8 de outubro de 2009

tuin.


Estalasse os dedos
eu estava lá.
Pronto pro rapto
num belo cavalo branco.
E diria:
esquece tudo e vem comigo.


E faria promessas
que talvez nem cumprisse:
- que paro de fumar
- que beberei só aos fins de semana
- que caminharei 1 hora por dia
- que nem encosto em drogas
- que aprendo a dançar em par
- que desisto das grandiosidades pra fazer miudezas ao seu lado.

E seria tudo uma verdade completa e sincera,
dessas que entrega a alma
e que crê, assim como quem tem visões,
que o milagre está próximo
e será alcançado.

Confessaríamos pecadinhos
e você
falaria mal
de todos
que não sou eu.
E eu beijaria
seus pés
e pediria perdão
por tudo
que eu não entendia.


E a vida
seria boa e generosa
e teríamos paz
nas tardes cinzas
e chuvosas.

Minha porra e meu caralho.

-
Que falar palavrão é terapêutico e isso aprendi com minha vó. É merda velha: dia bom / dia ruim. E dias realmente estranhos como o de hoje. Acho que é culpa dos livros, dois em específico: um que fala de vermes americanos que matavam com tesão e por prazer - com direito a desenhos do mal - , e outro que fala de mitologia e da tal 'bem aventurança'.
Porra, eu sou um tipo influenciável. E nessas, to a dois dias pensando e remoendo a 'bem aventurança'. Fico na punheta de qual será a minha. E me fodo. Porque pensar isso é se foder.
Daí vem o outro livro. Até que me considero um cara que lida bem com o próprio ódio, mas ali, nesse livro que desenha e diz do tesão dos assassinos, eu me sinto mal. E me pego até perguntando, cheio de estupidez: - pra que tanto ódio, meu deus?
E noite passada eu tive vários e delirantes sonhos/pesadelos. Lá pelas 6 acordei e pensei: não posso esquecer isso que sonhei, é sonho fodão.
E claro, e como não, ao acordar tinha esquecido de tudo, menos de que tinha pensado que não deveria esquecer.
Que seja. O mundo é cheio de gracinha e dá suas voltas.
O dia inteiro pensando na 'bem aventurança' e no sonho/pesadelo que não poderia esquecer, mas esqueci.
Acontece. Dias estranhos são parte da jogada.
E segundo os livros o lance é nunca, nunca mesmo, desvendar o mistério. Deve-se dançar com ele, sarrar com ele e flertar com ele. Mas desvendá-lo, nunca.
E isso eu entendo. Acho.
-

5 de outubro de 2009

#

Pra registrar:
A gente berrava e batia palma. Estávamos todos felizes e desempenhávamos um papel. Éramos machos, gostávamos da vulgaridade e éramos, todos, beberrões.
Machos estereotipados como manda a tradição: barrigas expostas, pêlos excessivos e disputas pra ver quem fala mais alto.
Gente ensurdecida e satisfeita, alegre de estar ali, fazendo aquilo, desempenhando a farsa e a jogada de maneira quase solene.
Pra lembrar:
É necessário se isolar pra ter alguma paz. O mundo é vasto e enorme e, portanto, perturbador. A paz não é ficar em casa feliz e cantando Mutantes. É esquecer que está ali e que a vida existe. Não se trata de ter calma, mas de separar algumas horas pra ser indiferente a absolutamente tudo.
Pra seduzir:
Ver você da onde eu vejo é um puta privilégio. Fico apenas com o mel e deixo toda merda pra quem convive com você. Daqui, suas loucuras são doçuras e suas manias manifestações de charme discreto.
Como sou eu que te invento, posso afirmar sem medo de errar: - você é m-i-n-h-a.
Pra terminar:
Gosto mais de ver do que de participar. Faz tempo isso. Lembro de mim, ainda criança, fascinado pela ideia: eles não sabem o que eu penso. Eu nem tinha 9 anos e isso me parecia mais importante do que a descoberta da América. E era.
As vezes, brincando de desvendar quem eu sou, me pego vendo à mim dentro da 'linha do tempo'. É bem bom se reconhecer, perceber um tipo de coerência que só você, sendo você, pode perceber. Porque só você sabe o que fez e o que pensou ao decidir fazer aquilo enquanto os outros apenas vêem o que foi feito.

2 de outubro de 2009

peido tímido.



Meu erro é a fraqueza e nada mais. Fosse eu forte, berrava as verdades e cagava solene e satisfeito diante daqueles que não tem cu.
Ontem passei por uma sem cu dessas. Fiquei com raiva dela. Ela andava com a mesma cara azeda que eu já conhecia. Ela não é bonita nem feia, gorda nem magra, ela não é nada, além de ser sem cu.
Pensei o dia inteiro sobre ela. Pensei porque ela me irrita já que nem a conheço. Sei que é atriz, que é filha de pai e mãe famosos, e que não tem cu.
Contra ela, em minha defesa, a turma imbecil que ela anda e se acha esperta. Os sem cu fazem um barulho maior do que podemos imaginar. Mesmo que peido, jamais. No máximo um pum, ou um punzinho...
Minha arrogância é enorme e eu queria encostar nela, segurar sua cabeça e dizer: relaxa, você nunca será como seus pais, eles são melhores que você e você sabe disso. Não sofra por aquilo que não tem mais jeito.
E ela me amaria pra sempre e meu sogro e sogra seriam famosos e insuportáveis.
Meu cu teria feito a diferença. Se eu tivesse, além dele, coragem.

1 de outubro de 2009

Era bom estar ali
vendo àquelas
pessoas que se balançavam
e dançavam.
Elas estavam satisfeitas
e sorriam
de maneira simples
e sincera.
Bastavam-se em suas danças
e isso me parecia um milagre.
Elas estavam felizes e eu também.
A gente era um grupo,
uma turma,
uma galera que se conhecia
e dançava as vezes.
Era bom e simples.
Ninguém pensava no melhor dia,
na melhor foda,
no mais terrível amor
ou no dia mais triste de toda essa louca vidinha.
A gente dançava apenas,
éramos felizes porque não pensávamos em nada.
Só dança, só cervejinha, só vulgaridade despretensiosa.
Era muito bom
e não sabíamos nada de nada.
Só danças e cervejinhas,
a ciranda mais simples
dos mais primitivos macacos.
Em outras palavras:
a graça Divina
numa festinha
entre conhecidos
que conseguiam
não pensar em nada
ao mesmo tempo.
A felicidade do lado
e uma caixinha de ternura
pronta pra ser sacada.
Sem pressa,
sem saber,
sem anunciar sua chegada.
Um dia bom
pra uma vida besta,
a existência tranquila
dos sonhos possíveis.

30 de setembro de 2009

não desejo felicidade que é perda de tempo.

Se eu fosse corajoso, eu derrubava ela.
Assim: dizia todas as palavrinhas que importam e nem me importava com sua histórinha de amor. Futucava até o fim, usava minhas unhas e prometia uma coisa sincera.
Porque até minha mãe já me disse: ela realmente gosta de você!
E palavra de mãe a gente sabe: mesmo ignorando é bom escutar.
E ela é ótima e, como não?, fantástica.
Mas tenho bom senso e respeito a discrição e a elegância.
E vejo, e penso, e, vez em quando, dou uns palpites que emplacam.
Coisa boba, tipo 'solte o cabelo', 'deixe o cabelo como é', 'sim, você é bonita', e 'seu pai não é o seu marido'.
E a gente ri junto e nem temos aquele compromisso terrível e encantador que é um homem e uma mulher brincando de ser um através das carnes.
Melhor assim já que não sou corajoso e nem quero ser.
A gente se ama sem nunca falar.
E isso é de uma elegância fina e calma, dessas que se entendem sem nunca ter que usar as boas e velhas palavrinhas.
Melhor assim, eu repito.

29 de setembro de 2009

a boa e velha coerência interna.


É disso que se trata.


