31 de outubro de 2009

mulher engajada -

A piranha dançava e ia até o chão. Tinha facilidade e conhecimento de causa. Sabia das coisas, sabia como usar seus instrumentos.
Não forçava nenhuma barra e era, na medida do possível, discreta. Os olhos eram azuis como só as lentes permitem. A boca vermelha, as unhas também e o cabelo, com cheiro de creme, balançava loiro e cadenciado.
Quando ostentou, de costas, o salto da sandália prata eu, como bom teimoso, fiz força e torci meu pescoço pra olhar direto na cara dela. Do meio das próprias pernas ela me viu e fechou o rosto.
Virada de novo, e sempre na cadência, ela arrancava suas roupas e as jogava em mim. Com força, com raiva, e sem nenhuma atitude de sedução.
Ela era uma gênia e sabia usar o espaço à seu favor. Depois da última peça, mas ainda com as sandálias, ela se aproximou e me disse baixinho: - escroto de merda.
Saiu pisando forte e com toda razão. Não se deve olhar assim pra uma piranha.

30 de outubro de 2009

Daqui e de lá.

Meu osso é duro, mas meus dentes também. Vou continuar roendo. Eu rôo, eu acho decente roer. Que osso bom é osso roído.
Das coisas que me tocam/me pegam, eu sei que a insistência é uma delas. A capacidade de insistir é algo que me comove. Sempre acabo dando dinheiro pro mendigo que se repete. Mas só quando se repete ao longo do tempo e não no mesmo dia.
Insistência combinada com paciência é a virtude da fêmea que me matará. Sei disso desde os 16 anos.
Ocorre agora que a insistência existe, mas não tem direção. É uma insistência que não se decide e que lembra mais uma gaivota que aproveita o resto dos peixes do que uma águia que mira lá de cima e que desce como um raio pro seu último combate.
Ok, a metáfora não é das melhores, mas o ponto é: precisamos sempre da tríade sagrada. É pai, filho e espírito santo. E não pai e filho ou espírito santo e pai.
E já que insisto nisso, vou ser bem claro: pra mim, a morte serena virá da fêmea perfeita que levará minha alma e meu coro e que, como não poderia deixar de ser, carregará a santíssima trindade: a insistência, a paciência e a decisão.
Minha musa
com três peitos
e buceta ardente.
Tem
que
insistir
e ser
paciente.
E depois
de decidir
ser insistente.



29 de outubro de 2009

Tenho achado muito viadinho essas coisas que tenho escrito. A merda do blogue é essa: você acaba escrevendo, mesmo achando viadinho.
Mas o blogue é meu e é a minha mão que se suja de merda quando o papel higiênico rasga. É por esse motivo que eu reclamo de mim mesmo e faço auto acusações. E também porque, confesso, reclamar é um prazer.
To relendo os artigos do N. Rodrigues e, puta que pariu, imaginar que ele escrevia aquilo em jornal. Era um mundo menos tacanho e menos bundão, eu acho. É só pensar em quem escreve nos jornais de hoje. E mesmo quando é alguém da pesada, ali, no jornal, fica tímido e nunca põe o cu na reta.
Esses caras que escreveram o fino me constrangem quando penso em escrever. Mas sou teimoso e o cu é meu.
Se eu pudesse chupar meu próprio pau, eu o faria.
Como não posso, mantenho meu blogue e atualizo meu orkut/facebook diariamente.

-

É que tem essas coisas que são as misturas todas que fazem a gente ser quem a gente é. É quase uma loucura, mas nem chega a ser. Porque loucura de verdade é pesado e dolorido. Só estúpidos podem achar a loucura uma coisa boa.
Mas volto.
Passo horas ali e tento desvendar certos mistérios. Os mistérios não são reais, são meus porque fui eu que os inventei. E mesmo assim, com consciência disso, me pego pensando "e se". "E se" é tudo e mais um pouco. Tio Stanis sabia disso. E tio Stanis era fodão.
Bem, meu sonho com P. foi de uma realidade surpreendente. No sonho fui convencido que não era sonho. Sou mesmo desconfiado, mas confiei e sofri. Era sonho mesmo, infelizmente.
Coisa bonita essas coisas que permanecem. Quase um milagre. A sobrevivência de algo após tanto tempo traz o sentido, foi minha conclusão.
E não há nada pra lastimar. Dia ruim e dia bom. Minha Russeffinha me disse da sorte que tive e concordei em silêncio, que é, enfim, a única maneira decente de concordar.
Mas queria ter objetividade e nem rolou. Acontece.
O blogue é uma punheta e fico feliz quando alguém elogia meu pau. "A curvatura perfeita", ela me disse com outras palavras.
Ela tem mais classe do que eu. Melhor assim.

27 de outubro de 2009

http://barulhodegrilo.blogspot.com/

DE UM DOS BLOGUES MAIS FINOS DO OESTE.





eu à 30 léguas.

Que vejo e ouço. Participo menos porque fico sempre olhando e pensando. É um tipo de vício e vícios são doenças e tá tudo perdoado.
O nome daquilo é excesso. Ainda mais pra mim que moro sozinho e me sinto ótimo na solidão voluntária. Mesmo que delírios de noites de amor sejam inevitáveis.
Poderia dar nome aos bois, mas nem valeria tanto. O lance é aquela massa junta, que convive e conversa e se ama e se odeia.
Na minha viagem sobre sangue, ter sangue tem a ver com isso.
Uma grande hemorragia que jorra na mesma direção.
As coisas se misturam e não há nenhuma individualidade. Carnaval é o caralho. Tem data e prazo.
Dissolver-se no sangue sim é uma coisa de bicho, de animal.
Até porque o prazo de validade é a morte e, mesmo assim, nem sempre.

26 de outubro de 2009

Muita gente e alguma confusão. Que é difícil ser você e fazer coisas quando a casa é cheia e falante.
No sábado um sonho verdadeiramente pertubador. Sonho quase velho e repetido. A coisa de encontro eterno como coisa do destino. E sem medo. E, por que não?, feliz. Sonho que de tão bom desconfiei ainda dormindo e disse que era sonho, mas aí a outra parte do sonho me convenceu que não, que não era sonho. E eu acreditei e acordei assim, semi perturbado.
Agora segunda e coisas parecidas na cabeça. Sem chancer de ser eu mesmo e fazer coisas.
E nem há telefones pra ligar. E nem acho que tenha esse direito.

23 de outubro de 2009

freak-me.

o
que
me
irrita
é
que,
além
de
esperta,
ela
parece
bonita.

é
que
quando
beleza
fora
de
uma
garota
esperta,
eu
morro
de
medo.
ou
feia
e
esperta
ou
bonita
e
burra
se
não
é
bem
capaz
de
eu
tomar
uma
surra

#

A bêbada triste chorava no bar. Tava vestida como homem: bermuda de surfista, camiseta preta, cabelo curto e com manchas amarelas.
No inicio achei que alguém tinha morrido. O bêbado eventual que é mecânico e que a acompanhava tentava a consolar com o verso de uma música do Vinicius. Era um verso bonito que me chamou atenção porque me lembro do meu pai cantando ele.
Depois entendi que nem era dor de morte. Acho que perdeu o emprego e, pelo que entendi, por culpa da filha da patroa. Ela disse que vai matar a menina. Talvez mate mesmo, mas acho que não.
<>
Em bar tem, as vezes, um nível de decadência real que se vê. É estranho porque eu estou lá e penso que talvez, a única diferença, seja minha idade. Sou mais novo que eles.
Seja como for, voltei pra casa antes. Gosto de ver a vida alheia e pensar nas minhas coisas. No bar é esse meu tesão. Vejo e não participo, prefiro assim.
E hoje, aquele choro e aquela decadência, foi demais pra mim. A dor dela era real, mas besta. Muito provavelmente a filha da patroa deve ter razão de não gostar daquela mulher: um tipo ruim de ver, que parece grávida, mas não tá. Os olhos eram apagados e tinha um choro grosso, chato de ouvir.
E a loucura, a loucura da vida real, é que a dor daquela mulher, pra ela, era tão grande quanto uma morte.
<>
Há qualquer erro nisso que eu pressinto, mas que não consigo desvendar. Sei lá. Acho que se chora pelos motivos errados, que se ri por falta de assunto e que se diz 'não leve a sério' por temor.
O parque de diversão é apenas a reunião de um monte de brinquedos divertidos.
E cada um tem o seu preferido.

