta ardente.
Tem
que
insistir
e ser
paciente.
E depois
de decidir
ser insistente.



29 de outubro de 2009

Tenho achado muito viadinho essas coisas que tenho escrito. A merda do blogue é essa: você acaba escrevendo, mesmo achando viadinho.
Mas o blogue é meu e é a minha mão que se suja de merda quando o papel higiênico rasga. É por esse motivo que eu reclamo de mim mesmo e faço auto acusações. E também porque, confesso, reclamar é um prazer.
To relendo os artigos do N. Rodrigues e, puta que pariu, imaginar que ele escrevia aquilo em jornal. Era um mundo menos tacanho e menos bundão, eu acho. É só pensar em quem escreve nos jornais de hoje. E mesmo quando é alguém da pesada, ali, no jornal, fica tímido e nunca põe o cu na reta.
Esses caras que escreveram o fino me constrangem quando penso em escrever. Mas sou teimoso e o cu é meu.
Se eu pudesse chupar meu próprio pau, eu o faria.
Como não posso, mantenho meu blogue e atualizo meu orkut/facebook diariamente.

-

É que tem essas coisas que são as misturas todas que fazem a gente ser quem a gente é. É quase uma loucura, mas nem chega a ser. Porque loucura de verdade é pesado e dolorido. Só estúpidos podem achar a loucura uma coisa boa.
Mas volto.
Passo horas ali e tento desvendar certos mistérios. Os mistérios não são reais, são meus porque fui eu que os inventei. E mesmo assim, com consciência disso, me pego pensando "e se". "E se" é tudo e mais um pouco. Tio Stanis sabia disso. E tio Stanis era fodão.
Bem, meu sonho com P. foi de uma realidade surpreendente. No sonho fui convencido que não era sonho. Sou mesmo desconfiado, mas confiei e sofri. Era sonho mesmo, infelizmente.
Coisa bonita essas coisas que permanecem. Quase um milagre. A sobrevivência de algo após tanto tempo traz o sentido, foi minha conclusão.
E não há nada pra lastimar. Dia ruim e dia bom. Minha Russeffinha me disse da sorte que tive e concordei em silêncio, que é, enfim, a única maneira decente de concordar.
Mas queria ter objetividade e nem rolou. Acontece.
O blogue é uma punheta e fico feliz quando alguém elogia meu pau. "A curvatura perfeita", ela me disse com outras palavras.
Ela tem mais classe do que eu. Melhor assim.

27 de outubro de 2009

http://barulhodegrilo.blogspot.com/

DE UM DOS BLOGUES MAIS FINOS DO OESTE.





eu à 30 léguas.

Que vejo e ouço. Participo menos porque fico sempre olhando e pensando. É um tipo de vício e vícios são doenças e tá tudo perdoado.
O nome daquilo é excesso. Ainda mais pra mim que moro sozinho e me sinto ótimo na solidão voluntária. Mesmo que delírios de noites de amor sejam inevitáveis.
Poderia dar nome aos bois, mas nem valeria tanto. O lance é aquela massa junta, que convive e conversa e se ama e se odeia.
Na minha viagem sobre sangue, ter sangue tem a ver com isso.
Uma grande hemorragia que jorra na mesma direção.
As coisas se misturam e não há nenhuma individualidade. Carnaval é o caralho. Tem data e prazo.
Dissolver-se no sangue sim é uma coisa de bicho, de animal.
Até porque o prazo de validade é a morte e, mesmo assim, nem sempre.

26 de outubro de 2009

Muita gente e alguma confusão. Que é difícil ser você e fazer coisas quando a casa é cheia e falante.
No sábado um sonho verdadeiramente pertubador. Sonho quase velho e repetido. A coisa de encontro eterno como coisa do destino. E sem medo. E, por que não?, feliz. Sonho que de tão bom desconfiei ainda dormindo e disse que era sonho, mas aí a outra parte do sonho me convenceu que não, que não era sonho. E eu acreditei e acordei assim, semi perturbado.
Agora segunda e coisas parecidas na cabeça. Sem chancer de ser eu mesmo e fazer coisas.
E nem há telefones pra ligar. E nem acho que tenha esse direito.

23 de outubro de 2009

freak-me.

o
que
me
irrita
é
que,
além
de
esperta,
ela
parece
bonita.

é
que
quando
beleza
fora
de
uma
garota
esperta,
eu
morro
de
medo.
ou
feia
e
esperta
ou
bonita
e
burra
se
não
é
bem
capaz
de
eu
tomar
uma
surra

#

A bêbada triste chorava no bar. Tava vestida como homem: bermuda de surfista, camiseta preta, cabelo curto e com manchas amarelas.
No inicio achei que alguém tinha morrido. O bêbado eventual que é mecânico e que a acompanhava tentava a consolar com o verso de uma música do Vinicius. Era um verso bonito que me chamou atenção porque me lembro do meu pai cantando ele.
Depois entendi que nem era dor de morte. Acho que perdeu o emprego e, pelo que entendi, por culpa da filha da patroa. Ela disse que vai matar a menina. Talvez mate mesmo, mas acho que não.
<>
Em bar tem, as vezes, um nível de decadência real que se vê. É estranho porque eu estou lá e penso que talvez, a única diferença, seja minha idade. Sou mais novo que eles.
Seja como for, voltei pra casa antes. Gosto de ver a vida alheia e pensar nas minhas coisas. No bar é esse meu tesão. Vejo e não participo, prefiro assim.
E hoje, aquele choro e aquela decadência, foi demais pra mim. A dor dela era real, mas besta. Muito provavelmente a filha da patroa deve ter razão de não gostar daquela mulher: um tipo ruim de ver, que parece grávida, mas não tá. Os olhos eram apagados e tinha um choro grosso, chato de ouvir.
E a loucura, a loucura da vida real, é que a dor daquela mulher, pra ela, era tão grande quanto uma morte.
<>
Há qualquer erro nisso que eu pressinto, mas que não consigo desvendar. Sei lá. Acho que se chora pelos motivos errados, que se ri por falta de assunto e que se diz 'não leve a sério' por temor.
O parque de diversão é apenas a reunião de um monte de brinquedos divertidos.
E cada um tem o seu preferido.

