26 de fevereiro de 2009

v.c.b

nem é e nem deveria ser. meu saco vai pra lua e lá, segundo os idiotas, não há gravidade e tudo flutua. mas os idiotas esquecem que gravidade mesmo na lua há, bem menor do que na terra, mas há. de qualquer maneira, mesmo na lua, meu cuspe cairá no chão. na lua demora mais, é fato, mas cai também. cuspe na cara e cuspe no chão. meu bom amigo diz que pode ser, que liberta e faz bem. ele diz que cuspir é melhor do que yakult e eu confio nele.
no filminho da vez o bom da América de novo. o desespero coletivo tá lá, mesmo sendo dito entre piadinhas tá lá. ah...a insatisfação crônica tão conhecida de todos nós. e sim, sim, sim, acho bom a berradora dessa loucura ter levado um Óscar pra casa.
pra ter uma sacadinha, eu digo: até tu, Óscar?
e ovalá. vale mais parecer do que ser, procurar que encontrar, reclamar do que solucionar. o disparate é o mesmo e nem muda de sexo. esquece-se do óbvio e cuspir é sempre pra cima: seja, encontre e solucione. fórmula bem mais simples do que viver na lua.
até porque os idiotas sabem, ou deveriam saber, que viver na lua ainda (e insisto no ainda) não é possível.

25 de fevereiro de 2009

Vamo que vamo nesse vai que vai.

Vida de nerd é mais ou menos assim:

  • Carnaval com pais e se vê e se comenta quase tudo. A falta de empolgação pra empolgação alheia vem do sangue. Consolo grande isso de se explicar através dos outros. Uma bobagem, mas eficiente: sou quem sou porque vim de onde vim. Tudo certo. Tentar se explicar é perca de tempo, mas cola. No mínimo pega bem.
  • Papai foi trabalhar e mamãe tá na roça. Cervejinha as 10 da manhã e papo e papos com mamis. Maravilha ter mãe e papear com ela. Ainda mais assim, semi embriagado e com a sensação de calma que o álcool proporciona.
  • O macarrão estará pronto na mesa enquanto escrevo isso. Sem pedir e sem agradecer. Liberdade passa por aí.
  • No fim, a mesma dor de sempre: odiar o impossível é bom senso. Queria mesmo era cagar pro impossível e achar que tudo pode e tudo muda. Mas impossível é não morrer e sei que morrerei e ainda acho isso uma desgraça.

22 de fevereiro de 2009

*

Alguma calma e algum delírio.

A vantagem de caminhar perto do abismo é contemplar o infinito.
A merda é antes de dormir,
quando você frita e um monte de coisas desagradáveis lhe invadem.
E há muito suor porque o Rio de Janeiro é mesmo um inferno:
gente com chifres por conta do Carnaval,
adolescentes que usam saias onde escondem enormes cacetes
e mulheres vampiras que sorriem demais.
E mesmo no inferno há alguma alegria que você não compartilha,
mas observa e reconhece:
velhos e crianças são os únicos que de fato dão sentido pra toda a loucura do Carnaval.
De resto, exibicionismos e sacadinhas
e alguma alegria
com prazo de validade.

20 de fevereiro de 2009

Cachorro, Gato, Galinha.

Daqui a pouco minha mãe chega.
Então acordo cedo e dou um conferes em tudo. Farei barba, cabelo e bigode. Mãe é um ser que se impressiona com a aparência. Se ela me ver com essa barba e esse cabelo, vai achar que to péssimo e coisas do tipo. E nem custa nada eu cortar o cabelo.
Meu Carnaval será com os meus por aí. Meu pai chega amanhã e maravilha. Ainda tentarei convencer minha vó pra vir pra cá.
E minha mãe vai me mimar e querer melhorar a minha vida. Coisa de mãe. Vai dar mil palpites sobre tudo e é isso aí. Coisa de mãe. Faz sentido ela querer melhorar minha vida. Ela é minha mãe, afinal.
Meu pai chegará amanhã e iremos à restaurantes e beberemos à larga. Ele me fará umas perguntas que eu acho difícil de responder: - mas você não vai mesmo na praia?
E eu direi não e ele fará não com a cabeça sorrindo e semi inconformado. Também tentará melhorar a minha vida.
"Não acredito, Fernando, não acredito", ele dirá por causa de alguma lâmpada queimada.
E minha mãe concordará com ele e os 2 tentarão melhorar a minha vida.
Coisa de família. Faz sentido.

19 de fevereiro de 2009

Evaniracatibiribira.

Minha
tem 80 anos e caiu pela primeira vez.
É claro que ela tá arrasada e que se sente mais velha agora, depois que caiu.
Quando falei com minha mãe ela me disse pra eu ligar pra ela porque ela tava meio amuada em função da queda e etc.
Não liguei no dia que minha mãe falou porque eu não sabia o que dizer. E eu tenho essa coisa de pensar antes de falar.
E pensei e descobri o que falar:
- olha, vó, eu to te ligando porque eu to sabendo que você caiu e, como eu te conheço, imagino que você deve tá arrasada...mas o seguinte: você caiu pela primeira vez agora, aos 80...quantas velhinhas que você conhece que já caem com 60? você tá no lucro...sabe disso.
E ela me contou a história da queda e disse que foi dirigindo seu 'vermelhinho' pro massagista e que só depois de chegar em casa, com seu 'vermelhinho', que ela foi no médico e viu que nem quebrou nada.
Claro que ela tá com dor e tomando uns remédios. Quem quer que seja que chegue aos 80 sabe que isso pode acontecer.
O lance da minha vó é que ela é animada. Tem blogue, transita em computador e ganha várias multas de velocidade toda vez que pega uma pista lisinha.
No ano passado ela me ligou no meu aniversário e disse:
- eu não sei o que dizer, mas eu quero que você tenha uma vida tão boa quanto a minha.
Isso, como desejo pra aniversário, pode ser simples, mas como eu morei com ela 2 anos, sei que nem é assim. Foi algo que me impressionou. A vida dela nem sempre foi BOA, mas ela, com 80 anos, diz isso pra mim.
Não sei explicar, mas entendo. E entender é mais importante que explicar, afinal.
Dona Evanir, uma mulher que reclama, mas que, mesmo assim, acha que a vida foi boa.
Ela não acha que tudo é uma maravilha. Ela segue e inventa coisas pra seguir. E sua conclusão, depois de tudo, é que é a vida foi boa. Uma maravilha.
Vou sempre guardar o que ela disse depois de ver uma peça do Oficina: eu vi o cu do Zé Celso!
E todos rimos e foi um dia bom.
Os dias ruins nunca importam.
Não é mesmo?

18 de fevereiro de 2009

relatinho.


noite imensa.
45, mas parece 35.
descobri porque tem uma filha de 19.
na verdade 2 filhas e 2 casamentos fracassados.
conversou comigo por causa do filme 'o lutador' que eu também tinha visto.
ela e o namorado cocainômanos.
ela mais pegajosa e chata.
ele mais tranquilo e sempre mal tratado por ela.
ela fala mais e sempre pega no braço.
avisa que o cara do lado não é legal.
traficante de pó ruim.
vende vidro moído, segundo ela.
diz pra eu não falar com ele.
diz que ele a odeia.
os 2 falam de filme.
ele explica que eles, o casal, vêem 1 filme por semana.
não gostam do d. de oliveira.
eu não vejo 1 filme por semana.
ela é jornalista, mas trabalha na receita federal.
ele na petrobrás e mais nem consegue falar.
os 2 tem grana.
ela saiu de Brasília.
o irmão morreu e ela saiu.
não entendi se ele se matou ou não.
ela saiu de lá com 25 e adora o rio.
ele não gosta desse papo, segundo ela.
eu faço teatro e eles me elogiam.
alguém que pensa, eles dizem.
falam do Nelson Rodrigues.
leram tudo do Nelson Rodrigues.
a cabra vadia, o reacionário, tudo.
ele tenta falar, mas ela não deixa.
ele sorri mais e cheira menos.
carro bom e vida boa.
amanhã ela acorda cedo e reclama.
ele também.
quando me despeço eles dizem que é bom conversar comigo.
eu sorrio.
eles dizem 'até amanhã'.
sinto medo.
ir no bar pra conversar com viciados é estúpido, eu penso.
o elogio dela é porque a deixo falar.
medo de novo.
hoje não apareço.
único fato.
o resto, histórias.

do Galhardo. Fodão.