22 de outubro de 2009

Será que um dia
eu vou te ver assim,
de quatro, pelada,
e olhando pra mim?
É só isso, você sabe.
-
Uma coisinha aqui e outra cá. Firulas que a gente faz ou inventa pra movimentar as coisinhas daqui que, assim, reunidas, são quase uma vida. Tanto faz e já faz tempo. Acho melhor assim, mesmo que assim seja mais triste. Coisas passam, a gente sabe. E é triste porque coisas e coisinhas já pareceram eternas.
Mas que seja. O gotejar deve ser lento e completo. É meio um combinado que tenho comigo. Porque acho o lento mais honesto do que o rápido. E que Deus não me pergunte o porque.
Uma paisagem bizarra,
um papo calmo com uma amiga antiga e a sorte,
quase impossível,
de pegar um ônibus que vai pela Rua da Passagem.

21 de outubro de 2009

relatinho.

1-
Deixe - me ser discreto e elegante. Sabe como é? É fácil contar histórias e é ainda mais fácil gostar das histórias que se conta.
E por isso ficarei aqui, fazendo de conta e fingindo que não é comigo. Auto preservação é um instinto básico e louvável.
Gosto mais do que falo do que do que faço. É meu bom senso se manifestando, dizendo baixinho: veja bem, seu rojão não estoura sempre, mas, quando estoura é implacável.
De qualquer maneira o isqueiro tá na minha mão, meus cigarros eu ainda acendo.
2-
Tem coisas que perdem o sentido e tem coisas que não. As que não perdem o sentido, fizeram sentido e as que perdem, são, enfim, manifestação do tempo.
Não sei porque digo isso agora, mas, alí, esperando o metrô, isso me pareceu uma coisa fina e boa: o que importa são as coisas que não perdem o sentido. Era como se eu pudesse entender a vida através disso: sentido que ficou e sentido que se foi. Acho que eu teria 12 ou 13 sentidos no máximo. Ou 11, que seria uma conta mais justa.
O que quero dizer é que vivemos pra achar o sentido. E ele é raro, bem mais raro do que se supõe por aí a fora.
3-
Demora pra uma ideia ganhar forma. Primeiro se cogita e se imagina. Depois junta isso com um meio, ou uma aplicação. Depois testa aquilo e no teste a coisa tende a mudar. Etc. Em teatro isso me parece ainda pior. Porque virá os atores, o jeito deles, a coisa de fazerem em determinado espaço e mais um etc.
Isso porque pensei em fazer uma cena hoje inspirada num curta muito legal, mas que eu tinha visto a dois anos atrás. E rôi meu osso e pensei que essa brincadeira de por ideias em prática deveria pagar e muito bem. E não na coisa da publicidade, onde a ideia já tem um fim determinado. Mas sim na ambição artística, onde não se sabe direito onde chegar.
Hum, sei lá. Coisa de viado.
4-
Ela é uma amiga dessas muito boas. Hoje eu lhe disse que fazia tempo que não bebíamos só nós dois e que sentia saudade disso. Ela disse que a culpa era dos outros que falam muito. Eu queria dizer que sentia saudade dela e eu e apenas ela e eu. E é mesmo uma amiga, ainda que, algumas vezes, eu a imagine como uma mulher ótima e fantástica.
Quando ela culpou os outros eu lembrei que ela é durona e que disso eu já sei. Pensei que éramos amigos por isso. Eu sei de umas coisas que não preciso falar e ela sabe de outras que não me fala também.
É uma forma de amor, pensei. Desses amores durões que nunca deixam o outro saber o quanto é amado. Faz sentido pra mim e pra ela.
5-
E termino reclamando de mim mesmo e pensando no porque desses textos tão longos. Acho, cá comigo, que textos longos não combinam com blogues. Mas acontece. E nem precisamos sentir culpa. Melhor assim.

20 de outubro de 2009

Euforia e delírio medo de embarcar na própria loucura a tentação é suave e corre lenta resistir é uma forma de prazer tentar ter calma pra sentir o perfume discreto do diabo a dança mais demorada o salto mais fino a unha mal pintada o pêlo encravado e as mãos em concha que rezam pra desfazer o pedido a mania de roer canetas o olho sem vidro sem cor sem vista a casa nova o prédio na frente as crianças na piscina e um desabafo que tem medo de chegar aonde quer.


A guria mais bonita não tem nome, nem blogue, nem orkut.
Ela passeia sozinha e sorri sozinha e
nem repara em como você olha pra ela.
Ela não não pode te amar porque não te conhece.
E você não pode a amar porque ela não existe.

19 de outubro de 2009

domingo - senta de novo.

Descubro a coisa e deliro:
É quase normal. Só noto o quanto é estranho delirar assim quando saio de casa e vou almoçar no shopping.
Na rede desvendei tudo o que não era segredo. Passei horas nisso. Se o cigarro não acabasse, eu não saia. Tenho tendências a me encantar e hoje entendi o ponto disso.
Preciso de ternura, acredito na ternura. Ternura é um tipo de delicadeza que me comove. Uma coisa que não explico, mas que reconheço: em textos, em fotos ou em vídeos.
Sinto mais falta de ternura do que de sexo. Meu reino por uma ternura.
No delírio:
Seria uma coisa lenta e gradativa. Atração de estranhos, cheiros a serem reconhecidos e um charme artístico que nenhum dos dois deixaria de alimentar.
Charme artístico é isso que é: ter objeto pras metáforas das coisas que se pensa em silêncio e sozinho.
E nós nos amaríamos pra sempre. Você me entenderia na coisa que defino como:"A beleza possível será inventada." E, bem, seríamos felizes.
Felizes sem burrice que seríamos espertos. Um a salvar o outro como se isso fosse nosso destino. E usaríamos a palavra destino sem medo da tragédia.
Meu delírio corria solto e eu nem imaginava nada de ruim. Era só beleza. Eu pensava comigo mesmo: essa desgraçada me fará parar de fumar, essa puta me fará fazer exercícios, essa doida me convencerá até a parar de comer carne de porco.
Meu deus é tão bom delirar. Ela seria a mulher capaz de me modificar plena e puramente, como se mudanças assim fossem reais.
Meu delírio, meu delírio lento e vaidoso até ver, durante o banho: minha pança enorme, minha falta de ar, minhas espinhas na bunda e o excesso de vermelhidão que, de uns dias pra cá, aflora na cabeça do meu pau.
A felicidade é meu delírio nessa tarde de domingo: ouvindo cada coisa, vendo cada foto e reparando em cada imagem que queria passar rápida, mas que eu não deixava.
O mundo real:
A nova dor nas costas, a voz que assusta, a velha dor no pulmão, os vagabundos do bar, a comida sem vontade de comer, a tv ligada, o rádio ligado, a mina com o mano, a mina com o namorado, a mina amando, a mina amando e falando sobre o amor, a unha esbranquiçada, o peido molhado, o banho como obrigação, a punheta pra esvaziar, o sonho com os mortos, a casa limpa e vazia, a grosseria sem solução, o casamento que era seu, o filho que não teve, a vontade de fugir, o bar que teria, a grana da loto que mudaria o mundo, o arrependimento, a grosseria feita no passado, a mãe que telefona e ama, a dor da mãe que não pode entender por não ser mãe, o lixo cheio do banheiro, a merda que é aguada e preta, o bar que tava agitado, a música de velho que toca, a tela branca que não basta, a garota com quem delirou e que não existe, o namorado bonitão, o namorado saudável, o namorado cheio de gás, a mina com o mano, a merda espalhada, o blogue punheta, o sitemiter, o desejo secreto, a ruptura, a morte, o delírio do domingo, o etc que isso não tem fim.
Agora:
Aplacado e calmo. Sem raiva de ninguém e quase vazio. Queria trinta coisas, mas trinta coisas todo mundo quer. Saber que não é especial é parte da jogada. Sofrer em paz também é.
Conclusão:
Todo bloguinho é uma mal disfarçada terapia.

18 de outubro de 2009

senta que lá vem história.