22 de outubro de 2009

Será que um dia
eu vou te ver assim,
de quatro, pelada,
e olhando pra mim?
É só isso, você sabe.
-
Uma coisinha aqui e outra cá. Firulas que a gente faz ou inventa pra movimentar as coisinhas daqui que, assim, reunidas, são quase uma vida. Tanto faz e já faz tempo. Acho melhor assim, mesmo que assim seja mais triste. Coisas passam, a gente sabe. E é triste porque coisas e coisinhas já pareceram eternas.
Mas que seja. O gotejar deve ser lento e completo. É meio um combinado que tenho comigo. Porque acho o lento mais honesto do que o rápido. E que Deus não me pergunte o porque.
Uma paisagem bizarra,
um papo calmo com uma amiga antiga e a sorte,
quase impossível,
de pegar um ônibus que vai pela Rua da Passagem.

21 de outubro de 2009

relatinho.

1-
Deixe - me ser discreto e elegante. Sabe como é? É fácil contar histórias e é ainda mais fácil gostar das histórias que se conta.
E por isso ficarei aqui, fazendo de conta e fingindo que não é comigo. Auto preservação é um instinto básico e louvável.
Gosto mais do que falo do que do que faço. É meu bom senso se manifestando, dizendo baixinho: veja bem, seu rojão não estoura sempre, mas, quando estoura é implacável.
De qualquer maneira o isqueiro tá na minha mão, meus cigarros eu ainda acendo.
2-
Tem coisas que perdem o sentido e tem coisas que não. As que não perdem o sentido, fizeram sentido e as que perdem, são, enfim, manifestação do tempo.
Não sei porque digo isso agora, mas, alí, esperando o metrô, isso me pareceu uma coisa fina e boa: o que importa são as coisas que não perdem o sentido. Era como se eu pudesse entender a vida através disso: sentido que ficou e sentido que se foi. Acho que eu teria 12 ou 13 sentidos no máximo. Ou 11, que seria uma conta mais justa.
O que quero dizer é que vivemos pra achar o sentido. E ele é raro, bem mais raro do que se supõe por aí a fora.
3-
Demora pra uma ideia ganhar forma. Primeiro se cogita e se imagina. Depois junta isso com um meio, ou uma aplicação. Depois testa aquilo e no teste a coisa tende a mudar. Etc. Em teatro isso me parece ainda pior. Porque virá os atores, o jeito deles, a coisa de fazerem em determinado espaço e mais um etc.
Isso porque pensei em fazer uma cena hoje inspirada num curta muito legal, mas que eu tinha visto a dois anos atrás. E rôi meu osso e pensei que essa brincadeira de por ideias em prática deveria pagar e muito bem. E não na coisa da publicidade, onde a ideia já tem um fim determinado. Mas sim na ambição artística, onde não se sabe direito onde chegar.
Hum, sei lá. Coisa de viado.
4-
Ela é uma amiga dessas muito boas. Hoje eu lhe disse que fazia tempo que não bebíamos só nós dois e que sentia saudade disso. Ela disse que a culpa era dos outros que falam muito. Eu queria dizer que sentia saudade dela e eu e apenas ela e eu. E é mesmo uma amiga, ainda que, algumas vezes, eu a imagine como uma mulher ótima e fantástica.
Quando ela culpou os outros eu lembrei que ela é durona e que disso eu já sei. Pensei que éramos amigos por isso. Eu sei de umas coisas que não preciso falar e ela sabe de outras que não me fala também.
É uma forma de amor, pensei. Desses amores durões que nunca deixam o outro saber o quanto é amado. Faz sentido pra mim e pra ela.
5-
E termino reclamando de mim mesmo e pensando no porque desses textos tão longos. Acho, cá comigo, que textos longos não combinam com blogues. Mas acontece. E nem precisamos sentir culpa. Melhor assim.

20 de outubro de 2009

Euforia e delírio medo de embarcar na própria loucura a tentação é suave e corre lenta resistir é uma forma de prazer tentar ter calma pra sentir o perfume discreto do diabo a dança mais demorada o salto mais fino a unha mal pintada o pêlo encravado e as mãos em concha que rezam pra desfazer o pedido a mania de roer canetas o olho sem vidro sem cor sem vista a casa nova o prédio na frente as crianças na piscina e um desabafo que tem medo de chegar aonde quer.


A guria mais bonita não tem nome, nem blogue, nem orkut.
Ela passeia sozinha e sorri sozinha e
nem repara em como você olha pra ela.
Ela não não pode te amar porque não te conhece.
E você não pode a amar porque ela não existe.