-

Na média tem sido igual: dia bom dia ruim. Hoje, se a média valer, será dia bom. Tenho que escrever as coisas e empaco. Então eu leio pra tentar desopilar. No sábado passado deu muito certo e escrevi numa só sentada algo que realmente gostei. Mas nem é simples. E o calor no Rio de Janeiro é insuportável. Em último caso, no fim do dia, andarei como um louco pela Urca. É outra maneira de desopilar.

noite fria.

A menina corre
pra atravessar a rua
e chega no bar.
Lá descobre
que o mundo é grande,
mas pode ser menor.


17 de fevereiro de 2009

Artaud e o calçadão de Copacabana.

Toda loucura pode ser comovente, mas nem todas podem nos envolver. Sabe como é. Há muito tédio espalhado nas calçadas e mais ainda no belo e fedido calçadão de Copacabana. Se eu fosse capaz de me alegrar com o mar ou com o sol ou com o carnaval, eu não seria eu. É simples assim. E confesso que acho o mar, o sol, o Carnaval e até o calçadão fedido de Copacabana, coisas belíssimas de se ver. Então eu vejo e acho belo, mas não me envolvo. E também não faço força pra me envolver - porque aqui, cá comigo, essa força que é feita por aí, pra fazer parte, pra agradar, pra não criar caso e etc, é um tipo de força que tem mais de desespero do que de desejo.
E eu gosto mais é do desejo, do desejo e sua loucura, e mesmo do desespero que o bom desejo causa. Lembro do Artaud, aquele louco genial, falando que é impossível viver sem exasperação. E que quanto mais exacerbado, mais puro. Questão de sentir a vida. E também que só se pensa na vida quando se tem da vida uma ideia de grandeza.
Ah! Isso sim é uma beleza!
Ainda mais bela que o belo e fedido calçadão de Copacabana.

4 contra 1.

Meu caralho é doce e eu olho pra ele com admiração. É mesmo uma pena não dar pra chupar o próprio pau. Foi o Bukowski que me ensinou isso, " geralmente é por milímetros que não conseguimos chupar o próprio pau." É fato. E como fato, é triste.
Seja como for, meu pau resiste bravamente a punhetas. Um auxílio cibernético aqui ou ali, mas tudo certo.
Já superei a ferida que surge onde roça o dedo indicador.
Aprendi a me masturbar com 4 dedos.
Maravilha.

15 de fevereiro de 2009

17 anos.

Ela passa
andando
e
balançando
os braços.
Mini saia
muito apertada.
Bunda imensa,
infantil
e infernal.


14 de fevereiro de 2009

sim sim sim.



chorando baixinho durante o filme. céus, como é bonito algumas coisas nesse mundo. e a vontade de chorar era justamente nos momentos sublimes, veja só. tudo lá. o melhor da américa é o meu caga regra. tem que ver e ver assim, apenas como quem vê mais uma histórinha. e faça força pra achar que é apenas mais uma histórinha. as coisas que importam estão sendo ditas, basta apenas reparar.

12 de fevereiro de 2009

sobre os butecos e pés sujos.

Há qualquer coisa ali que só se pode observar desse jeito: entre uma cerveja e outra, semi embriagado, com a t.v ligada e nenhum foco específico. Se um bêbado invade a espelunca surge um foco e, portanto, a observação discreta é limitada. Mas quando não há nenhum foco é uma maravilha.

Vejo coisas que entendo, mas que nem sei se sou capaz de explicar.

Sem dúvida ler o bom e velho Bukowski me ajudou a entender essa ternura que surge no meio da merda. Sou um tipo que me influencia, embora quem não me conheça ache que não. Sou mole e vulnerável como só um bêbado legítimo pode ser.

Mas o ponto é o bar e suas histórias. Então volto à ele.

Foi onde eu vi:


  1. Uma mulher, verdadeiramente vulgar, cantando e dançando uma música da Alcione que era um tanto feminista e tola, mas que ganhou um sentido absurdo com aquela preta ruim berrando aquilo como a última verdade do mundo. Depois de 1 min. o bar, que estava cheio e barulhento, calou e ficou por 2 min. a vendo cantar e dançar. Houve aplauso no final e foi sincero. Ninguém alí abordou àquela preta ruim depois disso. Só o "show" importou e, em um bar, isso é respeitado.

  2. A Solange e o Antônio discutindo porque ele não poderia estar no aniversário dela. Eu, mais que ele, vi a cara frustrada dela. Ela é mais bêbada do que ele e, confesso, ele é quase um santo. Ela e ele são incrivelmente parecidos, desses casais estranhos que parecem irmãos. Ele é agente da funerária daqui de baixo e ela é doméstica de uma velhinha que lhe libera pra beber e acordar tarde, "11:30", segundo ela. "Pra preparar o almoço", segundo ela ainda. O fato é que eles são amantes há 10 anos e ele tem família em Maricá. No dia do aniversário em questão ele não estaria no Rio e...sem chance. Mas ela, mesmo sendo bêbada e desagradável, sentiu uma dor grande e imensa. Dessas que a gente sente junto porque entende que não há mesmo solução pra algumas coisas.

  3. Um solitário que quer conversar com o Coimbra e traz um livro. Ele fica ansioso e, afinal, consegue mostrar o seu livro. Ele tá lá, citado no livro, pois, "sim sim, ele fez parte da Jovem Guarda". É um músico bêbado que responde ao desafio do maldito Coimbra atendente: "- olha aí, olha aí, eu te falei." E o Coimbra nem dá muita bola pra ele e ele fica ali, abraçado ao seu livro e ao seu orgulho de si. É um homem justo, por assim dizer. Tem aquele sorriso de bêbado melancólico e se agarra com o livro que tem a sua foto. É um homem justo, eu repito.
  4. O quanto os cocainômanos são desagradáveis e desnecessários. Com a palavra o próprio Coimbra: "- pô! só da confusão! nem consomem e sempre reclamam da conta! ah...meu amigo Alfredo é pra quem eu ligo amanhã!." O Alfredo é PM e toma coca-cola de graça. Apenas isso, por mais simples que pareça. ( O Coimbra fala isso pra mim porque sabe que eu, como ele, acho os cocainômanos uns chatos de galocha.)
  5. Uma mulher de uniforme entra. O Coimbra a respeita, o que não é comum. Ela é nova e deve trabalhar em alguma farmácia de manipulação. Comenta pro Coimbra que "o dia foi fogo e que precisava de uma cerveja hoje." Mas depois, quando venho pra casa e passo bem próxima à ela, eu reparo: é mais uma bêbada solitária que não chegou a decadência total. Conserva o corpo, eu penso. Sabe que o corpo acaba e fica feliz por ainda o ter, eu penso também. E ponho a mão no fogo que ela bebe em casa, escondida, pois ir ao bar todo dia 'pegaria mal'.
  6. A velha que bebe e é cheia de opinião. É uma velha de uns 70 que acabou de perder a mãe. E ela sempre chora quando bebe muito. E sempre lembra de sua "mãezinha' nesse momento. E todos do bar dão atenção à ela. E mesmo o Coimbra lhe dá atenção. Ela paga bebida pra alguns e se acha muito inteligente porque recebe O Globo diariamente em sua casa. E, invariavelmente, toda vez que me encontra no elevador ela pergunta: "E a globo? Como que é vai?"
  7. "Melhor encontrar essa velha no bar do que no elevador", eu penso, apenas antes de dormir e terminar a postagem diária do blogue.