BLOGUE:

37 horas sem sair. Ninguém além de mim. E me lambo e me adoro. E, daqui, vejo o mundo com uma imensa ternura. Perdôo os idiotas, penso nos grandes erros e sinto compaixão por todos.
Tomo banho e me preparo pro ataque. Alguma dose de mundo e a voz da minha mãe cravada na minha alma pra sempre: ver gente é importante.
Banho lento e bem lavado. Desligo a água a cada etapa. Não pra poupar o planeta, mas sim pra focar a higiene. Sabão, xampu, unhas, orelhas e umbigo inclusos. Sou o cara mais limpo do Rio de Janeiro. Acho graça de mim mesmo e me enxugo com a mesma calma do banho.
Desodorante, cueca e roupas limpas. Vou ver gente, minha mãe. Vou descer e ter uma dose saudável de mundo. A TV, que ta ligada, faz com que tudo se torne ainda mais lento. Meias, cueca, unhas aparadas, calça, tênis e, ufa, camiseta. Ver o mundo dá trabalho. Não gosto de trabalho. Por isso fujo das mulheres, penso sozinho e rio. Acho, nessas horas, que sou um gênio cheio de espírito.
No bar um movimento maior que a média. Fico quase tenso, mas pego uma e abro meu livro. Vou no bar, ou no mundo, com um livro na mão. Adoro me sentir só e único nesses lugares. Estou lá e não estou. Uma ambigüidade dos diabos, mas que me agrada.
É aniversário da Solange – uma preta pequena e que parece uma azeitona que sempre ta lá. Ela me oferece um pedaço do bolo e eu nego 1, 2 e 3 vezes. Depois de segundos me arrependo. É um tipo de formalidade que deixei passar. Negar o bolo da Solange a ofende, eu sei. E nem custava nada roer aquele bolo pra a deixar satisfeita. Bem, passou. Pena só ter entendido isso depois. Acontece.
Meu livro é bom. Penso que queria fazer aquelas coisas que leio. Ser vagabundo, ver o mundo e escrever. Parece a bem aventurança. Lembro disso e leio bem devagar.
O cara que vende pó ta ali e há um pequeno movimento. Reparo discreto e penso que eu jamais teria habilidade pra comprar pó desse cara. Ele ta sempre ali e isso me inibe. Não gosto de ser reconhecido, por assim dizer. Acho, como sempre, a discrição uma arte. Os caras que admiro são ou eram discretos.
Termino minha relação com o mundo e volto. Confirmo com o porteiro o novo horário e me sinto bem.
Agora umas palavrinhas, um bom cd e todo o planeta que pode ser você só e com uma tela branca.
Não quero participar do mundo que conheço. Não acredito nele. As pessoas são legais e simpáticas, mas não tem alma. Eu gosto de alma. Pensei, nessa tarde de solidão voluntária, que gostaria de ver um documentário cujo mote fosse as perguntas: você acredita em alma? O que acha que é a alma?
Agora eu mesmo e minha calma por ter ouvido a terrível voz da minha mãe. Fui ver gente e voltei melhor. Com a certeza de que não quero, e não quero mesmo, participar disso daí.
Eles e elas estão lá fora. Brindam a felicidade besta de quem não pensa e vive bem. Prefiro isso aqui que não é eles e elas. E que, principalmente, não acha a felicidade uma coisa tão importante assim.

16 de outubro de 2009

oh yes - sr

2
-
Preciso de uma louca poderosa que saiba amar e que tenha generosidade. Uma louca que me diga coisas terríveis em noites calmas. Que de louquinha pop já tive minha dose e nem valeu, muito tempo pra pouca eternidade. E prefiro o delírio inteiro, completo, sem calculos e sem História - que, na média, é mais chata do que ficção.
Porque mentira por mentira é melhor a mentira elaborada. E não se trata de de escolher, mas sim de ter habilidade.
(mi coracion: ler meu blogue não é saber quem eu sou, que tenho lá meu senso estético).
Pense comigo: se fosse pra eu ser bicha, eu é que daria o cu, saca? Que, assim, ao dar o cu, eu seria um bicha plena, pois assim, de quatro e recebendo a pica, eu realmente teria uma grande experiência de bicha. É o mínimo. E é deselegante confundir dedo e pau, clitóris e vagina, plástico e carne.
Meu dedo acusa, mas nem sempre vai ao fogo.
(E, mi coracion, sua coisa de recém separada é pop, mas não inteligente. Ex separada que só fala do ex marido não cola e nem colaria).
Perceber que eu sou inteligente é o mínimo de excitação que eu preciso pra beijar a sua boca vermelha. E que fique claro que sua marca de batom é bem vulgar, o que, se fosse mais esperta, saberia usar a seu favor.
A vulgaridade matemática eu também vi nos filmes: uma mulher verdadeiramente vulgar não precisa copiar os clichês pornográficos, se é que me entende.

15 de outubro de 2009

ntsqsqç

ser elegante. ter compaixão por umas tristezas que não são suas. ver o oceano. lembrar do passado sem pensar isso ou aquilo. na mesa do bar ouvir as mesmas histórias como se fosse tudo novo. sentir o eco lento do tempo batendo na carne. se empolgar com uma migalha gorda e sem sentido. punheta com alma. tédio sem culpa.
blogue, bloguinho, blogão.

14 de outubro de 2009

Então começa a decadência, lenta e implacável.
Condição de quem tá vivo e pensa. Sem pensar era mais simples: vivia apenas, mentia apenas, me bastava com as miudezas que se arranca da cartola.
Mas prefiro subir a escada e ver o monte de merda onde mergulharei. E farei o salto de olho aberto porque sou vaidoso, apenas por isso. Sinto medo, mas faço questão de deixar os olhos abertos.
Sei lá porquê. Acho que é apenas minha lógica caipira.

12 de outubro de 2009


A vida lenta e decente. Sem essa historinha de muito feliz e agora sim. Lenta, bem lenta. Sem mentir pra otários e sem tocar punheta pra desconhecidas. A paz não é um lugar ou mesmo um estado. A paz é um desejo com o qual se flerta. Flerta de flertar que aprendi com a minha vó: uma troca de olhares que NÃO QUER chegar a lugar nenhum.
Daqui a pouco um frango frito e uma voz estridente que me chama pro almoço. Estou com o peito aberto e com a cara emburrada. O whisky é um paliativo mais eficaz do que a falsa espontaneidade que só evidencia o óbvio constrangimento: é cada um na sua turma, afinal.
Não faço questão de novos amigos e não acho, como meus colegas de facebook, que a chuva atrapalhe minha vida. Lenta, decente e sem falsear alegrias passageiras. Há coisas mais importantes do que a felicidade.

11 de outubro de 2009


Eu e os milhares e todos nós.
As danças, as dancinhas e
o súbito desejo de entrar nas carnes de uma fêmea qualquer.
O inferno concentrado em 18 cm de profundidade.


10 de outubro de 2009

/\|/\


A confusão entre cu e xota
é o que mais me incomoda.

Como se fossem
apenas dois
simples buracos.
Cu é cu
e
xota é xota.

Cada um na sua
mesmo que dividindo
o mesmo espaço
aparente.

Que só confunde
cu com xota
quem ainda não decidiu.

Cu até pode ser bom
mas só a xota

a puta que pariu.
nem
sempre
é
do
que
se
trata
aquilo
que
se
usa
como
desculpa.

8 de outubro de 2009

tuin.


Estalasse os dedos
eu estava lá.
Pronto pro rapto
num belo cavalo branco.
E diria:
esquece tudo e vem comigo.


E faria promessas
que talvez nem cumprisse:
- que paro de fumar
- que beberei só aos fins de semana
- que caminharei 1 hora por dia
- que nem encosto em drogas
- que aprendo a dançar em par
- que desisto das grandiosidades pra fazer miudezas ao seu lado.

E seria tudo uma verdade completa e sincera,
dessas que entrega a alma
e que crê, assim como quem tem visões,
que o milagre está próximo
e será alcançado.

Confessaríamos pecadinhos
e você
falaria mal
de todos
que não sou eu.
E eu beijaria
seus pés
e pediria perdão
por tudo
que eu não entendia.


E a vida
seria boa e generosa
e teríamos paz
nas tardes cinzas
e chuvosas.

Minha porra e meu caralho.