Ela surge e está triste e confusa. O danado do diabo já tinha um chifre, mas como o diabo é da pesada, aparece com um segundo chifre.
A merda fede e reconhecer isso é o que chamo de maturidade. E sim, e como não, e ufa, e finalmente, ela está madura. Porque nem há opção. O absoluto tá cagando pro dia à dia, pro certo e errado, pras felicidades bestas que programamos quando estamos apaixonados.
E o diabo gosta de dancinhas e desafios. Ele tem seu charme e ele cobra caro, mas oferece uma recompensa: depois do diabo, tudo será modificado.
Maturidade é também não fingir que o diabo não está ali. Porque ele está e merece ser visto. Ele é o diabo, ora pois: o filho pródigo, o bastardo, o galã sorridente e falso, a fruta da árvore proibida, etc.
Então, reconhecendo isso tudo, e já sabendo que a merda foi recentemente cagada e que federá até secar, ela está pronta pra segurar o dêmonio pelos chifres. E sem fazer de conta que os chifres não lhe queimarão a mão. Eles queimarão e deixarão suas marcas: profundas, eternas, sérias e cheias de vitalidade. Porque a vitalidade está aí e não naquele sonho besta e bonito que foi programado após uma noite de foda fantástica recheada de amor.
Ela está certa e não precisa ter medo do medo que virá. Será fatal, será profundo e, bem, acho que o tempo e a experiência lhe fizeram bem. Pra virar os velhinhos espertos que queremos ser, pra ter a plenitude possível e parar de reclamar por bobagens.
Concordamos que o que importa é ser dono de si e ter paz por não fugir. Segura seu rojão porque ele é seu e, quando precisar, toca a campanhia que tenho lá minhas históriaszinhas.

-
Trata-se apenas de andar de mãos dadas com uma garota bonita e tímida em dias de chuva.
-

***


Perdi
a
mão,
mas
enfiei
o
dedinho.

27 de setembro de 2009

Domingo no Rio de Janeiro, em dia de sol, há um euforia louca e cheia de trânsito que leva todos à praia. Vejo o trânsito do bar e penso que só mesmo uma mulher pra me carregar pra praia. As vezes tenho a impressão que todas mulheres adoram praia. E lembro de uma, que falei por meia hora, que disse não gostar dessa praia suja do RJ. E pensei que poderia casar com ela. E imaginei nós dois sempre negando as praias sujas do RJ. Seríamos perfeitos.

25 de setembro de 2009

Eu que não que eu não teria saco. Essa coisa de gostar de todo mundo é estúpido. Separar o joio do trigo pode ser uma arte. E entender que confundimos joio e trigo é parte da jogada.
Que eu é que não vou sair pra dançar pra tentar enfiar minha piroca numa buceta que é obcecada pelo próprio clitóris. Que nem daria certo, sabe? Imagina só: eu, gordo como sou, roçando naquela buceta durante a dancinha.
Era capaz de eu ejacular ali e, nesse caso, a dona do clitóris acabaria ofendida por eu não ter feito sexo oral antes de ejaculação. Melhor evitar constrangimentos, eu acho. Por isso eu não falo tudo o que eu penso. E também por isso, hoje, muito provavelmente, eu perdi a chance de enfiar minha piroca numa carninha nova. Mas dane-se que eu nem tenho a tara da carninha nova e gosto mesmo é de chover no molhado. Todo esse joguinho de sedução é sacal e, porra, não tenho idade pra acreditar em amor a primeira foda.
Sejamos francos, nem é tão surpreende assim. Carninha nova é legal, mas não faz milagres. Dá um gazinho, rende umas vantagens pra contar no boteco, um textinho de blogue, mas só isso. E olhe lá.
Então toco minha punhetinha e ouço minhas músicas enquanto sorvo meu whisky e engulo minha fumaça. Prostitutas são mais sinceras quando fingem e nem levam o próprio clitóris tão à sério. Pelo menos durante o programa. Nem brochar causa constrangimento, já que são sempre, como as boas mulheres devem ser, compreensivas.
preguiça de outra vida:
nada a fazer
além de coçar a barriga.

24 de setembro de 2009

Se eu pudesse apenas deflorar ruivas,
eu me divertiria um bocado.
O que,
em absoluto,
quer dizer que eu tenha algum fetiche especial por ruivas.

22 de setembro de 2009

cachorro, gato, galinha.

Estou idiota e insuportável.
Mais do que tudo, insuportável.
Sinto-me bem e tudo parece doce e estúpido.
Sinto-me a milhas daqui e bato palmas pra todos que não sou eu.
Estou distante e com os olhos abertos. Tenho, hoje, aquela arrogância plena de cuspir pra cima, aquele 'tanto faz' que berra foda-se em todas as ruas.
Deus é um cara quase real em dias assim.
Então lambo a mim mesmo e me preparo: compro whisky, faço gelo e, de quebra, compro uns cigarros bem finos que é só pra me lembrar, a cada tragada, que hoje, hoje sim.
É que há todo esse mundo, entende? Toda essa coisa louca da vida, de sofrer, de resmungar, de ver os dêmonios e se assustar. E isso, essa coisa toda, é a vida acontecendo. E a 'vida acontecendo' não é, e nunca foi, o ponto da existência.
E é por essas que, em dias assim, eu faço a minha cena: compro livros e álcool do bom, e até mudo prum cigarro meio viado, mas saboroso. (Isso porque estou só, pois caso tivesse uma buceta verdadeiramente doce ao meu lado, seria o caso de telefonar e dizer: vamos jantar, vamos fazer coisas, vamos gastar 300 reais em meia hora, combinado? E ela me chamaria de maluco e nos divertíramos a beça).
Porque tenho lá meus momentos e, bem, gosto de gastar minha carnezinha querida nesse planetinha imbecil que vivemos.
E isso não tem nada a ver com felicidade, mas sim de ir até o fundo dos poços. Sejam eles bons ou maus. O caso é que agora, hoje, é bom, e quando é bom, e nem sempre é bom, eu reconheço e chafurdo nessa glória que é e será tão passageira quanto são as tragédias.
É por essas que eu acho que aprendi viver e que me acho esperto. Até o fim e até a última gota. Seja de doença ou seja de cura. No fundo, no fundo, isso tanto faz.
O grande prazer ainda é sorver a última gota. E a garrafa, por sorte, ainda está cheia.
Acabou
o luto:
me sinto
pronto
pra
próxima
xota.

Não forçar a barra e ver os mortos.
-
Era eu e mais uns milhões. Nem era o caso de competir e, no fundo, eu nem queria. Gosto de entrar na briga pra ganhar - ou achando que posso ganhar. Somos macacos valentes, ora pois.
Só que aí eu cismo, sou um cara de cismas, invento um treco e esqueço que aquele treco fui eu que inventei. É difícil explicar. É estúpido explicar.
Fiquei de braços abertos e bico calado, fazendo uma puta força pra entender algo que eu mesmo havia inventado. A cabeça é um risco, estar vivo, quando se pensa no mundo, é um risco ainda maior.
E sou um tipo que pensa. Por prazer ou por tédio, tanto faz.
E cada coisa que passa. E vejo umas e em outras decido enfiar o dedo. Tem uns que mordem, outros que esquentam, etc ao infinito. Sempre um risco.
E a coisa do risco é boa. O risco, quando real, envolve sangue e queda. A gente caiu, ora pois. Somos os caras pós queda. É o risco da escolha, lembram? A coisa do éden: quando provar do fruto daquela árvore terá o conhecimento do bem e do mal, coisa que até agora, só Deus topou. Topa mesmo?
Nós topamos e, bem, temos inventado um bocado de coisa bacana e feito umas merdas também. É parte da jogada e nem há protesto pra isso.
Mas o lance é que depois de comer merda você não vai repetir a dose.
E vai, por algum tempo, se lamentar de ter comido aquilo, já que a merda tem, enfim, aspecto de merda.

21 de setembro de 2009

ww.

Gosto daquela coisa dos filmes do Wim Wenders. Um tipo de contemplação e calma que me agradam. As grandes paisagens, os silêncios soníferos, um ou outro personagem que tenta falar sobre si sem ser muito bem sucedido.
Toda vez que vejo um filme dele tenho o impulso de anotar certas frases, mas deixo quieto. Tenho lá algum controle sobre minha doença, afinal. Acho melhor assim.
E o engraçado é que, depois, nem lembro da história. Nem mesmo do nome do filme. Mas é um treco que acho bom e que não vejo sempre. Porque sei que ali tem todo um clima que nem sempre é o caso.
Hoje foi: dia de chuva, pança radiante e branca, cama quente e cérebro vazio. Eu era o cara do filme. Eu entendia tudo que ele falava e ninguém entendia.
Um prazer egoísta e sincero. Calmo como só na solidão é possível.

19 de setembro de 2009

caminho de volta.