11 de fevereiro de 2009

oiés.

Nada melhor do que um belo e besta Pipocão Americano para abrandar os nervos. É nessas horas que a gente pensa que o mundo é justo. Sem desejo de beber, ensaio cancelado, cansado de se forçar a ler pra se sentir útil. Prepara uma sopa e pensa que a noite será longa.
Então liga a televisão e vê que em 10 min. começará A Feiticeira. Finaliza a sopa e vê o filme.
A Nicole Kidman é mesmo linda.

pé quente cabeça fria.

- Alô?
- Alô. Tudo bem, Fê?
- Tudo.
- Sabe quem tá falando?
- Sei.
- Rs. Então. Como tá?
- Tô bem. E você?
- Bem também. Tá surpreso, né?
- Ô.
- Eu tive um sonho. E fiquei impressionada. Por isso que eu tô ligando.
- Um sonho?
- É, um sonho ruim. Você sabe.
- Ah...
- Tá bem mesmo?
- Tô sim. Nada demais ou de menos.
- Jura?
- Rs. Juro.
- Sabe que eu tenho as minhas manias, né?
- Sei sim. Só não imaginava...
- O que?
- Que a gente ainda tinha esse tipo de conexão...
- Rsrsrs.
- Que foi?
- Cê tá mudado, hein?
- Como assim?
- Nunca imaginei você falando 'esse tipo de conexão'...
- Rs...é...acontece...a gente muda...
- Parou de fumar?
- Nem tanto...
- Cervejas, amendoins?
- É, mudei, mas só um pouco.
- Bem, Fê, liguei só pra ver se tava tudo bem.
- Certo...
- Bem...
- Ah...posso te falar uma coisa?
- Claro, Fê.
- Eu to fazendo terapia, né? E aí...
- Rsrsrs...
- O quê?
- Tem certeza que não parou de fumar? Rs.
- Tenho, tenho...mas daí ela, a terapeuta...
- Rs.
- ...falou uma negócio que eu achei bonito a beça...e que na hora eu pensei que você ía gostar...
- Diz.
- Eu tava comentando uma coisa sobre você e ela disse: "ela, pra você, é uma dessas pessoas que a gente pensa em reencontrar quando tiver velhinho".
- Ela disse isso?
- Disse.
- Jura?
- Juro.
- Nossa, bonito mesmo, Fê.
- É. Eu também achei. E achei que você acharia bonito também.
- Putz, que legal, Fê. Quem diria? Terapia...Rsrsrs...
- É, é.
- Rs. Bem, vou desligar.
- Tá.
- Beijos. Se cuida.
- Beijos. Você também.

*

você sente cansaço, mas não consegue dormir. a cabeça frita. 30 pensamentos diferentes que não servem pra nada. um atravessa o outro. nenhum segue, nenhum. ler revista legal, ler peça sobre o descobrimento, ler livro chato. nada de nada. televisão, cigarro, pizza requentada. água, água, água. senta na beira da cama, olha pra fora, luz apagada e lua cheia. lua imensa. lua quase irritante de tão brilhosa. barulho de morcego, cigarro, computador. 04:47.
tudo pesado, tudo leve, tudo indiferente. nada pra fazer. esperar, esperar. ler mais. fritar mais. tomar outro banho. calor infernal. rio de janeiro. cansaço sem sono, cansaço sem sono. blogueblogueblogue.

10 de fevereiro de 2009

da janela do ônibus.

A cabeça é uma marofada de fumaça e dor.
Os olhos ficam se apertando num esforço de aparentar inteligência.
A boca sorri de lado e acha que o charme é fazer um tipo assim,
descolado assim,
que dança sempre do mesmo jeito em qualquer ocasião.



9 de fevereiro de 2009

no crepúsculo



garotas bonitas passam pela calçada quase indiferentes.


umas fazem uma força tremenda para terem aquele charme da indiferença.


outras são vampiras naturais.


e ainda há umas que nem olham e nem reparam,


que se você lhes dissesse: - como você é bela,


elas ficariam assustadas e chorariam de raiva.




8 de fevereiro de 2009

7-1,6

No meio da merda solitária
outra merda se espalha.
Uma merda que sempre esteve aqui,
um palmo acima, uma dose além.
Uma merda que concorda contigo
e que diz que não há problema
em se desejar mais do que se tem.
.
Uma merda boa,
que é gorda como você.
Uma merda que tem opinião
e que não tem medo do que quer dizer.
.
Uma merda de 11 anos atrás
e que volta calma e sem forçar nada,
uma merda que não será sugada
pela força mecânica, e óbvia,
da privada.

7 de fevereiro de 2009

/=

Hoje não bebi com a rapaziada e lembrei da minha mãe dizendo como é curioso ficar sem beber entre bêbados. Na verdade adoro beber e bebo sempre, mas, na média, tomo 2 ou 3. Mais do que ficar bêbado, gosto de ficar embriagado.
Gosto de sentir a primeira cerveja agindo. Ela vem lenta e delicada, só pela metade da garrafa é que realmente sentimos o álcool no sangue. Acho isso bem prazeroso e sempre tenho essa imagem do álcool sendo espalhado gradativamente pela corrente sanguínea.
A segunda é mais definitiva, afinal a primeira já fez seu serviço. A terceira, na verdade, não deveria existir. Quer dizer, não pra essa coisa embriagado que to falando.
Acho que o ideal são duas cervejas. Duas cervejas apenas acalmam o pensamento, não chegam a criar pensamentos novos. Acho que é mais ou menos por aí.
(Na verdade a terceira cerveja é ideal para dar uma bela cagada. Calça arreada, copo cheio e cigarro aceso. Cada tragada é um troço. Mas não quero entrar nessas aqui. Não agora, pelo menos.)
Ontem tomei várias. Já tava desconfiado, mas sabe como é: amigo liga, amigo que nem sempre se vê aparece, papo bom e por aí vai. Várias cervejas e alguma ressaca. Meu estômago não é tão forte quanto eu gostaria. Ele faz seu protesto e pede coca cola e água e balas de morango.
Converso com os meus e me sinto em paz. Tive um dia cheio de euforia porque inscrevi uma esquete prum festival aí. E finalmente a gente fez o Buk na lapa. Foi foda, uma bravata. Mas os atores são valentes e fizemos o nosso. Quando acabou a peça disse pra Helen que a gente vai direto pro céu. Ela concordou, riu e disse que a gente vai ter champanhe lá. Eu prefiro mesmo é a cerveja, mas tudo certo.
Também teve o lance legal do Atyla, um cara que gosta das nossas peças, ter feito a guitarra ao vivo. Ele topou a roubada e sofreu junto. Essa é uma das coisas legais de teatro.
No mais volto pra casa pensativo e calmo. Vejo que o Coimbra tá cheio de cocainômanos.
Fico feliz por não ter saideira hoje.
-
Ponho esse video que é mesmo genial e verdadeiramente engraçado. Na tal esquete enfiei essa música. Se formos selecionados tamo fudidos, mas uma merda de cada vez.

5 de fevereiro de 2009

de resto, o sonho imbecil


Crianças berram pela noite e não há muito a se dizer.
Verdade ou mentira é coisa de fracos.
O jogo ainda é ganho, a repetição ainda é feita, a lua segue seu curso besta e natural.
Solidão é estado e não desejo.
E os loucos, os verdadeiros loucos, ainda esperam o sublime.
Nada de mais ou menos, apenas a velha batida que repete: continue, continue.
Beleza é real e não simulacro.
Força ainda é suor e não esperança.
E reparo em tudo que existe além de mim
e repito, quase secreto:
que se foda, que se foda.
Me dou melhor agora e essa é a única grande tristeza.
De noite todos gatos são pardos.
E pardos é apenas a maneira préconceituosa de se dizer sem cor.
Bundas que pululam em sonhos que diminuem a ideia de humanidade.
Loucuras com prazo de validade e alma semi-pronta.

