22 de janeiro de 2009

lento e limpo é o som do vento.

Vou ficar tranquilo e morrer devagar, que é o jeito certo de morrer. Sem tontura, sem doença e sem precipitação. Morrer lento e decente.
A consciência em paz, os gritos sendo ouvidos, os calores percebidos e o tempo reinando em tudo que segue sem piedade ou perdão.
Porque, e isso infelizmente, é o tempo que passa e é o tempo que mata.
Até o dia em que nós mesmos, gente que existiu e que contou histórias, sejamos trespassados pelo tempo. E nossa morte será esquecida e nossa vida será esquecida também.
E não há nada de injusto nisso além de sermos seres conscientes que sabem que o tempo não liga pra quem vive nele.
A morte, pra mim, só dói quando compreendo a eternidade.
Porque a eternidade é do tempo e não minha.
Porque a eternidade revela o impossível da vida após a morte.
Porque a eternidade existe independente da gente a entender ou não.
E o fim será só meu e solitário.
E a solidão é uma condição e não um desejo.
E, tirando o resto, há aquilo tudo que não aconteceu dentro do tempo: as promessas de sol ainda existem em países distantes.

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