19 de outubro de 2009

domingo - senta de novo.

Descubro a coisa e deliro:
É quase normal. Só noto o quanto é estranho delirar assim quando saio de casa e vou almoçar no shopping.
Na rede desvendei tudo o que não era segredo. Passei horas nisso. Se o cigarro não acabasse, eu não saia. Tenho tendências a me encantar e hoje entendi o ponto disso.
Preciso de ternura, acredito na ternura. Ternura é um tipo de delicadeza que me comove. Uma coisa que não explico, mas que reconheço: em textos, em fotos ou em vídeos.
Sinto mais falta de ternura do que de sexo. Meu reino por uma ternura.
No delírio:
Seria uma coisa lenta e gradativa. Atração de estranhos, cheiros a serem reconhecidos e um charme artístico que nenhum dos dois deixaria de alimentar.
Charme artístico é isso que é: ter objeto pras metáforas das coisas que se pensa em silêncio e sozinho.
E nós nos amaríamos pra sempre. Você me entenderia na coisa que defino como:"A beleza possível será inventada." E, bem, seríamos felizes.
Felizes sem burrice que seríamos espertos. Um a salvar o outro como se isso fosse nosso destino. E usaríamos a palavra destino sem medo da tragédia.
Meu delírio corria solto e eu nem imaginava nada de ruim. Era só beleza. Eu pensava comigo mesmo: essa desgraçada me fará parar de fumar, essa puta me fará fazer exercícios, essa doida me convencerá até a parar de comer carne de porco.
Meu deus é tão bom delirar. Ela seria a mulher capaz de me modificar plena e puramente, como se mudanças assim fossem reais.
Meu delírio, meu delírio lento e vaidoso até ver, durante o banho: minha pança enorme, minha falta de ar, minhas espinhas na bunda e o excesso de vermelhidão que, de uns dias pra cá, aflora na cabeça do meu pau.
A felicidade é meu delírio nessa tarde de domingo: ouvindo cada coisa, vendo cada foto e reparando em cada imagem que queria passar rápida, mas que eu não deixava.
O mundo real:
A nova dor nas costas, a voz que assusta, a velha dor no pulmão, os vagabundos do bar, a comida sem vontade de comer, a tv ligada, o rádio ligado, a mina com o mano, a mina com o namorado, a mina amando, a mina amando e falando sobre o amor, a unha esbranquiçada, o peido molhado, o banho como obrigação, a punheta pra esvaziar, o sonho com os mortos, a casa limpa e vazia, a grosseria sem solução, o casamento que era seu, o filho que não teve, a vontade de fugir, o bar que teria, a grana da loto que mudaria o mundo, o arrependimento, a grosseria feita no passado, a mãe que telefona e ama, a dor da mãe que não pode entender por não ser mãe, o lixo cheio do banheiro, a merda que é aguada e preta, o bar que tava agitado, a música de velho que toca, a tela branca que não basta, a garota com quem delirou e que não existe, o namorado bonitão, o namorado saudável, o namorado cheio de gás, a mina com o mano, a merda espalhada, o blogue punheta, o sitemiter, o desejo secreto, a ruptura, a morte, o delírio do domingo, o etc que isso não tem fim.
Agora:
Aplacado e calmo. Sem raiva de ninguém e quase vazio. Queria trinta coisas, mas trinta coisas todo mundo quer. Saber que não é especial é parte da jogada. Sofrer em paz também é.
Conclusão:
Todo bloguinho é uma mal disfarçada terapia.

18 de outubro de 2009

senta que lá vem história.

BLOGUE:

37 horas sem sair. Ninguém além de mim. E me lambo e me adoro. E, daqui, vejo o mundo com uma imensa ternura. Perdôo os idiotas, penso nos grandes erros e sinto compaixão por todos.
Tomo banho e me preparo pro ataque. Alguma dose de mundo e a voz da minha mãe cravada na minha alma pra sempre: ver gente é importante.
Banho lento e bem lavado. Desligo a água a cada etapa. Não pra poupar o planeta, mas sim pra focar a higiene. Sabão, xampu, unhas, orelhas e umbigo inclusos. Sou o cara mais limpo do Rio de Janeiro. Acho graça de mim mesmo e me enxugo com a mesma calma do banho.
Desodorante, cueca e roupas limpas. Vou ver gente, minha mãe. Vou descer e ter uma dose saudável de mundo. A TV, que ta ligada, faz com que tudo se torne ainda mais lento. Meias, cueca, unhas aparadas, calça, tênis e, ufa, camiseta. Ver o mundo dá trabalho. Não gosto de trabalho. Por isso fujo das mulheres, penso sozinho e rio. Acho, nessas horas, que sou um gênio cheio de espírito.
No bar um movimento maior que a média. Fico quase tenso, mas pego uma e abro meu livro. Vou no bar, ou no mundo, com um livro na mão. Adoro me sentir só e único nesses lugares. Estou lá e não estou. Uma ambigüidade dos diabos, mas que me agrada.
É aniversário da Solange – uma preta pequena e que parece uma azeitona que sempre ta lá. Ela me oferece um pedaço do bolo e eu nego 1, 2 e 3 vezes. Depois de segundos me arrependo. É um tipo de formalidade que deixei passar. Negar o bolo da Solange a ofende, eu sei. E nem custava nada roer aquele bolo pra a deixar satisfeita. Bem, passou. Pena só ter entendido isso depois. Acontece.
Meu livro é bom. Penso que queria fazer aquelas coisas que leio. Ser vagabundo, ver o mundo e escrever. Parece a bem aventurança. Lembro disso e leio bem devagar.
O cara que vende pó ta ali e há um pequeno movimento. Reparo discreto e penso que eu jamais teria habilidade pra comprar pó desse cara. Ele ta sempre ali e isso me inibe. Não gosto de ser reconhecido, por assim dizer. Acho, como sempre, a discrição uma arte. Os caras que admiro são ou eram discretos.
Termino minha relação com o mundo e volto. Confirmo com o porteiro o novo horário e me sinto bem.
Agora umas palavrinhas, um bom cd e todo o planeta que pode ser você só e com uma tela branca.
Não quero participar do mundo que conheço. Não acredito nele. As pessoas são legais e simpáticas, mas não tem alma. Eu gosto de alma. Pensei, nessa tarde de solidão voluntária, que gostaria de ver um documentário cujo mote fosse as perguntas: você acredita em alma? O que acha que é a alma?
Agora eu mesmo e minha calma por ter ouvido a terrível voz da minha mãe. Fui ver gente e voltei melhor. Com a certeza de que não quero, e não quero mesmo, participar disso daí.
Eles e elas estão lá fora. Brindam a felicidade besta de quem não pensa e vive bem. Prefiro isso aqui que não é eles e elas. E que, principalmente, não acha a felicidade uma coisa tão importante assim.