O riso eterno e triste do único desdentado que importa: Deus!
Porque Deus é o último tabu e a última violência,
porque Deus, mesmo sem existir, se faz presente e determina as vidas.
Porque Deus não existe, mas, mesmo assim, a gente fala Dele.
Porque o infinito ainda é o último desafio da espécie humana.


3 de fevereiro de 2009

sobre o prazer de fazer teatro.

Fazer teatro as vezes é sensacional. Não sempre, mas as vezes é. Você alí, na sala de ensaio, roendo o osso com um monte de cão amigo. E há osso à roer quando você entra numas e fica tentando entender o que existe naquele texto fodão que diz de maneira simples e sem frescura:

"Sem papai noel, sem xota, sem varinha de condão, sem gata borralheira, sem os grandes espíritos eternos; que loucura - só merda e cães e crianças que apanham, só merda e a limpeza da merda; só médicos sem pacientes, nuvens sem chuva, dias sem dia, ah, deus todo-poderoso que jogou tudo isso em cima de nós.".(bukowski)

E você tá alí entre grandes amigos. Você, um cão amigo também. Todos topando. Um tipo de desafio sendo compartilhado. A velha pergunta na cabeça martelando insistente: mas o que é isso? a gente lê, a gente entende. mas o que é isso?
E a loucura de tentar explicar isso que a gente não entende através de ações.
Quem faz teatro entende isso. É reto, é duro, é fatal. É mais ou menos assim: isso que a gente entende, mas não explica precisa ser feito. A gente não sabe direito como. Mas vamos tentar assim.
E todos topam porque são cães amigos entre si. É bom, é bem bom. Nem sempre, mas as vezes é realmente muito bom.
E tenho me sentido exausto depois dos ensaios. E tenho pensado nisso. E fico assim, como que lambendo meu próprio cu: o sentido da vida é descobrir o extraordinário.

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lento e louco

na vida acontece

de tudo

um pouco.



1 de fevereiro de 2009

loucura, liberdade e a cerveja de domingo.

A loucura é uma beleza e uma grande fantasia. Viver em outra ordem, de outra forma, com outros desejos. A loucura é um ideal. Ali onde D. Quixote existe, ali onde a linha que separa o pensamento do acontecimento é apenas uma prova de que a realidade, sem a ação do pensamento, é insuportável e, ainda pior, limitante.

No último ano pensei muito em liberdade. E liberdade, como um tipo de desejo profundo da nossa espécie é, sem dúvida alguma, um desses valores sagrados que sempre permeou a vida humana, já que essa é capaz de se pensar como vida humana.

Nas tragédias a liberdade é questão, nos grandes movimentos também. Os hippies falavam sobre a liberdade, os comunistas também. Ouso até dizer que mesmo o Sr. Hitler tenha falado disso, embora, de fato, nunca tenha lido algo que me prove isso.

A loucura, em sua plenitude de ideal, ou seja, naquilo que ela tem de melhor, deseja, antes de tudo, a liberdade. Liberdade para ser louco, para não dever explicações. Liberdade para ser sem existir, para que sejamos, enfim, o ser puro que só existe como puro instinto, sem o lapso entre o pensar e o agir.

A nossa dureza de bicho homem é essa: temos a habilidade do espírito e da alma, mas sofremos por saber que essa habilidade existe.

Nesse sentido, somos um bicho dividido e isso nos constrange de maneira profunda e cruel, afinal o constrangimento só existe graças a nossa possiblidade de julgar as ações, sejam elas privadas ou públicas.

Nós pensamos sobre o mundo, mas o mundo não faz questão disso e, isso, isso de pensar sozinho e sem a participação do mundo, é uma dor sem fim, um constrangimento terrível que desafia a gente como ser humano e nos coloca no desprezível lugar de animal.

A ideia de ser só instinto pode ser muito bela, mas a partir do momento em que entendemos que toda e qualquer ideia é apenas resultado da nossa capacidade peculiar de julgar e pensar o mundo, entendemos que a ideia de viver só por instinto é impossível já que ela surge como uma ideia, ou seja, como uma manifestação daquilo que nos divide e dilacera: a velha e plene dor do ser que é espírito e corpo ao mesmo tempo.

Portanto, a liberdade, ou mesmo o desejo de loucura, são, ainda que por via negativa, coisas que afirmam nossa terrível condição humana: um ser dividido que se atrapalha entre o agir e o pensar. Um ser que com sua habilidade criou tudo que existe, para o bem ou para o mal, tudo que conhecemos: a guerra, a internet, a morte, a literatura, o amor, a inocência, as artes, a ciência e etc.

Não tem fim essa lista de coisas. Somos, ainda que contra nossos ideais, seres que criam seu próprio mundo. E esse é o nosso terror e o nosso encanto: temos todas as possibilidades, mas não podemos usar todas ao mesmo tempo.



relatinho.

Sonhei hoje com 3 crianças que se pareciam muito entre si, mas que eram primas e não irmãs. A gente tava num tipo de praia, mas o mar não importava muito porque era uma praia com muitos morros e declives. E a gente andava e as vezes elas saiam correndo na minha frente e tinha uma delas que sempre pegava na minha mão e me perguntava "elas vão voltar, né tio?" e eu dizia sim, mas apenas para tranquiliza-lá porque eu não sabia como elas apareciam e desapareciam assim. E toda vez que elas voltavam, elas apareciam correndo atrás da gente e a gente via as 2 correndo e elas corriam muito rápido e uma jogava areia na outra e a que tava comigo fazia um gesto que uma das minhas sobrinhas sempre faz, que é colocar a mão na testa, como que quem diz "dêr". E ela achava graça daquilo porque as 2 estavam lá, correndo e jogando areia uma na outra. E aí ela, essa que tava comigo, começou a apertar muito a minha mão, e apertava a minha mão e me olhava com uma cara triste como se quisesse que eu a ajudasse, mas eu não podia fazer nada e ela só apertava a minha mão e me olhava, e ela parou de andar e eu fiquei de mão dada com ela em silêncio. E nós 2 sentamos no chão e aí eu acordei. Então é que foi realmente estranho porque nunca tinha me acontecido isso, eu estava de pé ao lado da cama, assim, de pé, como se eu fosse um sonâmbulo ou sei lá o quê, eu tava de pé e segurava o copo d' água como se fosse brindar ou coisa assim. E eu acordei de pé e fiquei assustado por acordar assim e fui tomar banho e vim pra cá e escrevi no meu blogue idiota porque é um tipo de atividade que eu tenho e que me faz sentir bem. merda, eu disse quando eu notei que tava de pé.