-
Que falar palavrão é terapêutico e isso aprendi com minha vó. É merda velha: dia bom / dia ruim. E dias realmente estranhos como o de hoje. Acho que é culpa dos livros, dois em específico: um que fala de vermes americanos que matavam com tesão e por prazer - com direito a desenhos do mal - , e outro que fala de mitologia e da tal 'bem aventurança'.
Porra, eu sou um tipo influenciável. E nessas, to a dois dias pensando e remoendo a 'bem aventurança'. Fico na punheta de qual será a minha. E me fodo. Porque pensar isso é se foder.
Daí vem o outro livro. Até que me considero um cara que lida bem com o próprio ódio, mas ali, nesse livro que desenha e diz do tesão dos assassinos, eu me sinto mal. E me pego até perguntando, cheio de estupidez: - pra que tanto ódio, meu deus?
E noite passada eu tive vários e delirantes sonhos/pesadelos. Lá pelas 6 acordei e pensei: não posso esquecer isso que sonhei, é sonho fodão.
E claro, e como não, ao acordar tinha esquecido de tudo, menos de que tinha pensado que não deveria esquecer.
Que seja. O mundo é cheio de gracinha e dá suas voltas.
O dia inteiro pensando na 'bem aventurança' e no sonho/pesadelo que não poderia esquecer, mas esqueci.
Acontece. Dias estranhos são parte da jogada.
E segundo os livros o lance é nunca, nunca mesmo, desvendar o mistério. Deve-se dançar com ele, sarrar com ele e flertar com ele. Mas desvendá-lo, nunca.
E isso eu entendo. Acho.
-

5 de outubro de 2009

#

Pra registrar:
A gente berrava e batia palma. Estávamos todos felizes e desempenhávamos um papel. Éramos machos, gostávamos da vulgaridade e éramos, todos, beberrões.
Machos estereotipados como manda a tradição: barrigas expostas, pêlos excessivos e disputas pra ver quem fala mais alto.
Gente ensurdecida e satisfeita, alegre de estar ali, fazendo aquilo, desempenhando a farsa e a jogada de maneira quase solene.
Pra lembrar:
É necessário se isolar pra ter alguma paz. O mundo é vasto e enorme e, portanto, perturbador. A paz não é ficar em casa feliz e cantando Mutantes. É esquecer que está ali e que a vida existe. Não se trata de ter calma, mas de separar algumas horas pra ser indiferente a absolutamente tudo.
Pra seduzir:
Ver você da onde eu vejo é um puta privilégio. Fico apenas com o mel e deixo toda merda pra quem convive com você. Daqui, suas loucuras são doçuras e suas manias manifestações de charme discreto.
Como sou eu que te invento, posso afirmar sem medo de errar: - você é m-i-n-h-a.
Pra terminar:
Gosto mais de ver do que de participar. Faz tempo isso. Lembro de mim, ainda criança, fascinado pela ideia: eles não sabem o que eu penso. Eu nem tinha 9 anos e isso me parecia mais importante do que a descoberta da América. E era.
As vezes, brincando de desvendar quem eu sou, me pego vendo à mim dentro da 'linha do tempo'. É bem bom se reconhecer, perceber um tipo de coerência que só você, sendo você, pode perceber. Porque só você sabe o que fez e o que pensou ao decidir fazer aquilo enquanto os outros apenas vêem o que foi feito.

2 de outubro de 2009

peido tímido.



Meu erro é a fraqueza e nada mais. Fosse eu forte, berrava as verdades e cagava solene e satisfeito diante daqueles que não tem cu.
Ontem passei por uma sem cu dessas. Fiquei com raiva dela. Ela andava com a mesma cara azeda que eu já conhecia. Ela não é bonita nem feia, gorda nem magra, ela não é nada, além de ser sem cu.
Pensei o dia inteiro sobre ela. Pensei porque ela me irrita já que nem a conheço. Sei que é atriz, que é filha de pai e mãe famosos, e que não tem cu.
Contra ela, em minha defesa, a turma imbecil que ela anda e se acha esperta. Os sem cu fazem um barulho maior do que podemos imaginar. Mesmo que peido, jamais. No máximo um pum, ou um punzinho...
Minha arrogância é enorme e eu queria encostar nela, segurar sua cabeça e dizer: relaxa, você nunca será como seus pais, eles são melhores que você e você sabe disso. Não sofra por aquilo que não tem mais jeito.
E ela me amaria pra sempre e meu sogro e sogra seriam famosos e insuportáveis.
Meu cu teria feito a diferença. Se eu tivesse, além dele, coragem.

1 de outubro de 2009

Era bom estar ali
vendo àquelas
pessoas que se balançavam
e dançavam.
Elas estavam satisfeitas
e sorriam
de maneira simples
e sincera.
Bastavam-se em suas danças
e isso me parecia um milagre.
Elas estavam felizes e eu também.
A gente era um grupo,
uma turma,
uma galera que se conhecia
e dançava as vezes.
Era bom e simples.
Ninguém pensava no melhor dia,
na melhor foda,
no mais terrível amor
ou no dia mais triste de toda essa louca vidinha.
A gente dançava apenas,
éramos felizes porque não pensávamos em nada.
Só dança, só cervejinha, só vulgaridade despretensiosa.
Era muito bom
e não sabíamos nada de nada.
Só danças e cervejinhas,
a ciranda mais simples
dos mais primitivos macacos.
Em outras palavras:
a graça Divina
numa festinha
entre conhecidos
que conseguiam
não pensar em nada
ao mesmo tempo.
A felicidade do lado
e uma caixinha de ternura
pronta pra ser sacada.
Sem pressa,
sem saber,
sem anunciar sua chegada.
Um dia bom
pra uma vida besta,
a existência tranquila
dos sonhos possíveis.

30 de setembro de 2009

não desejo felicidade que é perda de tempo.

Se eu fosse corajoso, eu derrubava ela.
Assim: dizia todas as palavrinhas que importam e nem me importava com sua histórinha de amor. Futucava até o fim, usava minhas unhas e prometia uma coisa sincera.
Porque até minha mãe já me disse: ela realmente gosta de você!
E palavra de mãe a gente sabe: mesmo ignorando é bom escutar.
E ela é ótima e, como não?, fantástica.
Mas tenho bom senso e respeito a discrição e a elegância.
E vejo, e penso, e, vez em quando, dou uns palpites que emplacam.
Coisa boba, tipo 'solte o cabelo', 'deixe o cabelo como é', 'sim, você é bonita', e 'seu pai não é o seu marido'.
E a gente ri junto e nem temos aquele compromisso terrível e encantador que é um homem e uma mulher brincando de ser um através das carnes.
Melhor assim já que não sou corajoso e nem quero ser.
A gente se ama sem nunca falar.
E isso é de uma elegância fina e calma, dessas que se entendem sem nunca ter que usar as boas e velhas palavrinhas.
Melhor assim, eu repito.

29 de setembro de 2009

a boa e velha coerência interna.


É disso que se trata.


Ela surge e está triste e confusa. O danado do diabo já tinha um chifre, mas como o diabo é da pesada, aparece com um segundo chifre.
A merda fede e reconhecer isso é o que chamo de maturidade. E sim, e como não, e ufa, e finalmente, ela está madura. Porque nem há opção. O absoluto tá cagando pro dia à dia, pro certo e errado, pras felicidades bestas que programamos quando estamos apaixonados.
E o diabo gosta de dancinhas e desafios. Ele tem seu charme e ele cobra caro, mas oferece uma recompensa: depois do diabo, tudo será modificado.
Maturidade é também não fingir que o diabo não está ali. Porque ele está e merece ser visto. Ele é o diabo, ora pois: o filho pródigo, o bastardo, o galã sorridente e falso, a fruta da árvore proibida, etc.
Então, reconhecendo isso tudo, e já sabendo que a merda foi recentemente cagada e que federá até secar, ela está pronta pra segurar o dêmonio pelos chifres. E sem fazer de conta que os chifres não lhe queimarão a mão. Eles queimarão e deixarão suas marcas: profundas, eternas, sérias e cheias de vitalidade. Porque a vitalidade está aí e não naquele sonho besta e bonito que foi programado após uma noite de foda fantástica recheada de amor.
Ela está certa e não precisa ter medo do medo que virá. Será fatal, será profundo e, bem, acho que o tempo e a experiência lhe fizeram bem. Pra virar os velhinhos espertos que queremos ser, pra ter a plenitude possível e parar de reclamar por bobagens.
Concordamos que o que importa é ser dono de si e ter paz por não fugir. Segura seu rojão porque ele é seu e, quando precisar, toca a campanhia que tenho lá minhas históriaszinhas.

-
Trata-se apenas de andar de mãos dadas com uma garota bonita e tímida em dias de chuva.
-

***


Perdi
a
mão,
mas
enfiei
o
dedinho.

27 de setembro de 2009

Domingo no Rio de Janeiro, em dia de sol, há um euforia louca e cheia de trânsito que leva todos à praia. Vejo o trânsito do bar e penso que só mesmo uma mulher pra me carregar pra praia. As vezes tenho a impressão que todas mulheres adoram praia. E lembro de uma, que falei por meia hora, que disse não gostar dessa praia suja do RJ. E pensei que poderia casar com ela. E imaginei nós dois sempre negando as praias sujas do RJ. Seríamos perfeitos.