De todas as coisas, eu escolheria a elegância.
É por aí que me esforço e é por aí que vejo sentido. Talvez seja apenas sintoma da minha curitibanice. Mas não nasci baiano, com a boa graça de deus.
Que seja.
-
Então espero uma pizza enquanto tomo a saideira no balcão. O balcão é o local do bar. Os bares, se fossem mais espertos, valorizariam isso. Um bom balcão, de gente e mármore, é o que define.
Mas nem importa.
E eu tava lá, bebericava meu copo, soltava a minha fumaça e julgava o mundo. Ah, julgar o mundo é um puta prazer, principalmente quando fazemos isso com indiferença e elegância.
Não se trata de nada de nada. É apenas ver, ver passar, notar uma mesa ou outra, um timbre de voz neurótica que se sobressai, essas coisas. Como sexo sem alma, leitura sem tesão, praia sem satisfação, essas coisas.
Simples, simples como só a solidão e o ego inflado podem ser. Vê- se, pensa ou não, fala com o atendente, mostra onde estão os canudinhos pra uma dona de coca muito desesperada.
Passa bem, passa lento, passa. Sem nada demais.
A elegância da coisa é não se alterar com coisas que não importam. (Digo isso porque acho a 'alteração' uma coisa decente, mas 'alteração' com coisa que não importa é burrice).
E volto lento pra casa carregando minha pizza. Comprimento dois que passam e sinto que também interajo com o mundo.
O mundo é isso, bom jesus. O mundo, ele mesmo, o mundo.
E estouro uma lata antes de comer e vejo que há uma tortinha de limão comprada e esquecida e acho que sou elegante e calmo.
Sinto-me bem, ora pois. Como se isso não estivesse claro.

18 de setembro de 2009

Sonho com semi desconhecidas que me esfregam suas genitálias.
Uma delas, muito novinha, se assusta quando lhe digo minha idade e que moro sozinho.
O engraçado é que, no sonho, disse a idade errada, e ainda no sonho, me toquei disso e me toquei que se eu dissesse a idade certa iria parecer mentira já que a idade certa era menor.
Mantive a mentira e acordei de pau duro. Ela queria me dar, mas tinha medo porque eu morava sozinho. Estranho.

16 de setembro de 2009

relatinho.

-
Tem que ter certo ritmo e certa elegância. Não posso exigir ternura, mas sei, e sei bem, que o quero, e desejo, é ternura. Mas mantenho meu desejo bem cuidado, nem sempre devemos por o desejo na jogada. Não por nada, mas porque já crescemos e temos lá nossa capacidade de observar. E desejo, Desejo maiúsculo, é coisa que se que cuida com ternura - não deve ser sacado a cada novo velho oeste.
-
Tenho ataques de pelanca, de mau humor e de amor. Tenho ataques, mesmo sendo discreto. Nem gente próxima saca qual ataque estou tendo. Acho que é o lance de Curitiba que me faz assim. Pode até não ser, mas é uma explicação que sempre me ajuda: sou Curitibano e espero ônibus em tubos, não tenho medo da chuva, mas prefiro não me molhar.
-
Vi esse casal alegre que andava de mãos dadas e falantes. Casal jovem e cheios de ideias. O mundo era deles e era bem bom ver aquela alegria infantil que um casal jovem têm. Tantos planos, tantas coisas. Quase só falavam porque nem ouvir o que o outro dizia precisavam. Ele devia ter 16 e ela 15. Os dois tavam de uniforme e se beijavam no meio daquela falação. Uma inocência fina e preciosa, dessas que um pai deve perceber num filho. Vontade de ser pai, concluí.
-
Ler é uma forma de organizar a loucura interna. É só disso que se trata. Claro que há merdas e pérolas pra se ler, mas, nesse caso, tanto faz. Quando fujo do que eu tenho que ler pra ler o que eu gosto de ler, sei do que to precisando.
-
Ter desconfiança é uma forma de bom senso, eu acho. Não dá pra engolir aquilo só porque fulano disse que disse. É como arrependimento. A gente se arrepende, oras. E isso não precisa, necessariamente, de explicação. O erro, nesses casos, pra mim, é achar que a desconfiança e/ou o arrependimento tem razão de ser. Porque eles não têm. Desconfiança e arrependimento é uma coisa instintiva, e não, e pelo amor de deus, produto de uma lógica racional.
-
Quando se quer escrever nem sempre dá certo. Mas, mesmo assim, a gente escreve. Insistência é virtude de monge. E monges não são pessoas boas pra noites de porre e papo. Ainda prefiro os porres e os papos.
-

15 de setembro de 2009

Eu não e não aqui.
-
Posso roer ossos incríveis, mas isso faz o que de mim? um forte? um cara com bons dentes?
Força é virtude de otário, tipo o bombadão da academia que realmente crê em seus músculos.
Músculo enorme e pau pastoso, a glória que diz: ah, sou tão verdadeiro...
Como quem acha que salvar com boas intenções justifica toda e qualquer crueldade. Hitler também queria tornar o mundo um lugar melhor, meu bem, é bom não esquecer.
(E que fique claro, bem claro, que ele, o Hitler, é apenas mais um bode expiatório entre outros.)
Que seja. Fecho minha porta com força e berro sozinho.
Paz é extravasar as loucuras e não ficar ouvindo músicas clássicas.

14 de setembro de 2009

nem todo dia deve ser santo e essa gente é chata.

ladainhas tão velhas e gastas que só mesmo com muita crença na própria imbecilidade pra suportar. e nessas de suportar se repete as perguntas imbecis que sempre se ouve por aí:
- devo resistir?
- isso é importante?
- até quando posso postar o projeto?
- as crianças tem sexo, não tem?
e vira-se noites perguntando isso como doidos burros e tristes. e todos nós dançamos juntos e em má companhia. há mais humor no mal humor, é minha regrinha de hoje.
e lá fora, bem longe, bem longe mesmo, há quem acredite que dance pra apenas se divertir.
tudo certo: eles lá e eu aqui.

13 de setembro de 2009

Aqueles olhos eram duas formigas. Grandes e perigosos.
Bunda enorme e de um marrom quase claro. Era insuportável os ver ali, boiando perto da minha cara e dizendo, assim com calma, que não havia nada pra me preocupar.
A bobinha achava que eu era um comedor de putas. Quando perguntei por que, ela respondeu a resposta das bobinhas: por causa do seu blogue.
Olhos de formiga, mas otária. Assim fica mais fácil. Qualquer farsa é aceita, qualquer extravagância é tolerada e tudo parece muito coerente e claro. Por causa do meu blogue...
De qualquer maneira as prostitutas são mais baratas e mais, muito mais, competentes.
Meu bom amigo me disse que tem um site aí, com mulheres semi decentes que é bem simples: 120 pratas pra duas horas, o local e o táxi são seus.
Mas porra, duas horas, pra esse caso, é um tempo bom demais. Acho que dá até pra fazer amor, pra se apaixonar e, por que não?, pra escolher os nomes dos rebentos.
O perigo é esse. E só os otários não acham o mundo um lugar perigoso.
E a dona dos olhos de formiga achava que o mundo era apenas um jardimzinho bem decorado onde eu, o comedor de putas, teria muitas histórias pra lhe contar.
É velho isso, mas eu repito: senta que eu conto. E bem, vamos lá, gosto de ter uma buceta pra me esfolar. Mesmo que ela seja bobinha e tenha olhos de formiga, mesmo que saia mais caro do que as semi decentes do site do meu bom amigo.
- e então?
- tenho cervejas em casa e moro perto.
- perfeito, não é?
- na verdade não, preferia que você não conhecesse minha casa.
- que absurdo.
- eu como putas, lembra?
- e daí?
- daí que quem come putas, come putas em motel, sacou?
- quer ir prum motel, é isso?
- na verdade não.
- o que quer então, poxa vida?
- quero ir pra casa e beber sozinho.
- sério?
- sério.
- que nojo. você é nojento, sabia?
- por que?
- porque é um comedor de putas, oras! já li sobre isso, homens que só conseguem comer putas!
- ...
- não vai falar nada?
- onde leu isso?
- na Claúdia, por que? sou fútil por causa disso?
- não disse isso.
- mas pensou, aposto! você é o comedor de putas mais escroto que eu já conheci...
- ...
- que cretino! fica em silêncio pra mostrar que é superior!
- não é nada disso...eu só quero...
- conheço bem o tipo. comedor de puta...
- você conhece vários comedores de puta, é isso?
- cara, você é nojento cara, nojento...
E sai com seus olhos de formiga e cheia de atitude. Na esquina ainda vi que sua boca balbuciava 'nojento'.
Preciso descobrir esse site e me arriscar menos.
O mundo é um lugar perigoso, eu repito.

12 de setembro de 2009

sobre os meus.