31 de janeiro de 2009

aav v

Me reúno com os meu amigos.
Sento e bebo uma lá, lendo as cartinhas. Depois, já em em casa, me junto com outro. E me sinto bem.
Gosto quando outro me diz o que eu preciso ouvir. É bom ouvir certas coisas de boca alheia.
"Sem metafísica não há cultura", é um bordão que roubo de imediato. Sem culpa, sem dor. Mesmo o ladrão tem explicações para o seu roubo.
Essa gente aí é da pesada mesmo. Eles falam, eles berram, eles não têm medo de falar sobre o que realmente acreditam.
É claro que eu vou chupar eles, é claro que o sangue deles é o sangue que importa.
Até porque, qual é a outra opção?
Sugar o Zeca Camargo por que ele apresenta o Fantástico?
Mudar pro canal que tem mais Ibope?
Eu não. Não agora, enquanto tiver o meu luxo.
Fazer 10 coisas ao mesmo tempo só é mérito pra quem não faz nada de verdade.
Eu prefiro, enquanto posso, buscar essa gente. Essa gente que não viveu para curtir a vida. Essa gente que desejou tirar da vida o que decidiu como mais importante.
-
(A merda da situação atual é que tudo fica com cara de resposta, mas nem é esse o ponto. O lance, pra mim, é antigo e é o que sempre foi: o homem é do tamanho dos seus sonhos. Caga Regra velho e batido, mas, mesmo assim, pontual)

30 de janeiro de 2009

quando as unhas crescem

Finalmente as coisas podem começar a caminhar. Meus demônios foram soltos e agora, mesmo que me afetem, não moram mais dentro de mim. Todos os bichos e todas as loucuras soltas, aos berros, com toda alma que tenho, com toda alma que cultivo e com toda alma que preservo e alimento com leituras. Meu sangue continua correndo e na minha ânsia de viver tudo, soltar os demônios é parte da coisa, com toda intensidade que quero ter quando estiver falando das coisas grandes. Porque eu acredito em coisas grandes, porque eu me nego a ter medo das coisas grandes.
Agora sim há uma história, agora sim há um acontecimento. Nada daquela coisa morna habitual. Houve um pulo, houve um excesso, uma loucura plene e decente. Como deve ser, como eu acredito que deve ser.
Não seremos mais vomitados da boca de Deus.

29 de janeiro de 2009

28 de janeiro de 2009

Tipo Assim Blogue Fodão.

Tipo descolada, tipo independente, tipo que trepa bem.

Tem carro bacana, dança nas boates e entende tudo de moda e comportamento.

Tipo dessas mulheres que você quer distância.

Mora sozinha, é artistazinha e vê filmes cults e lê livros da lpm.

Sofre de insônia porque mora em São Paulo e pertence ao século XXI.

Filha única que se dá bem com os pais, tipo esperta que sabe se impor e que usa o mau humor pra fazer charme.

Não conheço, não quero conhecer e tenho raiva de quem conhece.

Tipo i-pod, tipo mp3, tipo que aproveita as novas tecnologias.

Sabe de tudo, tem muitos amigos, mas nunca precisa de ninguém.

Ótimos textos e péssima alma, é o que diz minha intuição.

-

Descobri o blogue dela e nem lembro como e, de vez em quando, ela escreve umas pérolas e uns textos realmente legais.




O blogue dela é:

27 de janeiro de 2009

_

queria escrever um treco fodão no meu blogue, mas nem consigo. tem já uns 7 rascunhos que desisto no meio. um parece idiota, outro é desnecessário e por aí vai. vontade de escrever e não conseguir é um tipo de merda sem fim. sua cabeça tosta, mas não chega a lugar nenhum. quando a cabeça tostar sem direção é um saco sem fundo.

25 de janeiro de 2009

qcqss

Meu puta merda chora baixinho e sabe do que diz.


Sem saco e com agressividade disponível para socar os bonecões de posto.


Por isso, eu digo.


E digo em paz:


  • Quem é não precisa dizer "eu sou". Quem precisa afirmar a si próprio se enfraquece. Hitler, demônio que acreditava ser anjo, nunca precisou dizer que ele era ele. Ele era ele, e ele, na cabeça dele, estava melhorando o mundo. Isso quer dizer que fazer o mal independe de ter consciência do mal que se faz. O mal geralmente é feito por motivações positivas. O velho ditado popular nos ensina isso de maneira simples e direta: de boas intenções o inferno está cheio.
  • Morremos a cada dia e isso é fato. Não é inteligente confundir fatos com novidades. O tempo passa e é terrível. Tão terrível que é o tempo um dia que nos matará. Nada suporta ao tempo. A carne será pó, a crença será lembrança e o conta gotas fatal do tempo é o único desafio real que temos.
  • Ganhar do tempo é o grande objetivo da especíe humana. Seja na ciência, na arte ou no amor. O curioso é que sabemos de antemão da nossa derrota, mas mesmo assim insistimos. Saber que a gente perde para o tempo não quer dizer que a gente desista da luta. Somos esse tipo de bicho que se identifica mais com David do que com Golias. Ou alguém acha que a gente se identifica com a 'causa Palestina'(argh, eu disse isso) à toa?
  • Agora tem um negão na Casa Branca e isso é realmente incrível. Ao mesmo tempo o lado incrível da coisa diz mais respeito ao nosso preconceito do que à nossa crença na 'evolução' da humanidade. É uma pena, mas de qualquer maneira eu acho supeerr legal ter um negão na Casa Branca.
  • As crianças são sempre bonitinhas e comoventes. Algumas delas serão pretas e chegarão a Casa Branca. Outras serão o maníaco do parque. Pra dar meu recado, eu simplifico: parecer criança não é, em si, um grande mérito. O que as crianças se tornam é sempre mais significativo do que o que elas aparentam. A vantagem de ser criança é que ela ainda não sabe que é ela, e não o destino, quem age no mundo.
  • Os jogos e brincadeiras foram, em princípio, feitos para nos preparar para a vida. Exemplo simples: brincamos de casinha para um dia termos nossa casinha. É uma compreensão das coisas que podemos classificar de ancestral. O banco imobiliário é isso, assim como o jogo da vida. O war é uma compreensão mais em baixo da coisa, mas, mesmo assim, ainda é. Deveríamos aprender mais com esses jogos e brincadeiras. Eles são mais significativos do que imaginamos. Basta lembrar qual era nossa brincadeira preferida.
  • Ter um blogue é sempre algo suspeito. Quem tem essa necessidade de dizer tudo, além dos inseguros? Claro está que ter um blogue é uma maneira discreta de chamar a atenção. Mas chamar atenção pra quem? Pros outros ou pra si mesmo é a grande questão. Eu me protejo quando penso que é chamar a atenção pra mim mesmo, mas isso não quer dizer que eu não esteja errado. Estar errado é parte da jogada. Saber que esteve errado é triste e inútil. Só se erra pra acertar, diz meu umbigo fraco.
  • Os dados estão na mesa e temos sempre 3 chances. Cada um reage como quer e como pode. Apesar de todo esforço, somos seres limitados. Isso é triste. Saber disso é triste. A tristeza também é parte da jogada, enfim.
  • O idiota se apega a sua idiotia. Eu me apego à mim mesmo. Sem solução, é tudo velho e chato. As minhas chances ainda são as mesmas. E as esperanças também. Pra mim, os milagres ainda são possíveis.

24 de janeiro de 2009

"só não posso perder meu rock and roll"




Cheio de ódio, raiva e desprezo. Cheio de Revolta.
A merda do meu computador tá preto, preto. Ligo e nada, nem a porra do apitinho. E tá tudo lá, tudo que eu precisava pra agora.
Sorte que sou um filhinho de mamãe que tem um laptot. Sorte que não me sinto culpado por sentir coisas negativas.
A merda tá espalhada e o cheiro tá ficando cada vez mais podre. Daqui a pouco ela seca, daqui a pouco ela ficará seca e então eu poderei a recolher com a mão. O bom da merda seca é que ela não fede nem suja. A merda seca é quase uma pedra, sem cor definida, sem forma clara, sem nada.

23 de janeiro de 2009

Relatinho.