25 de setembro de 2009

Eu que não que eu não teria saco. Essa coisa de gostar de todo mundo é estúpido. Separar o joio do trigo pode ser uma arte. E entender que confundimos joio e trigo é parte da jogada.
Que eu é que não vou sair pra dançar pra tentar enfiar minha piroca numa buceta que é obcecada pelo próprio clitóris. Que nem daria certo, sabe? Imagina só: eu, gordo como sou, roçando naquela buceta durante a dancinha.
Era capaz de eu ejacular ali e, nesse caso, a dona do clitóris acabaria ofendida por eu não ter feito sexo oral antes de ejaculação. Melhor evitar constrangimentos, eu acho. Por isso eu não falo tudo o que eu penso. E também por isso, hoje, muito provavelmente, eu perdi a chance de enfiar minha piroca numa carninha nova. Mas dane-se que eu nem tenho a tara da carninha nova e gosto mesmo é de chover no molhado. Todo esse joguinho de sedução é sacal e, porra, não tenho idade pra acreditar em amor a primeira foda.
Sejamos francos, nem é tão surpreende assim. Carninha nova é legal, mas não faz milagres. Dá um gazinho, rende umas vantagens pra contar no boteco, um textinho de blogue, mas só isso. E olhe lá.
Então toco minha punhetinha e ouço minhas músicas enquanto sorvo meu whisky e engulo minha fumaça. Prostitutas são mais sinceras quando fingem e nem levam o próprio clitóris tão à sério. Pelo menos durante o programa. Nem brochar causa constrangimento, já que são sempre, como as boas mulheres devem ser, compreensivas.
preguiça de outra vida:
nada a fazer
além de coçar a barriga.

24 de setembro de 2009

Se eu pudesse apenas deflorar ruivas,
eu me divertiria um bocado.
O que,
em absoluto,
quer dizer que eu tenha algum fetiche especial por ruivas.

22 de setembro de 2009

cachorro, gato, galinha.

Estou idiota e insuportável.
Mais do que tudo, insuportável.
Sinto-me bem e tudo parece doce e estúpido.
Sinto-me a milhas daqui e bato palmas pra todos que não sou eu.
Estou distante e com os olhos abertos. Tenho, hoje, aquela arrogância plena de cuspir pra cima, aquele 'tanto faz' que berra foda-se em todas as ruas.
Deus é um cara quase real em dias assim.
Então lambo a mim mesmo e me preparo: compro whisky, faço gelo e, de quebra, compro uns cigarros bem finos que é só pra me lembrar, a cada tragada, que hoje, hoje sim.
É que há todo esse mundo, entende? Toda essa coisa louca da vida, de sofrer, de resmungar, de ver os dêmonios e se assustar. E isso, essa coisa toda, é a vida acontecendo. E a 'vida acontecendo' não é, e nunca foi, o ponto da existência.
E é por essas que, em dias assim, eu faço a minha cena: compro livros e álcool do bom, e até mudo prum cigarro meio viado, mas saboroso. (Isso porque estou só, pois caso tivesse uma buceta verdadeiramente doce ao meu lado, seria o caso de telefonar e dizer: vamos jantar, vamos fazer coisas, vamos gastar 300 reais em meia hora, combinado? E ela me chamaria de maluco e nos divertíramos a beça).
Porque tenho lá meus momentos e, bem, gosto de gastar minha carnezinha querida nesse planetinha imbecil que vivemos.
E isso não tem nada a ver com felicidade, mas sim de ir até o fundo dos poços. Sejam eles bons ou maus. O caso é que agora, hoje, é bom, e quando é bom, e nem sempre é bom, eu reconheço e chafurdo nessa glória que é e será tão passageira quanto são as tragédias.
É por essas que eu acho que aprendi viver e que me acho esperto. Até o fim e até a última gota. Seja de doença ou seja de cura. No fundo, no fundo, isso tanto faz.
O grande prazer ainda é sorver a última gota. E a garrafa, por sorte, ainda está cheia.
Acabou
o luto:
me sinto
pronto
pra
próxima
xota.

Não forçar a barra e ver os mortos.
-
Era eu e mais uns milhões. Nem era o caso de competir e, no fundo, eu nem queria. Gosto de entrar na briga pra ganhar - ou achando que posso ganhar. Somos macacos valentes, ora pois.
Só que aí eu cismo, sou um cara de cismas, invento um treco e esqueço que aquele treco fui eu que inventei. É difícil explicar. É estúpido explicar.
Fiquei de braços abertos e bico calado, fazendo uma puta força pra entender algo que eu mesmo havia inventado. A cabeça é um risco, estar vivo, quando se pensa no mundo, é um risco ainda maior.
E sou um tipo que pensa. Por prazer ou por tédio, tanto faz.
E cada coisa que passa. E vejo umas e em outras decido enfiar o dedo. Tem uns que mordem, outros que esquentam, etc ao infinito. Sempre um risco.
E a coisa do risco é boa. O risco, quando real, envolve sangue e queda. A gente caiu, ora pois. Somos os caras pós queda. É o risco da escolha, lembram? A coisa do éden: quando provar do fruto daquela árvore terá o conhecimento do bem e do mal, coisa que até agora, só Deus topou. Topa mesmo?
Nós topamos e, bem, temos inventado um bocado de coisa bacana e feito umas merdas também. É parte da jogada e nem há protesto pra isso.
Mas o lance é que depois de comer merda você não vai repetir a dose.
E vai, por algum tempo, se lamentar de ter comido aquilo, já que a merda tem, enfim, aspecto de merda.

21 de setembro de 2009

ww.

Gosto daquela coisa dos filmes do Wim Wenders. Um tipo de contemplação e calma que me agradam. As grandes paisagens, os silêncios soníferos, um ou outro personagem que tenta falar sobre si sem ser muito bem sucedido.
Toda vez que vejo um filme dele tenho o impulso de anotar certas frases, mas deixo quieto. Tenho lá algum controle sobre minha doença, afinal. Acho melhor assim.
E o engraçado é que, depois, nem lembro da história. Nem mesmo do nome do filme. Mas é um treco que acho bom e que não vejo sempre. Porque sei que ali tem todo um clima que nem sempre é o caso.
Hoje foi: dia de chuva, pança radiante e branca, cama quente e cérebro vazio. Eu era o cara do filme. Eu entendia tudo que ele falava e ninguém entendia.
Um prazer egoísta e sincero. Calmo como só na solidão é possível.

19 de setembro de 2009

caminho de volta.

De todas as coisas, eu escolheria a elegância.
É por aí que me esforço e é por aí que vejo sentido. Talvez seja apenas sintoma da minha curitibanice. Mas não nasci baiano, com a boa graça de deus.
Que seja.
-
Então espero uma pizza enquanto tomo a saideira no balcão. O balcão é o local do bar. Os bares, se fossem mais espertos, valorizariam isso. Um bom balcão, de gente e mármore, é o que define.
Mas nem importa.
E eu tava lá, bebericava meu copo, soltava a minha fumaça e julgava o mundo. Ah, julgar o mundo é um puta prazer, principalmente quando fazemos isso com indiferença e elegância.
Não se trata de nada de nada. É apenas ver, ver passar, notar uma mesa ou outra, um timbre de voz neurótica que se sobressai, essas coisas. Como sexo sem alma, leitura sem tesão, praia sem satisfação, essas coisas.
Simples, simples como só a solidão e o ego inflado podem ser. Vê- se, pensa ou não, fala com o atendente, mostra onde estão os canudinhos pra uma dona de coca muito desesperada.
Passa bem, passa lento, passa. Sem nada demais.
A elegância da coisa é não se alterar com coisas que não importam. (Digo isso porque acho a 'alteração' uma coisa decente, mas 'alteração' com coisa que não importa é burrice).
E volto lento pra casa carregando minha pizza. Comprimento dois que passam e sinto que também interajo com o mundo.
O mundo é isso, bom jesus. O mundo, ele mesmo, o mundo.
E estouro uma lata antes de comer e vejo que há uma tortinha de limão comprada e esquecida e acho que sou elegante e calmo.
Sinto-me bem, ora pois. Como se isso não estivesse claro.

18 de setembro de 2009

Sonho com semi desconhecidas que me esfregam suas genitálias.
Uma delas, muito novinha, se assusta quando lhe digo minha idade e que moro sozinho.
O engraçado é que, no sonho, disse a idade errada, e ainda no sonho, me toquei disso e me toquei que se eu dissesse a idade certa iria parecer mentira já que a idade certa era menor.
Mantive a mentira e acordei de pau duro. Ela queria me dar, mas tinha medo porque eu morava sozinho. Estranho.

16 de setembro de 2009

relatinho.