Cada ano mais esperto.
Fazer aniversário é isso, ver o tempo que passa é isso. Acho um desejo bem viável, e isso, sabemos, é raro em desejos.
Então seguro minha marcha e olho pros meus. Os meus são aqueles que elegi e se parecem mais entre si do que imaginava antes.
Olho pra eles e tenho certeza: estão mais espertos.
Claro que eles ainda não são gênios e que peidam sem mesmo notar. Mas eles são dos meus e eu os defendo sempre porque tenho lá minha ética.
E isso, pensar isso, viver isso e ver isso, me traz aquela calma doente de quem acredita que tá no caminho certo. E "caminho certo" não quer dizer nada, mas faz um sentido tremendo quando você fala isso na primeira pessoa.
E eu falo e os meus falam também. Com larga vantagem pra eles, que falam mais do que eu, o que nem chega a ser uma façanha.
E bebemos em boa companhia e voltamos pra casa dividindo o mesmo asfalto: um silêncio charmoso e cúmplice.
Um passo depois do outro e um sorriso que tem apenas meia boca, mas que é verdadeiramente sincero. É apenas isso, agora, que importa.
O resto é aquele estúpido escândalo do 'eu te amo' e do 'preciso de você' - com um sorriso insuportável e de boca inteira na cara.

11 de setembro de 2009

(desenho de Wolinski, do blogue do Solda Fodão)


Então havia esse idiota entre nós. Ele dizia idiotices e nós, naquelas de não rejeitar desconhecidos, ouvíamos absurdos. Idiota que se acha esperto é o pior tipo.
E ele dizia:
- mulher tem que ser limpa, mulher tem ser cheirosa, mulher tem que se depilar a cada quinze dias e ir toda semana na manicure, mulher tem que ter unhas fortes, mulher tem que ser carinhosa, mulher tem que depilar que eu não gosto de buceta peluda, mulher tem que ter orkut, mulher tem que ter msn...qual é a ID da sua irmã mesmo?
E os idiotas tem uma coisa incrível. Eles são capazes de monopolizar o papo, a cerveja, o cigarro e até o silêncio. E ele tava lá, virando assunto, mesmo que por negação:
- tem certeza que gosta de mulher?
- você é virgem, não é?
- buceta é buceta, gosta de buceta ou de depilação?
- teve alguma namorada que fazia isso?
- você acredita em felicidade e crediário, não é isso?
- assiste Faustão e a dança dos famosos?
Mas o idiota é um ser poderoso. É estranho e constrangedor. Ele vira o foco do papo mais tedioso que você já teve, e você, como carniça no sol do urubu, nem nota que já tá morto. E ele fala e fala e quando você nota, ele já foi embora, mas você ainda tá falando dele.
O idiota é um tipo inesquecível.
Éramos quatro e ele um. Perdemos feio e perdemos mal. Nem todo idiota tem irmãs e irmão, mas esse tinha. E o pobre do irmão e da irmã nem tinham culpa.
Coisa de sangue, sabe como é? Um problema.
Mas agora, com a devida distância e com alguma consciência, eu digo:
- Adorável idiota, dê esse rabo e depile ele antes do ato. Sua vaidade me diz que seu sexo é punheta e que você é burro a ponto de acreditar que uma buceta depilada é mais limpa do que uma buceta cabeluda.
- Buceta é buceta. Gosta-se ou não. E quando se gosta, gosta-se de tudo:
do cheiro, que é forte sim com a graça de Deus,
dos pêlos, que são apenas coisa pra se brincar,
da carne, que tem mais variedade de cor do que supomos pelos filmes pornográficos,
e da textura, que é o conjunto de cheiro e firmeza, e uma coisa muito difícil de explicar.
- Idiota (eu digo, e o blogue é meu) você não entende nada de buceta. E de amor, eu nem falo.
E vim pra casa num táxi, mas só hoje consigo falar sobre isso.
Idiota é um tipo que impressiona. Uma desgraça.

10 de setembro de 2009

Questão de crença e de pau duro.
-
o pau duro só faz sentido se se acredita nele e nas suas coisas. o de sempre, coisa de criança: pau grande, buceta apertada, ser bem resolvido, orgasmo como transformação, gênios inatos, sorrisos constantes e sinceros, etc.
(que nem vou aproveitar o prazer que tenho em criar listas.)
volto:
que é mais assim que a vida passa: um dia depois do outro, uma coisa aqui e outra alí, uma mentira que se sustenta, um fumar cigarros alheios, etc.
e agora, e por hora, o belo berro que só belo porque burro:
- sim e não e trezentos mil talvez. viver é não ter vez!
há quem acredite em mim, há quem acredite em fantasmas, há até quem acredite que, um dia após o outro, leve a perfeição. como se fosse uma questão de insistência e não de talento.
por mim, digo que acredito em talento e em sorte. e creio ser claro ao afirmar isso.
além disso, listas gigantes que nem faço agora.
apenas
porque
reconheço
o estúpido
prazer
do
auto-controle.

8 de setembro de 2009

Tomo um vinho branco trazido por pessoas da Nova Zelândia.
Vinho neozelandês (existe) e penso: a merda é que, sem cerveja, minha pança diminui rápida e à olhos vistos. Uma pena, uma grande pena.
Porque sou mais de cerveja e boteco. Hoje quase senti dor ao ver o Coimbra vazio e federonto. Gosto de tomar uma no balcão e outra(s) em casa. A do balcão meio que prepara o tipo de porre que terei: porre criativo, porre de ódio, porre de indiferença, porre de falar sozinho, porre de gravar minha própria voz, porre de amor, e por aí vai.
Poderia dividir minha vida em tipos de porre. Seria uma divisão que clarearia muita coisa.
Seja como for, tomo essa garrafa e me dou por satisfeito.
A pança diminui e o pau cresce. Melhor assim.

¨

Então é por aí.
Cada um com seu instinto ou seu jeito ou seu cheiro. Tanto faz.
Dar aquilo que lhe é pedido nem sempre dói. Querem carne, eu dou. Querem autoridade, eu dou. Querem minha simpatia, eu dou.
Porque dar isso é fácil e, bem, vamos lá, nesses últimos tempos tenho aprendido que nem dói dar essas coisas. É fácil. Sente-se quase bem depois. Como uma puta que trepou com um cara muito triste, muito triste mesmo, que depois da foda lhe agradece com um sorriso besta na cara.
Então era isso que eu deveria saber, não era? Há um ou dois anos atrás era isso que eu precisava saber. E se eu soubesse disso há 5 ou 6 anos atrás, meu Deus, seria terrível e eu seria um ser podre e arrogante. Arrogante mesmo, desses que maltratam garçons e socam putas. Desses que não entendem a arrogância como um sistema bem humorado pra suportar a vida.
Mas agora eu sei. E ponho minhas mangas sujas de fora e sorrio. E pergunto "como vai" e digo "que bem que tá bem" porque agora eu sei.
E aproveito, por que não?
Sou um cara de sorte, é fato. Família fina, papo reto, alma limpa e sem o medo que eu achava que eu tinha, mas não tinha. Então eu aproveito e me lambo, me lambo sim, com uma língua grande que é minha e que não quer lamber todo mundo. Lambo eu mesmo e calculo quem merece ser lambido. Sou um matemático.
Perceber os esquemas, as ondas de ódio ou de amor, olhar sem pressa, achar um pombo bonito, sorrir pra idiotas, dançar com mancos, conversar com cachorros, se comover com o mar agitado, e tudo o mais, agora eu sei.
Mas sempre, e ainda que discretamente, continuo esperando o milagre. Porque, enfim, eu sei que é ele, e só ele, que importa.

6 de setembro de 2009

apenas


um único


vexame.


achar que


a simples


presença da


abelha


rainha


causaria


enxame.

Aqui, aqui.

É uma questão de contas e não de fígado.
Mas nem sou um bom matemático
e sou dado à gracinhas:
um imbecil discreto e olhe lá.
E ainda invento que:
  • três ou dois, fica sempre pra depois.
  • sim ou não, é apenas opinião.
  • decisão é tão em baixo que nunca me encaixo.
  • sorriso bonito combina com eu acredito.
  • raiva do outro tem prazo de validade.
  • amor por si é por uma curta eternidade.
  • pra rir tem apenas que ter um dente.
  • pra ser feliz basta ser demente.
  • sofrer por prazer não é uma dor.
  • é só decidir acreditar no amor.
  • ganhar da Argentina não é placar de futebol.
  • é ter uma tarde de domingo com previsão de sol.

E ui e ai, publique agora ou nunca mais.

5 de setembro de 2009

Roendo o queijo caro que minha mãe comprou.