16 de outubro de 2009

oh yes - sr

2
-
Preciso de uma louca poderosa que saiba amar e que tenha generosidade. Uma louca que me diga coisas terríveis em noites calmas. Que de louquinha pop já tive minha dose e nem valeu, muito tempo pra pouca eternidade. E prefiro o delírio inteiro, completo, sem calculos e sem História - que, na média, é mais chata do que ficção.
Porque mentira por mentira é melhor a mentira elaborada. E não se trata de de escolher, mas sim de ter habilidade.
(mi coracion: ler meu blogue não é saber quem eu sou, que tenho lá meu senso estético).
Pense comigo: se fosse pra eu ser bicha, eu é que daria o cu, saca? Que, assim, ao dar o cu, eu seria um bicha plena, pois assim, de quatro e recebendo a pica, eu realmente teria uma grande experiência de bicha. É o mínimo. E é deselegante confundir dedo e pau, clitóris e vagina, plástico e carne.
Meu dedo acusa, mas nem sempre vai ao fogo.
(E, mi coracion, sua coisa de recém separada é pop, mas não inteligente. Ex separada que só fala do ex marido não cola e nem colaria).
Perceber que eu sou inteligente é o mínimo de excitação que eu preciso pra beijar a sua boca vermelha. E que fique claro que sua marca de batom é bem vulgar, o que, se fosse mais esperta, saberia usar a seu favor.
A vulgaridade matemática eu também vi nos filmes: uma mulher verdadeiramente vulgar não precisa copiar os clichês pornográficos, se é que me entende.

15 de outubro de 2009

ntsqsqç

ser elegante. ter compaixão por umas tristezas que não são suas. ver o oceano. lembrar do passado sem pensar isso ou aquilo. na mesa do bar ouvir as mesmas histórias como se fosse tudo novo. sentir o eco lento do tempo batendo na carne. se empolgar com uma migalha gorda e sem sentido. punheta com alma. tédio sem culpa.
blogue, bloguinho, blogão.

14 de outubro de 2009

Então começa a decadência, lenta e implacável.
Condição de quem tá vivo e pensa. Sem pensar era mais simples: vivia apenas, mentia apenas, me bastava com as miudezas que se arranca da cartola.
Mas prefiro subir a escada e ver o monte de merda onde mergulharei. E farei o salto de olho aberto porque sou vaidoso, apenas por isso. Sinto medo, mas faço questão de deixar os olhos abertos.
Sei lá porquê. Acho que é apenas minha lógica caipira.

12 de outubro de 2009


A vida lenta e decente. Sem essa historinha de muito feliz e agora sim. Lenta, bem lenta. Sem mentir pra otários e sem tocar punheta pra desconhecidas. A paz não é um lugar ou mesmo um estado. A paz é um desejo com o qual se flerta. Flerta de flertar que aprendi com a minha vó: uma troca de olhares que NÃO QUER chegar a lugar nenhum.
Daqui a pouco um frango frito e uma voz estridente que me chama pro almoço. Estou com o peito aberto e com a cara emburrada. O whisky é um paliativo mais eficaz do que a falsa espontaneidade que só evidencia o óbvio constrangimento: é cada um na sua turma, afinal.
Não faço questão de novos amigos e não acho, como meus colegas de facebook, que a chuva atrapalhe minha vida. Lenta, decente e sem falsear alegrias passageiras. Há coisas mais importantes do que a felicidade.

11 de outubro de 2009


Eu e os milhares e todos nós.
As danças, as dancinhas e
o súbito desejo de entrar nas carnes de uma fêmea qualquer.
O inferno concentrado em 18 cm de profundidade.


10 de outubro de 2009

/\|/\


A confusão entre cu e xota
é o que mais me incomoda.

Como se fossem
apenas dois
simples buracos.
Cu é cu
e
xota é xota.

Cada um na sua
mesmo que dividindo
o mesmo espaço
aparente.

Que só confunde
cu com xota
quem ainda não decidiu.