-
Tem que ter certo ritmo e certa elegância. Não posso exigir ternura, mas sei, e sei bem, que o quero, e desejo, é ternura. Mas mantenho meu desejo bem cuidado, nem sempre devemos por o desejo na jogada. Não por nada, mas porque já crescemos e temos lá nossa capacidade de observar. E desejo, Desejo maiúsculo, é coisa que se que cuida com ternura - não deve ser sacado a cada novo velho oeste.
-
Tenho ataques de pelanca, de mau humor e de amor. Tenho ataques, mesmo sendo discreto. Nem gente próxima saca qual ataque estou tendo. Acho que é o lance de Curitiba que me faz assim. Pode até não ser, mas é uma explicação que sempre me ajuda: sou Curitibano e espero ônibus em tubos, não tenho medo da chuva, mas prefiro não me molhar.
-
Vi esse casal alegre que andava de mãos dadas e falantes. Casal jovem e cheios de ideias. O mundo era deles e era bem bom ver aquela alegria infantil que um casal jovem têm. Tantos planos, tantas coisas. Quase só falavam porque nem ouvir o que o outro dizia precisavam. Ele devia ter 16 e ela 15. Os dois tavam de uniforme e se beijavam no meio daquela falação. Uma inocência fina e preciosa, dessas que um pai deve perceber num filho. Vontade de ser pai, concluí.
-
Ler é uma forma de organizar a loucura interna. É só disso que se trata. Claro que há merdas e pérolas pra se ler, mas, nesse caso, tanto faz. Quando fujo do que eu tenho que ler pra ler o que eu gosto de ler, sei do que to precisando.
-
Ter desconfiança é uma forma de bom senso, eu acho. Não dá pra engolir aquilo só porque fulano disse que disse. É como arrependimento. A gente se arrepende, oras. E isso não precisa, necessariamente, de explicação. O erro, nesses casos, pra mim, é achar que a desconfiança e/ou o arrependimento tem razão de ser. Porque eles não têm. Desconfiança e arrependimento é uma coisa instintiva, e não, e pelo amor de deus, produto de uma lógica racional.
-
Quando se quer escrever nem sempre dá certo. Mas, mesmo assim, a gente escreve. Insistência é virtude de monge. E monges não são pessoas boas pra noites de porre e papo. Ainda prefiro os porres e os papos.
-

15 de setembro de 2009

Eu não e não aqui.
-
Posso roer ossos incríveis, mas isso faz o que de mim? um forte? um cara com bons dentes?
Força é virtude de otário, tipo o bombadão da academia que realmente crê em seus músculos.
Músculo enorme e pau pastoso, a glória que diz: ah, sou tão verdadeiro...
Como quem acha que salvar com boas intenções justifica toda e qualquer crueldade. Hitler também queria tornar o mundo um lugar melhor, meu bem, é bom não esquecer.
(E que fique claro, bem claro, que ele, o Hitler, é apenas mais um bode expiatório entre outros.)
Que seja. Fecho minha porta com força e berro sozinho.
Paz é extravasar as loucuras e não ficar ouvindo músicas clássicas.

14 de setembro de 2009

nem todo dia deve ser santo e essa gente é chata.

ladainhas tão velhas e gastas que só mesmo com muita crença na própria imbecilidade pra suportar. e nessas de suportar se repete as perguntas imbecis que sempre se ouve por aí:
- devo resistir?
- isso é importante?
- até quando posso postar o projeto?
- as crianças tem sexo, não tem?
e vira-se noites perguntando isso como doidos burros e tristes. e todos nós dançamos juntos e em má companhia. há mais humor no mal humor, é minha regrinha de hoje.
e lá fora, bem longe, bem longe mesmo, há quem acredite que dance pra apenas se divertir.
tudo certo: eles lá e eu aqui.

13 de setembro de 2009

Aqueles olhos eram duas formigas. Grandes e perigosos.
Bunda enorme e de um marrom quase claro. Era insuportável os ver ali, boiando perto da minha cara e dizendo, assim com calma, que não havia nada pra me preocupar.
A bobinha achava que eu era um comedor de putas. Quando perguntei por que, ela respondeu a resposta das bobinhas: por causa do seu blogue.
Olhos de formiga, mas otária. Assim fica mais fácil. Qualquer farsa é aceita, qualquer extravagância é tolerada e tudo parece muito coerente e claro. Por causa do meu blogue...
De qualquer maneira as prostitutas são mais baratas e mais, muito mais, competentes.
Meu bom amigo me disse que tem um site aí, com mulheres semi decentes que é bem simples: 120 pratas pra duas horas, o local e o táxi são seus.
Mas porra, duas horas, pra esse caso, é um tempo bom demais. Acho que dá até pra fazer amor, pra se apaixonar e, por que não?, pra escolher os nomes dos rebentos.
O perigo é esse. E só os otários não acham o mundo um lugar perigoso.
E a dona dos olhos de formiga achava que o mundo era apenas um jardimzinho bem decorado onde eu, o comedor de putas, teria muitas histórias pra lhe contar.
É velho isso, mas eu repito: senta que eu conto. E bem, vamos lá, gosto de ter uma buceta pra me esfolar. Mesmo que ela seja bobinha e tenha olhos de formiga, mesmo que saia mais caro do que as semi decentes do site do meu bom amigo.
- e então?
- tenho cervejas em casa e moro perto.
- perfeito, não é?
- na verdade não, preferia que você não conhecesse minha casa.
- que absurdo.
- eu como putas, lembra?
- e daí?
- daí que quem come putas, come putas em motel, sacou?
- quer ir prum motel, é isso?
- na verdade não.
- o que quer então, poxa vida?
- quero ir pra casa e beber sozinho.
- sério?
- sério.
- que nojo. você é nojento, sabia?
- por que?
- porque é um comedor de putas, oras! já li sobre isso, homens que só conseguem comer putas!
- ...
- não vai falar nada?
- onde leu isso?
- na Claúdia, por que? sou fútil por causa disso?
- não disse isso.
- mas pensou, aposto! você é o comedor de putas mais escroto que eu já conheci...
- ...
- que cretino! fica em silêncio pra mostrar que é superior!
- não é nada disso...eu só quero...
- conheço bem o tipo. comedor de puta...
- você conhece vários comedores de puta, é isso?
- cara, você é nojento cara, nojento...
E sai com seus olhos de formiga e cheia de atitude. Na esquina ainda vi que sua boca balbuciava 'nojento'.
Preciso descobrir esse site e me arriscar menos.
O mundo é um lugar perigoso, eu repito.

12 de setembro de 2009

sobre os meus.

Cada ano mais esperto.
Fazer aniversário é isso, ver o tempo que passa é isso. Acho um desejo bem viável, e isso, sabemos, é raro em desejos.
Então seguro minha marcha e olho pros meus. Os meus são aqueles que elegi e se parecem mais entre si do que imaginava antes.
Olho pra eles e tenho certeza: estão mais espertos.
Claro que eles ainda não são gênios e que peidam sem mesmo notar. Mas eles são dos meus e eu os defendo sempre porque tenho lá minha ética.
E isso, pensar isso, viver isso e ver isso, me traz aquela calma doente de quem acredita que tá no caminho certo. E "caminho certo" não quer dizer nada, mas faz um sentido tremendo quando você fala isso na primeira pessoa.
E eu falo e os meus falam também. Com larga vantagem pra eles, que falam mais do que eu, o que nem chega a ser uma façanha.
E bebemos em boa companhia e voltamos pra casa dividindo o mesmo asfalto: um silêncio charmoso e cúmplice.
Um passo depois do outro e um sorriso que tem apenas meia boca, mas que é verdadeiramente sincero. É apenas isso, agora, que importa.
O resto é aquele estúpido escândalo do 'eu te amo' e do 'preciso de você' - com um sorriso insuportável e de boca inteira na cara.