A vida não é uma maravilha, mas tá tudo certo. Queijo de 60 o kilo, cerveja gelada e whiskey e vinho à disposição. Nem reclamar eu posso. Uma desgraça.
Tenho um prazer imenso em reclamar, é fato. É puro prazer. E confesso que me envaideço, já que me acho esperto e capaz de reclamar através de letrinhas e peças de teatro e coisas do tipo.
E de um tempo pra cá estou nessa paixão louca pela minha solidão. Como se eu finalmente voltasse à velha forma: que é mais gorda, mas mais livre. Que traz um pensamento que é quase fetiche: não preciso de ninguém.
"Não preciso de ninguém" me soa como a ambição ideal, a liberdade objetiva e o controle possível.
(Minha mãe, inclusive, nessa breve temporada que passou aqui e comprou o queijo caro, disse se preocupar com isso, com a minha solidão. Mas mãe é mãe e se preocupa. É parte da jogada de ser mãe. Que seja.)
E olha que até tenho interagido bem. E talvez seja isso que me dê essa coisa de agora. Que é não ligar pra ninguém, não atender telefones e nem caçar fêmeas em noites de nuvem. Que essa coisa de gostar de buceta as vezes é um puta problema porque perco o critério e fico com o pinto no lixo. E, bem, como bom vaidoso que sou, não quero meu pinto na sujeira.
Então eu olho pra frente e nem me assusto. E quando olho pra trás, vejo minha vaidade gritona e minha capacidade de perder tempo em tarefas inúteis.
Por isso declaro que agora não, que agora a velha forma pançuda volta. Merda no ventilador deve ser espalhada, sorriso aberto é pra dentes quebrados e ter blogue, nessas horas, é o próprio sentido da vida.
Eu, apenas eu, sem forjar uma força estúpida que tem mais suor do que gênio.
Que ainda prefiro o gênio, mesmo que isso não esteja na liberdade ou no controle ou na ambição.
Participar do mundo é também ver as coisas. E eu vejo e, vendo, me adoro.
Melhor assim.











4 de setembro de 2009

De repente a luz aparece. Claro que ela não é como você imaginou quando estava no escuro. E esse é o lance bom de ficar mais esperto com o tempo. Ao longo dos anos você foi entendendo que as coisas não são assim, que não se modificam assim. A vida é, enfim, aquilo que vem acontecendo nos últimos anos. E, por mais triste que pareça, esse ficar mais esperto com o tempo também lhe tira aquelas coisas que pareciam ser o próprio sentido da vida: a vitalidade, a crença absurda, a tragédia sem fim, a velocidade, as atividades múltiplas, etc.
Claro que isso não quer dizer que essas coisas acabem. De vez em quando elas surgem e, bem, a gente se engana um pouquinho e revive a adolescência tardia que sempre teremos. É a obrigação mínima de quem tem sangue. E, olhe, ter sangue nem é tão simples quanto parece. Porque o sangue tem que correr e vazar. E não apenas ficar naquele círculo vicioso e monótono.
Seja como for, tudo isso porque tive esse sonho onde estava muito eufórico e surgia essa mulher do outro lado da janela que me dizia com um sorriso sincero no rosto: aproveita porque vai passar.

3 de setembro de 2009

Entrando na cabeça bem devagar uma nova idéia.

Oiés. Sim, sim. Tudo bem simples e lento.

A vida se arrastando e sendo boa.

2 de setembro de 2009

Então brinco de roda e, bem, vamos lá: devo dizer que até me divirto.
Volta e meia me pego pensando nisso: eu também me divirto nessa ciranda que sigo e que sei ser idiota.
É uma boate quando penso assim: somos vários, somos cínicos, gostamos de tudo e disfarçamos ao máximo.
Nem pecado há. E muito menos traição. Que disso eu fujo e continuarei fugindo.
Mas nesse caso é assim: quem mente anunciando que é mentiroso pode ser acusado de ter dito uma mentira?
E bem e hum e conclusão: não, nunca, jamais.
Mentir pode ser uma coisa bem honesta.
E esse era o caso: Eu tava lá compartilhando as mentiras alheias e a minha também.
Tudo certo e limpo: máscaras que se percebem a 5 m. de distância.
Fora que, e como sempre, deixar de dançar na hora certa é valorizar a dança.
A arte, e a decisão que ela implica, tem disso: saber a hora certa de sumir.

(E agora lembrei: viva o Belchior e sua elegância sincera que disse: não entendi isso, não sou uma celebridade.)
ESSAS GURIAS TODAS.

Com olhos de vidro e coração de pombo
elas passeiam por aí.
Com uma felicidade infantil,
uma bela vagina seca
e treze anos de vida sexual ativa.
E isso apenas aos 26,
elas fazem questão de dizer
lhe obrigando a fazer as contas.
*
Já moraram com 2 ou 3 caras,
mas não deu muito certo
porque, pra essas gurias,
sabe como é,
o amor sempre acaba.
*
Eternidade é um troço careta,
elas dizem.
Falar 'pra sempre' é oprimir,
elas berram
numa noite tristonha
em que você,
o gordo do bar,
foi fisgado
pra uma tarde
de fricção de carnes.
*
Mas você é você
e, bem, ser indiferente
nem é tão difícil assim.
*
Então:
roça -se as partes,
sorri -se na hora certa e
se faz um elogio vulgar
depois da ejaculação:
- você é maravilhosa.
*
De volta à vida
você lava o seu pau
com alguma vaidade
e assiste ao Fantástico
roendo uma pizza.
*
Duas tarefas pra fazer
e uma buceta que lhe dá.
Viver é simples
quando não
precisamos pensar.

31 de agosto de 2009

d.q.l.q.n.s.f.l.


É mais ou menos bom. E quando é bom é assim: fico meio vazio.
Escrever o quê? Sou limitado. E a desgraça, o ruim, me alimentam mais.
É um mundo estranho e cheio de gracinhas.
Quem sabe um dia eu consiga falar apenas de flores? Quem sabe.
Saber falar de flores sem ser babaca é difícil, difícil pacas. Nessas prefiro o outro lado, a merda generalizada que à qualquer cheiro bom, descobre o impossível.
É que sou uma criança e não lido lá muito bem com ambiguidades. Por isso prefiro os radicais. Eles me parecem mais sinceros em suas obsessões, o que, de forma alguma, quer dizer que realmente sejam.
É que os dias bestas são bons, mas são bestas. E bom, bom mesmo, é a tara profunda, o ódio explosivo ou o amor eterno.
Coisas radicais como eu disse. E elas me comovem que só.
Mas tenho lá os meus momentos e quase sempre lembro dela. Porque ontem foi o dia dela e andei com ela muito mais do que ela imagina. Porque ela achava importante o dia dela, porque ela tinha razão e tenho um prazer masoquista e saboroso de saber disso sozinho.
Pra terminar, eu penso e pergunto:
a babaquice é tão grande que mudo minha bebida pelo bem da minha pança.
e talvez caminhadas matutinas sejam mais simples do que aparentam.
e quem sabe eu comece a praticar esportes e ver menos pornografia?
e amanhã, que tal?, eu cante 'bwana, bwana' para uma nova fêmea?

27 de agosto de 2009

Então há esses dias de paz e indiferença. Dias com certa lentidão e quase tédio.
Como dormir sem sono.
E assim, nesses dias, chega um whisky novo e se vê, lá na putaquepariu, uma nova criança que habitará o mundo.
Dormir sem sono pode ser uma arte.

24 de agosto de 2009

*

A cabeça dentro e o corpo fora. Regular é a jogada. Bonita, bonitinha, mas nem tanto. A vantagem do desprezo é que nunca nos machucamos. E bem, com bastante desprezo, a gente torna todos iguais: ou muito importantes ou nada importantes.
Aquela radicalidade de fracos: o discurso bom e sem compromisso. Como quem jura amor eterno à uma puta durante a foda paga.
Eu também digo, eu também falo, eu também bato palmas quando se canta parabéns-pra-você. Somos macacos, não somos? E gostamos da tribo.
Gostamos da tribo mesmo que pra nega-lá. A jogada é a mesma, eu já disse.
Preto contra preto,
mulher contra mulher,
amores de pica e desprezo.
O mundo ainda é imenso e,
quem sabe, com alguma sorte,
junto ao suspiro final
eu solte um peido.
Ao mesmo tempo.
Em sincronia pura:
a família reunida,
a mão da mulher amada junto à minha
e o caçula com a mão no meu ombro.
Expiro e peido.
Faço a última piada
e vou direto pro ceú.



23 de agosto de 2009

Revirando as caixinhas.