A relação entre tristeza e beleza deveria ser estudada. Não por teóricos tacanhos e babacas, mas por teóricos da pesada, desses que conseguem raciocinar com sangue e cérebro ao mesmo tempo.
Hoje, enquanto ensaiava e dava sentido pra minha vida, tive essa sacada.
Eu precisava de uma alegria triste de bêbado. Aquele sorriso melancólico e pacifico que as vezes vemos nos bares. Era um tipo de estado que eu achava que daria pé ali praquela cena.
Eu falava um bocado de coisas pros atores, mas eles não me entendiam. A gente repetia e repetia a cena sem nada ser entendido.
Quem faz teatro sabe a merda que é isso. Há um lugar pra se chegar, você sabe que há e todos concordam contigo e tentam chegar lá. Mas os atores não entendem o que você tá dizendo. Não é culpa deles, nem sua. Eles também sabem que há esse lugar, embora não entendam qual é.
Bem, então, tava nesse momento, enquanto eles repetiam a cena e eu me torturava pensando em como, enfim, me faria claro.
E com o pau pra cima a coisa aconteceu. Foi um relâmpago, uma maravilha, uma milagre. Rápido e fugaz como só um milagre pode ser.
O nome veio na minha cabeça e o sentido se fez claro: Vinicius de Moraes!
- Vocês viram o filme sobre o Vinicius?
- Sim.
- Sim.
- Sim.
- Não...
- Não.
- Não.
- Não.
- Não.
Eu tava fudido. 4 contra 1. Eu achando que tinha descoberto a pérola, a trufa subterrânea.
Outro milagre aconteceu:
- Mas Garota de Ipanema a gente conhece, né?
- É.
- É.
- É.
- É.
- Então, pensem bem, qual o grande momento da música, aquele que é mais bonito e triste e que tem tudo a ver com essa coisa que precisamos pra aqui?
Um pequeno silêncio e eu pensei que tava fudido. Milagre só de um lado não serve pra nada. Precisa do milagreiro e do milagrado, por assim dizer. Eu quase resolvia tudo sozinho quando uma alma boa balbuciou:
- Ah...porque tudo é tão triste...ah...a beleza que existe...a beleza que não é só minha...que também passa sozinha...
E o milagre foi concretizado e tudo melhorou. E o mundo foi bom naqueles pequenos segundos. E eu senti a praga que é fazer teatro. E eu me senti feliz e triste ao mesmo tempo.
E toda pessoa de bom senso sabe que isso é possível.
Sim, sim, é possível.
- Entenderam?
- Acho que sim.
- É, entendi.
- É.
- Entendi.
- Vâmo lá!

22 de janeiro de 2009

lento e limpo é o som do vento.

Vou ficar tranquilo e morrer devagar, que é o jeito certo de morrer. Sem tontura, sem doença e sem precipitação. Morrer lento e decente.
A consciência em paz, os gritos sendo ouvidos, os calores percebidos e o tempo reinando em tudo que segue sem piedade ou perdão.
Porque, e isso infelizmente, é o tempo que passa e é o tempo que mata.
Até o dia em que nós mesmos, gente que existiu e que contou histórias, sejamos trespassados pelo tempo. E nossa morte será esquecida e nossa vida será esquecida também.
E não há nada de injusto nisso além de sermos seres conscientes que sabem que o tempo não liga pra quem vive nele.
A morte, pra mim, só dói quando compreendo a eternidade.
Porque a eternidade é do tempo e não minha.
Porque a eternidade revela o impossível da vida após a morte.
Porque a eternidade existe independente da gente a entender ou não.
E o fim será só meu e solitário.
E a solidão é uma condição e não um desejo.
E, tirando o resto, há aquilo tudo que não aconteceu dentro do tempo: as promessas de sol ainda existem em países distantes.

21 de janeiro de 2009

irresistível.

Ah...as músiquinhas que separei. Hum...que devo ter orgulho de mim. Uma mais legal que a outra e todas com um sentido. E viva o e-mule e a pirataria toda de toda internet.
Fiz meu arquivinho com um nome honesto e reto: fossa da boa. Maravilha, né?
Eu acho. E acho mesmo. E aproveitarei minha fossinha com todo meu tempo e meu direito. É justo. Eu acho. É o que eu quero. Fossa da boa. Clara, louca e honesta. Fossa que se usa e que traz um monte de coisa nova.
Maravilha:
merda espalhada é ruim,
mas não é merda fria.
Vou aí. Indo aí. Sentindo que o tempo é mesmo um troço e que mesmo assim é uma pena. Porque tudo se transforma e vira outra coisa. E isso é sempre e, por isso, por isso de ser sempre, eu preferia mesmo que não fosse.
Mas eu sei e eu repeti:
não se pode ter tudo.
Ainda é uma pena
pra mim
entrar calado e sair mudo.
E as cervejinhas são sempre fugas simples. E lá, lá onde está o resto, tem o eu que eu ainda não conheço. E olha, eu confesso, acho ele bem bonitinho. Tão delicado e sem alma que até parece estar morto. Ou seja, em outras palavras, perfeito.
E fico aqui. E baixei uma porrada de músicas boas daquelas que até você, meu bem triste, adoraria.
E seja que seja.
E vamo que vamo.
E pensar bem é pra fracos.
E escrever com gosto de vigancinha ainda é tática pra escrever.
E nem me acho tanto assim.
E vivo bem sempre que posso.
E nem sempre eu posso.
E muito menos com pouco.
E menos ainda sem força.
Mas mentir,
eu não minto.
E,
por isso,
vivo bem cá comigo.

20 de janeiro de 2009

¨:¨

Minhas doces gracinhas e meus bons amigos.
Vamos beber em um local diferente onde vemos o mar e pensamos que somos mesmo muito ousados.
É, pode ser. Quem sabe.
Cerveja gelada e alguma paz.
Quando a criança acorda eu me lembro de tudo e sorrio. Ela se agarra a mãe, mas não sem antes a procurar com os olhos. Mãe é mesmo imbatível.
Até tento fazer a brincadeira de 'ciúminho', mas nem cola. Ela ainda é muito nova pra isso. Tem certeza que a mãe é só dela e nem se importa com intrusos.
Depois o velho papo e as velhas verdades. É sempre bom confessar pecados: sabe aquele dia? Eu pensei que? etc. Maravilha. Liberdade é saber que não se ofende ninguém.
Agora um banho pra tirar o suor do maldito calor do Rio de Janeiro e uma noite boa onde me lembro, quase sem graça, que sim, sim, já tenho um diploma de professor.

18 de janeiro de 2009

domingo.

Os ônibus estão lotados e todos vão para a praia.
Me repito como há muito tempo não fazia: cerveja no boteco enquanto leio o jornal de domingo. Ler o jornal é uma atividade. Claro que não é o sentido da vida, mas, mesmo assim, é objetivo e simples.
As compras do mercado na cadeira vazia e eu mesmo alí. Calmo, sem pressa e observando o mundo entre uma virada ou outra de página.
A Emília fala comigo:
- Como é, bonitão?
- Opa.
- Tava sumido...
- É...tava com os meus...
- Casa de mamãe, né?
- Isso mesmo...em Curitiba...
- É bom, é bom mesmo. Pena eu não ter mais mãe...
- Pena mesmo...E no mais?...tudo bem...???
- Sim..., vou comer alí. Frango. Que bom que tá bem, bonitão. Beijo.
- Beijo.
- Se quiser eu tô alí.
- Tô lendo o jornal...
- Ah...
A Emília se vai e espera seu frango. As vezes me olha e dá tchau, eu sorrio e respondo o tchau. Continuo no jornal e observo alguns ônibus. Sempre que você olha prum ônibus lotado algum desconhecido lhe dá tchau. Reparo nisso e olho a Emília de novo que, de novo, me dá tchau. Um mistério.
A Emília é louca e sabe disso. Ela não bebe porque, segundo ela, não dá certo beber tomando os remédios. Ela já é avó e tem 3 filhos no orfanato que visita sempre que pode. Diz que o marido morreu de alcoolismo sem ela notar, que ela vende as coisinhas dela e que, mesmo sem criar os filhos, dá sempre conselhos pra eles.
- Eu não tenho as condições, entende? Mas eu sou a mãe deles...
A Emília come seu frango e para de me dar tchau.
Eu tomo a segunda e sigo pra casa. Empadão e salada, eu me lembro e sorrio sozinho.
Na casa verde a saideira e alguns preparos: louça lavada com cbn, salada picada e forno em pré aquecimento.
Tudo bem normal, enfim.
Quisera eu não saber que a normalidade é sempre assim.

relatinho.