11 de setembro de 2009

(desenho de Wolinski, do blogue do Solda Fodão)


Então havia esse idiota entre nós. Ele dizia idiotices e nós, naquelas de não rejeitar desconhecidos, ouvíamos absurdos. Idiota que se acha esperto é o pior tipo.
E ele dizia:
- mulher tem que ser limpa, mulher tem ser cheirosa, mulher tem que se depilar a cada quinze dias e ir toda semana na manicure, mulher tem que ter unhas fortes, mulher tem que ser carinhosa, mulher tem que depilar que eu não gosto de buceta peluda, mulher tem que ter orkut, mulher tem que ter msn...qual é a ID da sua irmã mesmo?
E os idiotas tem uma coisa incrível. Eles são capazes de monopolizar o papo, a cerveja, o cigarro e até o silêncio. E ele tava lá, virando assunto, mesmo que por negação:
- tem certeza que gosta de mulher?
- você é virgem, não é?
- buceta é buceta, gosta de buceta ou de depilação?
- teve alguma namorada que fazia isso?
- você acredita em felicidade e crediário, não é isso?
- assiste Faustão e a dança dos famosos?
Mas o idiota é um ser poderoso. É estranho e constrangedor. Ele vira o foco do papo mais tedioso que você já teve, e você, como carniça no sol do urubu, nem nota que já tá morto. E ele fala e fala e quando você nota, ele já foi embora, mas você ainda tá falando dele.
O idiota é um tipo inesquecível.
Éramos quatro e ele um. Perdemos feio e perdemos mal. Nem todo idiota tem irmãs e irmão, mas esse tinha. E o pobre do irmão e da irmã nem tinham culpa.
Coisa de sangue, sabe como é? Um problema.
Mas agora, com a devida distância e com alguma consciência, eu digo:
- Adorável idiota, dê esse rabo e depile ele antes do ato. Sua vaidade me diz que seu sexo é punheta e que você é burro a ponto de acreditar que uma buceta depilada é mais limpa do que uma buceta cabeluda.
- Buceta é buceta. Gosta-se ou não. E quando se gosta, gosta-se de tudo:
do cheiro, que é forte sim com a graça de Deus,
dos pêlos, que são apenas coisa pra se brincar,
da carne, que tem mais variedade de cor do que supomos pelos filmes pornográficos,
e da textura, que é o conjunto de cheiro e firmeza, e uma coisa muito difícil de explicar.
- Idiota (eu digo, e o blogue é meu) você não entende nada de buceta. E de amor, eu nem falo.
E vim pra casa num táxi, mas só hoje consigo falar sobre isso.
Idiota é um tipo que impressiona. Uma desgraça.

10 de setembro de 2009

Questão de crença e de pau duro.
-
o pau duro só faz sentido se se acredita nele e nas suas coisas. o de sempre, coisa de criança: pau grande, buceta apertada, ser bem resolvido, orgasmo como transformação, gênios inatos, sorrisos constantes e sinceros, etc.
(que nem vou aproveitar o prazer que tenho em criar listas.)
volto:
que é mais assim que a vida passa: um dia depois do outro, uma coisa aqui e outra alí, uma mentira que se sustenta, um fumar cigarros alheios, etc.
e agora, e por hora, o belo berro que só belo porque burro:
- sim e não e trezentos mil talvez. viver é não ter vez!
há quem acredite em mim, há quem acredite em fantasmas, há até quem acredite que, um dia após o outro, leve a perfeição. como se fosse uma questão de insistência e não de talento.
por mim, digo que acredito em talento e em sorte. e creio ser claro ao afirmar isso.
além disso, listas gigantes que nem faço agora.
apenas
porque
reconheço
o estúpido
prazer
do
auto-controle.

8 de setembro de 2009

Tomo um vinho branco trazido por pessoas da Nova Zelândia.
Vinho neozelandês (existe) e penso: a merda é que, sem cerveja, minha pança diminui rápida e à olhos vistos. Uma pena, uma grande pena.
Porque sou mais de cerveja e boteco. Hoje quase senti dor ao ver o Coimbra vazio e federonto. Gosto de tomar uma no balcão e outra(s) em casa. A do balcão meio que prepara o tipo de porre que terei: porre criativo, porre de ódio, porre de indiferença, porre de falar sozinho, porre de gravar minha própria voz, porre de amor, e por aí vai.
Poderia dividir minha vida em tipos de porre. Seria uma divisão que clarearia muita coisa.
Seja como for, tomo essa garrafa e me dou por satisfeito.
A pança diminui e o pau cresce. Melhor assim.

¨

Então é por aí.
Cada um com seu instinto ou seu jeito ou seu cheiro. Tanto faz.
Dar aquilo que lhe é pedido nem sempre dói. Querem carne, eu dou. Querem autoridade, eu dou. Querem minha simpatia, eu dou.
Porque dar isso é fácil e, bem, vamos lá, nesses últimos tempos tenho aprendido que nem dói dar essas coisas. É fácil. Sente-se quase bem depois. Como uma puta que trepou com um cara muito triste, muito triste mesmo, que depois da foda lhe agradece com um sorriso besta na cara.
Então era isso que eu deveria saber, não era? Há um ou dois anos atrás era isso que eu precisava saber. E se eu soubesse disso há 5 ou 6 anos atrás, meu Deus, seria terrível e eu seria um ser podre e arrogante. Arrogante mesmo, desses que maltratam garçons e socam putas. Desses que não entendem a arrogância como um sistema bem humorado pra suportar a vida.
Mas agora eu sei. E ponho minhas mangas sujas de fora e sorrio. E pergunto "como vai" e digo "que bem que tá bem" porque agora eu sei.
E aproveito, por que não?
Sou um cara de sorte, é fato. Família fina, papo reto, alma limpa e sem o medo que eu achava que eu tinha, mas não tinha. Então eu aproveito e me lambo, me lambo sim, com uma língua grande que é minha e que não quer lamber todo mundo. Lambo eu mesmo e calculo quem merece ser lambido. Sou um matemático.
Perceber os esquemas, as ondas de ódio ou de amor, olhar sem pressa, achar um pombo bonito, sorrir pra idiotas, dançar com mancos, conversar com cachorros, se comover com o mar agitado, e tudo o mais, agora eu sei.
Mas sempre, e ainda que discretamente, continuo esperando o milagre. Porque, enfim, eu sei que é ele, e só ele, que importa.

6 de setembro de 2009

apenas


um único


vexame.


achar que


a simples


presença da


abelha


rainha


causaria


enxame.

Aqui, aqui.

É uma questão de contas e não de fígado.
Mas nem sou um bom matemático
e sou dado à gracinhas:
um imbecil discreto e olhe lá.
E ainda invento que:
  • três ou dois, fica sempre pra depois.
  • sim ou não, é apenas opinião.
  • decisão é tão em baixo que nunca me encaixo.
  • sorriso bonito combina com eu acredito.
  • raiva do outro tem prazo de validade.
  • amor por si é por uma curta eternidade.
  • pra rir tem apenas que ter um dente.
  • pra ser feliz basta ser demente.
  • sofrer por prazer não é uma dor.
  • é só decidir acreditar no amor.
  • ganhar da Argentina não é placar de futebol.
  • é ter uma tarde de domingo com previsão de sol.

E ui e ai, publique agora ou nunca mais.

5 de setembro de 2009

Roendo o queijo caro que minha mãe comprou.

A vida não é uma maravilha, mas tá tudo certo. Queijo de 60 o kilo, cerveja gelada e whiskey e vinho à disposição. Nem reclamar eu posso. Uma desgraça.
Tenho um prazer imenso em reclamar, é fato. É puro prazer. E confesso que me envaideço, já que me acho esperto e capaz de reclamar através de letrinhas e peças de teatro e coisas do tipo.
E de um tempo pra cá estou nessa paixão louca pela minha solidão. Como se eu finalmente voltasse à velha forma: que é mais gorda, mas mais livre. Que traz um pensamento que é quase fetiche: não preciso de ninguém.
"Não preciso de ninguém" me soa como a ambição ideal, a liberdade objetiva e o controle possível.
(Minha mãe, inclusive, nessa breve temporada que passou aqui e comprou o queijo caro, disse se preocupar com isso, com a minha solidão. Mas mãe é mãe e se preocupa. É parte da jogada de ser mãe. Que seja.)
E olha que até tenho interagido bem. E talvez seja isso que me dê essa coisa de agora. Que é não ligar pra ninguém, não atender telefones e nem caçar fêmeas em noites de nuvem. Que essa coisa de gostar de buceta as vezes é um puta problema porque perco o critério e fico com o pinto no lixo. E, bem, como bom vaidoso que sou, não quero meu pinto na sujeira.
Então eu olho pra frente e nem me assusto. E quando olho pra trás, vejo minha vaidade gritona e minha capacidade de perder tempo em tarefas inúteis.
Por isso declaro que agora não, que agora a velha forma pançuda volta. Merda no ventilador deve ser espalhada, sorriso aberto é pra dentes quebrados e ter blogue, nessas horas, é o próprio sentido da vida.
Eu, apenas eu, sem forjar uma força estúpida que tem mais suor do que gênio.
Que ainda prefiro o gênio, mesmo que isso não esteja na liberdade ou no controle ou na ambição.
Participar do mundo é também ver as coisas. E eu vejo e, vendo, me adoro.
Melhor assim.