Abro os arquivos, abro um livro e entorno uma cerveja. Tento ter controle sobre mim. Pra descobrir um lance aí, pra caçar a pérola no fundo do oceano. E quando eu tô nessas eu forjo um ritmo, eu me imponho um ritmo.
Gosto de toda essa cena que faço para mim mesmo. Gosto de caçar pérolas. Gosto de conversar sobre teatro com o livro da vez.
É meio que forjar pra si o próprio gênio. E não importa se ele existe ou não, se ele é mesmo genial ou apenas pretensioso. Isso não importa agora. Agora é encarar o mistério de frente, é dançar com os vampiros, é chafurdar numa merda aconchegante e inventada. Sem dor e sem medo.
Entra-se nessas porque quis. E não se entra nessas todos os dias.
É quase uma relação amorosa: você sabe que não dá pra amar o tempo inteiro e, então, nos dias de amor latente, você é todo dedicação e romance, o que é impossível de ocorrer todos os dias.
E sabemos que todos os dias não são os dias que importam.

21 de agosto de 2009

que o inverno me ajude.

A minha pança está enorme e sem controle. Devo diminuir a cervejinha e passar pra outras coisas, tipo vinho ou whisky. Minha mãe sempre me dá essa dica e, bem, mãe é mãe. E discutir com mãe é perda de tempo, embora inevitável.
O que me fode mesmo é cortar as unhas do pé. A pança lá, como uma bexiga dentro da camiseta, tornando a tarefa um milagre de torções incríveis. E pensar que já tive uma mulher que me cortava as unhas...
Vejo minha fotos e minha bela pança, mas só me incomodo mesmo pra cortar as unhas. Minha vaidade é de ser um cara inteligente que consegue enxergar o próprio pau.
Só quando não ver o meu próprio pau é que realmente ficarei preocupado. Até porque pra cortar as unhas tenho me virado.
Seja como for, devo cair dentro do whisky e do vinho, pois, mesmo só comendo salada e amendoins, a pança continua lá, retumbante e convicta, com aquele estufamento exagerado que só mesmo a divina cervejinha proporciona.

20 de agosto de 2009

mrl

Quanta deselegância naquele passinho torto. E, no entanto, tudo o que eu queria era abrir aquelas perninhas que de tão tortas raspam uma na outra quando anda. Os peitinhos, meu deus, uma coisa infantil e criminosa. Fetiche pra pedófilo. 19 anos e só os caroçinhos. Os olhos são grandões e malucos, a boca fina, bem fina e um maxilar que de tão pra frente ou é defeito ou é medo. Ou os dois.

E quando fala, meu deus, nunca fala olhando pra você. Os olhões malucos fogem do olho à olho enquanto as mãos, finas e pequenas, se torcem uma na outra. E tão frias que nem digo, que bem que fui maldoso e peguei suas mãozinhas crispadas pra dizer 'me liga'.

Mas agora, assim, e cá comigo, penso que não quero que ela ligue. É coisa de tarado aqueles peitinhos-caroços. E deus bem sabe que tarado não sou. Até porque tarado tem ejaculação precoce e deus sabe também que eu treinei muito, muito mesmo, e com garra, pra combater esse mal.

17 de agosto de 2009

b-e-z-e-l-a

Essas coisas bonitas que nos comovem. Ah, meu bom deus! a beleza existe também! Assim como existe a desgraça e a feiura. É só assim que o sentido pode aparecer: lento, implacável e real. Sem euforia de minutos e sem tristeza de séculos. Apenas o maldito pêndulo brincando conosco. Vai e vem, fase boa e fase ruim. Tudo certo.
Se eu conseguir serei um velhinho esperto que olha o pêndulo sem o levar tão à sério. Porque isso eu ainda não consigo. O pêndulo ainda manda um bocado em mim. E isso é loucura. Tristeza. Sei lá.
Não dá pra ser tão circunstancial assim. Há qualquer burrice em ser influenciado por tudo, assim como há burrice em ser influenciado por nada. O lance é a calma, é o tempo, é sacar que umas coisas valem mais a pena. E nessas coisas deixar-se levar. Só nelas. Só nelas e para elas. Quase que com um propósito secreto, quase que antevendo o milagre total ou o poço sem fundo.
A única homenagem: só pra elas, fiel à elas porque elas existem e, bem, assustam pacas. Mas é aquele susto de montanha russa, que mais faz bem do que mal.
Seja como for, o pêndulo tá no lado mais fácil e vou aproveitar a carona enquanto ainda não sou o velhinho esperto que quero ser. Desses que sorriem muito e falam pouco, desses que não tem medo da morte e que não se lastimam pela vida ter sido como foi.
-
Ainda acho que a paz é possível.
Mesmo que excesso de paz corra o risco do tédio.
Mas temer o tédio é burrice.
E o velho esperto que eu quero ser não pode ser burro.

16 de agosto de 2009

-

TOPEI A ROUBADA.

Tinha cara, cheiro e sangue de roubada, mas mesmo assim eu topei. To na pista e sei ser falso. Danço com idiotas que é pra aprender a não ser um.
Estratégia, burra ou inteligente é detalhe.
Estou lá e confirmo: é roubada.
Nem sai tão caro no contexto. Jogar sabendo da perda é jogo. Qualquer lucro é bom, mas tenho lá os meus limites.
Olho bem praquilo tudo. Gente em excesso, música ruim e predomínio absoluto das feias.
Seguro meu pau que segura meu ego. Quem precisa disso? Eu. Quem irá até as últimas consequências disso? Eu não.
Tenho lá minha vaidade e não sou macho. Macho no sentido que o Peréio diz, que é mais ou menos assim: Não sou macho porque não como mulher feia, só macho, macho mesmo, come mulher feia.
O.K. Tudo certo e volto pra casa.
Sem bye, bye, sem até logo, sem a gente se vê. "Não prometo o que não compromisso", foi a última frase que li e decorei.
Eu também me safo, ora bolas. E me safo assim, com os coleguinhas no bolso.
Eu disse coleguinhas e não amigos. Que fique claro.
Daí que eu paro aqui no blogue.
E hoje é domingo e tá tudo certo.
Aprecio a intensidade, mas apenas a que chega ao seu limite.
Não sou macho, eu repito.
É que ainda me adoro e me acho fantástico. Não preciso sentir culpa por isso, preciso?
Sou vaidoso, eu disse, não disse?

15 de agosto de 2009

Já havia visto e achado duca.
Posto agora pra lembrar:

1.
o umbigo é sujo,
mas faz melzinho.

2.
somos macacos
e gostamos da tribo.
Rá!


13 de agosto de 2009

2° Feira.

E no meio do Norte me aprece essa mulher que se oferece pra tirar uma foto minha já que me viu fazendo pose pra mim mesmo enquanto esticava o braço com a camêra na mão.
Ela tem uns quase 50 e fala mansa. Diz tiro uma sua e tira uma minha.
Tudo certo. A fala mansa dela é calma e triste. Só depois entendo porque.
Tava lá numa casa de umbanda que usa daime. Veio pra tentar entender melhor as coisas e, principalmente, o filho. É um rapaz de 26 anos e, ao que tudo indica, viciado em pó. Desses viciados que se destroem. Quando pergunto isso pra ela, eu digo: tem gente que cheira e não fica auto destrutivo. Ele não? É isso? Ele é auto destrutivo?
Ela diz que sim, que ele não consegue dormir e que toma bola pra baixar a ansiedade, essas coisas.
Daí, no papo, descobrimos que nós dois somos do Rio, que o filho trabalha na Parmê e que, nessas coincidências loucas que ocorrem, ela e sua família também já moraram em Curitiba.
E vejo toda aquela aflição materna. Aflição tão grande que vai tomar daime umbandista no Norte pra tentar entender as coisas. É um retiro espiritual, coisa de uma semana ou mais. Todos dias, trabalhos e daime. Pra entender, pra entender, pra viver melhor, pra entender.
E no pacote do papo, descubro que tem uma filha que morreu de leucemia e que o filho, o atual viciado, foi o doador de medula pra filha que, mesmo assim, não resistiu. E que foi depois da morte dela que ele se mudou pro Rio, e que foi no Rio que o vício piorou e que então, ela e o marido(não entendi se há outros filhos) resolveram se mudar pro Rio pra recomeçar. E que o marido, agora, é sócio de uma Parmê em Nova Iguaçu.
E senti uma puta vontade de chorar porque era um monte de coisa injusta e ela tava lá, no daime umbandista, tentando entender um sei lá o quê que me dava arrepios e medo da vida.
Então percebi uma culpa terrível naquela mulher de fala mansa e disse que o fato da filha dela ter morrido era errado, que nunca será certo uma mãe perder uma filha e que também o filho viciado e auto destrutivo não era culpa dela e que ela tentar achar uma razão pra isso era loucura, pois nada no mundo justificava a perda de uma filha. E repeti e bradei: é errado uma mãe perder uma filha, é errado!
E nós dois tivemos vontade de chorar, mas não choramos porque éramos desconhecidos, e porque era tudo tão estranho e cheio de coincidências que ficamos sem falar um tempo e nos despedimos assim, como os dois estranhos que éramos.
E penso nessa mulher desde então. E penso que deveria ter lhe dado meu telefone e ter dito que ela podia me telefonar sempre que quisesse pra reclamar das coisas. E lembrei da minha coisa messiânica, da minha vaidade de salvar gente e me senti bem e mal ao mesmo tempo porque isso me alimenta, mas tem cara de doença e quase nunca adianta.
E mais um monte de coisa que nem adianta escrever. Porque aquela mulher de fala mansa tem essas dores todas e ta aí, como todos, tentando achar explicação pra coisas que acontecem, mas que, na verdade, não deveriam acontecer.
E é triste, e é triste à beça, e é terrível também porque, por mais que se queira, não se pode fazer nada nem por ela e nem por ninguém. E aquela tristeza que ela sentia deveria ser raiva porque raiva é a única resposta pra uma mãe que perde uma filha.
E sei lá. E chega. E ufa.