Cu até pode ser bom
mas só a xota

a puta que pariu.
nem
sempre
é
do
que
se
trata
aquilo
que
se
usa
como
desculpa.

8 de outubro de 2009

tuin.


Estalasse os dedos
eu estava lá.
Pronto pro rapto
num belo cavalo branco.
E diria:
esquece tudo e vem comigo.


E faria promessas
que talvez nem cumprisse:
- que paro de fumar
- que beberei só aos fins de semana
- que caminharei 1 hora por dia
- que nem encosto em drogas
- que aprendo a dançar em par
- que desisto das grandiosidades pra fazer miudezas ao seu lado.

E seria tudo uma verdade completa e sincera,
dessas que entrega a alma
e que crê, assim como quem tem visões,
que o milagre está próximo
e será alcançado.

Confessaríamos pecadinhos
e você
falaria mal
de todos
que não sou eu.
E eu beijaria
seus pés
e pediria perdão
por tudo
que eu não entendia.


E a vida
seria boa e generosa
e teríamos paz
nas tardes cinzas
e chuvosas.

Minha porra e meu caralho.

-
Que falar palavrão é terapêutico e isso aprendi com minha vó. É merda velha: dia bom / dia ruim. E dias realmente estranhos como o de hoje. Acho que é culpa dos livros, dois em específico: um que fala de vermes americanos que matavam com tesão e por prazer - com direito a desenhos do mal - , e outro que fala de mitologia e da tal 'bem aventurança'.
Porra, eu sou um tipo influenciável. E nessas, to a dois dias pensando e remoendo a 'bem aventurança'. Fico na punheta de qual será a minha. E me fodo. Porque pensar isso é se foder.
Daí vem o outro livro. Até que me considero um cara que lida bem com o próprio ódio, mas ali, nesse livro que desenha e diz do tesão dos assassinos, eu me sinto mal. E me pego até perguntando, cheio de estupidez: - pra que tanto ódio, meu deus?
E noite passada eu tive vários e delirantes sonhos/pesadelos. Lá pelas 6 acordei e pensei: não posso esquecer isso que sonhei, é sonho fodão.
E claro, e como não, ao acordar tinha esquecido de tudo, menos de que tinha pensado que não deveria esquecer.
Que seja. O mundo é cheio de gracinha e dá suas voltas.
O dia inteiro pensando na 'bem aventurança' e no sonho/pesadelo que não poderia esquecer, mas esqueci.
Acontece. Dias estranhos são parte da jogada.
E segundo os livros o lance é nunca, nunca mesmo, desvendar o mistério. Deve-se dançar com ele, sarrar com ele e flertar com ele. Mas desvendá-lo, nunca.
E isso eu entendo. Acho.
-

5 de outubro de 2009

#

Pra registrar:
A gente berrava e batia palma. Estávamos todos felizes e desempenhávamos um papel. Éramos machos, gostávamos da vulgaridade e éramos, todos, beberrões.
Machos estereotipados como manda a tradição: barrigas expostas, pêlos excessivos e disputas pra ver quem fala mais alto.
Gente ensurdecida e satisfeita, alegre de estar ali, fazendo aquilo, desempenhando a farsa e a jogada de maneira quase solene.
Pra lembrar:
É necessário se isolar pra ter alguma paz. O mundo é vasto e enorme e, portanto, perturbador. A paz não é ficar em casa feliz e cantando Mutantes. É esquecer que está ali e que a vida existe. Não se trata de ter calma, mas de separar algumas horas pra ser indiferente a absolutamente tudo.
Pra seduzir:
Ver você da onde eu vejo é um puta privilégio. Fico apenas com o mel e deixo toda merda pra quem convive com você. Daqui, suas loucuras são doçuras e suas manias manifestações de charme discreto.
Como sou eu que te invento, posso afirmar sem medo de errar: - você é m-i-n-h-a.
Pra terminar:
Gosto mais de ver do que de participar. Faz tempo isso. Lembro de mim, ainda criança, fascinado pela ideia: eles não sabem o que eu penso. Eu nem tinha 9 anos e isso me parecia mais importante do que a descoberta da América. E era.
As vezes, brincando de desvendar quem eu sou, me pego vendo à mim dentro da 'linha do tempo'. É bem bom se reconhecer, perceber um tipo de coerência que só você, sendo você, pode perceber. Porque só você sabe o que fez e o que pensou ao decidir fazer aquilo enquanto os outros apenas vêem o que foi feito.

2 de outubro de 2009

peido tímido.



Meu erro é a fraqueza e nada mais. Fosse eu forte, berrava as verdades e cagava solene e satisfeito diante daqueles que não tem cu.
Ontem passei por uma sem cu dessas. Fiquei com raiva dela. Ela andava com a mesma cara azeda que eu já conhecia. Ela não é bonita nem feia, gorda nem magra, ela não é nada, além de ser sem cu.
Pensei o dia inteiro sobre ela. Pensei porque ela me irrita já que nem a conheço. Sei que é atriz, que é filha de pai e mãe famosos, e que não tem cu.
Contra ela, em minha defesa, a turma imbecil que ela anda e se acha esperta. Os sem cu fazem um barulho maior do que podemos imaginar. Mesmo que peido, jamais. No máximo um pum, ou um punzinho...
Minha arrogância é enorme e eu queria encostar nela, segurar sua cabeça e dizer: relaxa, você nunca será como seus pais, eles são melhores que você e você sabe disso. Não sofra por aquilo que não tem mais jeito.
E ela me amaria pra sempre e meu sogro e sogra seriam famosos e insuportáveis.
Meu cu teria feito a diferença. Se eu tivesse, além dele, coragem.