Calor infernal no Rio de Janeiro.
Em casa o dia inteiro, pelado o dia inteiro.
Uma ou outra punhetinha que ninguém é de ferro e o "sair ou não sair, eis a questão".
Comprar azeite, suco no hortifrute e pensar no que comer.
Tudo lento, tudo bem lento que deve ser.
Pensar nas possibilidades, tentar pensar com calma. Pensar e pensar. Meu velho mal flertando comigo. Voltar, ir pra Nova York, ficar com o pau mais duro.
Fumar menos também é importante, mas isso só depois de segunda feira.

16 de janeiro de 2009

s m


Vou curtir minha fossa em paz.
Vou fazer tudo que eu tenho direito.
Não quero ter medo como eu sempre tive,
quero viver e
dar jeito e
seguir adiante.

Sem culpa pra nenhum lado
como a moda chata da Internet:
cada um no seu quadrado.

Vou continuar aqui,
tal qual eu sempre fui.
E vou tentar ganhar dinheiro
porque,
afinal,
é isso o que mais influi.

De resto um sonho despedaçado,
uma cabeça num prato
e as pernas curtas que não se abrirão.
No futuro o que eu ainda não sei,
mas que independente de tudo existirá
já que nunca pensei em me matar.

Laerte via D'Umbra



^^

Converso com a minha amiga F.
Muitos pontos em comum e bastante consolo nesse fato. Varamos a noite. É bem bom varar a noite assim, como a muito tempo não fazia. A gente também ri das nossas desgraças. Temos algum humor e fazemos um acordo que, mesmo dividindo dores e angustias, não seremos vampiros um do outro. Nós dois rimos porque não gostamos de vampiros. Nós dois rimos porque temos medo de virar vampiro.
Ela com as suas coisas e eu com as minhas. Uma delicadeza possível e sem compromisso. A gratuidade de uma ternura que se inventou. Com cartas, com esforço e com conselhos. Sem duplo interesse, sem falta modéstia, sem medo.
O dia começa a nascer e pescamos de sono deitados na cama. Eu comento pra ela sobre as imagens que surgem pouco antes de eu dormir: fileira de formigas, colher a caminho do pote, etc.
As 7 da manhã ela se vai. Vai viajar pra ver os dela. O ônibus sai as 9 e 1/2 e as 13:30 almoçará com o lado da família que ela nem aprecia tanto assim.
Acho que ela entende um pouco da vida. Assim como eu.
Felicidade, pra mim, passa por aí: sem grandes euforias, mas com uma cumplicidade que abranda os nervos.

15 de janeiro de 2009

Era uma bruma ou uma névoa.
O mundo acordava devagar e havia chance de manhãs de sol.
Era lento e delicado e,
as vezes,
havia a dança de dois passarinhos que nós assistíamos da janela.

14 de janeiro de 2009

d.s.j

te quero aberta
de quatro
com sua cara
dos anos 50.
quero ver as lágrimas
de medo
que me xingaram
de filho da puta.
quero desvendar essas coisas
matar os fantasmas
descobrir a liberdade
de morrer de amor
em paz.
não me interessa
a força e a sofisticação,
mas a coisa bela
que é apenas possível
em domingos de chuva
quando
por uma brincadeira infantil
sua gargalhada
me pede louca pra parar.

13 de janeiro de 2009

()

merda velha cansa. esse é o ponto.
as mesmas palavras. o mesmo jeitinho.
o velho e conhecido excesso de sorriso.
e mais uma coisinha na fita.
e mais uma histórinha pra contar.

24 de dezembro de 2008

gracinha de natal.




E que venha o bom velhinho com seu saco enorme, seu pau mole e sua risada de ho-ho-ho.
Quando eu era criança eu sentava no colo dele e recebia balas e presentes.
Minha família era cheia de crianças nessa época e sempre havia um papai noel bêbado e familiar que chegava em cima do capô de um carro.
Era divertido.
Agora existem poucas crianças e não haverá papai noel. Conta-se alguma mentira pra elas que têm a sorte de acreditar em tudo.
Com mais sorte emprestamos o papai noel bêbado do vizinho.
Ainda é divertido.

12 de dezembro de 2008

rio de janeiro, arredores da Pça. Tiradentes.

Cheiro de mijo e merda, gente feia pelas calçadas e, no entanto, há qualquer encanto no ar.
As garotas te chupam por 5 pratas e por 10 abrem as pernas. Não são tão ruins quanto o preço sugere. São garotas mais ou menos perdidas dando cabeçada pela vida como todo o resto do mundo. Algumas ainda guardam um frescor no fundo dos olhos e quase sorriem quando você recusa a oferta com um "não, obrigado".
Ninguém parece desesperado por ali. Executivos e burocratas almoçam em grupos, pretos elegantes distribuem panfletos e as meninas, bem, as meninas apenas sorriem.
Fico constrangido pensando em mim mesmo, fico constrangido pensando que todos estão vivos. Todos, todos estão vivos, um planeta inteiro de gente viva.
Fico constrangido sem nunca participar de fato. Me sinto bem, apesar de tudo.
4 livros novos, um passeio que nem durou 2 horas.
Na hora de voltar pra casa tento pongar no ônibus e quase me arrebento. Me sento com os pacotes na mão e sorrio. Ler ainda me parece a coisa mais sensata a ser feita.

11 de dezembro de 2008

*

Me sinto
perdido,
então fumo
um cigarro
atrás do outro.
Me disseram
que
a fumaça
consegue
preencher
o pedaço
que
falta
pouco.

contra mim mesmo.


um ódio ao extremo
revirando por dentro
e eu não sei o que fazer
porque eu só sei reclamar.
-
as esperanças que eu não acredito,
as felicidades frágeis e bestas,
os amores de conta gotas e palavras cruzadas.
minha raiva sem sentido
me envenena também.
-
você desperezando o mundo
que também lhe despreza.
1 idiota para cada lado
e a justiça que sempre tarda.

10 de dezembro de 2008

o fogo dentro das mãos.



Era tudo triste e lento. Não havia nada além da vida acontecendo, dia após dia, uma euforia aqui e uma tristezinha ali. Não era um encanto ou fantástico, mas era a vida. Desse jeito simples e besta que deve ser.
Tinha dias que eu me sentia muito bem porque eu tinha lido algo novo e cruel, uma sequência de palavras que logo na 1° vez eu sabia que me martelariam a cabeça por anos e anos. Eu tinha um prazer imenso nisso. Ler uma coisa que ficaria me revolvendo.
Teve também a época da Av. Paulista. Andava rápido com minha mochila nas costas. Era bom estar alí. São Paulo era a Nova Iorque tupiniquim, a Paulista era a Time Square e eu era um garoto que não tinha medo de nada e que se levava a sério como só os inocentes fazem.
Depois foi a fase das convicções. O grande amor, a profissão de fé, a redenção pelo esforço. As grandes ações e as pessoas que eu admirava, todos me confirmavam que a única saída era a radicalidade, que os grandes homens eram grandes radicais. Eu pensava isso com bastante prazer, mas ficava em silêncio. Ser incompreendido as vezes era um troço medonho.




9 de dezembro de 2008

mistério.

Aquela buceta cresce a olhos vistos.

Os pêlos agora são maiores e mais grossos. Protegem os lábios que também mudaram. Lá dentro ainda há alguma confusão, mas cada vez menos. Saem de lá os duendes e as fadas, mas um unicórnio ou outro ainda permanece.
Os unicórnios são chatos, mas inofensivos. Apenas conhecem os bons lugares pra se viver.