12 de agosto de 2009

11 de agosto de 2009

Meu ai e meu ui. Assim: bem, bem, umas coisas bacanas e uma gente que se vê e que espanta o tédio. Porque as vezes a vida ganha sentido e até parece que, enfim, vai se chegar lá.
Seja lá onde lá for.
É bom não ter pressa e gastar os segundos lentos e fatais, sejam eles de angústia, sejam eles de euforia. Eu também quero tudo, todo mundo quer tudo, é estúpido e normal querer tudo. E as vezes a ilusão é grande e satisfatória. As vezes a ilusão é tão legítima que só sendo muito burro pra não embarcar.
E no vai-que-vai se passam os dias, os meses e os anos. E tudo muda, sem saltos ou milagres, mas com alguma consistência.
Ser um velho mais esperto me parece uma boa opção.

9 de agosto de 2009

aos domingos range os dentes e inventa novas fugas.


sabe como é: falar é fácil e fazer é difícil. não há de se julgar mal à ninguém por isso.
complacência e generosidade pra entender os buracos vazios que tentam ser preenchidos por areia.
é só que me dá vontade de falar também. e eu falo.
inventar e espalhar por aí: novas conquistas, novos amores, novas experiências, novas drogas, novas cidade, novas casas, novos amantes, novos vícios e, por que não?, novas mentiras.
viver sem mentir é insuportável. acreditar na própria mentira é burrice, loucura, fuga ou gênio. mas geralmente é burrice que se pretende genial.
eu disse: geralmente.
veja, repare: estou generoso e digo: isso passa, com a graça de deus. que essa generosidade toda é um sugar de sangue sem critério.
sugar sangue acontece, mas há que se sugar os sangues bons, mesmo que lhe envenenem com o tempo. e cuspir é sempre uma estratégia.
pra acabar e ser legal, que tô legal e generoso:

- essas flores, meu benzinho, cresceram rápido demais e são lindas, mas sem cheiro. repare, meu benzinho, seu gesto bonito de me trazer essas flores não as fazem cheirosas. são flores grandes, bonitas e sem cheiro. mas isso não é culpa de ninguém, meu benzinho. nem sua, nem minha.

8 de agosto de 2009

Assim, devagarzinho. Cérebro lento e funcionando à pistão. Um depois do outro até que o sol e o calor insuportável venham. Aí eu passeio. Olharei pros lados com interesse médio e não pensarei muito. Sou quase um monge as vezes. Quase um zen barrigudo que olha pro rio. As vezes e quase. Mentira.

6 de agosto de 2009

a bicha teatral diz:

Que seja e venha. Se é autoridade que eles querem, é autoridade que eu lhes ofereço.
Mesmo achando isso uma babaquice sem tamanho, mas bem, sabe como é, há quem só acredite nas coisas após ouvir um grito autoritário dizendo que as coisas existem. Que seja. A roda é grande e fazer uma farsa sabendo que é farsa eu também sei fazer, mesmo preferindo não usar esse recurso.
Mas isso não é o importante. O importante é outra coisa e é bem mais simples: os que importam estão lá, ficam lá e querem entender as coisas desconhecidas. Eles flertam com o mistério. Eles sentem prazer em se relacionar com o indizível.
É um processo instintivo e não uma matemática. A bicha chata apareceu no primeiro dia e depois sumiu. E meu Deus, isso tem tanto sentido, mas tanto sentido, que meus nervos se acalmam e até cogito emagrecer e fumar menos.
É por essas horas que a vida vale. 12 pessoas querendo descobrir um troço que não se sabe qual é, mas que se pressente.
O resto são discursos velhos e repetidos, que mudam de objeto, mas não de conteúdo. Otários esquecem o próprio padrão e reclamam por serem incompreendidos. Esquecem - se que se repetir e ser incompreendido é, e sempre será, parte da jogada.
Basta estar vivo.

4 de agosto de 2009

E hoje aconteceu.
E foi bom e eu tava lá e o fato de eu estar lá fez a diferença.
Empurra-se umas coisas, se salva outras e descobre, com algum medo de errar, que sim sim, é possível.
Nem sempre é possível, mas as vezes é. E quando é, é bom à beça e bato palminhas e digo é isso aí.
Depois um monte de coisas solitárias e preciosas. A vida calma, o desprezo no gatilho e a mira do revólver que nem quer mais lhe ameaçar.
-
Um risco ou outro,
a marca de bala na perna
e a chance do sim que é a mesma do não.

3 de agosto de 2009

Nem há queixas nem nada.
O calor é enorme, mas há ar condicionado e latas e coisas pra se resolver.
É pacífico e besta e bem fácil de se encantar.
Seja como for, durmo pelado e ando de moto quando preciso me locomover.
Amanhã valerá mais porque amanhã é sempre melhor do que hoje.
Que seja.

2 de agosto de 2009

Mais um ano na fita e vamos que vamos.
Ontem, conversando com uma menina que fez 28 recentemente, fui perguntado se era tranquilo pra mim se aproximar dos 30. E eu disse que sim e ela perguntou como é que faz.
Aí me lembrei que meu lance, desde muito cedo, é tentar ter a idade que tenho. Com 11 anos já era assim. Faço aniversário e fico meio que dizendo pra mim mesmo: agora tenho 28 e não 27, 28 é diferente de 27.
Acho que fico um mês nessas.
Claro que é estúpido, mas é um tipo de mania antiga. Lembro desse mesmo pensamento em várias idades: com 17 em São Paulo, com 19 sabendo que me mudaria pro Rio, com 21 ao lado da garota que mais me ensinou coisas no mundo, com 25 e um tipo de agonia porque a vida parecia não estar acontecendo. E por aí vai.
Nesse mesmo breve papo, ela comentou que os pais dela, nessa idade, já tinham família, emprego e etc. Meus pais também, mas até aí. 09 é diferente de 81.
Sei que meus próximos dias serão bons e que ficarei dizendo pra mim mesmo: agora é 28, agora é 28. Como se só isso já fosse uma mudança. Como eu disse, é estúpido.
Seja como for, 28 é mais que 27 e é possível ficar mais esperto ao longo do tempo.
Pra que na hora fatal, velho e bem humorado, eu diga pra Dona Morte: - você venceu, batata frita.

1 de agosto de 2009

-
Vermezinhos me roem na manhã de sábado. Mau humor como azia, e café e cigarro pra dentro. Realizar as pequenas tarefas e saber que o mau humor passará.
Gosto da coisa da cura com o veneno que causa a doença. A lógica da vacina. Um tiquinho de vírus que prepara o corpo pra quando o vírus vier.
É nessas que não me poupo de certas coisas: ter raiva, ficar puto, xingar desconhecidos, amar, delirar, querer mais, etc.
Há bons paliativos pra isso. Nem todo dia a gente tá com saco pra provar do próprio veneno.
Então, pra dias assim, se aplica as boas e belas técnicas: beber sucos naturais, olhar as bundas das adolescentes de botafogo, ler um livro que já leu, conversar com uma mosca de bar, etc.
-

30 de julho de 2009

não faz mais.