4 de setembro de 2009

De repente a luz aparece. Claro que ela não é como você imaginou quando estava no escuro. E esse é o lance bom de ficar mais esperto com o tempo. Ao longo dos anos você foi entendendo que as coisas não são assim, que não se modificam assim. A vida é, enfim, aquilo que vem acontecendo nos últimos anos. E, por mais triste que pareça, esse ficar mais esperto com o tempo também lhe tira aquelas coisas que pareciam ser o próprio sentido da vida: a vitalidade, a crença absurda, a tragédia sem fim, a velocidade, as atividades múltiplas, etc.
Claro que isso não quer dizer que essas coisas acabem. De vez em quando elas surgem e, bem, a gente se engana um pouquinho e revive a adolescência tardia que sempre teremos. É a obrigação mínima de quem tem sangue. E, olhe, ter sangue nem é tão simples quanto parece. Porque o sangue tem que correr e vazar. E não apenas ficar naquele círculo vicioso e monótono.
Seja como for, tudo isso porque tive esse sonho onde estava muito eufórico e surgia essa mulher do outro lado da janela que me dizia com um sorriso sincero no rosto: aproveita porque vai passar.

3 de setembro de 2009

Entrando na cabeça bem devagar uma nova idéia.

Oiés. Sim, sim. Tudo bem simples e lento.

A vida se arrastando e sendo boa.

2 de setembro de 2009

Então brinco de roda e, bem, vamos lá: devo dizer que até me divirto.
Volta e meia me pego pensando nisso: eu também me divirto nessa ciranda que sigo e que sei ser idiota.
É uma boate quando penso assim: somos vários, somos cínicos, gostamos de tudo e disfarçamos ao máximo.
Nem pecado há. E muito menos traição. Que disso eu fujo e continuarei fugindo.
Mas nesse caso é assim: quem mente anunciando que é mentiroso pode ser acusado de ter dito uma mentira?
E bem e hum e conclusão: não, nunca, jamais.
Mentir pode ser uma coisa bem honesta.
E esse era o caso: Eu tava lá compartilhando as mentiras alheias e a minha também.
Tudo certo e limpo: máscaras que se percebem a 5 m. de distância.
Fora que, e como sempre, deixar de dançar na hora certa é valorizar a dança.
A arte, e a decisão que ela implica, tem disso: saber a hora certa de sumir.

(E agora lembrei: viva o Belchior e sua elegância sincera que disse: não entendi isso, não sou uma celebridade.)
ESSAS GURIAS TODAS.

Com olhos de vidro e coração de pombo
elas passeiam por aí.
Com uma felicidade infantil,
uma bela vagina seca
e treze anos de vida sexual ativa.
E isso apenas aos 26,
elas fazem questão de dizer
lhe obrigando a fazer as contas.
*
Já moraram com 2 ou 3 caras,
mas não deu muito certo
porque, pra essas gurias,
sabe como é,
o amor sempre acaba.
*
Eternidade é um troço careta,
elas dizem.
Falar 'pra sempre' é oprimir,
elas berram
numa noite tristonha
em que você,
o gordo do bar,
foi fisgado
pra uma tarde
de fricção de carnes.
*
Mas você é você
e, bem, ser indiferente
nem é tão difícil assim.
*
Então:
roça -se as partes,
sorri -se na hora certa e
se faz um elogio vulgar
depois da ejaculação:
- você é maravilhosa.
*
De volta à vida
você lava o seu pau
com alguma vaidade
e assiste ao Fantástico
roendo uma pizza.
*
Duas tarefas pra fazer
e uma buceta que lhe dá.
Viver é simples
quando não
precisamos pensar.

31 de agosto de 2009

d.q.l.q.n.s.f.l.


É mais ou menos bom. E quando é bom é assim: fico meio vazio.
Escrever o quê? Sou limitado. E a desgraça, o ruim, me alimentam mais.
É um mundo estranho e cheio de gracinhas.
Quem sabe um dia eu consiga falar apenas de flores? Quem sabe.
Saber falar de flores sem ser babaca é difícil, difícil pacas. Nessas prefiro o outro lado, a merda generalizada que à qualquer cheiro bom, descobre o impossível.
É que sou uma criança e não lido lá muito bem com ambiguidades. Por isso prefiro os radicais. Eles me parecem mais sinceros em suas obsessões, o que, de forma alguma, quer dizer que realmente sejam.
É que os dias bestas são bons, mas são bestas. E bom, bom mesmo, é a tara profunda, o ódio explosivo ou o amor eterno.
Coisas radicais como eu disse. E elas me comovem que só.
Mas tenho lá os meus momentos e quase sempre lembro dela. Porque ontem foi o dia dela e andei com ela muito mais do que ela imagina. Porque ela achava importante o dia dela, porque ela tinha razão e tenho um prazer masoquista e saboroso de saber disso sozinho.
Pra terminar, eu penso e pergunto:
a babaquice é tão grande que mudo minha bebida pelo bem da minha pança.
e talvez caminhadas matutinas sejam mais simples do que aparentam.
e quem sabe eu comece a praticar esportes e ver menos pornografia?
e amanhã, que tal?, eu cante 'bwana, bwana' para uma nova fêmea?

27 de agosto de 2009

Então há esses dias de paz e indiferença. Dias com certa lentidão e quase tédio.
Como dormir sem sono.
E assim, nesses dias, chega um whisky novo e se vê, lá na putaquepariu, uma nova criança que habitará o mundo.
Dormir sem sono pode ser uma arte.

24 de agosto de 2009

*

A cabeça dentro e o corpo fora. Regular é a jogada. Bonita, bonitinha, mas nem tanto. A vantagem do desprezo é que nunca nos machucamos. E bem, com bastante desprezo, a gente torna todos iguais: ou muito importantes ou nada importantes.
Aquela radicalidade de fracos: o discurso bom e sem compromisso. Como quem jura amor eterno à uma puta durante a foda paga.
Eu também digo, eu também falo, eu também bato palmas quando se canta parabéns-pra-você. Somos macacos, não somos? E gostamos da tribo.
Gostamos da tribo mesmo que pra nega-lá. A jogada é a mesma, eu já disse.
Preto contra preto,
mulher contra mulher,
amores de pica e desprezo.
O mundo ainda é imenso e,
quem sabe, com alguma sorte,
junto ao suspiro final
eu solte um peido.
Ao mesmo tempo.
Em sincronia pura:
a família reunida,
a mão da mulher amada junto à minha
e o caçula com a mão no meu ombro.
Expiro e peido.
Faço a última piada
e vou direto pro ceú.



23 de agosto de 2009

Revirando as caixinhas.

Abro os arquivos, abro um livro e entorno uma cerveja. Tento ter controle sobre mim. Pra descobrir um lance aí, pra caçar a pérola no fundo do oceano. E quando eu tô nessas eu forjo um ritmo, eu me imponho um ritmo.
Gosto de toda essa cena que faço para mim mesmo. Gosto de caçar pérolas. Gosto de conversar sobre teatro com o livro da vez.
É meio que forjar pra si o próprio gênio. E não importa se ele existe ou não, se ele é mesmo genial ou apenas pretensioso. Isso não importa agora. Agora é encarar o mistério de frente, é dançar com os vampiros, é chafurdar numa merda aconchegante e inventada. Sem dor e sem medo.
Entra-se nessas porque quis. E não se entra nessas todos os dias.
É quase uma relação amorosa: você sabe que não dá pra amar o tempo inteiro e, então, nos dias de amor latente, você é todo dedicação e romance, o que é impossível de ocorrer todos os dias.
E sabemos que todos os dias não são os dias que importam.

21 de agosto de 2009

que o inverno me ajude.

A minha pança está enorme e sem controle. Devo diminuir a cervejinha e passar pra outras coisas, tipo vinho ou whisky. Minha mãe sempre me dá essa dica e, bem, mãe é mãe. E discutir com mãe é perda de tempo, embora inevitável.
O que me fode mesmo é cortar as unhas do pé. A pança lá, como uma bexiga dentro da camiseta, tornando a tarefa um milagre de torções incríveis. E pensar que já tive uma mulher que me cortava as unhas...
Vejo minha fotos e minha bela pança, mas só me incomodo mesmo pra cortar as unhas. Minha vaidade é de ser um cara inteligente que consegue enxergar o próprio pau.
Só quando não ver o meu próprio pau é que realmente ficarei preocupado. Até porque pra cortar as unhas tenho me virado.
Seja como for, devo cair dentro do whisky e do vinho, pois, mesmo só comendo salada e amendoins, a pança continua lá, retumbante e convicta, com aquele estufamento exagerado que só mesmo a divina cervejinha proporciona.