1 de outubro de 2009

Era bom estar ali
vendo àquelas
pessoas que se balançavam
e dançavam.
Elas estavam satisfeitas
e sorriam
de maneira simples
e sincera.
Bastavam-se em suas danças
e isso me parecia um milagre.
Elas estavam felizes e eu também.
A gente era um grupo,
uma turma,
uma galera que se conhecia
e dançava as vezes.
Era bom e simples.
Ninguém pensava no melhor dia,
na melhor foda,
no mais terrível amor
ou no dia mais triste de toda essa louca vidinha.
A gente dançava apenas,
éramos felizes porque não pensávamos em nada.
Só dança, só cervejinha, só vulgaridade despretensiosa.
Era muito bom
e não sabíamos nada de nada.
Só danças e cervejinhas,
a ciranda mais simples
dos mais primitivos macacos.
Em outras palavras:
a graça Divina
numa festinha
entre conhecidos
que conseguiam
não pensar em nada
ao mesmo tempo.
A felicidade do lado
e uma caixinha de ternura
pronta pra ser sacada.
Sem pressa,
sem saber,
sem anunciar sua chegada.
Um dia bom
pra uma vida besta,
a existência tranquila
dos sonhos possíveis.

30 de setembro de 2009

não desejo felicidade que é perda de tempo.

Se eu fosse corajoso, eu derrubava ela.
Assim: dizia todas as palavrinhas que importam e nem me importava com sua histórinha de amor. Futucava até o fim, usava minhas unhas e prometia uma coisa sincera.
Porque até minha mãe já me disse: ela realmente gosta de você!
E palavra de mãe a gente sabe: mesmo ignorando é bom escutar.
E ela é ótima e, como não?, fantástica.
Mas tenho bom senso e respeito a discrição e a elegância.
E vejo, e penso, e, vez em quando, dou uns palpites que emplacam.
Coisa boba, tipo 'solte o cabelo', 'deixe o cabelo como é', 'sim, você é bonita', e 'seu pai não é o seu marido'.
E a gente ri junto e nem temos aquele compromisso terrível e encantador que é um homem e uma mulher brincando de ser um através das carnes.
Melhor assim já que não sou corajoso e nem quero ser.
A gente se ama sem nunca falar.
E isso é de uma elegância fina e calma, dessas que se entendem sem nunca ter que usar as boas e velhas palavrinhas.
Melhor assim, eu repito.

29 de setembro de 2009

a boa e velha coerência interna.


É disso que se trata.


Ela surge e está triste e confusa. O danado do diabo já tinha um chifre, mas como o diabo é da pesada, aparece com um segundo chifre.
A merda fede e reconhecer isso é o que chamo de maturidade. E sim, e como não, e ufa, e finalmente, ela está madura. Porque nem há opção. O absoluto tá cagando pro dia à dia, pro certo e errado, pras felicidades bestas que programamos quando estamos apaixonados.
E o diabo gosta de dancinhas e desafios. Ele tem seu charme e ele cobra caro, mas oferece uma recompensa: depois do diabo, tudo será modificado.
Maturidade é também não fingir que o diabo não está ali. Porque ele está e merece ser visto. Ele é o diabo, ora pois: o filho pródigo, o bastardo, o galã sorridente e falso, a fruta da árvore proibida, etc.
Então, reconhecendo isso tudo, e já sabendo que a merda foi recentemente cagada e que federá até secar, ela está pronta pra segurar o dêmonio pelos chifres. E sem fazer de conta que os chifres não lhe queimarão a mão. Eles queimarão e deixarão suas marcas: profundas, eternas, sérias e cheias de vitalidade. Porque a vitalidade está aí e não naquele sonho besta e bonito que foi programado após uma noite de foda fantástica recheada de amor.
Ela está certa e não precisa ter medo do medo que virá. Será fatal, será profundo e, bem, acho que o tempo e a experiência lhe fizeram bem. Pra virar os velhinhos espertos que queremos ser, pra ter a plenitude possível e parar de reclamar por bobagens.
Concordamos que o que importa é ser dono de si e ter paz por não fugir. Segura seu rojão porque ele é seu e, quando precisar, toca a campanhia que tenho lá minhas históriaszinhas.

-
Trata-se apenas de andar de mãos dadas com uma garota bonita e tímida em dias de chuva.
-

***


Perdi
a
mão,
mas
enfiei
o
dedinho.

27 de setembro de 2009

Domingo no Rio de Janeiro, em dia de sol, há um euforia louca e cheia de trânsito que leva todos à praia. Vejo o trânsito do bar e penso que só mesmo uma mulher pra me carregar pra praia. As vezes tenho a impressão que todas mulheres adoram praia. E lembro de uma, que falei por meia hora, que disse não gostar dessa praia suja do RJ. E pensei que poderia casar com ela. E imaginei nós dois sempre negando as praias sujas do RJ. Seríamos perfeitos.