É que o excesso de confete lhe estragou, meu benzinho. Você não devia ter acreditado nas mentiras que se conta por aí.
Os mentirosos são tristes e sozinhos e precisam de gente.
Então eles elogiam tudo e todos.
Benzinho, você deve lembrar que lhe avisei. Eu segurei sua cabeça com minhas mãos e disse que ela era apenas uma garotinha triste que lhe queria como amiga, que ela precisava de você porque não tinha ninguém e não porque tinha achado você especial.
Eu disse que ela era má, benzinho, mas você achou que era só implicância e disse que eu não entendia nada porque eu era arrogante e solitário.
E eu lhe disse que eu não era solitário porque eu tinha você e que você, que me tinha, me conhecia bem e sabia que minha arrogância não era de nada e que só escondia meu medo do mundo.
E você deu uma risadinha, mas logo fez questão de bancar a brava de novo e me disse coisas feias que sei que você nem pensa.
Mas deixa pra lá, benzinho, eu nem sempre tenho razão mesmo querendo isso.
É que vejo você falar da sua nova amiguinha e acho tão errado isso. Porque você dá tudo pra ela, e ela, nem por mal, só lhe suga esse sanguinho doce que eu tanto adoro e que é só meu. Porque é só meu o seu sanguinho, meu benzinho. E é assim que deve ser porque o meu sanguinho também é só seu.
E nossos sanguinhos juntos, benzinho, você sabe, são uma coisa quentinha e boa de ver.

29 de julho de 2009

Olerêeolará.

Bem, bem,
é mais ou menos assim:
Aproveita-se o que pode e o que surge. Controla-se a ansiedade porque jogar bem nem sempre é marcar gol.
E o gol ainda é o grande momento do futebol.
E nem acompanho futebol, mas fui garoto bem educado e meu pai me levou pros jogos do Atlético Paranaense e isso, hoje vejo, foi vital pra mim e minhas coisas.
É parte daquelas coisas que meu pai fez comigo e que farei com meus filhos.
Meu pai também não acompanha futebol.
...
Mas nem importa, meu pau tá duro e vamos que vamos. Mesmo ainda faltando uma buceta com alma e quentinha pra eu meter ele lá dentro do melhor jeito que há.
É como eu disse pro meu bom amigo: cutuca-se a xota, mas sempre se deseja a alma.
Como se o pau fosse um caçador de almas.
As vezes acontece, mas nem sempre.
...
No mais, esse bem estar besta que se sente ao ter que fazer tarefas.
Ainda somos bichos, afinal.
Ainda achamos que ter o que fazer é estar vivo e blá-blá-blá.
...
A liberdade é saber que isso passa e que os demônios voltam e passam também.
No mais: aquele velho conhecido que surge e os milagres que talvez também surjam.
As chances são sempre as mesmas. Arrisca-se o que se pode ganhar, e não, e nunca!, o que se pode perder.
As apostas ainda são feitas pelas esperanças de vitória, não é?

28 de julho de 2009

adoráveis estúpidos

Não falo tudo o que eu penso. Parece-me uma coisa decente. Só um estúpido fala tudo o que pensa. E o estúpido, como tal, acha que é inteligente justamente por falar tudo o que pensa.
Meu Deus. O inferno é um lugar cheio de gente falando tudo o que pensa. E dizendo, com aquele riso bestial: - é que eu sou muiito sincero.
E nessas o inferno, que era apenas um lugar quentinho, se torna de fato O inferno.
Viver por aí é um grande risco. Estúpidos e cretinos são sempre solícitos e generosos. E, bem, mesmo que com tristeza, devo assumir que já fui engambelado algumas vezes por essa espécie.
É que eles são poderosos e tem o instinto de sobrevivência de um vírus: mutam-se com as vacinas.
Das coisas que desejo, reconhecer um estúpido à distância é o que ainda mais ambiciono.
Do mal da busca pela felicidade não sofro, já que ter paz ainda me parece mais palpável e útil. Com paz se encara as tristezas e espera passar.
Com felicidade se espera apenas.
Encarar me parece decente.
Ser feliz, e acreditar na felicidade como objetivo de vida, ainda me parece estúpido.
Ou inútil, tanto faz.

27 de julho de 2009

muito riso
e pouca boca,
diz a mais
maravilhosa louca.
Meu bom Jesus me afagando como um gato.
Não, que não gosto de gatos. Quer dizer, nada definitivo ou eterno, mas fui um cara educado com cachorros.
Minha família tem cachorros e não gatos. E, bem, claro está que sou um cara de família.
Não tenho vocação pra desgarrado e, dentro das minha implicâncias preconceituosas, acho essa gente dita desgarrada um tipo bem mal resolvido. Aquele lance de amar o inimigo ou de odiar quem lhe quer bem. Credo!
Seja como for, Jesus tem sido bacana e me afaga. Aquela mão esquelética e cheia de cicatrizes. É meio nojento e tudo o mais. Ainda há pus, mas até aí é uma mão que, mesmo com o pus sagrado, me afaga.
E, bem, gosto de ser afagado.
Agora é contar os dias e esperar o milagre possível.
Mesmo que os milagres impossíveis ainda me encantem mais.

26 de julho de 2009

"Estou aqui sentado no sol, bicando o ceú, fumando só..."

Cheiro de Chato.
Assim: entrando pelas narinas através de um bafo de hortelã que sai do super sorriso que solta ao dizer muiiitto prazer esticando as vogais.
Lembro de um outro chato que um dia me disse, na hora de dizer tchau, valeuuuu.
Acontece, agora, que esse chato da vez é muiiito simpático, artístico e criativo. Ele lhe obriga à ouvir músicas que só ele conhece e só ele canta. E na mesa de um bar. E claro que ele 'interpreta' as músicas que canta: cara de triste pra letra triste, gingadinho pro refrão e sorriso com bafo de hortelã pro gran finalle. É o chato que diz, antes de terminar, e agoraaa o grannn finallleee...
Tática de guerra ou de indiferença. Opto pela indiferença. Menos energia pra gastar e, bem, qual a vantagem de guerrear com um chato?
E o chato, como não poderia deixar de ser, tem muiiitooss amigos. E o pior, pra cada amigo que apresenta, tem uma pequena fala:

O José eu conheço desde criança, foi com a família dele que eu viajei pra praia pela primeira vez.

A Renata eu conheço tem só 6 meses, mas parece que faz anos. Se duvidar a gente se conheceu em outras vidas.

E por aí vai: 5 amigos, 5 prólogos e o bar inteiro cheira à hortelã.
O telefone toca e há a ameaça de um 6° chato chegar. Como o mundo é cheio de gracinhas, o 6° chato é justamente aquele que me disse valeuuu há quase um ano atrás. Fico imaginando como eles se conheceram e imagino uma grande confraria secreta de chatos.
Hora de ir embora. Muitos por que já vai?, fica mais um pouco e amanhã é domingo depois, me despeço com a promessa de nos adicionarmos no orkut.
Antes de subir pra casa, bebo uma no Coimbra e lembro da Bíblia: Diga com quem andas e te direi quem és.
E também do belo comentário do Millôr - ou seria do Max Nunes?: Jesus andava com Judas e Judas andava com Jesus.

25 de julho de 2009

23 de julho de 2009

eu mesmo e como não.

Os risinhos presos dentro da garganta.
Rir da própria desgraça é estúpido, mas faz bem. Ainda mais assim. Eu sabia e como. O óbvio que se afirma é uma beleza quando você já sabia que o óbvio era óbvio. E você diz pra si mesmo - com a pança enorme e radiante - eu sabia, eu sabia.
E ter certeza disso é mesmo uma coisa, um desejo, uma possibilidade que se torna real no discurso sincero que o óbvio, quando é bom, carrega.
Claro que tudo poderia ser diferente. Tudo sempre pode ser diferente. Mas ser diferente, nesse sentido, não quer dizer ser melhor.
E nessas o idiota se confunde: estarei eu me revirando na minha própria merda ou estarei eu me revirando numa merda que não é minha?
E o idiota, porque é idiota, não responde a sua pergunta, mas continua com a mesma pergunta ad eternum.
Tudo isso pra dizer:
meu caso é outro e idiota não sou e nunca fui.
Mas a verdade é que escrever é mentir com consciência da própria mentira, coisa que é impossível na vida real e sem graça.
Seja como for, a vida tá boa e sim sim a vida tem lá suas fases de bonança.
O que não deixa de ser um chafurdar na própria merda com convicção e estamos aí.
-
Claro que também pode ser o retorno de Saturno, mas, bem, essa não é lá a minha onda e/ou idiotia.