-

(do ótimo blogue E Deus Criou a Mulher)







Ah, essa maldita consciência que surge nas pessoas depois das desgraças! Isso é tortura. É só acontecer a merda para que todos fiquem engajados. Até a Fátima Bernardes e o William Bonner ficam.

4 de dezembro de 2008

CI


"Estamos exaustos,
mas a missão foi cumprida.
Agora só falta decidir
quem é o amor da nossa vida."


21:14
Sua mensagem foi enviada para os seguintes destinatários:
camilarhodi@hotmail.com
Já é um contato
fmaatz@hotmail.com
Já é um contato
documentacion.ccg@xunta.es
Ainda não é um contato
maildocumentacion.ccg@xunta.es
Ainda não é um contato

fernandinho é auto-ajuda.

Depois de muito pensar:

Muito esforço pra ser o que se é
é falta de charme
ou de alma.

1 de dezembro de 2008

¨¨

Se eu fosse Deus e decidisse
então estaria tudo pronto.
E tudo seria justo e decente
e os perigos seriam apenas diversões
para crianças entediadas.
Seria tudo certo e puro.
Tudo traria novidade e calma
e as almas
seriam bailarinas
dançando alegremente
e
sem nenhuma
preocupação
com o excesso de peso.

#

Minha dor sem tamanho se revirando. Há quem ache que eu goste de dor, mas não é verdade. É que eu queria aquelas coisas, aqueles milagres e aquelas grandezas. Eu tenho desde criança esse delírio. E sempre me consolo de duas maneiras: ou me masturbando muito ou escrevendo.
As duas punhetas praticadas com as mãos.
*
A casa era muito bonita e arejada. Ela costumava acordar antes de mim e me trazer coisas na cama: frutas, café e, um dia, até um cigarro aceso. Ficava sentada do meu lado e passava as mãos nas minhas costas pra me acordar.
Quando ela me trazia chá, geralmente de gengibre, ela, depois que eu tomava o tal chá, me beijava, ou melhor, puxava meu lábio inferior com os dentes e segurava meu lábio por um bom tempo, depois me dava instruções pra eu respirar fundo, soltando meu ar pela boca e fazendo com que os olhos dela lacrimejassem com o ardido do gengibre.
Ela sempre fazia isso, pelo menos uma vez por semana. Era estranho, mas eu gostava. Quanto mais ela lacrimejava mais ela apertava meu lábio com os dentes. As vezes até sangrar. Era um tipo de cumplicidade que ela tinha estabelecido e eu respeitava: ela com suas lágrimas e eu com meu sangue. Parecia honesto e verdadeiro, nós dois nos machucávamos, mas sem nunca nos separar.
Depois ela aprendeu a dirigir. Era sempre ela que dirigia nosso carro. E sempre, sempre, sem exceção, dirigia louca e veloz. Ficava com um sorriso na boca enquanto guiava com uma rapidez desnecessária e arriscada. Eu me cagava de medo, mas fazia o possível pra não demonstrar. Quando ela quase batia soltava uma gargalhada e apertava minha perna.
- Essa foi por pouco, neguinho...
- É, foi, foi.
Ela gargalhava com o rosto virado pra mim. Eu respondia sem tirar os olhos da estrada.
Quando nasceu o nosso primeiro filho a gente ficou 1 ano e 1 mês sem trepar. Ela dizia que depois que nosso filho tinha saído dela, ela não queria que nada mais entrasse. Dispunha-se a me masturbar sempre que eu quisesse, mas sem nenhuma penetração, nem oral nem nada. Depois de alguns meses ela me disse que estaria de acordo caso eu transasse com alguma mulher, mesmo uma puta, desde que eu tomasse as devidas precauções. Disse que entendia as necessidades físicas de um ser humano. Eu não disse nada.
13 meses depois a gente transou. Quando eu estava dentro dela, assim que eu enterrei meu pau o máximo que pude dentro dela, ela me disse muito séria: eu te odeio.
Tentei sair de dentro dela, mas ela não deixou. Disse que pra ela era importante me odiar, que ela não conseguiria trepar comigo caso me amasse.
A separação foi inevitável, mas demorou. Nossa segunda filha era surpreendemente loira e risonha. Um desses bêbes que quase nunca chora, que ri muito e parece um anjo. Quando nosso bêbe tinha 4 meses ela me disse, quase calma, que preferia ela. Que ela, nossa segunda filha, era a mais amada e que, se fosse o caso, ela preferia que nosso outro filho ou mesmo eu morresse. Inclusive disse que preferia perder os dois do que perder aquela anja loira e calma.
Um ano depois a gente se separou. O desgaste completo, a imbecilidade de dividir coisas que não haviam sido feitas pra dividir. O toma lá da cá.
As mágoas surgindo nos detalhes mais idiotas, a morte por sangramento de pequenas alfinetadas. O fim.
(...)

simples assim.

Não gosto de saltos ou pulos
e também
não gosto de caronas.
Não ligo,
no entanto,
quando me pedem cigarros.

30 de novembro de 2008

<>

Quando eu chego a porra do prédio tá sem luz. O porteiro que odeio tá lá, quase feliz.


- Que horas volta a luz?


- Umas 3 da tarde...mas nunca se sabe.


Esse porteiro é sádico e fuxiquiero, toda vez que to com compras sou obrigado a esconder as sacolas. Minha ex namorada caiu na besteira de dar sorvete pra ele um dia. Pago por isso até hoje. Merda.


Atravesso a rua e vou pro quintal. Fui por raiva. Não sou um tipo que vive bem sem luz elétrica. Eu adoro a luz elétrica e também o banheiro e seu maravilhoso mecanismo chamado de descarga. Por essas que odeio acampar, por essas que os naturebas me enchem.

Bebo só uma e faço a procissão de escadas. Muito escuro mesmo, um resmungo a cada degrau. Lavar louça pode e, quase milagre, a luz volta antes das 3. Deus é bom e Deus existe. Lar doce lar. Computador, cerveja gelada e domingo. Algum filme de sacanagem na Internet e me torno um novo homem.

27 de novembro de 2008

é da claudia ohana.



Nunca acreditei nessa coisa toda, nessa euforia. Tudo muitomuito bom ou tudo muitomuito mau. Essa coisa de ser intenso sempre me pareceu desespero. Eu e minha desconfiança de mãos dadas. É que eu não sei e, portanto, desconfio, assim:


  • o discurso articulado tende a ser falso,

  • a beleza excessiva é vulgar e/ou fútil &

  • a perfeição é coisa de Deus e eu, cá comigo, não acredito que ele realmente exista.

26 de novembro de 2008

'-'

Meu bom caralho balançando pra lá e pra cá. Quase raiva, quase tédio. Apesar de tudo sempre conto boas anedotas e sou super bem informado sobre os novos casais da TV. Mas o mais importante é que sempre digo bom dia e não, obrigado.

24 de novembro de 2008

@

Enquanto eu rôo um queijinho ela dorme do meu lado. É bom vê-la dormir. Aquela cara enorme e calma, como se o mundo nem existisse. As vezes ela solta algum som: peidinho delicado, lábio frouxo e gemidinhos idiotas nada excitantes. A vida calma. A paz possível.
Uma vez, no meio da noite e bastante bêbado, bati uma punhetinha enquanto afastava o lençol dela. Pensei em gozar na sua perna, mas não gozei. Sou um moralista de merda, apesar de tudo. E sempre acho estranho essa obsessão que eu tenho de ver minha própria porra.
Hoje, de novo, ela dorme. Daqui saco sua bundinha enquanto mexo no meu pau. Repito pra mim mesmo: a vida calma, a paz possível.