25 de setembro de 2009

Eu que não que eu não teria saco. Essa coisa de gostar de todo mundo é estúpido. Separar o joio do trigo pode ser uma arte. E entender que confundimos joio e trigo é parte da jogada.
Que eu é que não vou sair pra dançar pra tentar enfiar minha piroca numa buceta que é obcecada pelo próprio clitóris. Que nem daria certo, sabe? Imagina só: eu, gordo como sou, roçando naquela buceta durante a dancinha.
Era capaz de eu ejacular ali e, nesse caso, a dona do clitóris acabaria ofendida por eu não ter feito sexo oral antes de ejaculação. Melhor evitar constrangimentos, eu acho. Por isso eu não falo tudo o que eu penso. E também por isso, hoje, muito provavelmente, eu perdi a chance de enfiar minha piroca numa carninha nova. Mas dane-se que eu nem tenho a tara da carninha nova e gosto mesmo é de chover no molhado. Todo esse joguinho de sedução é sacal e, porra, não tenho idade pra acreditar em amor a primeira foda.
Sejamos francos, nem é tão surpreende assim. Carninha nova é legal, mas não faz milagres. Dá um gazinho, rende umas vantagens pra contar no boteco, um textinho de blogue, mas só isso. E olhe lá.
Então toco minha punhetinha e ouço minhas músicas enquanto sorvo meu whisky e engulo minha fumaça. Prostitutas são mais sinceras quando fingem e nem levam o próprio clitóris tão à sério. Pelo menos durante o programa. Nem brochar causa constrangimento, já que são sempre, como as boas mulheres devem ser, compreensivas.
preguiça de outra vida:
nada a fazer
além de coçar a barriga.

24 de setembro de 2009

Se eu pudesse apenas deflorar ruivas,
eu me divertiria um bocado.
O que,
em absoluto,
quer dizer que eu tenha algum fetiche especial por ruivas.

22 de setembro de 2009

cachorro, gato, galinha.

Estou idiota e insuportável.
Mais do que tudo, insuportável.
Sinto-me bem e tudo parece doce e estúpido.
Sinto-me a milhas daqui e bato palmas pra todos que não sou eu.
Estou distante e com os olhos abertos. Tenho, hoje, aquela arrogância plena de cuspir pra cima, aquele 'tanto faz' que berra foda-se em todas as ruas.
Deus é um cara quase real em dias assim.
Então lambo a mim mesmo e me preparo: compro whisky, faço gelo e, de quebra, compro uns cigarros bem finos que é só pra me lembrar, a cada tragada, que hoje, hoje sim.
É que há todo esse mundo, entende? Toda essa coisa louca da vida, de sofrer, de resmungar, de ver os dêmonios e se assustar. E isso, essa coisa toda, é a vida acontecendo. E a 'vida acontecendo' não é, e nunca foi, o ponto da existência.
E é por essas que, em dias assim, eu faço a minha cena: compro livros e álcool do bom, e até mudo prum cigarro meio viado, mas saboroso. (Isso porque estou só, pois caso tivesse uma buceta verdadeiramente doce ao meu lado, seria o caso de telefonar e dizer: vamos jantar, vamos fazer coisas, vamos gastar 300 reais em meia hora, combinado? E ela me chamaria de maluco e nos divertíramos a beça).
Porque tenho lá meus momentos e, bem, gosto de gastar minha carnezinha querida nesse planetinha imbecil que vivemos.
E isso não tem nada a ver com felicidade, mas sim de ir até o fundo dos poços. Sejam eles bons ou maus. O caso é que agora, hoje, é bom, e quando é bom, e nem sempre é bom, eu reconheço e chafurdo nessa glória que é e será tão passageira quanto são as tragédias.
É por essas que eu acho que aprendi viver e que me acho esperto. Até o fim e até a última gota. Seja de doença ou seja de cura. No fundo, no fundo, isso tanto faz.
O grande prazer ainda é sorver a última gota. E a garrafa, por sorte, ainda está cheia.
Acabou
o luto:
me sinto
pronto
pra
próxima
xota.

Não forçar a barra e ver os mortos.
-
Era eu e mais uns milhões. Nem era o caso de competir e, no fundo, eu nem queria. Gosto de entrar na briga pra ganhar - ou achando que posso ganhar. Somos macacos valentes, ora pois.
Só que aí eu cismo, sou um cara de cismas, invento um treco e esqueço que aquele treco fui eu que inventei. É difícil explicar. É estúpido explicar.
Fiquei de braços abertos e bico calado, fazendo uma puta força pra entender algo que eu mesmo havia inventado. A cabeça é um risco, estar vivo, quando se pensa no mundo, é um risco ainda maior.
E sou um tipo que pensa. Por prazer ou por tédio, tanto faz.
E cada coisa que passa. E vejo umas e em outras decido enfiar o dedo. Tem uns que mordem, outros que esquentam, etc ao infinito. Sempre um risco.
E a coisa do risco é boa. O risco, quando real, envolve sangue e queda. A gente caiu, ora pois. Somos os caras pós queda. É o risco da escolha, lembram? A coisa do éden: quando provar do fruto daquela árvore terá o conhecimento do bem e do mal, coisa que até agora, só Deus topou. Topa mesmo?
Nós topamos e, bem, temos inventado um bocado de coisa bacana e feito umas merdas também. É parte da jogada e nem há protesto pra isso.
Mas o lance é que depois de comer merda você não vai repetir a dose.
E vai, por algum tempo, se lamentar de ter comido aquilo, já que a merda tem, enfim, aspecto de merda.

21 de setembro de 2009

ww.

Gosto daquela coisa dos filmes do Wim Wenders. Um tipo de contemplação e calma que me agradam. As grandes paisagens, os silêncios soníferos, um ou outro personagem que tenta falar sobre si sem ser muito bem sucedido.
Toda vez que vejo um filme dele tenho o impulso de anotar certas frases, mas deixo quieto. Tenho lá algum controle sobre minha doença, afinal. Acho melhor assim.
E o engraçado é que, depois, nem lembro da história. Nem mesmo do nome do filme. Mas é um treco que acho bom e que não vejo sempre. Porque sei que ali tem todo um clima que nem sempre é o caso.
Hoje foi: dia de chuva, pança radiante e branca, cama quente e cérebro vazio. Eu era o cara do filme. Eu entendia tudo que ele falava e ninguém entendia.
Um prazer egoísta e sincero. Calmo como só na solidão é possível.

19 de setembro de 2009

caminho de volta.

De todas as coisas, eu escolheria a elegância.
É por aí que me esforço e é por aí que vejo sentido. Talvez seja apenas sintoma da minha curitibanice. Mas não nasci baiano, com a boa graça de deus.
Que seja.
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Então espero uma pizza enquanto tomo a saideira no balcão. O balcão é o local do bar. Os bares, se fossem mais espertos, valorizariam isso. Um bom balcão, de gente e mármore, é o que define.
Mas nem importa.
E eu tava lá, bebericava meu copo, soltava a minha fumaça e julgava o mundo. Ah, julgar o mundo é um puta prazer, principalmente quando fazemos isso com indiferença e elegância.
Não se trata de nada de nada. É apenas ver, ver passar, notar uma mesa ou outra, um timbre de voz neurótica que se sobressai, essas coisas. Como sexo sem alma, leitura sem tesão, praia sem satisfação, essas coisas.
Simples, simples como só a solidão e o ego inflado podem ser. Vê- se, pensa ou não, fala com o atendente, mostra onde estão os canudinhos pra uma dona de coca muito desesperada.
Passa bem, passa lento, passa. Sem nada demais.
A elegância da coisa é não se alterar com coisas que não importam. (Digo isso porque acho a 'alteração' uma coisa decente, mas 'alteração' com coisa que não importa é burrice).
E volto lento pra casa carregando minha pizza. Comprimento dois que passam e sinto que também interajo com o mundo.
O mundo é isso, bom jesus. O mundo, ele mesmo, o mundo.
E estouro uma lata antes de comer e vejo que há uma tortinha de limão comprada e esquecida e acho que sou elegante e calmo.
Sinto-me bem, ora pois. Como se isso não estivesse claro.

18 de setembro de 2009

Sonho com semi desconhecidas que me esfregam suas genitálias.
Uma delas, muito novinha, se assusta quando lhe digo minha idade e que moro sozinho.
O engraçado é que, no sonho, disse a idade errada, e ainda no sonho, me toquei disso e me toquei que se eu dissesse a idade certa iria parecer mentira já que a idade certa era menor.
Mantive a mentira e acordei de pau duro. Ela queria me dar, mas tinha medo porque eu morava sozinho. Estranho.

16 de setembro de 2009

relatinho.

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Tem que ter certo ritmo e certa elegância. Não posso exigir ternura, mas sei, e sei bem, que o quero, e desejo, é ternura. Mas mantenho meu desejo bem cuidado, nem sempre devemos por o desejo na jogada. Não por nada, mas porque já crescemos e temos lá nossa capacidade de observar. E desejo, Desejo maiúsculo, é coisa que se que cuida com ternura - não deve ser sacado a cada novo velho oeste.
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Tenho ataques de pelanca, de mau humor e de amor. Tenho ataques, mesmo sendo discreto. Nem gente próxima saca qual ataque estou tendo. Acho que é o lance de Curitiba que me faz assim. Pode até não ser, mas é uma explicação que sempre me ajuda: sou Curitibano e espero ônibus em tubos, não tenho medo da chuva, mas prefiro não me molhar.
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Vi esse casal alegre que andava de mãos dadas e falantes. Casal jovem e cheios de ideias. O mundo era deles e era bem bom ver aquela alegria infantil que um casal jovem têm. Tantos planos, tantas coisas. Quase só falavam porque nem ouvir o que o outro dizia precisavam. Ele devia ter 16 e ela 15. Os dois tavam de uniforme e se beijavam no meio daquela falação. Uma inocência fina e preciosa, dessas que um pai deve perceber num filho. Vontade de ser pai, concluí.
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Ler é uma forma de organizar a loucura interna. É só disso que se trata. Claro que há merdas e pérolas pra se ler, mas, nesse caso, tanto faz. Quando fujo do que eu tenho que ler pra ler o que eu gosto de ler, sei do que to precisando.
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Ter desconfiança é uma forma de bom senso, eu acho. Não dá pra engolir aquilo só porque fulano disse que disse. É como arrependimento. A gente se arrepende, oras. E isso não precisa, necessariamente, de explicação. O erro, nesses casos, pra mim, é achar que a desconfiança e/ou o arrependimento tem razão de ser. Porque eles não têm. Desconfiança e arrependimento é uma coisa instintiva, e não, e pelo amor de deus, produto de uma lógica racional.
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Quando se quer escrever nem sempre dá certo. Mas, mesmo assim, a gente escreve. Insistência é virtude de monge. E monges não são pessoas boas pra noites de porre e papo. Ainda prefiro os porres e os papos.
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